Anime-se – Ele está chamando-o!

Anime-se – Ele está chamando-o!

Anime-se – Ele está chamando-o!

Antony Kent

 

Como a história de Bartimeu fala a nós como pastores? Na última década, muita coisa tem sido publicada sobre os perigos e as dores associadas com o ministério pastoral. Assuntos significativos, tais como desgaste, indiscrição sexual, abuso de poder e relacionamentos fracassados têm sido relacionados com o pastorado. Esses assuntos merecem atenção.

 

Anthony Kent, MA, é o diretor do Seminário sobre Crescimento Profissional de Ministry e além disso está cursando doutorado na Universidade de Queensland, Brisbane, Austrália.

Na última década, muita coisa tem sido publicada sobre os perigos e as dores associadas com o ministério pastoral. Assuntos significativos, tais como desgaste, indiscrição sexual, abuso de poder e relacionamentos fracassados têm sido relacionados com o pastorado.1 Na verdade, Paulo aconselhou Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino”2.  Tais descarrilamentos em potencial do Ministério não deveriam ser minimizados. No entanto, seria contraproducente, desencorajador, e até depressivo focar perpetuamente nesses assuntos em detrimento das alegrias e satisfação que o ministério pastoral oferece.1 Tim. 4:16)2. Tais descarrilamentos em potencial do Ministério não deveriam ser minimizados. No entanto, seria contraproducente, desencorajador, e até depressivo focar perpetuamente nesses assuntos em detrimento das alegrias e satisfação que o ministério pastoral oferece.

 

O CEGO BARTIMEU

Considere o relato acalentador do cego Bartimeu quando ele recebeu sua visão, sua história ajuda ilustrar este ponto.

 

Registrado pelos três evangelhos sinópticos (Mat. 20:29–34Marc. 10:46–52Luc. 18:35–43), a versão de Marcos deste evento em Jericó contém pelo menos um detalhe único e significativo. Enquanto todos os três escritores sinóticos registram que Bartimeu irritou os que estavam perto dele enquanto ele gritava para Jesus, suplicando misericórdia, somente o relato de Marcos descreve a resposta da multidão quando Jesus enviou uma mensagem chamando Bartimeu. “Então eles disseram ao cego: Anime-se, ele está chamando-o” (Marcos 10:49).

 

Anime-se! Ele está chamando-o”. O que isto poderia significar para nós como ministros? A palavra grega “tharseÅ”, (traduzida aqui como anime-se) pode significar “tenha bom ânimo”, “não seja ousado demais”, “não demonstre medo”, “desperte coragem”, “não tema”, “sinta confiança contra”, “não tenha medo de”3. Além dessas, a tradução pode ser lida como ser firme ou ser resoluto diante de perigos ou circunstâncias adversas; Não tenha medo!4

 

Estes variados significados fornecem um conselho sadio para aqueles que são chamados por Jesus para o ministério. Curiosamente, esta palavra aparece apenas oito vezes no Novo Testamento e cada vez que aparece está no Imperativo. É nos dito, ordenado, “Anime-se”.

 

E também, anteriormente neste capítulo (versos 13–16), Marcos descreve Jesus muito interessado recebendo as crianças para abençoá-las e repreendendo Seus discípulos que se opunham em permitir que as crianças tivessem contato com Jesus. Jesus disse: Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais” (v. 14). Ele estava semelhantemente recebendo o pária Bartimeu.

 

Ao mesmo tempo, no mesmo capítulo (versos 17–22), um homem rico se aproximou de Jesus ajoelhando-se. Jesus o chamou para segui-lo, mas o homem rico se afastou abatido, incapaz de doar sua riqueza como pré-requisito para o discipulado. Este homem anônimo é um contraste com o pedinte de nome Bartimeu, que respondeu ao chamado de Jesus lançando de si um de seus (nós presumimos) poucos pertences, sua capa, para seguir a Jesus.

 

Em resumo, parece que a maior parte de Marcos 10 se centraliza ao redor do chamado de Jesus aos indivíduos e aninhado nesse contexto está uma linda história de visão e esperança – a cura e o chamado do cego Bartimeu. A história de Bartimeu incentiva os leitores a recordar e se alegrar com Bartimeu e, simultaneamente, contemplar seus próprios apelos ao ministério de Jesus.

 

A bíblia registra detalhes de outros indivíduos – tais como Noé, Moisés, Samuel, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Amós e Jonas –chamados ao ministério. Os evangelhos registram o chamado da maioria dos apóstolos. O livro de Atos repetidamente apresenta o chamado feito ao apóstolo Paulo. Implícito no chamado de todos esses homens ao ministério está uma mensagem sublinhada: Você está dentro da visão de Deus e Ele tem uma visão para você. Você é procurado!

OS DESAFIOS

 

Uma ênfase adequada sobre nosso chamado ao ministério pode ajudar a preservá-lo e protegê-lo. Quando somos tentados a agir contrário ao nosso chamado, precisamos nos lembrar que fomos chamados pelo Senhor ao nosso ministério. Se aceitamos o chamado, precisamos levá-lo a sério.

 

Claro, quando as dificuldades vêm, precisamos lembrar que estas não se referem a você, mas ao grande conflito. Na guerra, quando um soldado é atingido, o soldado não pergunta “o que foi que eu fiz ou disse para merecer isso?”  Na guerra espiritual, estar na linha de fogo vem com o território.

 

Douglas Webster faz esta importante observação: “Nada pode arruinar nossa virtude ou destruir nossa alma que não seja auto imposto…O diabo roubou tudo de Jó, mas não pode roubar de Jó sua virtude. Caim tirou a vida de Abel, mas não pode tirar seu maior ganho. Somente aqueles que se ferem ficam feridos”. 6

 

Às vezes, no ministério, os pastores podem facilmente se sentir desmotivados (pra começar, especialmente com aqueles que têm um lampejo de melancolia na sua personalidade). No dia da ressurreição de Jesus, Seus discípulos – mesmo os que estavam cientes da ressurreição – ficaram abatidos. Mas Jesus os encontrou na sua jornada para Emaús e dentro de um razoável período de tempo eles já estavam se regozijando. Considerando todas as coisas, nós temos muitas razões para regozijar, quaisquer que sejam nossas lutas.

RAZÕES PARA SE REGOZIJAR

 

Para começar, este chamado pode ser uma das maiores alegrias conhecidas da humanidade. Com frequência, quando os pastores se aposentam, eles sentem enorme falta desse ministério. Aqueles que vão para a administração, para um departamento ou para algum cargo na igreja com frequência sentem falta da comunidade na qual eles pastoreavam. Só isso já diz muito sobre a alegria e a satisfação que vem com o ministério.

 

Além disso, você poderia encontrar no mundo um modelo melhor do que Jesus Cristo? Uma pessoa melhor do mundo para imitar? Este mundo já testemunhou muitos bons líderes, mas, como ministro do evangelho, você foi chamado pelos maior deles.

 

Enquanto isso, podemos ser gratos porque já temos o Messias e precisamos apenas de um Messias. Podemos nos regozijar porque não somos chamados para resolver todos os problemas do mundo. Não estamos preparados – nem se espera de nós – a solução de todos os problemas que encontramos. Podemos apenas fazer nosso melhor dado por Deus.

 

Como ministros do evangelho, podemos nos regozijar porque promovemos a esperança. Somos felizes por sermos os despenseiros das melhores boas novas conhecidas da humanidade. Em certo sentido, estamos fornecendo água, a Água Viva, ao sedento em um mundo que já viu muitas miragens. Estamos a cargo dos negócios da eternidade.

 

Precisamos nos lembrar, também, que outros são chamados assim como nós.

Aqueles que nos respondem, a quem somos chamados a responder, têm um chamado tão legítimo quanto nós. Inclusive aqueles que são chamados a ministrar em outras denominações cristãs têm um propósito no plano de Deus. A maior alegria é que nós não estamos isolados, um número incontável está atualmente respondendo ao chamado que receberam de Jesus.

 

Muito mais do que outras pessoas, como ministros fomos chamados para refletir Jesus. Suas palavras, seus valores, seu motivo e suas atitudes são o fundamento de nossa vida. Tudo que é bom, elevado, sadio e positivo se torna o verdadeiro ambiente que precisamos habitar.

 

Podemos nos alegrar porque nossa vida, como ministros, não vai ser desperdiçada. Quer nossos dias sejam longos ou curtos, quando respondemos positivamente ao chamado de Jesus, nossa vida servirá a um propósito positivo e significativo, embora algumas das tarefas possam parecer “servis”. Jesus pediu a alguns de seus seguidores para buscar um jumentinho, outros para preparar uma refeição, e outros para mover uma pedra. Todas essas tarefas poderiam, com toda probabilidade, ter parecido serviçal ou mesmo tarefas sem sentido naquela ocasião. “Por que o Senhor quer que nós movamos esta pedra, Senhor? O rapaz já está morto! E só vai liberar um mau cheiro!” Mas destas aparentes tarefas sem sentido, provieram majestosos eventos: A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém sobre um jumentinho, a Cerimônia da Santa Ceia com o quebrar do pão, a ressurreição de Lázaro. Podemos recobrar ânimo, nossa vida tem um propósito e um significado.

 

É possível descrever um dia rotineiro no ministério? Parece como se cada dia fosse abençoado com surpresas inesperadas que regularmente promovem oportunidades de estar sempre crescendo e se desenvolvendo.

E enquanto esse crescimento possa incluir o acúmulo de diplomas profissionais, o mais importante é que ele deve envolver nossa maturidade no ministério, para que possamos servir com mais eficácia.

 

Podemos nos alegrar, porque, quando Deus nos chama para o ministério, há oportunidades de ser uma bênção aos demais. Isso vem como resultado natural do servir. Que maior alegria pode alguém ter do que uma vida chamada para servir e abençoar aos outros?

Resumindo, quaisquer que sejam nossos desafios, far-nos-ia bem nos lembrar das palavras ditas a Bartimeu: “Anime-se! Ele está chamando-o”.

 

  1. Por exemplo, Richard Exley, Perigos do Poder(Silver Spring, MD: Associação Ministerial dos Adventistas do Sétimo Dia, 1995); Gary L. McIntosh and Robert L. Edmondson, Só machuca na Segunda-feira: Por que os pastores desistem e o que você pode fazer sobre isso(Saint Charles, IL: ChurchSmart Resources, 1998); G. Lloyd Rediger, Clergy Killers (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1997); Paul Whetham and Libby Whetham, Difícil ser Santos: Desvendando os papéis e as Responsabilidades dos Líderes da Igreja (Adelaide, Australia: Openbook, 2000).
  2. Salvo indicação em contrário, as escrituras são citadas na Nova Versão Internacional da Bíblia.
  3. A Greek-English Lexicon, 9th ed., comps. Henry George Liddell and Robert Scott (Oxford: Clarendon Press, 1996), s.v. “tharseō.”
  4. Walter Bauer, Um léxico greco-inglês do Novo Testamento e de outras literaturas cristãs primitivas, 3rd ed., eds. Frederick W. Danker, W. F. Arndt, and F. W. Gingrich (Chicago: University of Chicago Press, 2000), s.v. “tharseō.”
  5. Claramente, outros também foram chamados especificamente por Deus; seus ministérios dão testemunho claro e positivo desse fato. No entanto, por alguma razão, o chamado para o ministério não foi registrado nas Escrituras. Daniel, Sofonias, Habacuque, Miriã, Débora, Hulda e Miquéias prontamente vêm à mente como exemplos.
  6. Douglas Webster, “Crisóstomo: Boca Dourada,’ ” Pregação 24, no. 6 (Maio–Junho 2009): 62.

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