A Devoção dos Lideres Espirituais

A Devoção dos Lideres Espirituais

A Devoção dos Líderes Espirituais

Nerivan dos Santos

 

Introdução

 

Como formador e conselheiro de líderes espirituais, Paulo escreveu: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1Tm 4:16). De forma indireta, o apóstolo deixou transparecer para Timóteo que o cuidado da vida espiritual antecede o cuidado da igreja. Além disso, o conselho de Paulo pressupõe a necessidade de vigilância sobre a vida espiritual. No caso dos líderes da igreja, mais ainda, pois eles estão à frente do rebanho.

 

Necessidade de comunhão

 

Líderes e membros da igreja, muitas vezes, negligenciam a comunhão e, como resultado, a vida espiritual se torna débil. Ellen White escreveu: “Muitos assistem a serviços religiosos e são refrigerados pela Palavra de Deus; mas, devido à negligência da meditação, vigilância e orações, perdem a bênção, sentindo-se mais vazios do que antes de a receberem” (O Desejado de Todas as Nações, p. 83). A narrativa bíblica relata histórias de homens e mulheres do passado que buscaram a comunhão com Deus (ver Gn 5:24; 6:9; Lc 1:5, 6).

A comunhão com Deus é fator imprescindível no desempenho das atividades espirituais. Os anciãos e os oficiais da igreja devem separar tempo para buscar a Deus. Cristo é o exemplo de uma vida de comunhão. “Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava” (Mc 1:35). Falando de Cristo, Ellen White afirma: “Precisava retirar-se de uma vida de incessante atividade e contato com as necessidades humanas, para buscar o sossego e ininterrupta comunhão com o Pai” (O Desejado de Todas as Nações, p. 363).

 

 

Razões fundamentais

 

Como líderes de igreja, necessitamos ter consciência de que somos seres falíveis e vulneráveis. Estamos inseridos no grande conflito. À igreja de Éfeso, Paulo escreveu: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades” (Ef 6:12). Quando Pedro prometeu lealdade a Cristo mesmo em face da morte (ver Lc 22:33), ele não tinha consciência de sua fragilidade e, logo depois, diante de uma criada, cumpriu a predição de Cristo (ver Lc 22:34, 54-62). Para que haja liderança espiritual eficaz é necessário ter comunhão com Deus.

Uma segunda razão para uma vida devocional adequada é a natureza da função que você exerce na igreja. O ministério do ancião é de natureza espiritual. O estar à frente de uma comunidade cristã implica comunhão e relacionamento diários com Deus. O ancião lida com as pessoas em seus problemas e necessidades. Isso demanda tato, sabedoria, equilíbrio emocional e conhecimento das Escrituras. E, evidentemente, tudo isso é consequência de uma vida de comunhão com Deus.

A necessidade do testemunho cristão é a terceira razão para uma vida devocional adequada. Quando a igreja apostólica nomeou o diaconato, foram escolhidos “sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (Atos 6:3). Estas qualificações são apresentadas detalhadamente nas recomendações de Paulo a Timóteo no contexto dos anciãos (bispos) e diáconos (ver 1Tm 3:1-13). Os líderes representam a igreja na comunidade em que vivem. A avaliação que os descrentes fazem da igreja reside no conhecimento que eles têm dos líderes e dos membros da igreja.

 

 

Métodos e ferramentas devocionais

 

O Guia Para Ministros traz algumas sugestões de métodos devocionais. Embora eles tenham sido recomendados para os pastores, também se aplicam muito bem aos anciãos.  “Na ausência do pastor, os anciãos são os líderes espirituais da igreja e por preceito e exemplo devem procurar conduzi-la a uma experiência cristã mais profunda e completa” (Manual da Igreja, p. 74).

  1. Leitura da BíbliaA fonte primária de reflexão espiritual para o ancião é a Palavra de Deus. Entretanto, ela não deve ser lida apenas para o preparo de sermões, mas, principalmente, como alimento espiritual. O ancião que busca as orientações da Bíblia dá evidências diante de sua igreja que mantem comunhão com o Céu. Isto vai se refletir em sua vida familiar, em sua pregação, em suas visitas pastorais, nas reuniões da comissão, enfim.
  2. OraçãoUm dos textos bíblicos mais impressionantes sobre a vida de oração de Jesus é Mateus 14:23: “E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só.” Sem oração, o ministério do ancião em sua igreja é infrutífero. Sammy Tippit escreveu: “O pecado da ausência da oração é a prova para um cristão comum, e mesmo para um ministro, de que a vida de Deus na alma está seriamente enferma e fraca” (O Fator Oração, p. 18).
  3. Leitura dos livros do Espirito de ProfeciaA Bíblia é nossa única regra de fé e prática. Como igreja, cremos na inspiração de Ellen G. White. O ministério profético da serva do Senhor tem respaldo bíblico (ver Ap 10:11; 12:17; 19:10). Sua produção literária é fruto da inspiração divina. Portanto, prezado ancião, faça um planejamento de leitura desses conselhos e orientações que Deus revelou a Ellen White. Quantos conselhos para os líderes da igreja nós encontramos nesses livros!
  4. Devocionais – A igreja tem produzido bons materiais. Anualmente, é lançado o livro de Meditações Diárias; a cada trimestre, a Lição da Escola Sabatina; para os dez dias de oração e jejum, apostilas e revistas são preparadas para a reflexão espiritual da igreja nesse período. Deus tem orientado Sua igreja nessa produção literária, a fim de nutrir a vida espiritual de Seu povo. “As publicações expedidas de nossas casas publicadoras devem preparar um povo para encontrar-se com Deus” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 140).

 

Conclusão

Prezado ancião, não há dúvidas de que o conselho de Paulo a Timóteo, “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1Tm 4:16), é válido até hoje. Líderes que mantêm comunhão com Deus têm o respaldo do Céu em suas atividades na igreja e, principalmente, na família.

Seja um deles.

 

Nerivan Silva é editor na Casa Publicadora Brasileira

 

Texto extraído e adaptado da Revista do Ancião (jul-set 2017), p. 13-15.

 

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