A discussão entre adventistas quanto ao divórcio e novas núpcias remonta ao início da história da IASD, por ocasião da organização de sua primeira associação. No entanto, uma posição da instituição sobre o assunto só definiu-se em tempos mais recentes. Diante disso, vê-se como pertinente uma compreensão da postura da IASD sobre a questão em suas primeiras décadas, por meio do posicionamento de Ellen G. White expresso em seus escritos. Este artigo discorre sobre a posição de Ellen G. White a respeito de casamento, divórcio e novo casamento. Descreve sucintamente sua visão sobre a natureza e preparo para o matrimônio e procura sistematizar os conselhos dados por ela às famílias que se depararam com essas situações.
De acordo com o relato bíblico foi o próprio Criador que formou Eva e então a conduziu a Adão para ser sua mulher. Ellen G. White declara que, no desígnio de Deus, o casamento é “uma das maiores bênçãos para a família humana” (Ms 16, 1899). O matrimônio proveria as necessidades sociais do homem, preservaria a pureza da raça e elevaria a natureza física, mental e moral, trazendo felicidade e contentamento (PP, 46).
Cristo sancionou o casamento ao realizar seu primeiro milagre em uma festa de bodas e Ele ainda se rejubila com aqueles que se alegram em uma festividade nupcial (LA, 100). Ele se deleita com “casamentos felizes, felizes lares” (99). “O Céu contempla com prazer um casamento formado com um sincero desejo de seguir a direção dada nas Escrituras” (Carta 17, 1896).
Os conselhos de Ellen G. White incluem muitas condições que, se forem seguidas, resultarão em casamentos felizes. Uma delas é: Cristo deve ser o centro tanto na vida do marido como na vida da mulher (CBV, 358).
Ellen White escreveu para a irmã L:
Que a mulher se entregue a Cristo antes de se entregar a qualquer amigo terreno, e não assuma nenhuma relação que entre em atrito com isto. […] Minha irmã, a menos que desejes ter um lar de onde nunca se levantem as sombras, não te unas com um homem que é inimigo de Deus (TS, vol. 2, 120).
Ela ainda argumenta que seria melhor permanecer solteiro do que se unir a uma pessoa mundana (LA, 68). Os adventistas deveriam se casar com adventistas, e não simplesmente com crentes em Cristo. Ellen G. White escreveu posteriormente a irmã L: “Mesmo que o companheiro de tua escolha fosse em todos os outros respeitos digno (o que, porém, ele não é), no entanto ele não aceitou a verdade para este tempo; é um descrente, e és pelo Céu proibida de unir-te a ele” (TS, vol. 2, 121, grifo meu).
Ambos, noivo e noiva, deveriam ser adultos e maduros o suficiente para pesar cuidadosamente todas as suas chances para a felicidade. “Casamentos precoces não devem ser encorajados” (LA,79). “Um jovem adolescente não possui critério para julgar a conveniência de ter como companheiro para a vida outro jovem tão imaturo como ele mesmo” (Ibidem). Os casamentos precipitados devem ser evitados, pois frequentemente levam à separação, ao divórcio e à confusão na igreja (MJ, 458).
Os atributos pessoais do esposo e da esposa devem ser compatíveis, “escolhei vossa esposa de uma classe que esteja mais de acordo com a vossa”, Ellen G. White escreveu para um homem que estava planejando se casar. Ele era rude e a mulher delicada e refinada; nela as qualidades intelectuais predominavam (Carta 21, 1860).
As características raciais devem também ser semelhantes. Ellen G. White não afirma que uma raça é superior a outra. “Todos os homens”, ela diz, “brancos e negros, são iguais” (ME, vol. 2, 341 e 342). Seu conselho, contra casamentos inter-raciais é baseado primeiramente nos problemas e consequências que deles resultam. Os filhos se amarguram pelos seus pais, cria-se controvérsia e a obra de Deus se retrai ao invés de avançar. Em virtude dessas considerações práticas, não se devem encorajar tais uniões. O conselho inequívoco é oferecido: “Esse passo não deve ser dado”.
A mulher deve saber como educar seus filhos nos aspectos práticos da vida, tais como os cuidados do lar, com os doentes, além de princípios de higiene, etc. (CBV, 302; LA, 90 e FEC, 75).
Marido e mulher devem manter sua própria individualidade (CBV, 361). A esposa não deve subjugar sua própria identidade e se tornar, simplesmente, uma máquina dirigida pela vontade de seu cônjuge (Carta 25, 1885).
Já quanto a poligamia, embora praticada nos tempos do Antigo Testamento, nunca foi uma opção legítima para os seguidores de Deus, em qualquer país ou época. “Deus não sancionou a poligamia em um único caso” (SG, vol. 3, 100).
Por fim, ambos, marido e mulher, devem reconhecer os privilégios do relacionamento conjugal que inclui o amor sexual praticado sem “excesso” (LA, 121-128).
Divórcio
Um antigo problema da Igreja
“Como devemos tratar casamentos divorciados?” Este era o primeiro item da agenda da delegação, de nove ministros adventistas do sétimo dia, que se encontrou em Monterey, Michigan, de 4 a 6 de outubro de 1862, para a organização da primeira associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), naquele estado. O problema que estava afetando alguns irmãos em Illinois e Wisconsin foi apresentado pelo irmão Sanborn. Quando Tiago White solicitou uma explicação para a expressão “casamentos divorciados”, Sanborn disse que se referia às pessoas divorciadas que se casaram novamente, sem as bases para a separação, mencionadas em Mateus 19. A pergunta dele era: esses indivíduos poderiam ser aceitos como membros da igreja?1
Deste modo, casamento, divórcio e novo casamento são problemas muito antigos na IASD, como a organização de sua primeira sede administrativa, a Associação de Michigan. O problema continua a ser um tema em discussão, demandando atenção de comissões de igrejas locais e comitês especiais representados por associações e uniões.
A visão documentada da Igreja sobre o problema
Nesse breve documento não é possível considerar a atmosfera social semipuritana que caracterizava os dias de Ellen G. White, nem mesmo comentar suas atitudes cristãs gerais em relação ao divórcio e novo casamento. Estamos lidando simplesmente com Ellen White e seus escritos. Para tanto, a posição de um documento geral da IASD através desses anos se mostra de grande utilidade.
A Review and Herald publicou, de 1862 a 1900, 15 artigos, comentários, respostas a perguntas e réplicas de leitores a respeito do assunto do divórcio e novo casamento. A posição adotada pela revista foi consistente no decorrer desses anos. Adultério era a única razão para o divórcio, e novo casamento só seria admissível apenas para a parte inocente.
A opinião do periódico aparece bem definida, todavia, um tanto rígida. Se isto representa a posição oficial da IASD, não podemos afirmar. Pelo menos, representa o ponto de vista de Uriah Smith, quando foi redator da revista. Duas notas publicadas por ele em 1887 (11 de janeiro e 8 de fevereiro) são de particular interesse. A primeira, mostra um caso específico de um novo casamento, que não foi por razão de adultério. A segunda, trata de outros casos citados por leitores e suas respostas, bem como a posição do redator.
A posição de Ellen G. White parece ser menos rígida, pelo menos quando trata de alguns casos específicos, em particular, por meio de sua correspondência. Esse material será mostrado posteriormente nesse estudo. Tais casos representam exceções e não a regra, mas isso também é evidenciado na Bíblia algumas vezes.
A única razão para a dissolução do voto conjugal: adultério
O casamento “deve ser cuidadosamente considerado”, pois é um “passo tomado para a vida toda” (LA, 34). “É uma instituição sagrada” (Nos Lugares Celestiais, MM, 202) semelhante à união de Cristo e sua igreja (TS, vol. 7, 46).
Nos tempos de Jesus, os judeus repudiavam as mulheres pelas ofensas mais triviais (MDC, 63), porém, Cristo rejeitou aquela prática. O padrão moral não deveria se basear em legislações ou inclinações humanas, mas na lei de Deus, na “elevada norma moral de justiça divina” (LA, 342). “Se a esposa é incrédula e opositora, o marido não pode, em face da lei de Deus, abandoná-la só por isto (Ibid, 344). Nem os cônjuges podem se separar por incompatibilidade de gênios; mas sim, devem procurar mudar a própria disposição (Carta 168, 1901).
Não se deve considerar a falta de amor como uma razão suficiente para o divórcio após o voto solene feito, na presença de Deus e dos santos anjos, ainda que por um cônjuge imperfeito. “Quando conduzirdes mais a vontade em vosso auxílio e conscienciosamente andardes no temor do Senhor, então o amor que agora supondes estar morto ressuscitará. […] A fonte do amor aumentará dia a dia e toda a amargura e decepções serão excluídas a seu tempo” (Carta 57, 1888).
Quanto a essa questão ainda, Ellen G. White comenta: “Digo-vos que não podeis quebrar vosso voto conjugal e permanecerdes sem culpa diante de Deus. […] Apegai-vos a vossos votos conjugais porque sois reta de coração e sentireis arrependimento quando fordes vestida com as vestes da justiça de Cristo” (Ibidem).
Em contraste às ofensas triviais, Ellen G. White deu a única razão para o divórcio: “Nada senão a violação do leito conjugal pode quebrar ou anular o voto conjugal” (LA, 341). “Só há uma razão pela qual o marido pode legitimamente separar-se de sua esposa ou a esposa de seu marido: o adultério” (Ibid, 345).
Ela salientou que Jesus aprovou a dissolução do casamento apenas em caso de adultério (Ibid., 340). Em seu Sermão do Monte, Cristo declarou “plenamente” que havia uma única razão para o fim do casamento: infidelidade ao voto conjugal (MDC, 63). Em resumo, Ellen G. White declarou que Jesus permite um novo casamento apenas quando o direito ao divórcio existe.
A um certo médico casado com uma incrédula, o qual possuía algumas ideias errôneas a respeito do casamento e queria repudiar sua mulher, ela disse: “Deus reconhece apenas um motivo” para o divórcio: o adultério. Ela convidou esse obreiro a trazer sua esposa de volta ao seu lado, quando já haviam se separado (Ibid, 342-343).
“O divórcio é uma eterna e sincera mágoa. O casamento deveria ser muito bem considerado antes de ser contraído”, escreveram Tiago e Ellen G. White em 1868, referindo-se a uma mulher que tinha que viver com um adúltero (RH, 24/03/1868, 236). Ela ainda acrescenta que os casados deveriam possuir a têmpera do aço em relação a seus votos conjugais (Carta 321, 1903).
Em 1863, Ellen G. White escreveu:
Uma mulher pode estar legalmente divorciada do marido pelas leis do país, mas não divorciada à vista de Deus e de acordo com a lei mais alta. […] Embora as leis do país possam permitir o divórcio à luz da Bíblia, continuam como marido e esposa, segundo as leis de Deus.
E acrescentou: “Vi que a irmã A, por ora, não tem direito de desposar outro homem; mas se ela, ou qualquer outra mulher, obtiver um divórcio legal na base de adultério por parte do marido, então está livre para casar com quem quiser” (LA, 344).
Em 1888, ao lidar com uma situação muito delicada envolvendo dois colportores, ela registrou o seguinte em seu diário: “Tive uma longa conversa com a irmã B mostrando-lhe que o voto conjugal é um vínculo e que nenhuma das partes pode abdicar de seus direitos, salvo em caso de adultério, a violação do leito conjugal” (Ms 22, 1888).
Novo casamento
Três casos de novo casamento
Em seus escritos, Ellen G. White apresenta, pelo menos, três situações envolvendo novo casamento: após a morte do cônjuge, após o divórcio baseado em adultério e após divórcio permitido por outras causas que não o adultério. O problema da separação também merece uma consideração aqui.
(1) Novo casamento após a morte de um cônjuge
(A) Casamento de um viúvo
Em 1890, um viúvo idoso escreveu a Ellen White solicitando orientação em relação a um novo casamento. Ela respondeu-lhe:
Eu sei, conforme dizeis, que deveis ser muito só em vossa idade e não vejo objeção se há alguém a quem possais amar e retribuir vosso amor. Porém, como não conheço a senhora que tendes em mente, não posso aconselhar como alguém que conhece ambas as partes (Carta 70, 1898).
O segundo casamento do irmão Haskell também é outro que pode ser citado. A esposa dele faleceu em 1894. Três anos depois, aos 64 anos de idade, ele se casou novamente. Ellen G. White escreveu ao casal: “Alegramo-nos ao ouvir de vós que vossos interesses estão unidos como se fossem um. Que o Senhor abençõe essa união. […] Estou feliz, irmão Haskell, porque tendes uma ajudadora. Isto é o que tenho desejado por algum tempo” (Carta 74a, 1897).
(B) O segundo casamento do irmão Butler
A primeira esposa do irmão G. I. Butler morreu após 42 anos de união conjugal. Quando ele tinha 68 anos, teve oportunidade de se casar com uma mulher de 35 anos “em cuja conversão à verdade ele fôra um instrumento” (Carta 117, cc 1902). Porém, ele encontrou forte oposição por parte da irmã e cunhado da mulher. O próprio filho de Butler se opôs também ao plano. Ellen G. White enviou três cartas aos familiares endereçadas a irmã e ao cunhado da mulher e uma ao filho de Butler, desaprovando tal oposição (Cartas 77, 78, 117 e 118, 1902).
Ela assim os aconselhou:
Eu vos suplico que não repreendais vosso pai. Não devíeis sentir o que sentis, pois vosso pai não está fazendo nada que Deus condena. A condenação existe apenas na mente dos homens. Em nada ele tem desonrado seus filhos e tem se mantido no caminho do Senhor. […] Esta mulher é jovem, mas está em uma idade em que pode ajudá-lo em seu trabalho. A idade de vosso pai não deve ser uma barreira para sua felicidade? (Carta 117, 1902).2
Ademais, quando ele completou 73 anos de idade tornou a se casar com outra mulher. Ellen G. White se sentiu feliz por eles. (Carta 390, 1907).
(C) Conselho a um viúvo
Após a morte de sua esposa, J. N. Andrews decidiu permanecer viúvo, uma posição que Ellen G. White não apoiou. Ela julgava que um novo casamento traria equilíbrio à sua vida.
Ela expressou:
Tendes tido idéias errôneas em relação a vos manterdes viúvo, porém nada mais falarei sobre este assunto. A influência de uma nobre mulher cristã de habilidades distintas serviria para neutralizar as tendências de vossa mente. A habilidade de concentração, a intensa luz com que considerais todas as coisas de caráter religioso ligadas a causa e à obra de Deus têm trazido depressão em vosso espírito, um peso de ansiedade que vos tem enfraquecido física e mentalmente. Se estivésseis ligado a alguém com sentimentos opostos, teríeis força para descartar pensamentos melancólicos. A individualidade dela não seria subjugada, mas sua identidade preservada e sua influência seria modeladora sobre vossa mente. Se assim fosse, hoje teríeis força física e poder para resistir a doença.
Em outro momento ela também disse:
Eu vos aconselhei a casardes antes de retornardes a última vez à Europa por estas razões. Primeiro, precisáveis de uma esposa para cuidar de vós e não devíeis ter levado vossa família à Europa sem uma boa companhia para ser uma mãe para vossos filhos. […] Precisais de outro elemento em vossos labores que não possuís e que não compreendeis ser realmente essencial (Carta 9, 1883).
(2) Novo casamento de uma parte ‘inocente’
Segundo Ellen G. White, a parte “injuriada” tem três possibilidades em face de um divórcio: (A) Permanecer com a parte “culpada”. O inocente não se torna culpado por manter o casamento com o cônjuge infrator (LA, 346); (B) Novo casamento. Um segundo matrimônio é justificável para a parte inocente,3 em um divórcio permitido por adultério (ME, vol. 2, 339-349) e; (C) Permanecer só. Em resposta a um colportor que foi abandonado pela esposa por outros motivos que não o adultério, Ellen G. White escreveu:
Não vejo que mais se pode fazer neste caso, e penso que a única coisa que podeis fazer é abandonar vossa esposa. Se ela está assim determinada a não viver em vossa companhia, sereis ambos muito infelizes se o tentardes. Visto que ela inteira e determinadamente escolheu sua sorte, a única coisa que podeis fazer é tomar vossa cruz e proceder como homem. […] Vós me perguntastes se poderíeis casar outra vez visto que vossa esposa vos deixou. Eu diria que se alguém compreendesse todas as circunstâncias, poderia escolher casar-se convosco. Se não tivésseis sido casado, não veria objeções. […] Espero que procedais como homem. Ponde de lado este assunto, voltai ao trabalho, cumpri vossos deveres independente de qualquer pessoa na Terra, abnegando-vos, sacrificando-vos, esquecendo-vos. […] Entregai vosso caso a Deus. […] Não deixeis que o desapontamento vos arruíne. Expulsai a melancolia. […] Desviai-vos das coisas terrenas, ídolos terrenos, e louvai o Senhor Deus, servindo-o de todo o vosso coração e toda a vossa alma, então consagrar-vos-ei totalmente ao Senhor” (Carta 40, 1888 e LA, 344).
Após certo tempo, a mulher se divorciou e se casou novamente, e o colportor fez o mesmo. Sua nova sogra escreveu a Ellen G. White pedindo-lhe que ela intervisse para separá-los, pois o homem havia se mutilado. Ela recebeu essa resposta:
J não repudiou sua esposa. Ela o deixou e casou-se com outro homem. Nada vejo nas Escrituras que o proíba de casar-se no Senhor. Ele tem direito ao afeto de uma mulher. […] Não vejo porque essa nova união deve ser perturbada. […] Nada vejo na Palavra de Deus que poderia exigir a separação de ambos. Como pedistes meu conselho, dou-o francamente (ME, vol. 2, 339 e 340).4
Referindo-se a um membro de igreja cujo marido quebrou o voto conjugal por adultério, Ellen G. White disse que após o divórcio por motivo de adultério, ela ou outra mulher nas mesmas circunstâncias poderia casar-se outra vez (344).
(3) Novo casamento após o divórcio por outra causa que não o adultério
Uma das secretárias da senhora White se apaixonou por um homem, que um ano ou dois antes havia abandonado sua esposa e filhos. Deixando-os com seu sogro, viajou para outro continente. A esposa dele buscou o divórcio por motivo de abandono. Antes que o divórcio fosse concedido, esse homem começou a cortejar a secretária. A senhora White insistiu em que nenhum dos dois tinha o direito de se casar. O homem ainda estava legalmente ligado a sua esposa, e a secretária não tinha o direito de se casar com ele, mesmo após a concessão do divórcio (ME, vol. 2, 340 e 341). Ela escreveu: “Quero que ambos compreendam mediante a luz que Deus deu considerando o passado e o presente, não poderia pensar em empregar a ambos se derdes este passo” (Carta 14, 1895).
Escrevendo ao homem, ela disse que ele estava tentando “sacrificar a verdade para obter uma esposa”, “obter uma esposa por deslealdade a Deus”. E ainda acrescentou: “Aquele que não é sincero para com Deus não pode ser sincero para com sua esposa” (Carta 17, 1896). Em outra ocasião, ela disse: “Haveis, ambos, violado a lei só com o pensar que vós podíeis unir em matrimônio. Devíeis haver repelido o pensamento à sua primeira sugestão (Carta 14, 1893). Deste modo, fica claro que Ellen G. White via o adultério como a única base para o divórcio e novo casamento, para a parte inocente, enquanto o cônjuge ainda vive.
Entretanto, há casos em que ela faz uma exceção a essa posição, conforme os exemplos que se seguem:
(A) Professor ‘G’
O irmão G foi um educador, administrador, diretor de colégio e secretário da Associação Geral. Após aproximadamente 12 anos de vida conjugal, ele não ofereceu resistência quando sua esposa obteve divórcio devido a problemas de personalidade (Carta 12, 1884).5 Em 1887, ele se casou outra vez, resultando em sua renúncia como obreiro.
Em 1892, cinco anos mais tarde, Ellen G. White, escrevendo para um líder, mencionou que estava à procura de um “professor de gramática para turmas avançadas” na Austrália. Eis o que ela disse:
“Se tão somente G tivesse se mantido em retidão, não haveria outra opção melhor do que ele para vir. Mas o problema é se o seu passado não irá segui-lo. Mal ousamos nos aventurar e correr o risco. Não tenho dúvidas de que ele se arrependeu sinceramente e creio que o Senhor o perdoou” (Carta 13, 1892).
Em outra citação, ela parece, claramente, buscar a melhor solução para o caso:
Então, o que podemos fazer com G? Deixá-lo onde está, presa do remorso e ser inútil o resto de sua vida? Não consigo ver o que pode ser. Oh, quem nos dera ter sabedoria do alto! Oh, se tivéssemos o conselho dAquele que lê o coração como um livro aberto! (Ibidem).
Quase dois anos mais tarde, Ellen White enviou uma carta ao professor G, convidando-o a vender tudo o que possuía e ir a Austrália. A carta Ihe causou uma “alegre surpresa”. Abaixo, um trecho da correspondência:
Querido irmão G: Minha mente tem se detido em vossa pessoa repetidas vezes. Senti-me na liberdade de exercer meu próprio julgamento. Eu vos aconselhei há muito tempo atrás a mudardes de cidade. Tive esperança de que meus irmãos pudessem ter sabedoria do alto para aconselhar-vos a não permanecerdes onde estais hoje. Se tendes algo a fazer, fazei-o depressa. Se estivésseis neste país, creio plenamente que veríeis portas se abrindo onde poderíeis trabalhar para ser um portador de luz àqueles que estão nas trevas do erro.
Como seria se viésseis para este país? Como Abraão, não sabendo para onde ia e buscando humildemente orientação. Eu vos peço que mudeis. Vinde para a Austrália enquanto estivermos aqui. Vinde sob nossa própria responsabilidade. Tereis recursos para a mudança se venderdes vossa fazenda. Então creio que o caminho se abrirá para trabalhardes e que o Senhor possa dirigir-vos é o meu sincero desejo e sincera oração.
Há abundância de trabalho para fazerdes na grande colheita. Aqui há campos totalmente maduros para a seara; o trabalho está prestes a ser iniciado em Sidney, cuja população é cerca de um milhão de habitantes; em Melbourne o número ainda é maior. Em Queensland o trabalho precisa começar. Há 30 guardadores do sábado em uma localidade em Queensland que nunca viram ou ouviram um pregador e outros estão espalhados por toda a região, aguardando pela mensagem da verdade.
Por favor, considerai este assunto e escrevei-nos a respeito de vossa idéia. Quais são vossos recursos? O que estais pensando em fazer? Como estão vossas finanças? Como o Senhor está dirigindo vossa mente? Por favor, considerai o assunto, e que o Senhor vos dê sabedoria para mover alguém mais imediatamente. Com muito amor” (Carta 7ª, 1894).
O professor G se sentiu muito feliz pela confiança depositada nele, mas argumentou que lhe era impossível vender a fazenda, algo que ele estava tentando fazer por dois anos. Aqui estão alguns trechos de sua resposta:
Temos pensado demasiadamente em vós, suponho que do mesmo modo que os filhos desobedientes pensam em suas queridas mães que magoaram e decepcionaram. […] Parece que Satanás me amarrou mãos e pés quase literalmente. […] vossos filhos errantes, mas arrependidos”.6
De Michigan, ele se mudou para os estados sulinos, onde em 1909 estabeleceu uma escola normal e agrícola autônoma. Ellen G. White e seu filho William o ajudaram em seus empreendimentos, com cartas encorajadoras e apoio financeiro.7 Há pelo menos 14 cartas escritas por William C. White ao professor G em 1911, e dez dele para William, além de uma endereçada diretamente a Ellen G. White solicitando um conselho particular. Há, ainda quatro cartas de Ellen G. White para o professor G.
Pode-se ver o apoio de Ellen G. White a ele na seguinte declaração:
Sinto-me mais do que satisfeita pelo fato de que podeis vos engajar no trabalho educacional e unir vossa influência à de outros obreiros, abrindo as Escrituras àqueles que não compreendem a Palavra de Deus (Carta 56, 1910).8
Quando analisamos a atitude de Ellen G. White em relação ao caso do professor G, podemos fazer algumas considerações. A primeira, que a utilidade de um indivíduo na causa de Deus não é necessariamente destruída para sempre por seus erros passados, mesmo em caso de adultério, caso verdadeiro arrependimento seja manifestado. Em segundo lugar, em alguns casos bíblicos (Davi, a mulher flagrada em adultério, a samaritana junto ao poço, e o membro que cometeu incesto na igreja de Corinto) a aplicação da lei parece ser menos rígida, mais paciente e compassiva do que a letra da lei parece exigir. O mesmo pode ser dito de Ellen G. White ao lidar com o professor G.
(B) A história de W
O caso de W não causou perplexidade apenas para a igreja, mas também para Ellen G. White, que escreveu: “O caso do irmão W tem-me atribulado” (Carta 41,1902). Após apresentar um resumo do problema, consideraremos o conselho de Ellen G. White para esse caso. No entanto, é conveniente lembrar a assertiva de W. C. White em casos semelhantes: “Não era intenção da irmã White que saísse algo de sua pena que pudesse ser utilizado como lei ou regra ao lidar com estas questões de casamento, divórcio, novo casamento e adultério”.9
O irmão W recebeu credencial de ministro durante 1890 e 1891. Em 1892, aos 29 anos, casou-se com sua primeira mulher e trabalhou em Michigan, Illinois e Indiana, além de construir as igrejas de Alabama, Birmingham e Tennessee. Depois de muitos conflitos com sua esposa, ela o abandonou. Enquanto colportava, muito provavelmente após sua separação, W teve um caso com uma de suas conversas e com ela teve uma filha. Suas credenciais foram retiradas. A esposa obteve o divórcio e casou-se outra vez. Depois disso, W casou-se com a segunda esposa com quem mantivera “relações ilícitas por algum tempo” (DF, 294).
A essa altura, o pai e um irmão de W começaram a criar sérios problemas para ele. Ambos o criticavam severamente por viver com outra mulher e queriam que ele voltasse para sua primeira esposa (Ibidem). Em uma carta a sua mãe, Edson White perguntou: “Ele poderia resolver os problemas, repudiando esta moça cuja vida foi arruinada por ele?” (Ibidem). Em resposta ao filho, Ellen G. White escreveu:
Eu considero o problema do mesmo modo que você. Não seria o melhor voltar para a outra mulher. […] Deixe W com o Senhor. […] Deus compreende a situação e se W buscá-lo de todo o seu coração ele o encontrará. […] Deus o perdoará e o receberá. […] W pode esperar em Deus e fazer o melhor que pode para servi-Lo em humildade. Compreendo perfeitamente a situação entre W e sua primeira esposa e eu sabia que o caso terminaria em separação pois W não pode suportar viver como escravo e ter sua identidade perdida em uma esposa que se tornou sua juíza e consciência, em seus deveres e em seu trabalho de modo geral (Carta 175,1901).
Depois de algum tempo, ele retornou ao trabalho da colportagem encorajado pelos irmãos Palmer e Edson White e foi enviado as Índias Ocidentais, onde realizou excelente trabalho. Retornou a Memphis, após algum tempo, onde trabalhou com os negros, auxiliando no trabalho da colportagem e no treinamento de obreiros durante os anos de 1902 e 1903. Ele obteve credencial contra a vontade de G. I. Butler, então presidente da União Associação do Sul. Devido a insistência de alguns amigos, o irmão Butler, relutante, finalmente participou da ordenação de W.10 Em Memphis, W fez um “excelente trabalho” e “trabalhou arduamente”, de acordo com Edson White, em favor dos adventistas do sétimo dia negros. Ellen G. White também avaliou positivamente o trabalho dele:
Não vejo razão por que não devemos encorajar W a ser um obreiro na vinha do Senhor.11 A purificação da alma do pecado inclui os dons de perdão, justificação e santificação. E a purificação interior do coração é evidenciada pela purificação exterior da vida. A misericórdia de Deus para com aqueles que sinceramente se arrependem e chegam-se a Ele, através de Cristo, não conhece limite. Ele perdoará o mais culpado e purificará o mais poluído. O caso do irmão W tem-me atribulado, mas agora tenho uma luz mais distinta sobre isto; e agora direi que se o irmão W permanecer ligado a Jesus, ele estará seguro, pois Cristo tem assegurado seu poder infinito, fidelidade e amor para salvar até o último. Que o irmão W saiba que eu escrevi isto (Carta 41, 1902).
Em 1911, o irmão McVaugh, presidente da União Associação do Sul, escreveu a W. C. White relatando a situação que havia surgido na Associação de Alabama devido a W. O irmão White respondeu ao McVaugh, afirmando que sua mãe não queria assumir uma pesada responsabilidade no caso. Ele declarou:
Em relação ao irmão W, ela diz o que tem dito sobre outros homens em posição de certa forma semelhante à dele. Se eles, de fato, se arrependeram completa e sinceramente, não devem ser proibidos de trabalhar para Cristo em um cargo humilde, mas não devem ser elevados a posições de responsabilidade.12
Ellen White endossou a carta de W.C. White, acrescentando o seguinte de próprio punho: “Este é o conselho correto em tais casos. Que ele ande humildemente diante de Deus. Não vejo luz em atribuir-lhe responsabilidades”.
Em 1913, A. L. Miller, então presidente da Associação de Alabama e ancião da igreja de Birmingham, escreveu a Ellen G. White a respeito do caso. Como a maioria da igreja queria W para ancião da igreja e pastor atuante, uma posição não acatada pela Associação União do Sul, Miller decidiu apresentar o “caso diante da serva do Senhor”, para uma decisão final.
O irmão W decidiu ir ao encontro de Ellen G. White e discutir o caso com ela pessoalmente. Ele viajou à Califórnia, mas não foi bem sucedido, pois Ellen G. White não quis discutir o assunto. Nessa ocasião, ela tinha 85 anos. Ele então optou por deixar seu caso, por escrito, com ela. Quando as cartas do irmão Miller e de W foram apresentadas diante dela, sua resposta foi: “Não julgo ser meu trabalho tratar de tais assuntos a menos que o caso seja totalmente claro diante de mim”. Ela prosseguiu: “Não posso assumir a responsabilidade em tais problemas. […] Que aqueles que foram designados por Deus para assumirem tais responsabilidades o façam de acordo com os princípios cristãos” (Ms 2, 1913). O irmão W morreu no hospital e sanatório de Washington, em 24 de julho de 1934, aos 78 anos de idade. Ele morreu antes da sua esposa, a qual cuidou dele em seus últimos dias.13
Separação de pessoas “culpadas” que contraíram novo casamento
Ellen G. White admite a possibilidade de separação de pessoas casadas por outras razões que não o adultério. Em certa ocasião, ela aconselhou um casal a não se separar, porém, em outros casos ela optou pelo oposto. Parece que em seus conselhos ela ponderava sobre a particularidade de cada caso e circunstância.
A um casal já separado por algum tempo por outro motivo que não o adultério de uma das partes, ela aconselhou um dos cônjuges a “ir a Cristo e submeter-se ao controle de Deus” (Carta 47, 1902), ao invés de procurar outra esposa.
Uma esposa maltratada, após um longo período de separação de seu marido, escreveu a Ellen G. White pedindo conselho. “Não aconselho o seu retorno a D., a menos que veja nele decidida mudança” (LA, 343).
A certo homem, abandonado por sua mulher, ela disse: “Não vejo que mais se pode fazer neste caso, e penso que a única coisa que podeis fazer é abandonar vossa esposa. Se ela está assim determinada a não viver em vossa companhia, sereis muito infelizes se o tentardes” (Ibid, 344).
Na Carta 34, datada de 1890, Ellen G. White aconselha um homem a separar-se de sua esposa e devolvê-la a sua mãe “que fez dela o que ela é”. Ela declara que “neste caso não é com a mulher que o irmão A está lidando, mas um espírito desesperado e satânico”. Ellen G. White acrescenta que aquele casamento foi “um ardil de Satanás”. A mulher era controlada por demônios que tentavam incapacitá-lo para o trabalho do Senhor. No final da carta, ela diz que “o voto conjugal que une a esposa ao marido não deve ser quebrado”. Isto quer dizer que deveria haver separação, mas não divórcio. Em um caso em que a parte culpada se casou outra vez, o conselho de Ellen G. White foi que a situação não melhoraria se a segunda esposa fosse abandonada (ME, vol. 2, 341 e 342).
Lidando com um caso particular, Ellen G. White menciona que “geralmente após terem tumultuado as coisas fazendo-as em pedaços, não tinham sabedoria para recompô-las tornando a situação melhor”. Quando referiu-se àqueles que estavam lidando com o caso, disse que se eles “houvessem estudado cuidadosamente uma solução melhor e pudessem encontrar lugares para estes onde pudessem se sentir confortáveis, melhor seria não executar a idéia de separação” (Carta 5, 1891). Sobre esse caso ainda, ela conclui:
Escrevo isto porque tenho visto muitos casos dessa natureza e as pessoas têm grande preocupação até que tudo esteja desordenado e desarraigado e então seu interesse e preocupação não vão muito longe. Devemos saber que temos um zelo de acordo com o nosso conhecimento. Não devemos nos posicionar precipitadamente em tais assuntos, mas considerar os dois lados da questão; devemos agir cautelosamente e com ternura piedosa, porque não conhecemos todas as circunstâncias que levaram a esse tipo de procedimento. Aconselho que estes infelizes sejam deixados a cargo de Deus e de suas próprias consciências, e que a igreja não os trate como pecadores até terem evidências de que eles são assim considerados a vista de um Deus Santo (Ibidem).
A situação ‘deixai-os em paz’
Ellen G. White usou três expressões semelhantes em três casos distintos: “deixai-os em paz, “deixai W com o Senhor” e “deixai-os com Deus e com suas próprias consciências”.
A primeira expressão foi usada quando se referiu a um de seus cunhados, marido de Sarah Harmon, a qual morreu e deixou o esposo com cinco filhos para cuidar. Ele se casou então com uma mulher que havia sido uma fieI serva da casa durante anos. Um ataque de sarampo a deixou insana, e ela teve que ser internada em um hospício. Quando seu marido se casou pela terceira vez, algumas pessoas tentaram obter sua exclusão da igreja sob a alegação de adultério. Outros apelaram para Ellen G. White resolver o problema. Em resposta, ela disse: “Deixai-os em paz”.14
O irmão W se casou duas vezes, embora, sua primeira mulher não tenha se casado após o divórcio. Àqueles que desejavam romper o segundo casamento, Ellen G. White escreveu: “O caso não pode ser melhorado por deixar a segunda esposa. Deixai W com o Senhor” (Carta 175, 1901).
Quando o irmão C. H. Bliss escreveu a Ellen G. White pedindo conselho em relação ao caso, ela se referiu a “muitos casos dessa natureza” e concluiu:
Aconselho que estes infelizes sejam deixados a cargo de Deus e de suas próprias consciências, e que a igreja não os trate como pecadores até terem evidência de que eles são assim considerados a vista de um Deus Santo. Ele Iê os corações como um livro aberto. Ele não julga como o homem julga (Carta 5,1891).
A história do irmão J é a única do gênero na correspondência de Ellen G. White que se encontra no caixa-forte do Patrimônio Literário White. O caso envolve um colportor bem sucedido que escolheu se tornar estéril (não foi possível determinar as circunstâncias), muito provavelmente enquanto ainda casado. Ele se divorciou de sua primeira esposa, casou-se novamente e acabou se separando da segunda também.
Em relação a esse caso particular é interessante destacar dois pontos. O primeiro, é a aprovação de Ellen G. White para um segundo casamento da “parte inocente” após o divórcio e novo casamento da “parte culpada”. O segundo, é o consentimento dela quanto ao casamento de um indivíduo mutilado, bem como em relação a sua ideia de vantagem da “condição estéril” de J sobre o cônjuge dele, o crescimento familiar e o serviço.
As informações disponíveis sobre o primeiro casamento de J não são suficientes para fornecer um quadro completo do caso. Há referências a vários problemas relacionados ao casal, baseadas em uma visita de Ellen G. White à mulher, suas cartas ao marido e à esposa, anotações em seu diário e uma referência de duas páginas do Arquivo de Documentos.15
Algumas pessoas estavam incentivando a senhora K (primeira esposa de J) a divorciar-se dele. De fato, alguns a estavam ridicularizando por causa de sua situação como esposa. Ellen G. White visitou a mulher a fim de “ajudá-la a erguer a sua cruz” (Carta 6, 1888). Ela foi bem sucedida momentaneamente, após conversar temporariamente com a irmã K, ela fez as seguintes observações:
O voto conjugal é um vínculo e não pode abrir mão de suas exigências a qualquer uma das partes que o assume, salvo em caso de adultério, a violação do leito conjugal. […] A irmã K foi abençoada, abrandou-se e submeteu-se ao Espírito Santo e sua mente moveu-se de acordo com a vontade de Deus. […] Uma importante vitória foi conquistada” (Ms 22, 1888).
Ellen G. White considerou errado a senhora K ter se divorciado, mesmo que J fosse um homem mutilado (Carta 6, 1888). As razões por que ele assim agiu são desconhecidas. Ellen G. White usa três expressões ao se referir a esse problema: “mutilado”, “condição física” e “condição estéril” (ver Carta 6, 1888; Carta 50, 1895).
Em 1894, o irmão J escreveu a Ellen G. White contando-lhe que a senhora K “casou-se com um desconhecido de Topeka e agora ela é ‘mama’. Ela deve estar feliz”.16 Ele enviou uma outra carta a Ellen G. White no ano seguinte. “Suponho que a senhora saiba a respeito de meu casamento dia 6 de março com a senhora L de Pensilvânia”. Referências foram feitas das excelentes qualificações e capacidades da então futura noiva.17
Em relação à situação, a mãe de L enviou uma carta a Ellen G. White pedindo conselho e solicitando ajuda para separar o casal (parte desta carta aparece em ME, vol. 2, 339 e 340). Ao aprovar a união, Ellen G. White teceu várias considerações: (a) “J não repudiou sua mulher”. Ele amava sua primeira esposa e fez tudo o que podia para ajudá-la e procurou todos os meios para conservá-la. […] e implorou-lhe para que não pedisse divórcio (Ibidem); (b) “Ela o abandonou”; (c) desprezou-o e; (d) “casou-se com outro homem”; (e) o segundo casamento dele é bíblico; (f) não há razão para perturbar o casal porque se casaram depois de K se divorciar dele; (g) além disso, L sabia da “condição física de J” ou de sua mutilação. O irmão J foi informado a respeito do conselho dado por Ellen G. White à mãe de L (Ela diz em sua carta que está enviando uma cópia para ele). Em uma carta escrita em 9 de novembro de 1895, o irmão J agradece a Ellen G. White ter-lhe enviado uma cópia.
Ellen G. White não censurou o irmão J por sua mutilação. “Não censuro ou condeno o irmão J em sua posição.” Ela então fornece as razões para sua aprovação: (a) ele está em condições melhores para ser vencedor do que muitos outros homens jovens; (b) o caso de sua esposa não é o pior que pode acontecer a uma mulher. “Chegou o tempo em que a condição estéril não é a pior condição que existe” (Carta 50, 1895).
Em sua carta, Ellen G. White menciona alguns textos bíblicos que fazem referências a eunucos, além de citar alguns problemas de família, tais como missionários que encontram dificuldades em seu trabalho porque têm muitos filhos. Ellen G. White refere-se ao novo casamento de J da seguinte forma:
Nada vejo nas Escrituras que proíba J de se casar outra vez no Senhor. […] Pode ser que este casamento esteja de acordo com a vontade de Deus a fim de que tanto J como sua filha possam ter uma experiência mais rica e sejam aperfeiçoados onde possuem falhas” (Ibidem).
O irmão J observa, em duas cartas diferentes à Ellen G. White, que sua nova esposa é “uma jóia” e que “quando minha esposa e eu podemos ficar a sós somos felizes como os pássaros”.18Porém, apesar do casal ter gozado de um começo feliz de vida conjugal, a união terminou em separação. Em 1910, W. C. White enviou uma carta a um parente, pedindo-lhe que ele e sua mulher fossem como pai e mãe para L, que estava morando então em Colorado.
W. C. White comentou que L havia se separado de seu marido e estava agora tentando começar uma nova vida por si mesma, não desejando permanecer sob seu controle. Foi melhor para ela trabalhar arduamente e sofrer algumas privações do que pedir ajuda financeira a alguém que foi tão ditador e dominador. Ela também se convenceu de que foi melhor para ela tanto quanto possível estar separada de J.19
Compreensão das declarações de Ellen G. White em casos de divórcio e novo casamento
A fim de que possamos melhor compreender os escritos de Ellen G. White que abordam certos casos de adultério, divórcio e novo casamento, convém considerarmos as diferentes formas de leis do Antigo Testamento: (a) Lei categórica ou apodíctica e (b) Formas casuísticas da lei, e também o que chamaremos de aplicação evangélica da lei.
A lei apodíctica ou categórica consiste, geralmente, em proibições, proscrições e que proíbem certas atividades sem atribuir uma penalidade. Tais leis são expressas de modo absoluto, categórico, que parecem inflexíveis, concisas e ásperas. Por exemplo, Êxodo 20:14: “Não adulterarás”. Aparentemente não há lugar para exceções de qualquer espécie.20
Já a lei casuística, que compreende a maioria das leis do Antigo Testamento, é formulada na forma de casos, e consiste em instruções para juristas e juízes na aplicação da justiça (Dt 22:13-29). Esses casos de lei são, geralmente, precedidos em sua formulação por um “se”; após a descrição do caso, segue-se um “então” (Ibid., 23).
Por sua vez, vemos a aplicação evangélica da lei em João 8:1-11. Nesse relato, Jesus admitiu que a forma apodíctica ou absoluta da lei fôra violada, quando Ele reconheceu que a mulher era uma pecadora (“Vai e não peques mais”). Ele também expressou, tacitamente, que a forma casuística da lei fora infringida (v. 5), quando não contradisse os acusadores dela (Dt 22:22; Lv 20:10).
Ao julgar o caso, Jesus não aplicou a letra da lei (apodíctica ou casuística), mas o que podemos chamar de “lei do evangelho”. Obviamente, Cristo discerniu a atitude da mulher de verdadeiro arrependimento e contrição, que deve preceder a aplicação da “lei do evangelho”. Essa postura é caracterizada por piedade, perdão e restauração. A diferença da atitude aqui está entre a letra da lei, que os acusadores da mulher reivindicavam, e o espírito e o intento da mesma, que eles não compreenderam por causa de sua compreensão legalista do problema. Passaram por alto a graça de Deus conforme foi revelada em Cristo e no evangelho.
Em alguns casos bíblicos, por exemplo, o pecado de Davi, a mulher samaritana junto ao poço, a mulher apanhada em pecado e o caso do membro que cometeu incesto na igreja de Corinto (ver 2Sm 12 e 13; Jo 4: 5-8; 8: 1-11; 1Co 5: 1-13; 2Co 2: 5-10) a aplicação da lei é menos rígida, mais compassiva e piedosa do que a letra da lei.21
Ao estudar casos semelhantes aos do professor G, J, W e outros, logo percebe-se que Ellen G. White aconselhou com base nesses mesmos princípios. Alguns de seus escritos revelam aspectos apodícticos e casuísticos da lei, enquanto outros mostram o princípio da aplicação da “lei do evangelho”, demonstrando compaixão, perdão, encorajamento e restauração. Certa vez, ela escreveu: “Se errarmos que seja pelo lado da misericórdia mais do que do lado da condenação e procedimento áspero” (Carta 16, 1887).
Alguns podem ressaltar que no caso da mulher apanhada em adultério, o próprio Cristo foi o legislador, e que, portanto, Ellen G. White não poderia fazer tal declaração. Entretanto, como um instrumento de Deus inspirado pelo divino Espírito, ela, em certo sentido, poderia agir desse modo (2Sm 12:13; 1Co 5:1-5; 2Co 2:4-10).
A situação ‘vivendo em adultério’
Ellen G. White faz uso das expressões “vivendo em pecado” e “vivendo em pecado franco ou aberto”. No primeiro caso, ela se refere a casamentos mistos de judeus no período do pós-exílio. Príncipes, sacerdotes, levitas e muitos outros se casaram com os pagãos circunvizinhos (ver Ed 9:1,12;10:2,3,10,14,18; Ne 13:23-25). “Até mesmo alguns dos homens revestidos de responsabilidade estavam vivendo em franco pecado” (PR, 589). “Pecado franco”, aqui, é uma referência a “flagrantes violações da lei” que incluem casamentos mistos “com as nações circunvizinhas”. “A apostasia de Israel devia-se em grande parte à sua mistura com nações pagãs” (Ibid, 590).
O segundo caso se refere à relação de Herodes com a mulher de seu irmão. “Por que ele não poderia ter prosseguido sem incorrer no desprazer daqueles que estavam vivendo em pecado?” (PR, 138). A expressão “vivendo em pecado” é identificada nessa citação como adultério.
O terceiro caso faz alusão à mulher samaritana junto ao poço. Ela estava “vivendo abertamente em pecado” (DTN, 173). Referindo-se ao último dos seis homens com quem ela vivia, Jesus disse, “o que agora tens não é teu marido”. “Viver abertamente em pecado” também é uma referência ao adultério.
O trecho seguinte, relatado por W.C. White como incesto, apresenta um exemplo de “pecado aberto”:
Ele tomou sua posição mesmo em face da luz e da verdade. Escolheu obstinadamente sua própria conduta e recusou-se ouvir a reprovação. Ele tem seguido as inclinações de seu coração corrupto, violou a santa lei de Deus e lançou opróbrio sobre a causa da verdade presente. Mesmo que ele se arrependa sinceramente, a igreja deve abandonar seu caso. Se ele for para o Céu, deverá ir sozinho, sem a companhia da igreja. Uma firme reprovação de Deus e da igreja devem permanecer sobre ele para que o padrão de moralidade não seja rebaixado ao pó (Ts, vol. 1, 215).
A expressão “pecado aberto” é também usada por Ellen G. White de um modo mais geral, não relacionado somente ao contexto de sexo (ver DTN, 633). É evidente que ela considerava o pecado como uma situação contínua, mais do que uma queda pontual relatada em um texto, em determinado tempo e caso. Falando de modo geral, ela menciona cinco passos que o pecador deve dar para ser restaurado à comunhão da igreja (ver OE, 50; LA, 346): (a) arrependimento, por meio da submissão ao trabalho do Espírito Santo, “por mais grave que possa ter sido a ofensa”; (b) “submissão à disciplina de Cristo”; (c) confissão; (d) perdão do pecado e; (e) dar evidências de arrependimento.
Cartas de Ellen G. White contendo orientações sobre divórcio e novo casamento
É interessante que Ellen G. White escrevesse sobre o tema divórcio e novo casamento para a Igreja Adventista. Porém, após a publicação de O Lar Adventista, Mensagens Escolhidas volume 2 e algumas compilações de materiais não-publicados, a Igreja tomou conhecimento de algumas cartas e manuscritos que tratavam do problema. A interpretação de parte desses materiais tem levado alguns a adotar uma visão mais liberal sobre o divórcio e novo casamento.
Parece que Ellen G. White não lidou com o problema, exceto por meio de correspondência, quando abordada para dar conselhos pessoais, direta ou indiretamente, por obreiros envolvidos em problemas de terceiros. Escrevendo em 1902, ela disse: “Deveria aparecer muito mais sobre o assunto do casamento em nossas publicações. […] Embora eu não tenha escrito muito sobre o tema, tenho feito muito trabalho pessoal nesta linha” (Carta 110, 1902).
O fato de Ellen G. White ter trabalhado com casos individuais, deveria nos advertir a não generalizarmos mais do que as experiências bíblicas que temos no caso de Davi e da mulher apanhada em adultério. Nesse sentido, seria bom lembrar o que W. C. White escreveu em 1931: “Não era intenção da irmã White que saísse algo de sua pena que pudesse ser utilizado como lei ou regra ao lidar com estas questões de casamento, divórcio, novo casamento e adultério.”22
Quanto a outros materiais que Ellen G. White escreveu, há algumas poucas páginas em O Maior Discurso de Cristo. Com exceção de um comentário em relação ao caso de uma “irmã ofendida”, relatado na Review and Herald de 24 de março de 1868, seu silêncio na revista oficial da igreja é notável. A resposta no periódico, escrita conjuntamente por Tiago e Ellen G. White, foi publicada quase na íntegra em O Lar Adventista, páginas 346 e 347. Abaixo, reproduzo o texto na íntegra:
A ofendida irmã A
Com respeito ao casamento da ofendida irmã A. G., diríamos em resposta às perguntas de J. H. W., que é uma característica comum nos casos da maioria dos que têm sido apanhados em pecado, como o foi o seu marido, não terem eles o real senso de sua vilania. Alguns, entretanto, o sentem, e têm sido restaurados à comunhão da igreja, mas não antes que tenham merecido a confiança do povo de Deus, em virtude de confissão incondicional e um período de sincero arrependimento. Este caso apresenta dificuldades não encontradas em alguns, e poderíamos acrescentar apenas o seguinte:
(1) Nos casos de violação do sétimo mandamento onde a parte culpada não manifesta verdadeiro arrependimento, se a parte ofendida pode obter o divórcio sem tornar pior a situação de ambos e dos filhos, se os tem, devem separar-se.
(2) Se há possibilidades de ficarem eles próprios e os filhos em situação pior pelo divórcio, não conhecemos nenhum texto escriturístico que declarem culpada a parte inocente por não se separarem.
(3) Tempo, trabalho, oração, paciência, fé e uma vida piedosa podem operar uma reforma. Viver com alguém que tenha quebrado o voto matrimonial é coberto por toda parte com a desgraça e a vergonha do amor culpado, e não o sente, é um cancro devorador para a alma; e contudo o divórcio é uma eterna e sincera mágoa. Deus se apiedada parte inocente! O casamento deve ser considerado muito antes de contraído.
(4) Por quê! Oh, por quê! Homens e mulheres que podiam ser respeitáveis e bons a alcançar o Céu vendem-se afinal ao diabo por baixo preço, ferindo o coração de seus amigos, desgraçando suas famílias, acarretando a reproche sobre a causa e indo afinal para o inferno! Por que os que são apanhados no crime não manifestam arrependimento proporcional à enormidade do crime e não escapam para Cristo em busca de misericórdia, a fim de curar, tanto quanto possível, as feridas que fizeram?
(5) Mas se fizeram como deve ser feito e se a parte inocente não quiser obter o divórcio por direito, continuando com o culpado depois que sua culpa for conhecida, não consideramos a parte inocente pecadora por permanecer no convívio e seu direito moral ao partir, pareça questionável se sua vida e saúde não correram grande perigo por ficar com o culpado.
(6) Assim como foi nos dias de Noé, um dos sinais deste tempo é a paixão por casamentos precipitados e imprudentes. Satanás está nisto. Se Paulo podia permanecer sozinho e recomendou o mesmo a outros, para que ele e outros pudessem consagrar-se totalmente a Deus por que não fazem o mesmo, permanecendo só, aqueles que deveriam ser totalmente do Senhor, evitando os cuidados, provações e amarga angústia, tão freqüentes nas experiências daqueles que escolhem a vida conjugal? E mais, se ele escolheu permanecer só e podia recomendá-lo aos outros, dezoito séculos atrás, não seria de fato louvável para aqueles que estão esperando a volta do Filho do Homem agir do mesmo modo, a menos que as evidências sejam questionáveis de que eles estão melhorando sua condição, tornando o céu mais seguro por assim agirem? Quando tantos estão em perigo, por que não ficar do lado seguro de uma vez?23
Sumário dos conceitos de Ellen G. White
Os pontos seguintes sintetizam os conceitos de Ellen G. White sobre casamento, divórcio e novo casamento:
(1) O conceito de Ellen G. White sobre o casamento é bíblico e conservador. Ela o considera como uma instituição sagrada, criada pelo próprio Deus e, mais tarde, honrada por Jesus quando esteve aqui na Terra. O casamento é uma bênção se os princípios divinos forem seguidos.
(2) A monogamia é o ideal de Deus para a humanidade. “Deus não sancionou a poligamia em um único caso” (SG, vol. 3, 100).
(3) Ellen G. White desaprova, decididamente, casamentos incompatíveis, precipitados e com incrédulos.
(4) Ainda que não deva existir racismo entre o povo de Deus, ela não incentivou casamentos inter-raciais.
(5) Ela defende firmemente a ideia de que o casamento é para a vida toda.
(6) Ellen G. White segue a Bíblia (Rm 7:1-3) em relação ao direito de se casar novamente após a morte de um dos cônjuges.
(7) William C. White declarou que sua mãe não desejava estabelecer regras ou leis para casos que envolviam problemas.
(8) Conselhos a casos, situações e indivíduos específicos não deveriam ser generalizados. As circunstâncias e situações variam. A igreja e seus líderes trataram de casos específicos em cada situação.
(9) Algumas vezes, quando solicitavam a Ellen G. White conselhos em casos difíceis, ela dava sugestões. Porém, em outros exemplos, quando não tinha luz em relação ao problema, entregava o caso “aos irmãos” para ser considerado de acordo com os princípios bíblicos.
(10) Deve-se permitir a separação de cônjuges incompatíveis para o bem-estar espiritual dos indivíduos envolvidos. Todavia, somente a morte ou o adultério podem anular os votos que foram registrados no Céu.
(11) Uma pessoa que segue a Bíblia não pode entrar em um relacionamento extraconjugal, exceto após a morte de seu cônjuge ou se esse cometer adultério. Contudo, a parte inocente pode permanecer com a culpada se assim o desejar. O adultério coloca a “parte inocente” em uma situação que lhe permite um novo casamento ou a permanência com a parte culpada.
(12) Uma pessoa pode estar legalmente divorciada de acordo com as leis do país, mas não está à vista de Deus, se o divórcio foi obtido por outros motivos que não o adultério.
(13) O direito a um novo casamento existe apenas quando o direito para o divórcio bíblico existe. Entretanto, há novos casamentos com direitos ou sem direitos. Esse princípio foi estabelecido pelo próprio Cristo no Evangelho.
(14) Algumas das formulações e declarações de Ellen G. White concernentes ao divórcio e novo casamento tendem a ser rígidas, definidas e absolutas (lei na forma apodíctica). Porém, em certos exemplos ao lidar com casos e circunstâncias particulares, ela revela grande paciência, clemência e compreensão em sua aplicação (a forma da “lei do evangelho”).
(15) Não há nenhum caso conhecido em que Ellen White tenha aconselhado o rompimento de um segundo casamento de uma “parte culpada”.
(16) Em certos casos de novo casamento não por adultério, ela aconselhou: “deixai-os em paz” ou “deixai-os com Deus e com suas consciências”.
(17) Em relação ao casamento de um homem mutilado, cuja esposa conhecia a situação antes do casamento, ela disse que tal homem estaria em melhores condições para ser um vencedor do que muitos outros homens. Em relação a esposa, ela disse que há situações piores que podem ocorrer a uma mulher.
(18) Ela tratou do assunto do divórcio e novo casamento quase que exclusivamente por meio de suas correspondências. Parece que o único artigo que ela escreveu sobre o tema é um que apareceu na Review and Herald, em 24 de março de 1868, em co-autoria com Tiago White. As declarações contidas em O Lar Adventista e Mensagens Escolhidas volume 2, extraídas em sua maioria das cartas, formam uma base para uma posição mais recente e menos rígida, adotada por muitos na igreja e pela própria organização. Entretanto, deve-se ter em mente a declaração de W. C. White que Ellen G. White não desejava que seus escritos fossem usados como uma lei ou regra.
Referências
1 Ver Review and Herald, 14 de outubro de 1862, 151.
2 Ver também Review and Herald, 29 de agosto de 1918, obituário de G. I. Butler.
3 Ver páginas 43 e 44 das declarações feitas por Tiago e Ellen G. White em relação aos termos e expressões usadas. Em alguns casos a chamada “parte inocente” é, de fato, “culpada” em certo grau por haver contribuído para as condições e circunstâncias que levaram o cônjuge “culpado” a infidelidade. No caso comentado acima por Tiago e Ellen G. White, parece que uma parte era inocente enquanto que a outra, culpada.
4 Ver “História do caso de J”, nas páginas 34 a 37 deste documento, para obter mais informações sobre o caso.
5 Sra. G a Ellen G. White, 7 de março, 1884; 21 de agosto, 1884.
6 Carta escrita em 16 de julho de 1894.
7 William C. White ao professor G, 26 de fevereiro de 1911.
8 Parte da carta, relacionada ao trabalho nas cidades, aparece em Medicina e Salvação, 303 e 304.
9 W. C. White, 6 de janeiro de 1931.
10 Ver G. I. Butler a W. C. White, 3 de julho de 1906.
11 De acordo com uma declaração de W. C. White, datada de 15 de setembro de 1911, este termo refere-se a trabalhar como um leigo.
12 W. C. White a Mc Vaugh, 15 de setembro de 1911.
13 O nome de W não está registrado no YearBook da IASD de 1909-1914 em nenhum cargo como obreiro denominacional. ↑
14 W. C. White, 21 de fevereiro de 1927.
15 W. C. White, DF, 1002.
16 Ver cartas de 1º de novembro de 1892 e 10 e 14 de agosto de 1893 sabre o divórcio e novo casamento de K.
17 Cartas de 23 de abril de 1895 a 17 de setembro de 1895.
18 ver as cartas de 9 e 23 de abril de 1895.
19 DF, 1002.
20 Ver The Zondervan – Pictorial Encyclopedia of the Bible, 884 e 885.
21 No caso das referências do Novo Testamento precisamos lembrar que as leis romanas e não as judaicas estavam em vigor. Não há nenhuma evidência de que o homem envolvido no caso da mulher apanhada em adultério fosse casado. Qualquer que seja a situação, a graça de Cristo alcançou a mulher e conduziu-a ao arrependimento genuíno! Arrependimento genuíno é o alvo a ser alcançado em todos os casos onde adultério e fornicação estiverem envolvidos. Todas as atitudes subseqüentes da igreja devem ser construídas sobre uma plataforma de arrependimento genuíno.
22 6 de janeiro de 1931.
23 Artigo conjunto por Tiago e Ellen G. White, Review and Herald, 24 de março de 1968.