Bater Palmas na Igreja

BATER PALMAS NA IGREJA

Ángel Manuel Rodríguez

Pergunta: Em minha igreja local bater palmas durante o culto é muito comum. Existe algum apoio bíblico para esta prática?

 

Bater palmas durante o culto na igreja está se tornando mais e mais popular em muitas de nossas igrejas. Deste modo sua igreja não é a única neste respeito. Bater palmas é mencionado na Bíblia como uma expressão de sentimentos sociais e religiosos. As ideias associadas com este gesto nem sempre são aquelas que associamos com nossa cultura.

Quatro verbos Hebraicos são usados expressarem a ação de bater palmas (macha, nakah, saphak, taqa‘), e todos eles contêm, como deveria ser esperado, a ideia do ato de bater em alguma coisa ou em alguém. Eles são usados em associação com o substantivo “mão” (Heb. kaf) para comunicar a ação de bater palmas (“bater as mãos”). A frase é usada em vários diferentes meios.

  1. Ele é uma expressão de alegria na ascensão do rei: Esta é uma função social do gesto. Quando Joás foi introduzido como o herdeiro legítimo ao trono aqueles que estavam presentes bateram suas mãos e gritaram: “Viva o rei!” (2 Rs 11:12). Um uso religioso é encontrado no Salmo 47:1 onde o salmista convida todas as pessoas a baterem suas mãos porque o Senhor está sendo proclamado como Rei sobre a terra. Em Salmos 98:8 as pessoas são exortadas a louvarem o Senhor e os rios a baterem suas mãos porque o Senhor está vindo como Rei e Juiz da terra. Até mesmo a natureza deveria regozijar-se diante do Senhor.
  2. Ele é uma expressão de alegria por conta das ações salvífica de Deus. O retorno do povo de Deus de seu cativeiro na Babilônia é descrito por Isaías como um ato de redenção. Aquilo que o Senhor fará por Seu povo exilado é tão maravilhoso e glorioso que até mesmo a natureza regozijará. Neste contexto o profeta personifica as árvores do campo e as descreve como batendo suas mãos como um gesto de alegria (Is 55:12).
  3. Ele é uma expressão de aversão e ira: Balaque estava irado porque Balaão abençoou o povo de Israel em vez de amaldiçoá-los e demonstrou esta emoção batendo suas mãos (Nm 24:10). Ezequiel bateu suas mãos em aversão depois de ver o mal praticado em Judá (Ez 6:11). O Senhor bateu Suas mãos em ira e aversão como uma reação ao ganho desonesto e ao derramamento de sangue feito por Seu povo em Jerusalém (Ez 22:13; 21:14, 17). Esta é uma ação simbólica da parte de Deus que é seguida por Seu julgamento contra pecadores impenitentes.
  4. Ele é uma expressão de alegria maliciosa: Este significado é encontrado exclusivamente no contexto de inimigos derrotados. Na profecia contra Nínive Deus anuncia que todos aqueles que ouvirão a respeito de ela baterão suas mãos sobre a cidade e seu infortúnio (Na 3:19). Os Amonitas bateram suas mãos e regozijaram com malícia contra Israel quando ela estava sendo destruída pelos Babilônios (Ez 25:6). É este mesmo desprezo e hostilidade que aqueles que passavam pelas ruínas de Jerusalém expressavam batendo suas mãos (Lm 2:15). Este gesto da mão era na verdade um sinal de hostilidade e escárnio.

Não existe evidência clara que este gesto era parte do culto no Velho e Novo Testamentos. Para dizer a verdade, eu não encontrei a frase no Novo Testamento. Portanto, parece não existir qualquer paralelo bíblico para o que está acontecendo em nossas igrejas hoje. Você pode me perguntar: “Por que o fazemos?” Eu não estou seguro se existe uma resposta. Eu suspeito que nós incorporamos o bater palmas em nossos cultos de nosso ambiente cultural. Bater palmas costumeiramente está associado com a indústria de entretenimento, mas tem se tornado muito popular nos cultos religiosos evangélicos televisivos. Talvez nós o copiamos de eles.

Deixando de lado a questão da influência cultural, suponho que o que realmente importa é que cada pessoa esteja plenamente consciente das razões por que ele ou ela bate palmas na igreja. A motivação se torna extremamente importante neste contexto. Ele é uma expressão de alegria no Senhor e em Seu poder salvífico? Ele é apenas uma expressão física ou um substituto para o que costumava ser um “Amém!” audível? Ou ele é um reconhecimento da boa apresentação do cantor ou do pregador?

Agora, como você pode ver, eu tenho mais perguntas do que respostas!

 

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