“A maioria dos pais não consegue conversar com os lhos de maneira aberta e compreensiva sobre sexo. Nesse caso, a mídia entra como substituta nesse papel educador.”
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, a média de idade atual para a iniciação sexual está entre os 14 e os 15 anos.
Pesquisas revelam que o início precoce da atividade sexual pode trazer consequências desagradáveis, e algumas vezes devastadoras, na vida desses adolescentes e jovens. As DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e os casos de gravidez indesejada são somente uma pequena fração do problema, como a ponta de um iceberg. Uma iniciação sexual precoce e irresponsável, também pode causar danos graves na saúde emocional de um adolescente. Sua autoestima pode ser afetada e o desenvolvimento de doenças emocionais, tais como a depressão e a síndrome do pânico, podem ocorrer.
Uma pesquisa realizada pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, entrevistou mais de mil adolescentes entre 12 e 14 anos de idade. Os resultados apontaram que os conteúdos distribuídos pela mídia ( lmes, programas de TV, músicas, revistas, propagandas, outdoors, jogos, etc.) contribuem de forma signi cativa para que os adolescentes tenham suas primeiras relações sexuais cada vez mais cedo. A coordenadora do estudo, a Ph.D. Jane Brown, afirma que a mídia está substituindo o papel dos pais no quesito educação sexual. De acordo com os resultados da pesquisa, a maioria dos pais não consegue conversar com os filhos de maneira aberta e compreensiva sobre sexo. Nesse caso, a mídia entra como substituta nesse papel educador, influenciando os jovens a adotarem um comportamento sensualizado e, consequentemente, levan-do-os a uma iniciação sexual precoce.
“Os pais precisam estabelecer uma relação de con ança dentro do lar, para que os pequenos se sintam seguros para conversarem com eles sobre qualquer assunto.”
Por mais que os pais tentem controlar e ltrar os conteúdos trazidos pela mídia para dentro dos lares, é quase impossível impedir que nossas crianças e adolescentes não sejam expostos a essa realidade. Vários estudos publicados no Journal of Adolescent Research alertam não somente para os riscos da influência da mídia nos comportamentos sexuais, mas também para as escolhas dos amigos. Os estudos sugerem que a falta de comunicação dentro do lar leva os adolescentes a serem mais influenciados pelos amigos do que pelos pais. Consequentemente, esses adolescentes tendem a ter uma iniciação sexual mais cedo do que aqueles adolescentes que mantém conversas e diálogos a respeito de sexualidade com os pais. Como indicou a pesquisa da doutora Jane Brown, o diálogo aberto entre pais e lhos é uma ferramenta essencial e indispensável na educação sexual de crianças e adolescentes.
As perguntas que permeiam a mente da maioria dos pais e mães são: Quando devo conversar com meu(inha) lho(a) sobre sexo? Ele(a) já está preparado(a) para isso? A resposta
para essas perguntas é: Quanto mais cedo, melhor. Não existe a idade certa, ou o melhor momento. Também não existe um roteiro pronto sobre como conversar com as crianças. Cada criança tem a sua individualidade e as fases do desenvolvimento infantil devem ser respeitadas. Contudo, existem algumas dicas que podem auxiliar os pais nesse processo educativo. Acompanhe:
Para as crianças menores (3 a 6 anos), é importante responder a todas as perguntas de maneira simples, clara e pontual. Os pais não precisam ir além das perguntas, entrando em detalhes que ainda não interessam às crianças nessa idade.
As crianças em idade escolar (acima dos 6 anos), já percebem as diferenças entre homens e mulheres e podem fazer perguntas mais complexas. Essas perguntas precisam ser respondidas de forma natural e despidas de tabus, preconceitos ou desconfortos. Se a criança perceber que os pais não estão à vontade para falar sobre esse assunto, elas vão parar de perguntar. É nesse momento que ocorre a procura por outras fontes de informação como mídia, amigos, etc.
Durante a pré-adolescência (a partir dos 11 anos) os pais devem car atentos e focar principalmente na transmissão de valores e normas sociais. O respeito a ambos os sexos e os limites nos relacionamentos devem ser estabelecidos. Nesse momento os pais já podem e devem explorar o nível de conhecimento das crianças. Conversas mais dirigidas sobre sexo e explicações mais detalhadas devem ocorrer, principalmente sobre o que as crianças estão vendo na mídia.
Na adolescência (13 anos em diante), o diálogo deve ser constante, porém sem ser agressivo, preconceituoso ou invasivo. O adolescente precisa ter seu espaço respeitado. O papel dos pais é de orientar, passar con ança e auxiliar para que o adolescente construa uma autoestima positiva.
Vivemos em um mundo sexualizado, que explora a sensualidade a qualquer custo, e nossos pequenos não estão livres das influências da mídia e dos amigos. Os pais precisam estabelecer uma relação de con ança dentro do lar, para que os pequenos se sintam seguros para conversarem com eles sobre qualquer assunto, inclusive sobre sexo. Inúmeros estudos, inclusive brasileiros, têm demonstrado que a influência dos pais nos comportamentos sexuais dos lhos depende muito da qualidade da relação entre pais e lhos. O envolvimento da família, o seu suporte ao adolescente, e o diálogo aberto podem exercer influência positiva nas atitudes sexuais dos adolescentes, evitando assim uma iniciação sexual precoce, comportamentos de risco e suas consequências desagradáveis.