14 de outubro de 2020

A Necessidade

A Necessidade

A urgente necessidade do Povo da Esperança

Reavivamento e Reforma na Igreja Remanescente

Pr. Adolfo Suárez

Introdução: falta-lhes uma coisa

George Whitefield, pastor anglicano, ajudou a espalhar o grande despertar espiritual na Grã-Bretanha e nas colônias britânicas norte-americanas. Era conhecido como o “príncipe dos pregadores ao ar livre”, e foi o evangelista mais conhecido do século XVIII. Ele sempre que se hospedava na casa de alguém, costumava conversar sobre o futuro da vida espiritual de cada membro da família anfitriã — pessoalmente com cada um deles. 

Entretanto, certa vez pernoitou na casa de um coronel que era tudo o que alguém poderia desejar, mas não era cristão. Whitefield ficou tão satisfeito com a hospitalidade e tão encantado com as qualidades do bom coronel, de sua esposa e de suas filhas, que achou muito difícil lhes dizer que tinham que tomar uma decisão a respeito de Jesus; afinal, eles haviam sido muito amistosos. 

Ali ele ficou por uma semana, e durante sua última noite o Espírito de Deus o visitou, de modo que não conseguiu dormir. “Essas pessoas”, disse Whitefield consigo mesmo, “têm sido muito amáveis comigo, e eu não tenho sido fiel com elas; tenho de dizer que, apesar de todas as suas boas qualidades, se não crerem em Cristo estarão perdidas”. 

Então, se levantou e orou. Após orar, ainda havia luta em seu espírito. Sua velha natureza dizia: “Não posso fazer isso”. Mas o Espírito Santo parecia dizer: “Não saia daqui sem antes avisá-los do perigo”. Finalmente, pensou em um artifício e orou a fim de que Deus aceitasse sua ideia. Ele pegou seu anel e escreveu com ele as seguintes palavras, em um dos losangos de vidro da janela: “Falta-lhes uma coisa”.

Ele não conseguiu falar com a família, mas seguiu seu caminho, orando muito pela conversão daquelas pessoas. Pouco depois de ele ter saído, a boa senhora anfitriã da casa — grande admiradora de Whitefield — disse: “Vou até o quarto de hóspedes, pois quero ver o lugar em que o homem de Deus ficou”. Ao chegar no quarto, viu o que ele tinha escrito na vidraça: “Falta-lhes uma coisa”. Aquelas palavras a tocaram imediatamente com a convicção do arrependimento. “Ah!”, exclamou. “Pensei que ele não havia se preocupado muito conosco, porque sabia que, por onde quer que ele passe, argumenta com seus anfitriões, e não havia feito assim conosco. Cheguei a pensar que havíamos irritado o sr. Whitefield, mas agora percebo como ele foi amável conosco, falando-nos dessa maneira.” 

Em seguida chamou suas filhas: “Subam, meninas. Vejam o que o homem de Deus escreveu na vidraça: ‘Falta-lhes uma coisa!’. Chamem seu pai”. O coronel subiu ao aposento de hóspedes e também leu a frase: “Falta-lhes uma coisa!”. Assim, ao redor da cama onde o homem de Deus havia dormido, ajoelharam-se e pediram a Deus que lhes desse a coisa que faltava. E, ali mesmo, antes que deixassem o quarto, encontraram o que lhes faltava; e toda aquela família pôde regozijar-se em Jesus.

“Falta-lhes uma coisa!”

Irmãos e irmãs. Falta-nos uma coisa. Como assim?! Nós já temos Jesus Cristo; então, o que nos falta? Falta-nos reavivamento e reforma!

O que é reavivamento e reforma?

“Reavivamento e reforma são duas coisas diferentes. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, uma vivificação das faculdades do espírito e do coração, um ressurgimento da morte espiritual”. [2] Em outras palavras, reavivamento é um renascimento espiritual; é voltar à vida, depois de haver estado morto espiritualmente falando. Por outro lado, “reforma significa reorganização, mudança de idéias e teorias, hábitos e práticas”.[3] Como se pode perceber, a reforma tem como foco a prática da vida.

Para sermos didáticos e claros, podemos dizer que o reavivamento ocorre internamente, enquanto a reforma ocorre externamente. Graças a uma mudança interna, então é possível uma autêntica mudança externa; ambos por obra do Espírito Santo.

Na verdade, toda transformação duradoura de vida precisa desses dois aspectos: o reavivamento e a reforma. Por que? Porque “a reforma não produzirá os bons frutos da justiça a menos que esteja ligada a um reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem fazer a obra que lhes é designada, e para fazerem essa obra têm de se unir”.[4]

Precisamos mesmo de reavivamento e reforma?

Um dos mais poderosos e tocantes convites bíblicos para o reavivamento e reforma está no livro de Joel 2:12-17:

“[…] Agora mesmo, diz o Senhor: “Convertam-se a mim de todo o coração; com jejuns, com choro e com pranto. Rasguem o coração, e não as suas roupas.”  Convertam-se ao Senhor, seu Deus, porque ele é bondoso e compassivo, tardio em irar-se e grande em misericórdia, e muda de ideia quanto ao mal que havia anunciado. Quem sabe se ele não se voltará e mudará de ideia, e, ao passar, deixe uma bênção, para que vocês possam trazer ofertas de cereais e libações ao Senhor, seu Deus? Toquem a trombeta em Sião, proclamem um santo jejum, convoquem uma reunião solene. Reúnam o povo, santifiquem a congregação, congreguem os anciãos, reúnam as crianças e os que mamam no peito. Que o noivo saia do seu quarto, e a noiva, dos seus aposentos. Que os sacerdotes, ministros do Senhor, chorem entre o pórtico e o altar, e orem: “Poupa o teu povo, ó Senhor, e não faças da tua herança um objeto de deboche e de zombaria entre as nações. Por que hão de dizer entre os povos: ‘Onde está o Deus deles?”.

O profeta Joel nos convoca a uma mudança total, e no verso 13 ele lança as bases para o reavivamento e a reforma. Ele diz: “Rasguem o coração”. “Para um judeu, rasgar sua roupa era um sinal de grande tristeza. Isso significava que ele tinha sofrido alguma calamidade terrível (Gn 37:34; Lv 13:45, 2Cr 34:27; Jr 36:24). No entanto, como era possível a exibição de tais sinais exteriores de tristeza sem qualquer sentimento real íntimo, foi ordenado às pessoas que ao invés das roupas rasgassem o coração”.[5] Com isso, o profeta Joel estava ensinando que a mudança interna – o reavivamento – produz autênticas mudanças externas; e que sem uma real mudança interna, as manifestações de piedade externa não passam de comportamentos hipócritas, espiritualidade fingida.

Ellen White diz que “um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação”.[6] E ao argumentar sobre a necessidade destas mudanças internas e externas em nossa vida, a Mensageira do Senhor escreveu: “O povo de Deus não suportará a prova a menos que haja um reavivamento e uma reforma entre o povo de Deus, mas esta deve começar sua obra purificadora entre os pastores”.[7]

Sobre esta última citação, quero ressaltar duas coisas. A primeira é que se quisermos enfrentar os dias terríveis do fim do tempo do fim, precisamos experimentar o reavivamento e a reforma; caso contrário, nossa fé será fraca e não resistirá à primeira provação. A segunda: amigos pastores, o reavivamento e a reforma devem começar em nós; as mudanças internas e externas que esperamos ver nos irmãos e irmãs de nossas igrejas, eles primeiramente precisam vê-las em nós! Fé autêntica, vida espiritual forte, comunhão com Deus, apego à Palavra, estilo de vida de um povo remanescente, isso os irmãos precisam ver em nós os pastores. Caso contrário, que pastores somos nós que esperamos a transformação que nós mesmos não demonstramos?

O que nos faz crer que precisamos de reavivamento e reforma em nossos dias?

Heber Carlos de Campos, um teólogo protestante brasileiro, faz afirmações fortes a respeito da realidade do cristianismo de nossos dias, analisando a frágil adoração que caracteriza muitas denominações. Ele afirma:

“Como a evangelização moderna tem sido antropocêntrica, dizendo ao ouvinte aquilo que se pensa que o incrédulo quer ouvir, também a forma do culto tem sido elaborada de modo a atrair pessoas para adorar a Deus. A adoração moderna é planejada para atrair pessoas (os consumidores de música contemporânea) ao invés de ser promovida para que as pessoas levantem os olhos para o céu para cultuar corretamente o verdadeiro Deus. Ao invés de prepararmos pessoas para serem membros do sacerdócio real, da nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para aprenderem sobre o verdadeiro Deus e a vida eterna em Cristo Jesus, estamos estimulando essas pessoas a apurarem o paladar por aquilo que o entretenimento moderno já lhes apresentou. Antes que verdadeiros adoradores, estamos vendo pessoas preocupadas com o consumo musical e litúrgico, querendo ouvir o que lhes agrada, e não o que agrada a Deus”.[8]

É amigos. Esse é um retrato triste, porém fiel da vida religiosa e da adoração de muita gente. As coisas não podem continuar assim. É necessário que haja uma mudança radical.

Há mais de 27 séculos, o inspirado profeta Joel referiu-se ao dia de Deus; ele escreveu:

“Toquem a trombeta em Sião e deem o alarme no meu santo monte. Que todos os moradores da terra tremam, porque o Dia do Senhor está chegando; já está próximo. É dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e densas trevas!” Joel 2:1 e 2.

Se bem estas palavras tenham uma aplicação histórica imediata aos tempos do Antigo Testamento, quando Israel seria invadido por um povo inimigo, a razão pela qual foram preservadas é que se referem particularmente ao tempo do fim, ao “dia do Senhor”, vésperas do regresso de Cristo à Terra. A mensagem do profeta Joel convida a que se toque a trombeta em Sião, ou seja, na igreja; a dar alarme no monte santo de Deus ou seja, o Seu povo; porque ocorreriam acontecimentos de tal magnitude que fariam tremer a todos os moradores do mundo.

Em vista dos tremendos acontecimentos que estão para ocorrer no “dia do Senhor”, a igreja deve ser despertada por uma voz de alarme, e o povo deve ser chamado a uma conversão autêntica, profunda, e de todo o coração. Em outras palavras, deve efetuar-se uma profunda reforma espiritual dentro da igreja, em preparação para os grandiosos acontecimentos do fim.

Não há dúvida que chegamos à própria véspera da hora suprema, e de que este chamado para uma conversão genuína e uma reforma cabal na vida de cada um, deve ressoar por todos os recantos de Sião, por todos os recantos de todas as igrejas.

Características da pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma

1. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma tem uma vida de oração e ação

No tempo do fim, “pouco antes da segunda vinda de Cristo nas nuvens do céu, deve ser efetuada uma obra como a de João [Batista]. Deus chama homens [e mulheres] que preparem um povo para permanecer em pé no grande dia do Senhor. Para transmitir tal mensagem como a de João [Batista] precisamos ter uma experiência espiritual como a dele. A mesma obra precisa ser efetuada em nós. Temos que contemplar a Deus, e, contemplando-O, perder de vista o próprio eu.[9]

E por que contemplar a Deus é importante? “A comunhão com Deus será refletida no caráter e na vida. As pessoas reconhecerão que nós, assim como os primeiros discípulos, estivemos com Jesus. É somente a comunhão com Deus que nos dará poder. Devemos buscar esse tremendo poder, o poder que resulta da comunhão com Deus. É esse poder resultante da comunhão com Deus que nos fará viver uma vida de oração e de ação, uma vida de pensamento e de ação, uma vida de silenciosa prece e incansável trabalho.[10]

Irmãos e irmãs. Oração e esforço, esforço e oração: essas devem ser a ocupação de nossa vida. Devemos orar como se a eficiência e o louvor fossem honras somente de Deus, e precisamos trabalhar como se o dever fosse todo nosso.[11]

Não é apenas trabalhar, e não é apenas orar. São as duas coisas juntas, porque aquele que nada faz senão orar, em breve deixará de orar.[12] E aquele que não faz nada a não ser trabalhar, em breve não verá mais graça nisso. Precisamos cultivar um espírito abnegado e generalizado de trabalho missionário, e uma vida de oração e total dependência de nosso Pai Celestial.

2. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma tem sua vida moldada pelo Espírito Santo

O ser humano somente experimentará a real felicidade quando permitir ser moldado pelo Espírito de Deus. O Espírito Santo renova nossa vida e nos transforma à semelhança de Jesus Cristo. Mediante a influência do Espírito Santo, a inimizade para com Deus é mudada em fé e amor, e o orgulho é transformado em humildade. Graças ao Espírito Santo, a pessoa percebe a beleza da verdade, e Cristo é honrado em excelência e perfeição de caráter.[13]

O Espírito Santo nos ilumina em meio às trevas; Ele informa nossa ignorância, e nos ajuda em nossas muitas necessidades. Mas para que isso seja possível, precisamos tomar a decisão de permanecermos constantemente com Deus. Porque se não tomarmos uma decisão em favor de Deus, o Espírito Santo não poderá trabalhar em nós sem o nosso consentimento. E se o Espírito Santo não agir em nós, nossa vida descambará para o mundanismo, e não teremos desejo de orar, nem desejo de ter comunhão com Aquele que é a fonte de força e sabedoria. Se o Espírito Santo não habita em nós, estamos totalmente perdidos.[14]

3. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma tem sua vida pautada pela Palavra de Deus

Nossa fé precisa estar fundamentada na Palavra de Deus.[15] Por que? Porque vivemos dias solenes! Devemos estar preparados para aquilo que logo vai cair sobre o mundo como terrível surpresa, e esta preparação deve ser feita mediante diligente estudo da Palavra de Deus e pelo levar a vida em conformidade com os seus preceitos.[16] Somente as pessoas que fortaleceram sus vida com as verdades da Escritura, poderão resistir no último grande conflito.[17]

Sim irmãos e irmãs. Apenas os que forem diligentes estudantes das Escrituras e receberem o amor da verdade, estarão protegidos dos poderosos enganos que dominam e dominarão o mundo.[18]

Sabe. Chegará o tempo em que muitos serão privados da Palavra escrita. Se, porém, essa Palavra é gravada na memória, ninguém poderá tirá-la de nós.[19] Por isso, estudemos a Palavra de Deus com profundidade. Entesouremos na memória suas preciosas promessas, para que, quando a Bíblia for tirada de nossas mãos, ela permaneça em nossa mente e coração.

4. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma guarda corretamente o Sábado

O quarto mandamento da imutável lei de Deus requer a observância do sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do sábado. O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus. O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com seu povo. A prazerosa observância deste tempo sagrado de uma tarde a outra tarde, do pôr do sol ao pôr do sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus.[20]

5. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma é fiel nos dízimos e nas ofertas

O dízimo é sagrado; é reservado por Deus para Si mesmo. O dízimo deve ser entregue à casa do Senhor, para ser empregado em manter os obreiros evangélicos que trabalham na missão de Deus.[21] Por isso, o Senhor convida hoje os adventistas do sétimo dia de todas as partes para que se consagrem a Ele, a fim de fazerem segundo sua capacidade, a fim de fazerem o máximo que lhes for possível para auxiliar Sua obra. Por sua liberalidade ao fazer donativos e ofertas, Deus deseja que Seus filhos e filhas revelem apreço por Suas bênçãos e gratidão por Sua misericórdia.[22]

E sabe de uma coisa? “As necessidades da Causa aumentarão continuamente à medida que nos formos aproximando do fim do tempo”.[23] Então, não deixe para devolver o dízimo no futuro; não deixe para ofertar no futuro. Faça isso agora! “Deus nos prova aqui, concedendo-nos bênçãos e bens materiais e temporais, para que o uso que disso fizermos possa revelar se Ele nos poderá confiar as riquezas eternas que está preparando”.[24]

6. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma dá valor à sua saúde física

“Chá, café, fumo, cerveja, vinho e todas as bebidas alcoólicas precisam ser apresentados como condescendências pecaminosas […] Não devem ser ingeridos moderadamente; devem ser rejeitados sumariamente.[25]

“A verdadeira temperança nos ensina a dispensar inteiramente todas as coisas nocivas, e usar judiciosamente aquilo que é saudável”.[26] “Deus está procurando levar-nos de volta, passo a passo, a Seu desígnio original; e qual era Seu desígnio original quanto à alimentação? Que os seres humanos subsistam com os produtos naturais da terra. Entre os que estão aguardando a vinda do Senhor, deve a alimentação cárnea ser finalmente abandonada; a carne deverá deixar de fazer parte do regime alimentar entre o povo remanescente de Deus.[27]

7. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma deve ter seu culto pessoal e familiar diário

O culto, na primeira hora do dia, é essencial para a vida espiritual. Começar o dia com Deus é a garantia de permanecer com Ele ao longo do dia. Estudar a Bíblia, estudar a lição da Escola Sabatina, estudar livros do Espírito de Profecia, orar, meditar, tudo isso é a respiração da vida espiritual.

8. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma não deve se envolver com o mundo

“Os que estão aguardando e esperando o aparecimento de Cristo nas nuvens do Céu não se misturarão com o mundo em sociedades e reuniões de divertimento, meramente para seu próprio prazer”.[28]

9. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma é diferenciada no vestuário

Se somos cristãos, seguiremos a Cristo ainda mesmo que o caminho em que tenhamos de andar contrarie as nossas inclinações naturais. Por isso não é necessário dizer: “Não use isto”; ou “Use isto”; não é necessário, pois se roupas indecorosas, indecentes, mundanas, estiverem no coração, lá elas vão permanecer. E não é uma lei humana que vai mudar isso. O que precisa ser trabalhado é as inclinações do coração natural; a pessoa que tem gosto por vestuário mundano, o que ela realmente precisa é nascer de novo, para ter gosto novo e santificado.

Entretanto, eu quero lembrar algo essencial especialmente às irmãs: Vistam-se com simplicidade, e não permitam que a questão do vestuário lhes encha a mente. Usem roupas modestas, sóbrias, decentes, dignas de uma pessoa que faz parte do povo remanescente de Deus. Nossa roupa deve dar ao mundo uma ilustração viva do adorno interior da graça de Deus.[29] Afinal, “a aparência exterior é um indicador do coração”.[30]

10. A pessoa que experimentou o reavivamento e a reforma está disposta a uma vida de renúncia e uma religião comprometida

O desejo de uma religião fácil, que não exija esforço, renúncia, nem ruptura com a insensatez do mundo, tem tornado popular a doutrina da fé, e fé somente. Mas que diz a Palavra de Deus? O apóstolo Tiago declara (Tiago 2:14, 20-24).[31]

Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Será que essa fé pode salvá-lo?

Seu tolo, você quer ter certeza de que a fé sem as obras é inútil? Por acaso não foi pelas obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu o seu filho Isaque sobre o altar? Você percebe que a fé operava juntamente com as suas obras e que foi pelas obras que a fé se consumou. E se cumpriu a Escritura, que diz: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi atribuído para justiça”, e ele foi chamado amigo de Deus. Assim, vocês percebem que uma pessoa é justificada pelas obras e não somente pela fé.

Sabe o que acontece? “Muitos recusam obedecer aos mandamentos de Deus; porém, dão muita importância à fé. Mas a fé precisa ter um fundamento. Todas as promessas de Deus são feitas sob condições. Se fazemos Sua vontade, se andamos na verdade, então podemos pedir o que quisermos, e nos será feito. Enquanto procurarmos diligentemente ser obedientes, Deus ouvirá nossas petições; mas Ele não nos abençoará na desobediência. Se resolvemos desobedecer a Seus mandamentos, podemos exclamar: “Fé, fé, basta ter fé!”, e a segura Palavra de Deus dará a resposta: “A fé sem as obras é inútil”. Tiago 2:20. Ou, como diz a Almeida Revista e Atualizada: “A fé sem obras é morta”. Semelhante fé será apenas como o bronze que soa e como o címbalo que retine”.[32]

Precisamos viver em santidade!!!

O que significa viver em santidade? O que significa uma vida de santificação?

Viver em santidade significa viver em consagração a Deus, caminhando diariamente – por Sua graça – na busca de uma vida mais madura e plena, em Cristo. O apóstolo Paulo captou muito bem a vida em santidade em 1 Co 6:9-11:

Ou vocês não sabem que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não se enganem: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem afeminados, nem homossexuais, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o Reino de Deus. Alguns de vocês eram assim. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.

Viver em santidade é a operação contínua do Espírito Santo, pela qual a santa disposição concedida no novo nascimento se mantém e se fortalece. Santificação é a cristianização do cristão. Pode-se trazer ao porto e atar ao cais o navio cuja maquinaria entrou em pane. Ele está salvo, mas não está curado. O conserto demanda muito tempo. Cristo se propõe a nos tornar salvos e sãos. A justificação concede a salvação; a santificação concede a cura.

Santificação é a “obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer mais e mais para o pecado e a viver para a justiça”.

Santificação é o processo mediante o qual o pecado e as ações pecaminosas vão perdendo força em nossa vida. Ainda que o santo esteja num mundo de pecado e cometa pecados, sua vida segue outro rumo, pois enquanto que “o pecado habita num crente, o mesmo pecado reina num descrente”. Santidade consiste em despojar-se da Velha Natureza e Revestir-se da Nova Natureza.

Assim, podemos dizer que “a santificação consiste em duas coisas: primeira, a eliminação progressiva dos princípios do mal que ainda infectam nossa natureza, e a destruição de seu poder; e, segunda, o crescimento do princípio de vida espiritual até controlar os pensamentos e atos, e conformar a vida segundo a imagem de Cristo”.

E aí?! Está você vivendo em santidade? Se você está vivendo em santidade, então já experimentou o reavivamento e a reforma! E como sabemos se estamos vivendo em santidade?

Faça-se estas perguntas, e pare para ouvir suas respostas:

  1. Tenho andado diariamente nos caminhos de Deus, fazendo Sua vontade em tudo?
  2. Tenho desenvolvido hábitos que amadurecem minha vida cristã (leitura da Bíblia, vida de oração, vida de testemunho, vida de serviço)?
  3. Sinto que a cada dia estou mais perto de Cristo e mais longe do pecado?
  4. Desfruto da certeza da salvação em/por Cristo?

Conclusão

Para terminar, eu gostaria de ler Apocalipse 3:14 a 16:

“Ao anjo da igreja em Laodiceia escreva: “Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus. Conheço as obras que você realiza, que você não é nem frio nem quente. Quem dera você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, e não é nem quente nem frio, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”.

“A mensagem da Testemunha Fiel, não é apenas uma mensagem de justificação e de perdão; não é só um chamado ao arrependimento, mas também uma mensagem de conversão total, de santificação, de reforma de vida. Esta é a verdadeira reforma que deve ocorrer entre o povo de Deus, e que acelerará o derramamento do poder divino, na forma da chuva serôdia, a pregação do evangelho eterno e o selamento. Esta é a reforma de vida que cada um de nós necessita para transpor triunfante o tempo de angústia e receber o Senhor com grande alegria. Esta é a experiência que nos permitirá estar preparados para viver com Deus e com Cristo pela eternidade”.[33]

Irmãos e irmãs. “Reforma e Reavivamento dizem respeito à volta às antigas e sãs doutrinas e zelo ardente e cheio de amor por elas e pelo povo de Deus. Não é disso que precisamos novamente?”.[34]

Lembra da ilustração que contei no começo? “Falta-nos uma coisa”. Sabe o que? Submetamos nossa vida a Deus. E Ele operará em nós o Reavivamento e a Reforma que precisamos, que nos falta. Amém!

[1] Extraído do site https://www.sitedopastor.com.br/falta-lhes-uma-coisa/. Acesso em 15 de junho de 2020.

[2] Ellen G. White. Review and Herald, 25 de fevereiro de 1902.

[3] Ellen G. White. Review and Herald, 25 de fevereiro de 1902.

[4] Ellen G. White. Review and Herald, 25 de fevereiro de 1902.

[5] CBA, volume 4, p. 1042.

[6] Ellen G. White. Serviço Cristão, p. 53.

[7] Ellen G. White. Testemunhos para a Igreja, volume 1, p. 469.

[8] Heber Carlos de Campos. “Crescimento de Igreja: Com Reforma ou com Reavivamento?”. Em Fides Reformata 1/1, 1996. Disponível aqui: https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2019/02/4_Crescimento_de_Igreja_Com_Reforma_ou_com_Reavivamento_Heber_Campos.pdf. Acesso em 15 de junho de 2020.

[9] Ellen G. White. Testimonies, vol. 8, págs. 332 e 333.

[10] Ellen G. White. A Ciência do Bom Viver, pág. 512.

[11] Ellen G. White. Testimonies, vol. 4, pág. 538.

[12] Ellen G. White. Caminho a Cristo, pág. 101.

[13] Ellen G. White. Nossa Alta Vocação. Meditações Matinais, 1962, pág. 150.

[14] Ellen G. White. Nossa Alta Vocação. Meditações Matinais, 1962, pág. 152.

[15] Ellen G. White. Evangelismo, pág. 362.

[16] Ellen G. White. Profetas e Reis, pág. 626.

[17] Ellen G. White. O Grande Conflito, pág. 593.

[18] Ellen G. White. O Grande Conflito, pág. 625.

[19] Ellen G. White. Manuscript Release 760, 24.

[20] Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Nisto Cremos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2018, p. 316.

[21] Ellen G. White. Obreiros Evangélicos, págs. 226 e 227.

[22] Ellen G. White. Testemunhos Seletos, vol. 3, págs. 350 e 351.

[23] Ellen G. White. Testimonies, vol. 5, pág. 156

[24] Ellen G. White. Conselhos Sobre Mordomia, pág. 22.

[25] Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 287.

[26] Ellen G. White. Patriarcas e Profetas, pág. 562.

[27] Ellen G. White. Conselhos Sobre Saúde, pág. 450.

[28] Ellen G. White. Manuscrito 4, 1898.

[29] Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 242.

[30] Ellen G. White. Testimonies, vol. 1, pág. 136.

[31] Ellen G. White. Reavivamento Verdadeiro, p. 21.

[32] Ellen G. White. Reavivamento Verdadeiro, p. 34.

[33] Fernando Chaij. Preparação para a Crise Final. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007, p. 47.

[34] Heber Carlos de Campos. “Crescimento de Igreja: Com Reforma ou com Reavivamento?”. Em Fides Reformata 1/1, 1996. Disponível aqui: https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2019/02/4_Crescimento_de_Igreja_Com_Reforma_ou_com_Reavivamento_Heber_Campos.pdf. Acesso em 15 de junho de 2020.

 

 

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