Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White Parte I

Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White Parte I

Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White Parte I

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Elbio Pereyra, Doutor em Teologia
Pastor jubilado, reside em Bella Vista, Corrientes, Argentina
Tradução: Sonia Maria M. Gazeta

       Fonte: Revista Parousia, 2° Semestre, UNASPRESS

 

Resumo: A discussão entre adventistas quanto ao divórcio e novas núpcias remonta ao início da história da IASD, por ocasião da organização de sua primeira associação. No entanto, uma posição da instituição sobre o assunto só definiu-se em tempos mais recentes. Diante disso, vê-se como pertinente uma compreensão da postura da IASD sobre a questão em suas primeiras décadas, por meio do posicionamento de Ellen G. White expresso em seus escritos. Este artigo discorre sobre a posição de Ellen G. White a respeito de casamento, divórcio e novo casamento. Descreve sucintamente sua visão sobre a natureza e preparo para o matrimônio e procura sistematizar os conselhos dados por ela às famílias que se depararam com essas situações.

Abstract: The discussion regarding to divorce and remarriage among Seventh-day Adventists Christians  can be traced back to the historical beginnings of the denomination, in fact, by the time of the organization of its first Conference. However, the official position of the SDA Church about the topic was taken only in relatively recent times. It is considered important to understand the position of the Adventist Church in the first decades of its existence, through the position expressed in the writings of Ellen G. White, one of the leading pioneers of the movement. This article describes the understanding of  Mrs. White about marriage, divorce and remarriage. It summarizes also her vision on the nature and preparation for marriage and provides her counsels to families facing those situations.

Introdução

De acordo com o relato bíblico foi o próprio Criador que formou Eva e então a conduziu a Adão para ser sua mulher. Ellen G. White declara que, no desígnio de Deus, o casamento é “uma das maiores bênçãos para a família humana” (Ms 16, 1899). O matrimônio proveria as necessidades sociais do homem, preservaria a pureza da raça e elevaria a natureza física, mental e moral, trazendo felicidade e contentamento (PP, 46).

Cristo sancionou o casamento ao realizar seu primeiro milagre em uma festa de bodas e Ele ainda se rejubila com aqueles que se alegram em uma festividade nupcial (LA, 100). Ele se deleita com “casamentos felizes, felizes lares” (99). “O Céu contempla com prazer um casamento formado com um sincero desejo de seguir a direção dada nas Escrituras” (Carta 17, 1896).

Os conselhos de Ellen G. White incluem muitas condições que, se forem seguidas, resultarão em casamentos felizes. Uma delas é: Cristo deve ser o centro tanto na vida do marido como na vida da mulher (CBV, 358).

Ellen White escreveu para a irmã L:

Que a mulher se entregue a Cristo antes de se entregar a qualquer amigo terreno, e não assuma nenhuma relação que entre em atrito com isto. […] Minha irmã, a menos que desejes ter um lar de onde nunca se levantem as sombras, não te unas com um homem que é inimigo de Deus (TS, vol. 2, 120).

Ela ainda argumenta que seria melhor permanecer solteiro do que se unir a uma pessoa mundana (LA, 68). Os adventistas deveriam se casar com adventistas, e não simplesmente com crentes em Cristo. Ellen G. White escreveu posteriormente a irmã L: “Mesmo que o companheiro de tua escolha fosse em todos os outros respeitos digno (o que, porém, ele não é), no entanto ele não aceitou a verdade para este tempo; é um descrente, e és pelo Céu proibida de unir-te a ele” (TS, vol. 2, 121, grifo meu).

Ambos, noivo e noiva, deveriam ser adultos e maduros o suficiente para pesar cuidadosamente todas as suas chances para a felicidade. “Casamentos precoces não devem ser encorajados” (LA, 79). “Um jovem adolescente não possui critério para julgar a conveniência de ter como companheiro para a vida outro jovem tão imaturo como ele mesmo” (Ibidem). Os casamentos precipitados devem ser evitados, pois frequentemente levam à separação, ao divórcio e à confusão na igreja (MJ, 458).

Os atributos pessoais do esposo e da esposa devem ser compatíveis, “escolhei vossa esposa de uma classe que esteja mais de acordo com a vossa”, Ellen G. White escreveu para um homem que estava planejando se casar. Ele era rude e a mulher delicada e refinada; nela as qualidades intelectuais predominavam (Carta 21, 1860).

As características raciais devem também ser semelhantes. Ellen G. White não afirma que uma raça é superior a outra. “Todos os homens”, ela diz, “brancos e negros, são iguais” (ME, vol. 2, 341 e 342). Seu conselho, contra casamentos inter-raciais é baseado primeiramente nos problemas e consequências que deles resultam. Os filhos se amarguram pelos seus pais, cria-se controvérsia e a obra de Deus se retrai ao invés de avançar. Em virtude dessas considerações práticas, não se devem encorajar tais uniões. O conselho inequívoco é oferecido: “Esse passo não deve ser dado”.

A mulher deve saber como educar seus filhos nos aspectos práticos da vida, tais como os cuidados do lar, com os doentes, além de princípios de higiene, etc. (CBV, 302; LA, 90 e FEC, 75).

Marido e mulher devem manter sua própria individualidade (CBV, 361). A esposa não deve subjugar sua própria identidade e se tornar, simplesmente, uma máquina dirigida pela vontade de seu cônjuge (Carta 25, 1885).

Já quanto a poligamia, embora praticada nos tempos do Antigo Testamento, nunca foi uma opção legítima para os seguidores de Deus, em qualquer país ou época. “Deus não sancionou a poligamia em um único caso” (SG, vol. 3, 100).

Por fim, ambos, marido e mulher, devem reconhecer os privilégios do relacionamento conjugal que inclui o amor sexual praticado sem “excesso” (LA, 121-128).

Divórcio

Um antigo problema da Igreja

“Como devemos tratar casamentos divorciados?” Este era o primeiro item da agenda da delegação, de nove ministros adventistas do sétimo dia, que se encontrou em Monterey, Michigan, de 4 a 6 de outubro de 1862, para a organização da primeira associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), naquele estado. O problema que estava afetando alguns irmãos em Illinois e Wisconsin foi apresentado pelo irmão Sanborn. Quando Tiago White solicitou uma explicação para a expressão “casamentos divorciados”, Sanborn disse que se referia às pessoas divorciadas que se casaram novamente, sem as bases para a separação, mencionadas em Mateus 19. A pergunta dele era: esses indivíduos poderiam ser aceitos como membros da igreja?1

Deste modo, casamento, divórcio e novo casamento são problemas muito antigos na IASD, como a organização de sua primeira sede administrativa, a Associação de Michigan. O problema continua a ser um tema em discussão, demandando atenção de comissões de igrejas locais e comitês especiais representados por associações e uniões.

A visão documentada da Igreja sobre o problema

Nesse breve documento não é possível considerar a atmosfera social semipuritana que caracterizava os dias de Ellen G. White, nem mesmo comentar suas atitudes cristãs gerais em relação ao divórcio e novo casamento. Estamos lidando simplesmente com Ellen White e seus escritos. Para tanto, a posição de um documento geral da IASD através desses anos se mostra de grande utilidade.

Review and Herald publicou, de 1862 a 1900, 15 artigos, comentários, respostas a perguntas e réplicas de leitores a respeito do assunto do divórcio e novo casamento. A posição adotada pela revista foi consistente no decorrer desses anos. Adultério era a única razão para o divórcio, e novo casamento só seria admissível apenas para a parte inocente.

A opinião do periódico aparece bem definida, todavia, um tanto rígida. Se isto representa a posição oficial da IASD, não podemos afirmar. Pelo menos, representa o ponto de vista de Uriah Smith, quando foi redator da revista. Duas notas publicadas por ele em 1887 (11 de janeiro e 8 de fevereiro) são de particular interesse. A primeira, mostra um caso específico de um novo casamento, que não foi por razão de adultério. A segunda, trata de outros casos citados por leitores e suas respostas, bem como a posição do redator.

A posição de Ellen G. White parece ser menos rígida, pelo menos quando trata de alguns casos específicos, em particular, por meio de sua correspondência. Esse material será mostrado posteriormente nesse estudo. Tais casos representam exceções e não a regra, mas isso também é evidenciado na Bíblia algumas vezes.

A única razão para a dissolução do voto conjugal: adultério

O casamento “deve ser cuidadosamente considerado”, pois é um “passo tomado para a vida toda” (LA, 34). “É uma instituição sagrada” (Nos Lugares Celestiais, MM, 202) semelhante à união de Cristo e sua igreja (TS, vol. 7, 46).

Nos tempos de Jesus, os judeus repudiavam as mulheres pelas ofensas mais triviais (MDC, 63), porém, Cristo rejeitou aquela prática. O padrão moral não deveria se basear em legislações ou inclinações humanas, mas na lei de Deus, na “elevada norma moral de justiça divina” (LA, 342). “Se a esposa é incrédula e opositora, o marido não pode, em face da lei de Deus, abandoná-la só por isto (Ibid, 344). Nem os cônjuges podem se separar por incompatibilidade de gênios; mas sim, devem procurar mudar a própria disposição (Carta 168, 1901).

Não se deve considerar a falta de amor como uma razão suficiente para o divórcio após o voto solene feito, na presença de Deus e dos santos anjos, ainda que por um cônjuge imperfeito. “Quando conduzirdes mais a vontade em vosso auxílio e conscienciosamente andardes no temor do Senhor, então o amor que agora supondes estar morto ressuscitará. […] A fonte do amor aumentará dia a dia e toda a amargura e decepções serão excluídas a seu tempo” (Carta 57, 1888).

Quanto a essa questão ainda, Ellen G. White comenta: “Digo-vos que não podeis quebrar vosso voto conjugal e permanecerdes sem culpa diante de Deus. […] Apegai-vos a vossos votos conjugais porque sois reta de coração e sentireis arrependimento quando fordes vestida com as vestes da justiça de Cristo” (Ibidem).

Em contraste às ofensas triviais, Ellen G. White deu a única razão para o divórcio: “Nada senão a violação do leito conjugal pode quebrar ou anular o voto conjugal” (LA, 341). “Só há uma razão pela qual o marido pode legitimamente separar-se de sua esposa ou a esposa de seu marido: o adultério” (Ibid, 345).

Ela salientou que Jesus aprovou a dissolução do casamento apenas em caso de adultério (Ibid., 340). Em seu Sermão do Monte, Cristo declarou “plenamente” que havia uma única razão para o fim do casamento: infidelidade ao voto conjugal (MDC, 63). Em resumo, Ellen G. White declarou que Jesus permite um novo casamento apenas quando o direito ao divórcio existe.

A um certo médico casado com uma incrédula, o qual possuía algumas ideias errôneas a respeito do casamento e queria repudiar sua mulher, ela disse: “Deus reconhece apenas um motivo” para o divórcio: o adultério. Ela convidou esse obreiro a trazer sua esposa de volta ao seu lado, quando já haviam se separado (Ibid, 342-343).

“O divórcio é uma eterna e sincera mágoa. O casamento deveria ser muito bem considerado antes de ser contraído”, escreveram Tiago e Ellen G. White em 1868, referindo-se a uma mulher que tinha que viver com um adúltero (RH, 24/03/1868, 236). Ela ainda acrescenta que os casados deveriam possuir a têmpera do aço em relação a seus votos conjugais (Carta 321, 1903).

Em 1863, Ellen G. White escreveu:

Uma mulher pode estar legalmente divorciada do marido pelas leis do país, mas não divorciada à vista de Deus e de acordo com a lei mais alta. […] Embora as leis do país possam permitir o divórcio à luz da Bíblia, continuam como marido e esposa, segundo as leis de Deus.

E acrescentou: “Vi que a irmã A, por ora, não tem direito de desposar outro homem; mas se ela, ou qualquer outra mulher, obtiver um divórcio legal na base de adultério por parte do marido, então está livre para casar com quem quiser” (LA, 344).

Em 1888, ao lidar com uma situação muito delicada envolvendo dois colportores, ela registrou o seguinte em seu diário: “Tive uma longa conversa com a irmã B mostrando-lhe que o voto conjugal é um vínculo e que nenhuma das partes pode abdicar de seus direitos, salvo em caso de adultério, a violação do leito conjugal” (Ms 22, 1888).

Novo casamento

Três casos de novo casamento

Em seus escritos, Ellen G. White apresenta, pelo menos, três situações envolvendo novo casamento: após a morte do cônjuge, após o divórcio baseado em adultério e após divórcio permitido por outras causas que não o adultério. O problema da separação também merece uma consideração aqui.

(1) Novo casamento após a morte de um cônjuge

(A) Casamento de um viúvo

Em 1890, um viúvo idoso escreveu a Ellen White solicitando orientação em relação a um novo casamento. Ela respondeu-lhe:

Eu sei, conforme dizeis, que deveis ser muito só em vossa idade e não vejo objeção se há alguém a quem possais amar e retribuir vosso amor. Porém, como não conheço a senhora que tendes em mente, não posso aconselhar como alguém que conhece ambas as partes (Carta 70, 1898).

O segundo casamento do irmão Haskell também é outro que pode ser citado. A esposa dele faleceu em 1894. Três anos depois, aos 64 anos de idade, ele se casou novamente. Ellen G. White escreveu ao casal: “Alegramo-nos ao ouvir de vós que vossos interesses estão unidos como se fossem um. Que o Senhor abençõe essa união. […] Estou feliz, irmão Haskell, porque tendes uma ajudadora. Isto é o que tenho desejado por algum tempo” (Carta 74a, 1897).

(B) O segundo casamento do irmão Butler

A primeira esposa do irmão G. I. Butler morreu após 42 anos de união conjugal. Quando ele tinha 68 anos, teve oportunidade de se casar com uma mulher de 35 anos “em cuja conversão à verdade ele fôra um instrumento” (Carta 117, cc 1902). Porém, ele encontrou forte oposição por parte da irmã e cunhado da mulher. O próprio filho de Butler se opôs também ao plano. Ellen G. White enviou três cartas aos familiares endereçadas a irmã e ao cunhado da mulher e uma ao filho de Butler, desaprovando tal oposição (Cartas 77, 78, 117 e 118, 1902).

Ela assim os aconselhou:

Eu vos suplico que não repreendais vosso pai. Não devíeis sentir o que sentis, pois vosso pai não está fazendo nada que Deus condena. A condenação existe apenas na mente dos homens. Em nada ele tem desonrado seus filhos e tem se mantido no caminho do Senhor. […] Esta mulher é jovem, mas está em uma idade em que pode ajudá-lo em seu trabalho. A idade de vosso pai não deve ser uma barreira para sua felicidade? (Carta 117, 1902).2

Ademais, quando ele completou 73 anos de idade tornou a se casar com outra mulher. Ellen G. White se sentiu feliz por eles. (Carta 390, 1907).

(C) Conselho a um viúvo

Após a morte de sua esposa, J. N. Andrews decidiu permanecer viúvo, uma posição que Ellen G. White não apoiou. Ela julgava que um novo casamento traria equilíbrio à sua vida.

Ela expressou:

Tendes tido idéias errôneas em relação a vos manterdes viúvo, porém nada mais falarei sobre este assunto. A influência de uma nobre mulher cristã de habilidades distintas serviria para neutralizar as tendências de vossa mente. A habilidade de concentração, a intensa luz com que considerais todas as coisas de caráter religioso ligadas a causa e à obra de Deus têm trazido depressão em vosso espírito, um peso de ansiedade que vos tem enfraquecido física e mentalmente. Se estivésseis ligado a alguém com sentimentos opostos, teríeis força para descartar pensamentos melancólicos. A individualidade dela não seria subjugada, mas sua identidade preservada e sua influência seria modeladora sobre vossa mente. Se assim fosse, hoje teríeis força física e poder para resistir a doença.

Em outro momento ela também disse:

Eu vos aconselhei a casardes antes de retornardes a última vez à Europa por estas razões. Primeiro, precisáveis de uma esposa para cuidar de vós e não devíeis ter levado vossa família à Europa sem uma boa companhia para ser uma mãe para vossos filhos. […] Precisais de outro elemento em vossos labores que não possuís e que não compreendeis ser realmente essencial (Carta 9, 1883).

(2) Novo casamento de uma parte ‘inocente’

Segundo Ellen G. White, a parte “injuriada” tem três possibilidades em face de um divórcio: (A) Permanecer com a parte “culpada”. O inocente não se torna culpado por manter o casamento com o cônjuge infrator (LA, 346); (B) Novo casamento. Um segundo matrimônio é justificável para a parte inocente,3 em um divórcio permitido por adultério (ME, vol. 2, 339-349) e; (C) Permanecer só. Em resposta a um colportor que foi abandonado pela esposa por outros motivos que não o adultério, Ellen G. White escreveu:

Não vejo que mais se pode fazer neste caso, e penso que a única coisa que podeis fazer é abandonar vossa esposa. Se ela está assim determinada a não viver em vossa companhia, sereis ambos muito infelizes se o tentardes. Visto que ela inteira e determinadamente escolheu sua sorte, a única coisa que podeis fazer é tomar vossa cruz e proceder como homem. […] Vós me perguntastes se poderíeis casar outra vez visto que vossa esposa vos deixou. Eu diria que se alguém compreendesse todas as circunstâncias, poderia escolher casar-se convosco. Se não tivésseis sido casado, não veria objeções. […] Espero que procedais como homem. Ponde de lado este assunto, voltai ao trabalho, cumpri vossos deveres independente de qualquer pessoa na Terra, abnegando-vos, sacrificando-vos, esquecendo-vos. […] Entregai vosso caso a Deus. […] Não deixeis que o desapontamento vos arruíne. Expulsai a melancolia. […]  Desviai-vos das coisas terrenas, ídolos terrenos, e louvai o Senhor Deus, servindo-o de todo o vosso coração e toda a vossa alma, então consagrar-vos-ei totalmente ao Senhor” (Carta 40, 1888 e LA, 344).

Após certo tempo, a mulher se divorciou e se casou novamente, e o colportor fez o mesmo. Sua nova sogra escreveu a Ellen G. White pedindo-lhe que ela intervisse para separá-los, pois o homem havia se mutilado. Ela recebeu essa resposta:

J não repudiou sua esposa. Ela o deixou e casou-se com outro homem. Nada vejo nas Escrituras que o proíba de casar-se no Senhor. Ele tem direito ao afeto de uma mulher. […] Não vejo porque essa nova união deve ser perturbada. […] Nada vejo na Palavra de Deus que poderia exigir a separação de ambos. Como pedistes meu conselho, dou-o francamente (ME, vol. 2, 339 e 340).4

Referindo-se a um membro de igreja cujo marido quebrou o voto conjugal por adultério, Ellen G. White disse que após o divórcio por motivo de adultério, ela ou outra mulher nas mesmas circunstâncias poderia casar-se outra vez (344).

(3) Novo casamento após o divórcio por outra causa que não o adultério

Uma das secretárias da senhora White se apaixonou por um homem, que um ano ou dois antes havia abandonado sua esposa e filhos. Deixando-os com seu sogro, viajou para outro continente. A esposa dele buscou o divórcio por motivo de abandono. Antes que o divórcio fosse concedido, esse homem começou a cortejar a secretária. A senhora White insistiu em que nenhum dos dois tinha o direito de se casar. O homem ainda estava legalmente ligado a sua esposa, e a secretária não tinha o direito de se casar com ele, mesmo após a concessão do divórcio (ME, vol. 2, 340 e 341). Ela escreveu: “Quero que ambos compreendam mediante a luz que Deus deu considerando o passado e o presente, não poderia pensar em empregar a ambos se derdes este passo” (Carta 14, 1895).

Escrevendo ao homem, ela disse que ele estava tentando “sacrificar a verdade para obter uma esposa”, “obter uma esposa por deslealdade a Deus”. E ainda acrescentou: “Aquele que não é sincero para com Deus não pode ser sincero para com sua esposa” (Carta 17, 1896). Em outra ocasião, ela disse: “Haveis, ambos, violado a lei só com o pensar que vós podíeis unir em matrimônio. Devíeis haver repelido o pensamento à sua primeira sugestão (Carta 14, 1893). Deste modo, fica claro que Ellen G. White via o adultério como a única base para o divórcio e novo casamento, para a parte inocente, enquanto o cônjuge ainda vive.