Por Emilio Abdala
A igreja cresce melhor quando o corpo total de crentes é treinado e mobilizado no ministério contínuo da oração, compartilhamento, testemunho e evangelismo. Do Antigo Testamento, com o líder Moisés, vem o nosso primeiro exemplo de mobilização total do povo de Deus para construir o tabernáculo:
- Ele se encontrou com Deus (Êx. 24:18, 34), permanecendo na nuvem tempo suficiente para receber a visão para “fazer um santuário” (Êx. 25:8, 9);
- Ele ensinou o povo (Êx. 35:1, 4). O objetivo aqui é a instrução dos santos para cumprir o ministério (Ef. 4:11, 12);
- Ele mobilizou as pessoas a dar materiais e habilidades (Êx. 35:4-35);
- Ele supervisionou o trabalho (Êx. 39:32-43);
- E, finalmente, ele terminou o trabalho (verso 32).
A mobilização também está ilustrada na conquista da Palestina (Josué 1:10-15), na construção do templo (I Reis 5:13-18; I Crô. 29:1-9), e na construção dos muros de Jerusalém (Neemias 2:17-6:15).
Ao examinar o Novo Testamento, vemos em Atos 2:41-5:42 os crentes no discipulado treinando, fazendo e sendo testemunhas. Em Atos 8:1-12:24 os crentes são mobilizados para o discipulado de testemunho prático. De acordo com Paulo, mesmo o ministério especializado das igrejas, apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres são chamados para “preparar o povo de Deus para o serviço cristão” (Ef. 4:12). Vemos também a mobilização implícita nos termos descritivos da função do corpo da Igreja (Rom. 12:3-8; I Cor. 12:1-31) e no sacerdócio de todos os crentes (Heb. 10:19-22; I Pedro 2:9).
A palavra chave para a mobilização é compromisso. É a força propulsora dentro do ser que impulsiona a decisão para a ação. Sem o compromisso, uma pessoa pode ter a intenção de realizar o ministério, mas não pode fazê-lo, assim como o filho disse ao pai, “eu vou, senhor”, quando foi mandado para ir trabalhar na vinha, mas não foi (Mat. 21:30). Ele pode realizar o ministério por um tempo, mas não continuar, como Demas que, de acordo com Colossenses 4:14 e Filemon 24, foi colega de trabalho de Paulo, mas depois desertou (I Tim. 4:10).
Depois de ressaltar a importância de levar os crentes ao movimento pelo ministério de Deus, agora vamos voltar nossa atenção para alguns princípios de aplicação da mobilização:
Mobilizar todos os cristãos de acordo com os dons espirituais (Ef. 4; Rom. 12; I Cor. 12). A abordagem orientada pelos dons determina quais cristãos podem assumir da melhor forma cada ministério. Schwarz sugere que o papel da liderança da igreja é ajudar aos seus membros a identificar os seus dons e integrá-los em ministérios apropriados.
Mobilizar dentro do âmbito da Igreja (Ef. 4:11,12). No capítulo “Mobilização de crentes e igrejas para o Evangelismo”, Ruben Lores afirma que muitos programas de evangelismo são concebidos e planejados fora da estrutura da igreja e, às vezes, em meio de tensão com a igreja. O compromisso total resultará do envolvimento dos membros no processo de planejamento. As pessoas são comprometidas com os planos que elas ajudam fazer.
Mobilizar através da liderança local (II Tim. 2:2). Se o trabalho é deixado para uma equipe de especialistas em visitação, o momentum de uma campanha evangelística pode existir hoje, mas desaparecer amanhã. Peritos externos treinam líderes locais para fazer o seu trabalho ao invés de eles mesmos fazerem, pois os líderes locais não vão embora após o término do programa.
Modelo de Mobilização
Dentro do contexto de um programa de evangelização, a palavra mobilização assume, pelo menos, um significado triplo: renovação espiritual e motivação em uma dimensão vertical, e ação em uma dimensão pragmática. Mobilização exige uma atitude de fé, otimismo, entusiasmo, obediência e amor. Esta atitude é tão importante quanto o programa de atividades. Agora nos concentraremos nos seguintes elementos da mobilização: motivação, atribuição, supervisão e avaliação.
Motivação (Josué 1; II Reis 5; Neemias 1:17, 18). Herbert W. Byrne, em seu livro “Motivating Church Workers”, descreve seis princípios bíblicos que motivaram os primeiros crentes do Novo Testamento a espalhar a Mensagem: (1) O amor de Deus: a gratidão e a devoção eram o motivo principal no evangelismo (Gál. 2:20; Rom. 5:5; II Cor. 9:14); (2) o sentido de responsabilidade e de prestar contas a Deus para levar outros a Cristo (Col. 1:10; II Cor. 5:9-11); (3) preocupação com aqueles que não têm a Cristo (Luc. 19:10; Mat. 7:13, 14); (4) repetição: manter a urgência do testemunho diante do povo (Atos 1:8; 22:15); (5) o exemplo dos líderes (Atos, II Pedro), e (6) obediência ao mandamento de Deus (Mar. 16:15, 16; I Cor. 9:16).
Atribuição (Neemias 4:15, 16; Marcos 3:13, 14; Mat. 10:5; Lucas 9:1, 2). A parte mais difícil do sistema de gestão é encontrar a pessoa certa para o sugerem que 80% dos membros da igreja devem ser envolvidos no processo de semeadura ou convidando pessoas, 50% no processo do cultivo e evangelism de amizade e 10% no processo de colheita ou ganho de almas.
Supervisão (Êx. 39:43; Neemias 4:13-20; Mar. 6:30; Luc. 10:17; Atos 8:14). O que é esperado não é o que é realizado, mas sim o que é inspecionado em uma supervisão pastoral. A supervisão proporciona melhoria, qualidade e profundidade no desempenho das atividades de serviço. O objetivo da supervisão é ajudar a cada obreiro a servir com maior efi cácia. Para isso, é necessária assistência. Os problemas precisam ser resolvidos, questões de pessoal respondidas e avaliações constantes serem aplicadas.
Avaliação. Um estudo cuidadoso do crescimento da igreja primitiva, como registrado no Novo Testamento, revela que os pregadores apostólicos fi zeram uma análise cuidadosa de quantas pessoas estavam se convertendo, eles mediram numericamente (Atos 2:41, 4:4, 16:5), e avaliaram como os crentes estavam indo espiritualmente – eles mediram qualitativamente. Por exemplo, Paulo sabia do bom exemplo missionário dos tessalonicenses (I Tes. 1:4-8). Após essa avaliação inicial, Paulo enviou Timóteo a Tessalônica. Quando Timóteo voltou, ele relatou que os crentes tinham fé e amor, mas não entendiam a Segunda Vinda de Jesus (I Tes. 3:1-7; 4:13-5:10). Epafras fez o mesmo tipo de avaliação no que diz respeito à condição espiritual dos Colossenses (Col. 1:7-10), e as notícias da casa de Cloe sobre a igreja de Corinto levou Paulo a escrever uma carta de admoestação (I Cor. 1:11).
Em resumo, podemos concluir que as igrejas crescem quando mobilizam todos os membros para servir a Cristo através de: (1) motivação; (2) atribuição da função certa; (3) supervisão e (4) avaliação do desempenho no início e término de cada esforço cristão.
O Pastor Emílio Abdala, D. Min pela Andrews University em Evangelismo e Crescimento de Igrejas, trabalhou como professor do SALT IAENE de 1995-2009 e atualmente é o evangelista da União Central Brasileira.