A doutrina do santuário

A doutrina do santuário

Derek Morris,

ex-editor da Revista Ministério

A última vez em que esta revista [ revista Ministry ] tratou, numa edição especial, da doutrina do santuário foi em 1980, ou seja, 34 anos atrás. Aqueles tempos foram turbulentos quanto a esse tema, conforme alguns dos nossos leitores podem se lembrar. Que aconteceu a partir de então? Finalmente, dissipamos todas as dúvidas e estamos em paz? Ou escolhemos esquecer o assunto? Qual a razão motivadora para nova abordagem exclusiva do tema?

Alguns afirmam com insistência que deveríamos esquecer temas periféricos e focalizar especificamente Jesus. Concordo. Jesus é o Autor e Consumador de nossa fé. Ele incorpora tudo o que conhecemos como verdade. Evidentemente, devemos focalizar a encarnação de Cristo, Seu ministério terrestre, Sua morte e Sua gloriosa ressurreição. Porém, como dedicados seguidores de Jesus, acaso não devemos também chamar a atenção para o atual ministério de Cristo no Céu? O que Ele está fazendo agora? Por que Seu ministério como Sumo Sacerdote, no tempo presente, é tão vitalmente importante no plano da salvação?

Para mim pessoalmente, o tema do santuário tem sido muitíssimo importante. Tenho amigos, ex-colegas de ministério, que se distanciaram da Igreja Adventista do Sétimo Dia, porque passaram a acreditar que seus ensinamentos a respeito do santuário são falhos. Outros, embora continuem servindo como pastores adventistas do sétimo dia, têm perdido a confiança na doutrina do santuário, ou simplesmente ignorado o assunto. Se o ministério de Jesus Cristo no santuário celestial realmente importa, temos a responsabilidade de responder à pergunta: “Por quê?”

Necessitamos abordar tanto a cruz como o santuário, o sacrifício expiatório de Cristo e Seu ministério como nosso grande Sumo Sacerdote. Essas duas fases do ministério de Jesus compõem o evangelho. No julgamento divino, a grande e decisiva questão não se concentra primariamente no que temos feito ou deixado de fazer, mas se temos aceitado ou rejeitado o que Cristo tem feito por nós. Se aceitamos Sua obra salvadora realizada em nosso favor na cruz, podemos enfrentar sem temor o juízo. Disse Jesus: “Eu lhes asseguro: Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida” (Jo 5:24).

Parte vital do ministério de Jesus no santuário celestial é o juízo pré-advento. Em um mundo onde pessoas estão clamando por justiça, o juízo de Deus, levado a efeito no santuário celestial, fará “justiça aos santos” (Dn 7:22) e sentenciará os impenitentes perpetradores do mal e da injustiça neste planeta e no cosmos. Do Seu templo, Deus nos assegura justiça, santidade e restauração. Infelizmente, nem todos os eruditos adventistas do sétimo dia concordam em todos os pontos de interpretação do santuário e do ministério de Cristo como nosso grande Sumo Sacerdote. Tendo em mente que as Escrituras são o inamovível fundamento de nossa fé e nossas crenças, devemos estar unidos, em oração, amor e humildade, em busca de sabedoria para entendermos o que o Senhor nos tem revelado.

Nos primeiros anos do movimento adventista, Ellen G. White deu este inspirado conselho, a respeito desse tema especial: “O assunto do santuário e do juízo de investigação deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote. […] É da máxima importância que todos investiguem acuradamente estes assuntos, e possam dar resposta a qualquer que lhes peça a razão da esperança que neles há” (O Grande Conflito, p. 488, 489).