Em seu livro Vivendo Sem Máscaras, Charles Swindoll diz ter ouvido de um colega dele a seguinte ressalva sobre o ambiente da igreja que este frequentava: “A única coisa de que sinto falta é o velho companheirismo com os caras do grupo, no barzinho da esquina. A gente ficava lá sentado, ria, contava casos, bebia e relaxava… Era maravilhoso! Mas hoje não tenho ninguém para contar meus problemas, para falar de meus erros. Não encontro ninguém na igreja que queira passar o braço pelo ombro da gente e dizer que está tudo bem. Cara, a gente se sente muito sozinho ali.”
Evidentemente, todos nós sabemos que um barzinho não é o melhor lugar para quem busca refúgio espiritual. Ali, o vício reina absoluto, a conversação é banal e fútil, mas há quem imagine encontrar nele uma comunhão liberal, acolhedora, democrática, sem discriminação. Na verdade, nem todas as pessoas que frequentam o barzinho fazem isso porque sejam irremediavelmente más e abomináveis. Fogem para ele em busca de aceitação, de um lugar em que possam desafogar mágoas, contar dolorosos segredos pessoais. E, não raro, esse é o primeiro lugar que lhes dá acolhida.
Porém, estou absolutamente seguro de que o Senhor deseja que Sua igreja sirva de abrigo infinitamente melhor que um barzinho, para todos os Seus filhos. Um lugar em que o cansado possa repousar, o trôpego possa firmar os passos, o que chora enxugue o pranto, o despatriado encontre uma pátria, órfãos sintam amor paternal e maternal, desfilhados sintam amor filial. Sim, um lugar em que solitários encontrem companhia e amizade, rejeitados sejam aceitos, discriminados sejam incluídos, desesperados renovem a esperança, pecadores encontrem perdão e restauração, perdidos encontrem salvação. Como dizem Bruce Larson e Keith Miller, citados por Swindoll, Deus espera que a igreja seja “uma comunidade onde as pessoas possam entrar e dasabafar: Estou acabado! Estou derrotado! Estou farto de tudo!”, e nela encontrar amigos de esperança que as aceitem, ouçam, compreendam e se envolvam ativamente no processo da restauração delas.
Esse modelo de igreja atrai pessoas, desperta nelas o interesse pelo evangelho, levando-as à aceitação de Cristo como Salvador. Unindo-se à igreja, essas pessoas permanecerão firmes na fé que abraçaram, crescerão em sua comunhão com Jesus e, consequentemente, no discipulado. De fato, como estratégia de missão, essa experiência não podia ser diferente, pois foi exemplificada por Jesus Cristo ao longo de Seu ministério terrestre. Por isso, é infalível. É atitude sábia seguir o método de Jesus. É tempo de fazermos com que igrejas e lares sejam comunidades inclusivas e atrativas para pessoas de dentro e de fora; comunidades de amigos da esperança.