Convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, na redenção do mundo, salvasse os pecadores pelo sangue do Cordeiro. O grande sacrifício do Filho de Deus não foi nem grande demais nem pequeno demais para realizar a obra. Na sabedoria de Deus ele foi completo; e a expiação efetuada testifica a cada filho e filha de Adão da imutabilidade da lei de Deus. O valor da lei de Jeová deve ser estimado pelo imenso preço que foi pago na morte do Filho de Deus para manter a santidade dela.
A lei de Deus é um transcrito de Seu caráter; ela retrata a natureza de Deus. Assim como em Cristo contemplamos o resplendor de Sua glória, a expressa imagem de Sua pessoa, assim também na lei os atributos do Pai são desdobrados. Embora a lei seja imutável, o fato de Ele haver provido um meio de salvação para os infratores não detrai em nada da dignidade do caráter de Deus, visto que a penalidade pela transgressão do homem foi sofrida por um Substituto divino. O próprio Pai sofreu com o Filho; pois “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo.” O homem, com seu juízo humano e finito, não pode, sem perigo, questionar a sabedoria de Deus. Consequentemente, lhe é inapropriado criticar o plano da salvação. Que o homem, diante do tema da redenção, deponha sua sabedoria no pó, e aceite os planos dAquele cuja sabedoria é infinita.
Deus concede aos homens um período de teste nesse mundo, a fim de que os princípios deles possam ficar firmemente estabelecidos no direito, excluindo então a possibilidade de pecado na vida futura, assim garantindo a todos felicidade e segurança. Unicamente pela expiação do Filho de Deus poderia ser dado ao homem poder a fim de estabelecê-lo em justiça e torná-lo um súdito adequado para o céu. O sangue de Cristo é o eterno antídoto para o pecado. O ofensivo caráter do pecado é revelado naquilo que ele custou ao Filho de Deus em humilhação, em sofrimento e morte. Todos os mundos nEle contemplam um vivo testemunho acerca da malignidade do pecado, pois em Sua forma divina, Ele carrega as marcas da maldição. Ele está no meio do trono como um Cordeiro que foi morto. Para sempre os remidos serão vividamente impressionados com o odioso caráter do pecado, ao contemplarem Aquele que morreu pelas transgressões deles. A preciosidade da Oferta será mais plenamente compreendida à medida que a multidão, que foi lavada no sangue, compreender mais plenamente como Deus abriu um novo e vivo caminho para a salvação dos homens mediante a união do humano e do divino em Cristo.
A morte de Cristo sobre a cruz garantiu a destruição daquele que tem o poder da morte, o qual foi o originador do pecado. Quando Satanás for destruído, não haverá ninguém para tentar para o mal; a expiação jamais precisará ser repetida; e nenhum perigo haverá de outra rebelião no universo de Deus. Unicamente aquilo que pode refrear o pecado nesse mundo de trevas, irá impedir o pecado no céu. A importância da morte de Cristo será vista por santos e anjos. O homem caído não poderia ter um lar no paraíso de Deus sem o Cordeiro morto desde a fundação do mundo. Não exaltaremos então a cruz de Cristo? Os anjos atribuem honra e glória a Cristo, pois nem mesmo eles estão seguros, exceto por contemplarem os sofrimentos do Filho de Deus. É mediante a eficácia da cruz que os anjos do céu são guardados da apostasia. Sem a cruz, não estariam mais seguros contra o mal do que estavam os anjos antes da queda de Satanás. A perfeição angélica falhou no céu. A perfeição humana falhou no Éden, o paraíso da felicidade. Todos que desejarem segurança na terra ou no céu precisam olhar para o Cordeiro de Deus. O plano da salvação, tornando manifestos a justiça e o amor de Deus, provê uma eterna salvaguarda contra a deserção nos mundos não-caídos, bem como entre aqueles que serão remidos pelo sangue do Cordeiro. Nossa única esperança é a perfeita confiança no sangue dAquele que pode salvar totalmente os que por Ele se achegam a Deus. A morte de Cristo na cruz do Calvário é nossa única esperança nesse mundo, e será nosso tema no mundo vindouro. Oh, nós não compreendemos o valor da expiação! Se o fizéssemos, falaríamos mais acerca dela. O presente de Deus em Seu amado Filho foi a expressão de um amor incompreensível. Foi o máximo que Deus poderia fazer para preservar a honra de Sua lei, e ainda salvar o transgressor. Por que não deveria o homem estudar o tema da redenção? É o assunto mais grandioso com o qual a mente humana se pode ocupar. Se os homens contemplassem o amor de Cristo, revelado na cruz, a fé lhes seria fortalecida para se apropriar dos méritos do sangue que dEle foi derramado, e eles seriam purificados e salvos do pecado. Há muitos que se perderão porque dependem de uma religião legal, ou do mero arrependimento pelo pecado. Mas o arrependimento pelo pecado, por si só, não pode operar a salvação de alma alguma. O homem não pode ser salvo por suas próprias obras. Sem Cristo, é impossível que ele renda a perfeita obediência à lei de Deus; e o céu não pode ser ganho por uma obediência imperfeita, pois isso colocaria todo o céu em perigo, e possibilitaria uma segunda rebelião.
Deus salva o homem unicamente mediante o sangue de Cristo, e a crença do homem em Cristo, e sua fidelidade a Ele, é salvação. Aos anjos não é uma surpresa que o infinito sacrifício feito pelo Filho de Deus fosse suficientemente amplo para trazer salvação a uma raça caída, mas que esse sacrifício expiatório realmente tivesse que acontecer é um assombro para o universo. É um mistério ao qual anjos desejam examinar. Os anjos ficam surpresos com a indiferença e frieza manifestada por aqueles a quem foi provida tão grande salvação. Eles olham com pesar e santa indignação aos que não buscam apreciar a indizível dádiva de Deus. Em vez de ofertar a Deus adoração, homens finitos imaginam-se capazes de determinar, sem a divina unção, o que é digno de louvor ou de reprovação em seus companheiros. Mas não é glória alguma o ser glorificado pelo homem. Devíamos aprender a valorizar o louvor humano naquilo que ele realmente vale. O Senhor diz: “Aos que me honram, honrarei.” Que cada fôlego de louvor, cada palavra de exaltação, flua para Aquele que é digno, flua para Jesus, o Príncipe da vida, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Elevem a cruz de Cristo. Elevem o Mediador. Engrandeçam a Jesus. Nele está tudo que é nobre. Contemplem a Deus em Cristo. Ele está rodeado de anjos, querubins e serafins o contemplam. Vozes angelicais, dia e noite, clamam perante ele: “Santo, santo, santo, Senhor Deus Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir… Tu és digno, ó Senhor, de receber glória, e honra, e poder; pois tu criaste todas as coisas, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças.” “Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não te temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti.” Mas embora somente Deus seja santo e digno de ser louvado, línguas humanas são pervertidas para louvar e glorificar ao homem em vez de Deus.
O maior presente que Deus poderia dar aos homens foi concedido na dádiva de Seu amado Filho. Diz o apóstolo: “Aquele que não poupou seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” Nada foi mantido em reserva. Um segundo período de teste jamais será provido. Se a indizível dádiva não conduz o homem ao arrependimento, não há nada que jamais lhe comoverá o coração. Não há qualquer poder reservado para agir sobre sua mente e despertar suas sensibilidades. Todo o caráter de Deus foi revelado em Seu Filho, toda a gama de possibilidades do céu estão expostas para a aceitação do homem no Filho do Infinito. O caminho de retorno do homem a Deus e ao céu não tem barreiras. As incomparáveis profundezas do amor do Salvador foram demonstradas; e se essa manifestação do amor de Deus pelos filhos dos homens não prevalecer em atrair os homens a Ele, nada há que jamais o faça.
Os que forem salvos no reino de Deus serão aqueles que lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. A imagem de Cristo será aperfeiçoada em cada alma que aceita a dádiva de Sua graça, e os que são aperfeiçoados por meio da Sua graça, estarão diante de Deus em igualdade com os anjos, quanto à elevação, poder e pureza, e serão honrados com eles perante o trono eterno. Os anjos do céu irão amar aqueles a quem Cristo amou e comprou com Seu próprio sangue precioso.
A atenção de todos os habitantes de todos os mundos será dirigida à cruz de Cristo, em torno da qual se centralizará o sobreexcelente e eterno peso de glória. A imaginação se esgota ao se esticar para compreender a maravilhosa obra da redenção. O plano da salvação é elevado demais para ser completamente atingido pelo pensamento humano. É grande demais para ser totalmente abrangido pela compreensão finita. Diz o apóstolo: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” Será que fica difícil imaginar por quê o céu se surpreende pelo homem agir como se a dádiva de Deus fosse sem valor? Que será a eterna perdição daqueles que rejeitam uma tão-grande salvação, oferecida gratuitamente mediante os méritos do unigênito e bem-amado Filho de Deus!