Alcançando Alvos de Batismo

Todo pastor da igreja adventista sabe que o grande desafio de cada ano se concentra em alcançar o alvo de batismo. Não adianta reclamar, desde que existe igreja adventista, com sua ênfase na missão, sempre batismo foi o assunto mais comentado. Não é seu presidente ou a sua associação, é assim no mundo inteiro e em todas as épocas desde que se iniciou a igreja Adventista do Sétimo Dia. Pegue uma Revista Adventista da década de 30, e você verá os relatórios de batismo em destaque em todo o campo missionário do Brasil.

Então, o que fazer? Como pastor distrital, tenho experimentado os anseios e lutas, vitórias e derrotas que o alvo de batismo pode produzir. Ouvindo aqui e ali, com um pouco do que tenho visto e sentindo, escrevi sobre alguns pontos que acredito serem relevantes. Leia e tire suas próprias conclusões. O que achar relevante, pratique. O que discordar, ignore. No fundo, todos trabalhamos para Deus, queremos ver Cristo voltar logo, e para isto precisamos pregar o evangelho para batizar aquela multidão que João viu vestida de vestiduras brancas.

1. Mostre o que é realmente importante

Muitos pastores, igrejas e líderes trabalham duro o ano inteiro apenas para no final ficarem desapontados com fracos resultados. Porque isto acontece? Na maioria das vezes é porque apesar de trabalharem muito (não creio que existam preguiçosos trabalhando para Deus), não estão dando ênfase no que realmente importa: Batismos.

Imagine uma padaria. Hoje as padarias vendem muitas coisas, leite, doces, margarina, óleo, macarrão, pilhas… Mas padaria vende primordialmente pão. Você chega um dia pede pão, e descobre que não tem. No outro dia a mesma coisa, e outro dia novamente e outro. Então esta padaria precisa trocar de nome. Pode se chamar Mercearia, Mercadinho, qualquer coisa, menos padaria. Padaria tem que ter PÃO.

A mesma coisa acontece na igreja. Cristo estabeleceu a igreja para pregar o evangelho. Ir e batizar. Em muitas igrejas temos excelentes programações, bons acampamentos, jantar dos namorados, congressos, festival de música, bom coral, etc… Mas não temos batismo! Se não temos batismo talvez o melhor seja mudar o nome, que seja “Centro Recreativo Adventista do Sétimo Dia” ou “Centro Comunitário” ou pior, quando a maioria dos programas é voltado para os membros da própria igreja, “Clube Exclusivo Adventista”. Precisamos e devemos ter na igreja boas programações, acampamentos, boa música, eventos sociais, porém eles não são a prioridade da igreja, a prioridade da igreja é BATISMO, e se não há batismos, não há razão para aquela igreja existir.

É função do pastor ensinar isto a sua igreja, pregando, falando e mostrando na prática que isto é verdade. Quanto tempo do seu trabalho é gasto nas atividades de batismo ou que geram batismo? Estudos bíblicos, visitas para interessados, apelos de batismo, evangelismos públicos. A igreja precisa ver que você está realmente interessado e motivado para batizar, aí sim, eles virão com você.

2. Sonhe com seus liderados

Imagine uma igreja de 300 membros que no ano anterior batizou apenas cinco novos membros, e três foram juvenis da própria igreja. O resultado desmotiva a todos e surgem as críticas e desculpas. “A culpa é do diretor do ministério pessoal que desanimou no meio do ano”, “a culpa é dos outros departamentos que não se preocupam com evangelismo”, “a culpa é dos membros que não querem compromisso com a igreja”. Como pastor, eu já cheguei a ouvir que a igreja batiza bem um ano, pois tem juvenis em idade de batizar, e no outro não, pois os juvenis já foram batizados no ano anterior.

O que o pastor precisa, é fazer a igreja sonhar com resultados melhores. É sonhar o sonho que os liderados querem sonhar. Uma igreja de 300 membros pode batizar no mínimo quinze pessoas em um ano ruim. Liderar é levar as pessoas aonde elas não chegariam sozinhas. É envolver sua liderança, especialmente os anciãos, no sonho de ter uma igreja viva e que batiza bem. Uma igreja onde o Espírito Santo esteja trabalhando e os resultados sejam animadores.

Aproveite datas especiais, aniversários da igreja, planos especiais que vem da União, Associação ou Divisão para motivar e desafiar sua igreja. Quando o povo vê o pastor animado, com a certeza da vitória, ele vem atrás e compra sonho.

3. Estabeleça alvos

Muitas pessoas não gostam de alvos. Alvos, quando impostos, podem às vezes não ser muito agradáveis, mas de qualquer forma, são necessários. Quem não sabe aonde quer chegar não chega a lugar algum. Os alvos são nosso guia.

A primeira coisa a fazer é orar. Veja como está seu Distrito, cada igreja em particular, tenha a relação dos batismos de cada igreja e do distrito no maior número de anos possível, procure saber o que aconteceu nos melhores e nos piores anos, tenha tudo isto em mente. Então faça o mais importante: ORAÇÃO. Ore e peça que Deus ajude a estabelecer um alvo justo, que Deus prepare o coração de seus anciãos para o desafio, o coração dos membros para se envolverem no trabalho e o coração das pessoas que receberão a mensagem para que aceitem o evangelho para este tempo.

Um alvo deve desafiar a igreja, portanto não deve ser muito fácil, mas deve motivar também, então não deve ser inalcançável. Aí está a sabedoria de se estabelecer alvos. Analise onde seu distrito (igreja) está, seu potencial, suas dificuldades, as oportunidades e pense em um alvo para ele. Em uma reunião com seus anciãos, mostre onde o distrito está, e onde quer chegar. Ore com eles e os desafie a propor um alvo para suas igrejas. Julgue se o alvo está apropriado para cada igreja, e veja se combina com o alvo que você pastor havia imaginado para o seu distrito. Aí, é só orar e pedir que Deus os ajude a alcançar o alvo proposto.

4. Planeje todo o ano

Planejamento é uma coisa complicada. Há planejamentos extremamente simples, em que cinco ou dez metas são estabelecidas e só. Não há neles o caminho para se alcançar as metas. Estes não funcionam pelo simples motivo de não se saber como alcançar os alvos propostos. Há outros planejamentos com cinqüenta, sessenta metas e com todo o calendário do ano preenchido, onde cada atividade tem o seu lugar em todo o ano. A tendência é este também não funcionar, porque ele engessa o trabalho não dando espaços para ajustes e emergências.

 O melhor planejamento é aquele que é simples o suficiente para você sabê-lo quase de cabeça e organizado o bastante para que você conheça o caminho que trilhará até os alvos estabelecidos.

Como o tema aqui é alvo de batismos, boas dicas são: estabeleça alvos de duplas missionárias em cada igreja e lute para alcançá-los. Toda pessoa que se batiza recebeu estudos bíblicos, portanto, este é o grande desafio do pastor e de seus anciãos, conseguir um número cada vez maior de pessoas na igreja que dêem estudos bíblicos. Tenha também a meta de ter pelo menos uma classe bíblica funcionando bem em cada igreja. Se no seu distrito houver pequenos grupos funcionando bem, estabeleça alvos de duplas missionárias e batismos para cada pequeno grupo.

Divida o ano em partes juntamente com os alvos de batismo. Uma boa sugestão é dividi-lo com enfoque em três grandes períodos de colheita: Semana Santa, Batismo da Primavera e Evangelismo de Colheita em dezembro. Por exemplo:

IGREJA

ALVO DE BATISMO Até 30/04 Até 30/09 Até 23/12
Central

30

10 10 (20)

10 (30)

Batistini

21

7 7 (14)

7 (21)

Moriá

18

6 6 (12)

6 (18)

Navegueiro

14

4 5 (9)

5 (14)

Indirá

10

3 4 (7)

3 (10)

Iperioca

12

4 4 (4)

4 (12)

Tracará

13

4 4 (8)

5 (13)

Bela Dona

02 1

1 (2)

TOTAL

120 38 41

41

Assim a igreja trabalha todo o ano e não fica esperando que um milagre aconteça e em dezembro ela batize nove dos dez que haviam sido propostos em seu alvo.

5. Foque no seu objetivo

Os antigos domadores de leões usavam um chicote e uma cadeira. Mas para que a cadeira? Os leões como caçadores, não perseguem ou correm atrás de todo o rebanho. Eles focam em um único alvo e perseguem apenas ele. A cadeira tem o objetivo de distraí-lo, já que com quatro pés o leão não consegue focar no seu alvo e confuso, fica mais manso. Com muitos pastores acontece a mesma coisa.

É verdade que todo o programa da igreja é importante, porém se você quiser dedicar o mesmo empenho, tempo, dinheiro e energia em cada programa da igreja, você precisará de 585 dias no ano, o quádruplo do orçamento na igreja local, e no mínimo o triplo de membros, ou, o mais comum, fazer tudo meia boca. Não tem outro jeito, é uma constatação para o pastor distrital. O melhor a fazer, portanto, é repassar todo o material que chega a suas mãos, incentivar os diretores dos departamentos a realizarem a programação proposta, mas focar no que vai gerar batismos, porque no fim das contas, o evangelismo é a locomotiva que carrega os outros vagões do trem, grosso modo, se o evangelismo vai bem, todo o resto vai bem. Você pastor, é o maquinista. Fique na cabine da locomotiva. Já ouvi alguns irmãos dizerem que cada pastor tem o seu dom, um gosta de jovens, outro de música, outro de Adra… Pode até haver alguma verdade nisto, mas como pastor distrital, ele tem mesmo é que gostar e se envolver com evangelismo. Tem que ficar na locomotiva e cuidar para não passar muito tempo nos vagões, ou o trem fica desgovernado e pode até sair dos trilhos. Seus anciãos e sua igreja sabem em que parte do comboio o pastor está, e se ele estiver na cabine-evangelismo, eles o seguirão. Mostre para sua igreja o que é realmente importante.

6. Treine e envolva todos os que puder

Muitos na igreja não se envolvem em trazer alguém para a igreja porque dizem não saber dar estudos bíblicos, ou que não tem este “dom”. É preciso envolver o maior número possível de irmãos no trabalho missionário. Separe o sábado pela manhã no início de cada ano em cada igreja para ensinar sua igreja a dar estudos bíblicos e conseguir decisões. Não tenha medo fazer isto imaginando que devia estar pregando um sermão, pois diz o Espírito de Profecia “Que o ministro dedique mais do seu tempo a ensinar do que a pregar. Que ele ensine ao povo como dar aos outros o conhecimento que receberam.” (Testimonies for the church, 7:20).A melhor ajuda que os pastores podem dar aos membros de nossas igrejas não consiste em sermões, mas em trazer-lhes planos de trabalho” (SC, 55).

Faça apelos para ter o maior número possível de pessoas dando estudos bíblicos. Ore por eles na igreja e em casa, para que o Espírito Santo os motive e lhes dê poder. Quanto mais pessoas envolvidas plantando, regando e cuidando da semente, maior colheita haverá no final. Disse Jesus: “Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9:37 e 38).

7. Avalie e motive

Esta talvez seja a tarefa mais difícil. Você planejou, estabeleceu o alvo, treinou seu grupo e o trabalho começou. Mas é aí que surgem as dificuldades. A igreja e os anciãos começam animados, mas no meio do ano, começam a ficar desanimados, o que fazer? É hora se segurar a peteca no ar, não deixá-la cair, e a tarefa é noventa por cento do pastor.

Relembre a seus líderes seu alvo. Anime a igreja contando as vitórias já obtidas, faça comparações positivas sobre o estado atual da igreja e o anterior. Oriente o diretor de ministério pessoal, procure despertar nele o interesse pelas almas, que ele tenha olhos de águia conhecendo todos os interessados da igreja e sabendo quem está perto do batismo. Vá com ele ou com seus anciãos à casa dos interessados prontos para o batismo e faça apelos. Ore para que cada luta por uma alma seja ganha por Cristo e não pelo Inimigo.

Algumas vezes (bem poucas na verdade) você precisará apupar seus liderados, lembrando do seu alvo e de onde ainda estão. Mas se eles te conhecem, respeitam o seu trabalho e conhecem a sua linha mestra, não se incomodarão com este tipo de cobrança. Na maioria das vezes, o simples tocar no assunto em um sermão já surte os resultados necessários.

8. Lidere seus anciãos

O guia para Anciãos diz que anciãos e pastores são uma equipe. Você é o treinador desta equipe. Na prática, o pastor praticamente não entra em campo para jogar. Se você possui seis congregações (a média geral), então você prega um sábado de cada oito (na média) em cada igreja, no máximo duas vezes por mês em cada igreja. Isto significa que em oitenta por cento do tempo, que comanda a igreja é o ancião. É ele quem leva a igreja, então, é mais importante você liderar seus anciãos do que tentar levar a igreja nas costas (você não vai conseguir de qualquer maneira).

Você precisa tê-los totalmente ao seu lado. Eles te respeitarão se virem que você tem boas e grandes idéias e planos para suas igrejas. Se virem que seu trabalho dá resultados, se souberem que você os respeita e admira. Os anciãos são voluntários, são o grupo mais importante da igreja, sem eles, nossas igrejas praticamente parariam. Reconheça a importância deles. Visite-os. Conheça suas vidas, suas angústias, seus problemas. Faça o que puder para ajudá-los. Na prática, você não consegue fazer isto com todos os membros de sua igreja (imagine tudo isto com quinhentos, seiscentos membros). Mas tenha no seu grupo de anciãos seu grupo de discipulado. Ensine-os na prática levando-os para visitas, especialmente as visitas para interessados.

Treine-os nos encontros de anciãos. Encontros de anciãos são fundamentais. Não desperdice estes encontros com longas demandas por “organização” das igrejas locais. Aproveite cada encontro para mexer na cabeça deles, mostrando seu ponto de vista sobre a prática do trabalho na igreja, sobre aquilo que é realmente importante: evangelismo. Dê alguma aula sobre teologia de algo que eles ainda não conhecem, e isto irá atraí-los para os encontros de anciãos. Faça deles seu braço direito nas igrejas.

Muito importante, tenha ética. Nunca os use como exemplo negativo. Nunca concorde diretamente com um irmão de igreja que vem criticá-los (imagine-se na situação deles se um irmão ligar para a associação). Os apóie até o limite do possível. Corrija-os em particular. Deixe claro para a igreja, e na presença dos anciãos, que eles têm a sua autoridade na sua ausência.

Se você fizer desta maneira, eles o seguirão onde você quiser guiá-los. Serão seus comandantes na igreja e você terá resultados animadores em cada final de ano.

9. Celebre as vitórias

O ano vai caminhando e as conquistas vão acontecendo. Sua igreja batizou a primeira alma, é a celebração das primícias. Alcançou o alvo do período, comemore com a igreja falando disto animando os irmãos, valorizando a liderança da igreja. Leve os ganhadores de alma para o tanque batismal, se não quiserem entrar no tanque, que fiquem ali bem pertinho em um lugar de destaque no púlpito. Lembre sempre os anciãos que as vitórias são deles e não suas, pois foram eles que trabalharam para que acontecessem. Ema cada batismo conte uma história inspiradora, lembre a igreja que os números são muito importantes, porque cada número é na verdade uma pessoa, com uma história única que aceitou Jesus e caminha para a salvação.

Muitas vezes fazemos festa sem ter nada para comemorar. Mas se sua igreja ou distrito está batizando bem, faça festas. Realize congressos e celebrações. Aproveite cada convocação ou programação para fazer batismos, nem que seja um, e faça disto o ponto alto da festa. Celebre com a igreja e os irmãos. Peça para as pessoas que se batizaram naquele ano virem a frente, destaque aqueles que as levaram ao batismo. Desafie novos ganhadores de almas. Conte a igreja o que Deus tem feito com ela e por meio dela. Conte como as coisas tem melhorado. Cante, ore, chore e sorria. Esta é sua igreja, Deus a deu em suas mãos e você tem cumprido seu papel no poder de Deus. “A conversão dos pecadores e sua santificação por meio da verdade é a mais forte prova, para um pastor, de que Deus o chamou para o ministério” AA, 328.