Ellen G. White e a prática adventista do jejum

Ellen G. White e a prática adventista do jejum

Ellen G. White e a prática adventista do jejum

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Eduardo Franco

Universidade Adventista do Chile, Chillán

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Introdução

 

O jejum é uma prática profundamente enraizada na cultura semita e muçulmana. No cristianismo, é uma herança do judaísmo e é praticada para uma variedade de propósitos. Por exemplo, David Lambert observa que o jejum pode ser motivado por: um ato de penitência, de expiação, um rito de preparação antes de uma recepção sacramental, uma cerimônia de luto, uma série de ritos de purificação, um meio de induzir sonhos ou visões, ou um método de adicionar força a ritos mágicos.

Curtis C. Mitchell, por sua vez, aponta que no judaísmo e no cristianismo ele é praticado como um exercício ascético. John A. MacCulloch classificou o jejum em quatro categorias: como causa de luto; como um ato de penitência; como um auxiliar à oração e como uma preparação para encontrar a divindade.

No catolicismo romano, o jejum é parte do ritual que permite ao crente se separar do material para acessar o espiritual. Também é praticado como penitência, já sugerido pelos padres da igreja.1 Para os reformadores, como Calvino, o ritual assume um componente disciplinar, onde o jejum, junto com a catequese, as censuras da igreja e a excomunhão, pode servir como meio de manter a disciplina da igreja.2 Como vemos, no cristianismo, a prática do jejum foi justificada de várias maneiras, embora a penitência se destaque.

Também é possível perceber visões contraditórias. Por um lado, há quem pense que o jejum é coisa do passado e que não é uma ordenança dada por Deus. Seria uma prática de origem hebraica influenciada por religiões pagãs3 e, por outro lado, há quem veja o jejum como requisito necessário para obter o favor divino por meio da penitência.4 Entre outros pontos de vista estão aqueles que consideram o jejum como uma instrumento de pressão política legítima,5 e aqueles que o valorizam como apropriado para demonstrar piedade a outros cristãos.6 No catolicismo romano a controvérsia é antiga e tem sido tratada a partir da jurisprudência do direito canônico,7 até considerá-la como uma prática individual e privada na vida do crente.8

No adventismo, o jejum tem sido praticado desde o seu início de várias maneiras9 e por vários motivos, como pedido por saúde, pedido de ajuda em situações difíceis e como parte da preparação para o cumprimento da missão, entre outros,10 buscando permanentemente instrução sobre a sua observação na Bíblia.11 Por outro lado, Ellen G. White também escreve sobre a prática do jejum,12 contribuindo para o pensamento adventista sobre sua prática.13

Este estudo examina a relação entre o que a Bíblia ensina sobre o tema, sua práxis na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), e o que Ellen G. White escreve sobre o jejum.

 

A Bíblia e o jejum

 

Na Bíblia, vemos que o jejum é praticado como um complemento da oração pela saúde (2Sm 12:16-21); como um pedido de ajuda divina em situações difíceis (2Cr 29:3; Ed 8:23); como um sinal de dor (Sl 35:13; 69:10; Ne 1:4); como preparação para um grande desafio (Et 3:6-13); como uma expressão de arrependimento e confissão de pecados (Ne 9:1; Jl 1:14; 2:12, 14; Jn 3:5); como um pedido de orientação em decisões difíceis (Jz 20:26); como um pedido de proteção divina (Sl 109:24); como preparação para uma obra especial (At 14:23; Mt 17:21; Mc 9:29); e como complemento da oração e da busca da comunhão com Deus (Lc 2:37). O termo jejum também é usado para descrever a condição fisiológica de falta de ingestão de alimentos (Mt 15:32; Mc 8:3; At 27:33; 2Co 6:5; 11:21).

 

Desaprovado por Deus

 

Embora o jejum seja indicado por Deus em certos contextos, é condenado em outros. Em Isaías 58, por exemplo, o jejum é rejeitado quando não é acompanhado de arrependimento genuíno, mas é motivado por comportamento egoísta e pecaminoso.14 Jeremias 14:12 registra que, devido à inclinação constante para a iniquidade, Deus disse: “Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor”. No mesmo sentido, o jejum é reprovado em Zacarias 7:5, onde é reprovada a motivação egoísta com que é praticada.

No Sermão da Montanha (Mt 6:16-18), Jesus instruiu a multidão reunida a não jejuar como os hipócritas, porque o faziam para serem vistos pelo povo e para se mostrarem piedosos. Em vez disso, Ele instruiu Seus seguidores que quando jejuassem, o fizessem em segredo. O que Jesus está fazendo neste texto não é desaprovar a prática do jejum em si, mas reorientar a forma e as motivações para observá-lo.

Em 1 Reis 21:9, 10 o jejum é mencionado como parte de um esquema perverso. A ideia era proclamar o jejum para esconder os erros e os crimes com uma aparência de religiosidade e dar a impressão de que Deus puniria a cidade pelo pecado. Assim, ao colocar dois homens iníquos para testemunhar falsamente perante o povo contra Nabote a fim de apedrejá-lo, se impediria a destruição de toda a cidade e seria possível ficar com a sua vinha. Obviamente, tal jejum não pode ser aceito por Deus.

 

Um dia de autoavaliação e arrependimento

 

O jejum aparece pela primeira vez em Levítico 16:29 no contexto do Dia da Expiação. Nesse sentido, o jejum não era uma penitência pesada, mas sim um dia de celebração do perdão de Deus. Além disso, era o único jejum exigido por Deus, por isso foi chamado de “o jejum”. De acordo com Jeremias, este jejum era acompanhado de oração (Jr 14:12), e por Samuel sabemos que durou um dia (Jz 20:26), embora em ocasiões especiais sejam observados jejuns que se estendem por outros períodos de tempo, como no caso da rainha Ester (Et 4:16).

Posteriormente, outros dias de jejum foram acrescentados, como o que lembra a queda de Jerusalém (Zc 7:3, 5; 8:19). Em Nínive, o rei proclamou o jejum como sinal de arrependimento e consagração, como fruto da pregação de Jonas e do anúncio do julgamento (Jn 3:5).

 

Uma questão de adoração

 

Edward J. Young ressalta o fato de que, para Isaías (cap. 58), o jejum é uma questão de adoração, e fazer um jejum externo não é louvar a Deus, mas louvar a si mesmo. Isso não é apenas não louvar a Deus, mas constitui uma ofensa repulsiva a Ele.15 As palavras dos profetas Jeremias (14:12) e Zacarias (8:19) mostram que o jejum é um ato de louvor a Deus e deve ser um momento de regozijo, alegria e gratidão a Deus por Sua bondade. Fica então evidente que o jejum no Antigo Testamento é, em seu sentido original, um momento de adoração especial, conectado ao perdão dos pecados no Dia da Expiação.

 

Preparação para uma obra especial

 

O jejum é amplamente comentado no Novo Testamento; o próprio Jesus começa seu ministério jejuando por quarenta dias. O jejum é, portanto, uma preparação para a missão, um tempo de recolhimento e comunhão com o Pai (Mc 1:12; Lc 4:1-13; Mt 4:1-11).

Em outra ocasião, o próprio Jesus anuncia que o jejum é necessário para enfrentar certos tipos de demônios (Mc 9:14; Lc 9:37), acrescentando a conotação de preparação espiritual e fonte de força na luta contra o mal.

 

O jejum como uma experiência individual

 

As palavras de Jesus registradas em Mateus 6:17 enfatizam o jejum como uma experiência individual e privada, o que pode ser inferido da mudança no número de verbos em 6:16 e 6:17, quando Jesus introduz a fórmula “mas você, quando jejuar”, passando do plural para o singular, e assim continua até o final do trecho: “unja a cabeça e lave o rosto, a fim de não parecer aos outros que você está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa” (Mt 6:17b-18c).

Esta mudança não pode ser ignorada. Jesus compara Seus discípulos com os hipócritas e depois fala a cada discípulo individualmente para fazê-los meditar em sua prática particular de jejum. O jejum individual é encorajado a fim de estabelecer uma conexão pessoal com Deus, que no julgamento de Cristo deve ser “em segredo”, sem mostrar a outras pessoas que se está jejuando.

O ensino de Cristo sobre o jejum inclui um convite ao jejum pessoal, secreto e significativo para a vida espiritual particular. Este é provavelmente um dos aspectos esquecidos da prática do jejum na igreja cristã em geral, e na Igreja Adventista em particular. Porém, devido ao seu caráter pessoal e por indicação de Cristo, quando é “secreto” não há como verificar sua existência ou ausência.

A seguir está uma tabela descritiva na qual as formas e motivos registrados na Bíblia para o jejum são observados.

 

Formas bíblicas de jejum

 

Motivos Formas
Autoavaliação e arrependimento  Coletiva 
Em situações de crise Pessoal 
Como preparação para uma obra especial  Total 
Como expressão de dor e sofrimento  Parcial 
Em busca de direção divina  Por um dia 
Para pedir a proteção divina Por vários dias 
Para interceder pelo povo  Pessoal e coletiva 
Para pedir perdão pelos pecados 
Em luta contra o pecado e Satanás 

 

O jejum na Igreja Adventista do Sétimo Dia

 

Os adventistas têm praticado o jejum desde seu início por várias razões, procurando na Bíblia as instruções para observá-lo, embora nem sempre tenham estado em acordo sobre ele. Uma revisão de seus apelos para o jejum, prestando atenção às razões e maneiras de jejuar, mostra seu apego à Bíblia como a autoridade máxima, não apenas em questões de fé, mas também de prática. No entanto, também é observada a falta de uma teologia bíblica que ilustre a prática do jejum.

 

1844-1885

 

Durante este período, o grupo de crentes na segunda vinda de Cristo concentrou sua atenção em estudar e aprofundar as doutrinas distintas mantidas pelo movimento adventista. Na década de 1850, a tarefa é orientada para expor e expandir suas crenças fundamentais. Este período foi caracterizado por uma ênfase marcante no princípio da Sola Scriptura, uma obra de evangelização.

Convencidos de que as Escrituras deveriam ser o único credo16 do movimento, os pioneiros adventistas buscaram praticar o jejum de acordo com o modelo bíblico. Há um registro de numerosas menções de jejum nos primeiros anos da Igreja Adventista. São exortações e apelos ao jejum em datas específicas, com motivos especiais.

Durante este período, a Igreja Adventista do Sétimo Dia realizou jejuns por várias razões: em preparação para o tempo do fim,17 para pedir por saúde,18 para pedir orientação em questões doutrinárias,19 para buscar maior consagração a Deus,20 para pedir auxílio em situações difíceis, como as dificuldades em torno da Guerra de Secessão, para a obtenção do reconhecimento de não-combatentes para os adventistas,21 o que estava causando problemas para os adventistas com relação à observância do sábado e a abstenção do porte de armas.22

Outros motivos de oração foram para o auxílio divino do cumprimento da missão23 e a expressão de gratidão a Deus.24

Em relação à duração do jejum, nesse período é possível observar que na maioria das vezes o jejum era de um dia, mas os jejuns também eram convocados por mais tempo,25 os quais eram chamados de jejuns parciais. Além disso, deve-se notar que desde o início, os adventistas alertaram sobre a necessidade de evitar ver o jejum como algo meritório em termos de penitência.26

Muitas igrejas praticavam o jejum neste período e enviavam à Review and Herald relatos de suas reuniões de oração e as bênçãos que recebiam por causa delas,27 mas embora o jejum fosse frequentemente praticado, alguns pensavam que ele deveria ser praticado ainda mais em razão da época delicada que a igreja vivia.

 

1886-1919

 

Os anos de 1886 a 1919 foram caracterizados pelo entusiasmo e comprometimento de alguns líderes em favor do jejum e por um ponto de virada após a publicação de um artigo escrito por E. J. Waggoner.

Os adventistas, nesse período, jejuaram por vários motivos, para pedir auxílio no cumprimento da missão,29 como forma de expressar gratidão a Deus,30 e para pedir auxílio em situações difíceis.31

As formas de jejum eram variadas em forma e duração; às vezes jejuns parciais eram convocados e instruídos;32 às vezes por um ou mais dias;33 e a posição de que o jejum não é meritório diante de Deus foi confirmada.34

A mudança na forma como o jejum era realizado ocorreu coincidentemente com a publicação de dois artigos sobre jejum publicados por E. Waggoner. Neles, ele mantém a ideia de que o jejum é a abstenção total de alimentos, e que jejuar e comer, mesmo que alimentos leves, seria tão impossível quanto dormir e estar acordado ao mesmo tempo.35 Embora os adventistas continuassem a convocar jejuns, após esses artigos, jejuns totais por mais de um dia não foram convocados novamente. No entanto, não é possível determinar nesta pesquisa se os argumentos de Waggoner foram a causa dessa mudança na forma de praticar o jejum.

 

1920-2015

 

Entre 1920 e 2015, o número de convocações globais para o jejum diminuiu, mas muito mais se escreveu sobre isso. Durante este período se jejuou para pedir o auxílio de Deus no cumprimento da missão,36 para pedir auxílio na preparação para a chuva serôdia,37 para pedir auxílio para enfrentar situações difíceis,38 para pleitear o reavivamento da igreja,39 expressar gratidão a Deus40 e buscar a direção de Deus nas decisões que precisavam ser tomadas.41

O jejum tendia a ser parcial porque algumas pessoas não conseguiam seguir um jejum absoluto42 e foi promovida a ideia de que o jejum era de acordo com a preferência pessoal, visto que, segundo Neal Wilson, a Bíblia não fornece orientações sobre como jejuar.43 Perto do final do período, na lição da Escola Sabatina do terceiro trimestre do ano 2000, em 6 de julho, o jejum foi estudado no contexto do livro de Atos. O autor, citando a Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia, analisa as razões pelas quais a igreja primitiva jejuava e menciona que, se o jejum for considerado apenas um problema de saúde, então também poderíamos passar o tempo assistindo televisão ou navegando pela internet.44

Entre 1980 e 2013 não houve apelos para um jejum que incluísse a igreja global até outubro de 2013, quando Ted Wilson convocou um jejum para orar pelos líderes adventistas presos em Togo.45

Ao final desse período, dois artigos foram escritos. Um deles por Ángel Manuel Rodríguez (2001), defendendo o jejum parcial e para diversos fins, e enfatizando que o jejum não é de forma alguma meritório.46 O outro artigo é de Laurita Ludwing, que propõe um jejum parcial que inclui a abstenção de mídias eletrônicas e redes sociais.47

Um aspecto que podemos observar até agora é que os adventistas têm observado o jejum ao longo de sua história, mas com muito pouca produção teológica sobre isso.

 

Ellen G. White e a prática do jejum

 

Como em muitos outros aspectos da vida da igreja, Ellen G. White também falou sobre o jejum. Nem sempre aconselhou um jejum completo, mas sim um jejum parcial, no qual se utilizam alimentos saudáveis ​​e simples de maneira adequada. Ela diz que o jejum que deve ser recomendado é a abstinência de todos os alimentos estimulantes, bem como o uso adequado de alimentos saudáveis ​​e simples, enfatizando não a alimentação temporária, mas a celestial.48

Ellen G. White também menciona que não é necessário abster-se absolutamente dos alimentos.49 Para ela, a prioridade não é a abstenção, mas a comunhão com o Senhor.

Ela cita vários motivos válidos para o jejum, encontrando motivos de natureza particular, referindo-se à experiência espiritual do indivíduo, ou coletiva, aludindo à necessidade da igreja como corpo para a prática do jejum.

 

Formas de jejum na Igreja Adventista
Em relação às motivações Em relação à forma
Como preparação para a missão  Por um dia 
Para pedir por saúde  Por vários dias 
Para buscar direção em situações difíceis e decisões que precisam ser tomadas Absoluto 
Para orar pelos desafios nos campos missionários  Livre (cada membro define como praticar) 
Para uma maior consagração  Parcial: ingerindo alimentos leves e saudáveis 
Por direção em assuntos doutrinais  Normalmente corporativo 
Para interceder em momentos de conflitos políticos ou guerras
Para receber as bênçãos de Deus 
Pelo reavivamento da Igreja mundial e o derramamento do Espírito Santo 

 

Ela acrescenta que foi neste aspecto que Adão e Eva foram seduzidos,50 e que o jejum fortaleceu Cristo para suportar a prova, vencendo onde Adão e Eva haviam falhado.51

“Adão caiu pela condescendência com o apetite; Cristo venceu pela negação do apetite. E nossa única esperança de reaver o Éden está no firme domínio próprio. Se o poder da condescendência com o apetite era tão forte sobre os homens que, para lhe quebrar as garras, o divino Filho de Deus, em favor do homem, teve de suportar um jejum de quase seis semanas, que tarefa se depara ao cristão! Entretanto, por grande que seja a luta, ele pode vencer”.52

White acrescenta que o principal motivo de Cristo para suportar aquele longo jejum foi nos ensinar a necessidade de abnegação e temperança, um aprendizado que deve começar em nossa mesa.53 Além disso, Ele indica que se o apetite exige carne, é necessário jejuar e orar para domar os apetites carnais.54

 

Jejum por direção divina para resolver questões difíceis e pedir sabedoria

 

Outro motivo para o jejum, de acordo com White, é pedir sabedoria ao Senhor. Ela observa que o jejum e a oração fervorosa levam Deus a “abrir-lhes ao entendimento os Seus tesouros de verdade” e encoraja a membresia a se unirem em jejum para pedir sabedoria.55

Ellen G. White ressalta que quando alguém enfrenta questões difíceis que não podem ser resolvidas sozinhas, deve-se jejuar e orar, e continuar tentando encontrar a solução até que se supere o problema, visto que o jejum e a oração podem ajudar nessas ocasiões.56 Ela acrescenta que se as coisas derem errado e surgir oposição, em vez de se fugir das dificuldades, devemos buscar a “Deus com jejum, oração e pranto, e pela fé, apego à fonte de luz, capacidade e fortaleza até que as nuvens se desfaçam e se disperse a escuridão”.

White aconselha a prática do jejum como um meio de pedir ajuda a Deus e convida os crentes a expor todos os planos diante de Deus com jejum. Ela ressalta que como consequência “Ele endireitará as tuas veredas”,57 indicando que quando surgirem situações de difícil solução, a direção divina deve ser buscada com jejum e oração.58

 

Jejum para enfrentar oposição no cumprimento da missão

 

Falando sobre a obra de Neemias, ela observa: “Quanta angústia de espírito essa necessária severidade custou ao fiel obreiro de Deus, somente o juízo revelará. Houve uma constante luta com elementos opositores; e somente com jejum, humilhação e oração, o progresso foi conseguido”.59

 

Jejum para expressar arrependimento

 

De acordo com White, a expressão de arrependimento também pode ser um motivo para o jejum. Ela sugere que, devido ao zelo e à espiritualidade decadentes, é necessário buscar a Deus em jejum e oração.60 Além disso, observa que aqueles que cometeram o erro de querer dominar os outros devem se arrepender com jejum e oração.61 Ela cita o jejum de Daniel como exemplo de arrependimento e confissão de pecados.62

 

Jejum para ser guiado à verdade

 

White encoraja os crentes a buscarem um entendimento completo da verdade, baseando-se na Bíblia, por meio de um estudo dedicado com jejum e oração.63 Ela acrescenta que este jejum deve estar presente no contexto de um exame crítico das crenças que se sustentam.64 Este tipo de estudo dedicado também será praticado no tempo do fim, quando o mundo deve “ser provado quanto à verdade para aquele tempo, mentes serão despertadas pelo Seu Espírito para pesquisarem as Escrituras, mesmo com jejum e oração, até que se descubra elo após elo”.65

Um uso semelhante é observado ao lidar com debates doutrinários. Nesse contexto, White declara que quando for necessário defender a doutrina de ataques, e o debate se tornar inevitável, aqueles com a responsabilidade de expor a verdade devem se preparar com jejum e oração.66

 

Jejum em preparação para a obra confiada

 

Desde o seu início, a Igreja Adventista teve uma identidade missionária significativa, e este aspecto central da vida da igreja é uma das razões pelas quais White enfatiza para a prática do jejum. Ela afirma que: “Nossa obra tem de ser acompanhada de profunda humilhação, jejum e oração”.67 Ela também esclarece que Jesus foi ao deserto para jejuar a fim de se preparar para a obra que O esperava.68

Falando sobre as reformas de Esdras e Neemias, White diz que quando eles foram a Jerusalém para construir o templo de Deus e restaurar Sua adoração, eles não quiseram pedir ajuda ao rei para auxiliá-los no caminho, mas buscaram a ajuda de Deus por meio de jejum e oração. Eles acreditavam que Deus iria defendê-los e os faria prosperar em razão de seus esforços para servi-Lo.69

 

Jejum pessoal

 

Em 1900, White escreveu uma carta ao então presidente da Associação Geral, Pr. George A. Irwin. Nela se destaca a alusão ao jejum pessoal, o que seria muito benéfico para a fortaleza espiritual das pessoas. “Se todo indivíduo proclamasse um jejum para sua própria alma, estudando a Palavra de Deus com fervorosa oração e lendo somente tais livros que o ajudassem a obter mais clara compreensão da Palavra, o povo de Deus teria muito mais saúde e força espirituais”.70

 

O jejum como auxílio contra a tentação

 

Citando o jejum de Jesus, White aponta que isso O ajudou a enfrentar a provação71, visto que Satanás foi ao deserto para tentá-Lo,72 acrescentando que com esse jejum, Ele adquiriu uma força que somente Deus poderia Lhe dar.73

 

O verdadeiro jejum

 

Em mais de uma ocasião, White descreve o que ela considera ser o verdadeiro jejum, e aponta que ele não deve ser uma prática ritual, que o verdadeiro espírito de devoção não se manifesta em pranto ocioso, ou mera humilhação corporal ou múltiplos sacrifícios, mas na dedicação de si mesmo a um serviço voluntário a Deus e ao ser humano.74

A autora ensina que o verdadeiro jejum não coloca ênfase na abstenção, mas na obtenção de alimento espiritual, afirmando: “Precisam os homens pensar menos acerca do que hão de comer e beber de alimento temporal, e muito mais acerca do alimento do Céu, que dará tono e vitalidade à experiência religiosa toda”.75 Nesse sentido, ela sugere que não se deve forçar a abstenção absoluta de alimentos, mas o uso correto de alimentos simples e saudáveis. Afirma, ainda, que o verdadeiro jejum é mais do que uma formalidade limitada à abstenção de alimentos,76 que o propósito do jejum não é afligir o corpo, mas nos ajudar a perceber a natureza grave do pecado, a fim de nos humilharmos diante de Deus e receber a Sua graça perdoadora.77 Ela, então, acrescenta que se deve estudar o jejum recomendado por Isaías e realizar um autoavaliação cuidadoso para receber as bênçãos de Deus,78 não permanecendo no jejum, mas preparando-se para ser obediente a Deus em tudo.79

O verdadeiro jejum não consiste na mera abstenção de alimentos, mas deve ser acompanhado por um desejo profundo de buscar a presença de Deus, reconhecer e pedir perdão pelos pecados e reconhecer a necessidade de Sua orientação e poder. Para ela, isso é mais importante do que a forma. Como você pode ver, ela até aconselha um jejum que consiste na abstenção parcial de alimentos.

 

Valor medicinal do jejum

 

Ellen G. White também reconheceu o valor medicinal da prática do jejum. Ela lembra que, em muitos casos de enfermidade, o melhor remédio para o paciente é um jejum curto, omitindo-se uma ou duas refeições para que os órgãos cansados pelo trabalho da digestão descansem. White também indica que uma dieta de jejum parcial pode ser praticada por alguns dias sendo de grande ajuda.80 Ela chega a dizer que, em alguns casos, o jejum será mais benéfico do que os remédios, devido à carga que o estômago tenha sofrido.81

 

Jejum no contexto da mudança do sábado para o domingo

 

Além disso, ela escreveu sobre o jejum no contexto da mudança do sábado para o domingo, observando que o diabo induziu os judeus a fazer do sábado um dia de jejum e tristeza, transformando-o em um fardo pesado. Essa atitude dos judeus acentuou o desprezo pelo judaísmo e facilitou a mudança do sábado para o domingo como festividade cristã.82

 

Jejum no Dia da Expiação

 

Uma menção esclarecedora sobre o que a autora pensa sobre o jejum é aquela em que ela explica o propósito do jejum no Dia da Expiação. A esse respeito, ela destaca que o propósito daquele dia era ensinar aos israelitas que não é possível entrar em contato com o pecado sem se contaminar e que, por isso, deveriam passar o dia deixando de lado toda ocupação e se dedicar a um profundo autoavaliação em jejum e oração.83 Dessa forma, o jejum é visto como um complemento da oração, não por causa da abstenção de alimentos em si, mas por causa da priorização da comunhão com Deus sobre todas as outras atividades.

 

Jejum no contexto da Guerra de Secessão e desaprovação da escravidão

 

Referindo-se à posição que alguns estavam assumindo na Guerra Civil Americana, Ellen G. White expressou sua desaprovação da prática do jejum para fins políticos e para apoio a causas injustas. Ela via que naquela guerra nem todas as motivações eram claras ou justas e, citando Isaías 58, declarou que não era adequado jejuar para favorecer os interesses terrenos.84

Foi a única vez que ela desaprovou o jejum, não sendo a forma criticada, mas a motivação. Ela acrescentou: “Vi que esses jejuns nacionais eram um insulto a Jeová. Ele não aceita tal jejum. O anjo relator escreve com respeito a eles: ‘Eis que, para contendas e debates, jejuais e para dardes punhadas impiamente’. Isaías 58:4. Foi-me mostrado como nossos principais dirigentes trataram os pobres escravos que vieram a eles em busca de proteção.”85

No dia de jejum de 3 de agosto de 1861 em Roosevelt, Nova York, Ellen G. White declarou que recebeu uma visão na qual foi mostrado o pecado da escravidão e que a lei contra escravos fugitivos foi “preparada para extinguir no coração de cada homem, os nobres sentimentos de simpatia pelos sofredores e oprimidos escravos.”86

 

Jejum não é mérito

 

O jejum deve ser acompanhado por uma atitude humilde e de confiança apenas nos méritos de Cristo. Sua prática não é meritória perante o Senhor e é inútil quando é realizada com a pretensão de apresentá-la perante Deus como justiça própria. White revela que: “Todo o jejuar do mundo não substituirá a simples confiança na Palavra de Deus. ‘Pedi’, diz Ele, ‘e recebereis’. … Não sois chamados a jejuar quarenta dias. O Senhor suportou esse jejum por vós, no deserto da tentação. Não haveria virtude em semelhante jejum; há, porém, virtude no sangue de Cristo.”87

White acrescenta que o jejum e a oração não levarão a nada enquanto o coração do crente estiver alienado de Deus por um comportamento errôneo.88 Em vez disso, ela explica que nossas próprias obras não podem comprar a salvação e que “jejuar ou orar quando imbuídos de um espírito de justificação própria, é uma abominação aos olhos de Deus.”89 Os que assim praticam o jejum têm uma justiça farisaica, que não vem de Cristo, mas de si mesmos; eles confiam em suas próprias boas obras para se salvarem e estão tentando comprar o Céu por meio de suas obras meritórias, em vez de confiar em Jesus, como todo pecador deve fazer.90

 

Ellen G. White e o jejum

 

Em relação às motivações Em relação à forma
Como preparar para a missão  Não especifica quantidade de dias 
Para pedir por saúde Livre (cada membro define como praticar) 
Para buscar direção em situações difíceis e decisões que devem ser tomadas  Parcial: ingerindo alimentos leves e saudáveis 
Para orar pelos desafios dos campos missionários  Maior ênfase na relação com Deus do que na abstenção 
Por uma maior consagração 
Por direção em assuntos doutrinais 
Para dominar o apetite 
Para enfrentar a provação e a tentação 
Pelo reavivamento da Igreja mundial

e pelo derramamento do Espírito Santo 

Com fins medicinais 
Deve ser acompanhado de obediência e

ações de bondade a próximo 

Não constitui mérito perante o Senhor 

 

Conclusões

 

Ênfase na comunhão

 

A Bíblia apresenta o jejum como uma prática que contribui para a comunhão com Deus. Não tem a ver com penitência nem tem valor soteriológico, mas antes prioriza a oração para se dedicar apenas a ela em espírito de arrependimento e humilhação. Não se trata de uma visão dualista do ser humano, onde o corpóreo é pecaminoso e por isso é deixado de lado, mas se relaciona com a priorização da oração sobre todas as demais atividades. Não se trata apenas de se abster de comida, mas também de se abster de reuniões sociais, negócios ou outras atividades que impeçam uma comunicação especial e significativa com Deus.

O jejum é um tempo de oração e adoração solene, de autoavaliação perante o Senhor, de relação íntima com a Divindade, e pode legitimamente expressar a dor pelo pecado e por ter que conviver com o sofrimento típico das circunstâncias deste mundo.

Na Bíblia está registrado como o povo de Deus praticava o jejum, e também mostra que o Senhor reprovou em alguns casos a forma como era praticado, indicando claramente uma Sua reorientação para o jejum que foi acompanhado de boas obras em relação ao outros, com ênfase na comunhão íntima com Deus. Biblicamente, convém pedir ajuda nas tarefas confiadas pelo próprio Senhor, suplicar por perdão e por força espiritual, orar pela saúde e interceder pelos outros. Pode ser praticado total ou parcialmente, coletiva ou individualmente e por um ou mais dias.

Pode-se concluir que a prioridade do jejum é colocada na comunhão e não na abstenção. O importante é o que acontece na intimidade com Deus, a contrição, a consagração e não o que é deixado de lado, seja comida, negócios, encontros sociais ou outras atividades. No sentido do que foi exposto, pode-se dizer que uma prática correta de jejum, contextualizada aos tempos atuais, estaria mais voltada para a comunhão com Deus do que para o que passamos sem. Uma vez que o objetivo é a conexão com Deus, poderia incluir evitar as conexões terrenas, a mídia, as redes sociais e a tecnologia audiovisual.

 

Não constitui mérito

 

Fiel à sua declaração de que seu único credo é a Bíblia, a Igreja Adventista do Sétimo Dia se distanciou de uma concepção penitencialista do jejum desde o seu início e há um consenso de que não constitui mérito perante o Senhor e que é apenas útil quando é praticado com humildade e com o coração arrependido, reconhecendo a necessidade de perdão e auxílio divino. A ênfase, em termos gerais, está na comunhão com Deus e não na abstenção ou no sacrifício.

 

Motivos em harmonia com o ensino bíblico

 

A Igreja Adventista do Sétimo Dia pratica o jejum desde o seu início com vários propósitos e de várias maneiras. Nele se observam múltiplos motivos pelos quais o jejum foi convocado, tais como preparação para a missão, pedido por saúde, busca de direção nas situações e decisões difíceis, oração por desafios nos campos missionários, busca por maior consagração, pedido de orientação em assuntos doutrinários, intercessão em tempos de conflito político ou guerra, e para o reavivamento da igreja mundial e o derramamento do Espírito Santo. Todos esses motivos estão em harmonia com os encontrados na Bíblia.

 

Várias formas

 

É possível observar diferentes formas de praticar o jejum na IASD, por um ou vários dias, jejum absoluto e parcial, bem como livre, ou seja, cada pessoa decide como praticá-lo, geralmente sendo de maneira coletiva. O fato de não encontrarmos registro de jejum pessoal, obviamente, não é prova de que não seja praticado dessa forma, e outro tipo de pesquisa seria necessário para ajudar a determinar isso; no entanto, quanto ao exposto, tampouco é observado o convite ou a convocação formal para praticá-lo.

 

Escasso estudo teológico sobre o jejum

 

Embora a igreja, desde o seu início, tenha tentado se separar das tradições, confiando apenas na Bíblia para suas crenças e práticas, não há estudo teológico sistemático sobre a prática do jejum, mas apenas alguns artigos nas revistas.91

 

A compreensão de Ellen G. White

 

No entendimento de Ellen G. White, pode-se observar que, em termos de motivações, elas se referem principalmente a: melhoria do relacionamento do crente com Deus, pedido de ajuda divina para os desafios do dever e da vida cristã, preparação para a missão, oração pelos campos missionários, reavivamento da igreja mundial, pedido de orientação em situações e decisões difíceis, pedido de restauração da saúde e propósitos medicinais. Essas são as principais causas válidas para o jejum, segundo White.

Pode-se observar também que, coincidindo com o consenso do que foi escrito nos canais oficiais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o jejum não é meritório em si mesmo no sentido de justiça própria ou penitência como uma purificação do pecado, mas sim é para priorizar o relacionamento com Deus; em outras palavras, o foco não está na abstenção ou na forma, mas no relacionamento do crente com Deus.

No sentido do que foi exposto, pode-se notar que, em relação às formas, para White, o jejum não deve constituir um fardo, mas deve ser livre, sem especificar uma quantidade de tempo e preferindo o jejum parcial ao absoluto.

Deve-se notar que White cita constantemente o jejum de Cristo e dos apóstolos ao dar indicações sobre essa prática, portanto, para ela, o modelo de jejum deve ser buscado na Bíblia e, em particular, no Novo Testamento.

Há também uma clara correspondência no conceito de jejum que emana do que a Bíblia e os escritos de Ellen G. White mostram e do que a Igreja Adventista publicou sobre o assunto.

 

Notas

1 Ambrósio destaca que o jejum ajuda a nos purificar e a nos libertar do pecado e Atanásio acrescenta que a alma é purificada alimentando-se somente de coisas espirituais. Ver: Ambrósio, Carta LXIII, 14-16; Atanásio, Carta I, Easter, 8-9.

2 Raymond A. Mentzer, “Fasting, Piety, and Political Anxiety among French Reformed Protestants”, Church History 76, n. 2 (2007): 357.

3 Frederich S. Rothenberg, “Ayuno”, Diccionario teológico del Nuevo Testamento, 4 vols., eds. Lothar

Coenen, Erich Beyreuther y Hans Bietenhard (Salamanca: Sígueme, 1990), 1:152.

4 David Lambert, “Fasting as a Penitential Rite: a Biblical Phenomenon?”, Harvard Theological Review

96, n. 4 (2003): 477.

5 David C. Duncombe, “From Yale to Jail: A Journey in Ministry”, Journal of Pastoral Care 50, n. 2 (1996): 193.

6 Ibid., 194.

7 Gregory Bainbridge, “Is fasting obsolete?”, Worship 34, n. 9 (1960): 573-578. Também, Ioan Dura, “The Canons of the sixth Ecumenical Synod Concerning Fasting and Their Application to the Present of the Orthodox Faithful”, Greek Orthodox Theological Review 40, n. 1-2 (1995): 149-164.

8 Frederich S. Rothenberg, “Ayuno”, Diccionario teológico del Nuevo Testamento, 4 vols., eds. Lothar Coenen, Erich Beyreuther y Hans Bietenhard (Salamanca: Sigueme, 1990), 1:153.

9 No início, os jejuns eram observados por um ou mais dias, parciais e totais, ver: Daniel Bourdeau, “Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 46, n. 1, janeiro (1875): 3; George Butler, “Seasons of Fasting and Seeking God”, The Advent Review and Sabbath Herald 59, n. 46, novembro (1882): 1; R. Conradi, “Progress of the Cause”, The Advent Review and Sabbath Herald 59, n. 49, dezembro (1882): 1; William Spicer, ed., “Fast and Prayer”, The Advent Review, and Sabbath Herald 98, n. 51, setembro (1921): 8; Arthur G. Daniells, “A Day of Prayer and Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 84, n. 35, agosto (1907): 14. Um resumo das principais maneiras pelas quais a igreja jejuava e como sua prática evoluiu ao longo dos anos é apresentada posteriormente nesta mesma pesquisa.

10 Como preparação para o tempo do fim, ver: Joseph Bates, “The Beast with Seven Heads”, The Advent Review and Sabbath Herald 2, n. 1, agosto (1851): 4; Para pedir por saúde, ver James White, “A Day of Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 6, n. 9, maio (1855): 2.; John Loughborough e John Andrews, “Fasting Day”, The Advent Review and Sabbath Herald 26, n. 18, outubro (1865): 1; O jejum para uma maior consagração a Deus, ver: Bro. Rhodes, “Apointments”, The Advent Review and Sabbath Herald 9, n. 10, janeiro (1857): 72; Pela Guerra da Secessão ver: James White, John N. Loughborough e John N. Andrews, “Fasting Days”, The Advent Review and Sabbath Herald 25, n. 10, janeiro (1855): 5; Como uma maneira de expressar gratidão a Deus, ver: James White, “Fasting Day”, The Advent Review and Sabbath Herald 52, n. 25, dezembro (1878): 4, 5, 10; James White, “A Day of Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 57, n. 18, maio (1881): 9; George I. Butler, “Letters” The Advent Review and Sabbath Herald 82, n. 5, fevereiro (1905): 24; J. L. McElhany, “Special Centennial Services”, The Advent Review and Sabbath Herald 121, n. 41, outubro (1944): 1. 

11 Isso fica evidente ao observar o que está escrito sobre o assunto ao longo da história da igreja e o que está documentado nesta pesquisa, cada vez que eram dadas instruções sobre como jejuar, aqueles que o faziam baseavam-se no que encontraram na Bíblia, por exemplo, Stephen Haskell, “Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 63, n. 48, dezembro (1886): 9; General Conference Committee, “A Call to Fasting and Prayer”, 3, 4, 5, 11, 24; e Ángel Manuel Rodríguez, “Go Fast”, Adventist Review, setembro (2001) http://archives.adventistreview.org/2001-1537/story3.html (21 julho de 2016). Embora, como veremos mais tarde, nem todas as opiniões sobre como jejuar estivessem de acordo. 

12 No desenvolvimento desta pesquisa, foram encontradas 243 citações em espanhol e 426 em inglês que tratavam do tema jejum, mas nos concentramos naquelas que o abordam de forma direta e não tangencial; também foram omitidas as repetições que ocorreram por causa das várias compilações. 

13 Sobre a influência de Ellen G. White, ver: Robert W. Olson, 101 Preguntas acerca del Santuario y Elena G. de White (Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1982), 49; Housel Jemison, A Prophet Among You (Mountain View, CA: Pacífic Press Publishing Association, 1955), 381.

14 Ver Isaías 58:2-5, um estudo mais aprofundado deste texto será apresentado no final do artigo.

15 Edward J. Young, The book of Isaiah, The New International Comentary on the Old Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1972), 418-420.

16 Ibid., 23, 24.

17 Joseph Bates, “The Beast with Seven Heads”, The Advent Review and Sabbath Herald 2, n. 1, agosto (1851): 4.

18 Em maio de 1855, Tiago White e M. Cornell convocaram as igrejas para orar e jejuar para rogar a Deus pela saúde de vários pastores. Nesta convocação, os organizadores apoiaram seus argumentos em textos bíblicos. Ver. James White, “A Day of Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 6, n. 9, maio (1855): 2. Oraram também pela saúde de Tiago White em outubro de 1885 ver: John Loughborough e John Andrews, “Fasting Day”, The Advent Review and Sabbath Herald 26, n. 18, outubro (1865): 1. 

19 James White, “A Day of Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 6, n. 9, maio (1855): 2. 

20 James White, “Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 18, n. 6, julho (1861): 60. Em julho de 1861, Tiago White, devido à crise econômica que ameaçava a editora, foi recomendado um dia de jejum e oração para que Deus operasse em Seus filhos, e naquela situação delicada. Ele foi apoiado por M. Cornell e Joseph Bates, que escreveram cartas abertas na seguinte edição da Review and Herald para apoiar a moção., ver M. E. Cornell e Joseph Bates, “Meeting in Michigan” The Advent Review and Sabbath Herald 18, n. 7, agosto (1861): 159. 

21 White, “Fasting and Prayer”, 60; James White, John N. Loughborough e John N. Andrews, “Fasting Days”, The Advent Review and Sabbath Herald 25, n. 10, janeiro (1865): 5. O objetivo da recomendação era pedir a Deus o fim da guerra e seu apoio à justa causa do Norte, pois “seria tão ilusório culpar o governo pela guerra, como seria culpar o governo do Céu pela rebelião de Satanás”. 

22 George Knight, Nuestra iglesia: Momentos decisivos (Miami, FL: Apia, 2005), 86, 87.

23 Uriah Smith, “Fasting and Praying”, The Advent Review and Sabbath Herald 27, n. 20, março (1866): 1, 5.; também: E. P. Daniels y G. H. Randall, “A Day of Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 59, n. 35, agosto (1882): 9. 

24 James White, “Fasting Day”, The Advent Review and Sabbath Herald 52, n. 25, dezembro (1878): 4, 5, 10. Também, em 1881, convocou-se um jejum para orar a fim de receber as bênçãos de Deus, convocação que foi marcada para o sábado, dia 21 de maio daquele ano, ver Daniel Bourdeau, “Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 46, n. 1, janeiro (1875): 3.

25 Em 21 de novembro de 1882, G. Butler convocou um jejum de três dias. Pelas características desse escrito, um espaço específico é dedicado posteriormente. No entanto, deve-se notar que, no que diz respeito ao jejum, o convite de Butler é para um jejum parcial, passando um tempo na igreja orando e dando testemunho. George Butler, “Seasons of Fasting and Seeking God”, The Advent Review and Sabbath Herald 59, n. 46, novembro (1882): 1. 

26 Em 1875, D. Bourdeau escreveu um artigo dedicado ao jejum no qual pretendia se separar da Igreja Católica. Neste ensaio, ele apontou que muitos praticavam como a igreja popular ensina, e que faziam no contexto da justiça própria e de penitência. No artigo indicado, ele declara que “devemos evitar o erro de considerar o jejum uma obra pela qual o perdão e o favor de Deus podem ser merecidos.” Revendo uma profusa quantidade de textos bíblicos, Bourdeau concluiu que o jejum é necessário para a prática, mas não como uma prática estabelecida com datas específicas e obrigatórias para todos, mas como um complemento na oração e na busca do apoio divino em nossa missão, luta contra o mal e compreensão das Escrituras, ver Daniel Bourdeau, “Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 46, n. 1, janeiro (1875): 3.

27 R. S. Patterson, “Fasting Day”, The Advent Review and Sabbath Herald 18, n. 7, agosto (1861): 1. A carta de Patterson foi escrita em 5 de agosto e publicada em 20 de agosto; entre julho e outubro, vários irmãos relataram as bênçãos da convocação para o jejum. Além disso, o precedente pode ser visto nas seções de cartas da Review and Herald. Ver: The Advent Review and Sabbath Herald, novembro (1866), págs. 4-7; dezembro (1866), págs. 4-8. Também é relatado que durante alguns dias de jejum as igrejas passavam tempo recebendo instruções de líderes espirituais. 

28 Daniel Hull, “Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 9, n. 10, janeiro (1860): 6.

29 Em 1886, S. Haskell escreveu um artigo defendendo as convocações ao jejum, argumentando que elas vão na direção do jejum mencionado por Joel 2; ressaltando, ainda, que o povo deve se arrepender de seus pecados, praticar a piedade e se preparar para a grande obra que deve ser realizada na iminência da volta de Cristo, ver: Stephen Haskell, “Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 63, n. 48, dezembro (1886): 9. Além disso, o dia 17 de setembro de 1909 foi estabelecido como um dia de oração e jejum para a igreja nos Estados Unidos e Canadá, em vista do grande desafio evangelístico apresentado pelas grandes cidades. Considerando as dificuldades para a obra de evangelização, o pouco tempo das pessoas, a pressão do estilo de vida das grandes cidades, os obstáculos para o acesso de homens e mulheres que moram e trabalham em prédios seguros e de acesso restrito, chega-se à conclusão de que é necessário pedir a ajuda de Deus com jejum e oração para o cumprimento da missão. A convocação foi anunciada por uma carta publicada pelo pastor Arthur G. Daniells, ver: Arthur G. Daniells, “A Day of Prayer and Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 84, n. 35, agosto (1907): 14. 

30 Em 2 de fevereiro de 1905, G. Butler convocou um jejum para a União do Sul, por ocasião da celebração do aniversário das reuniões de Nashville, ver: George I. Butler, “Letters” The Advent Review and Sabbath Herald 82, n. 5, fevereiro (1905): 24. 

31 Arthur G. Daniells, “A Day of Prayer and Fasting”, The Advent Review and Sabbath Herald 84, n. 35, gosto (1907): 6.

32 O pastor O. Olsen publicou uma coluna onde dá instruções sobre como observar o jejum programado para os dias 3 a 6 de outubro de 1890. Nela, ele indica que as pessoas não devem ser forçadas a fazer um jejum absoluto por três dias, pelo contrário, cada um deveria agir como cada um acreditasse ser melhor diante de Deus. Ele sugere que as pessoas com saúde normal comessem refeições leves ao chegarem em casa após a segunda reunião, e que os idosos ou doentes comessem algo quente antes do culto; da mesma forma, ele aconselha que mais tempo fosse dedicado à oração durante o dia e menos tempo ao trabalho, tanto quanto possível. O precedente, como será visto mais tarde, é muito próximo ao proposto por Ellen G. White, ver: Ole Olsen, “Manner of Observing the Season of Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 63, n. 35, setembro (1890): 10. También, Haskell, “Fasting”, 9, 10. 

33 Um jejum de dois dias durante a semana foi convocado após o congresso de 1888, quando foi convocado um tempo de jejum e oração para a quarta e quinta-feira, 19 e 10 de dezembro daquele ano, dias que não coincidem com o sábado. S.N.H., “Days of Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 8, maio (1888): 7. 

34 Ole Olsen, “Day of Fasting and Prayer” The Advent Review and Sabbath Herald 73, n. 19, maio (1896): 1.

35 Ellet Waggoner, “Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 73, n. 42, outubro (1896): 2.

36 Artur Daniells, “Effectual Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 98, n. 51, dezembro (1921): 8; General Conference Committee, “A Call to Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 112, n. 32, agosto (1935): 4; J. F. Wright, “Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald, agosto (1942): 3; D. R. Watts, “Newly, Edged, with Power”, The Ministry 23, junho (1970): 24, 25; Alf Lone, “Call to Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 153, n. 43, outubro (1976): 13. 

37 Meade McGuire, “Preparation for the Latter Rain”, The Advent Review and Sabbath Herald 118, n. 33, junho (1941): 20. 

38 Francis Mclellan Wilcox, “A Day of Fasting and Prayer”, The Advent Review and Sabbath Herald 119, n. 321, outubro (1927); General Conference Committee, “A Call to Fasting and Prayer”, 3, 4, 5, 11, 24. 

39 Ibid., 32, 24. 

40 J. L. McElhany, “Special Centennial Services”, The Advent Review and Sabbath Herald 121, n. 41, outubro (1944): 1. 

41 M. E. Kern, “Day of Fasting and Praying”, The Advent Review and Sabbath Herald 131, n. 1, maio (1954): 16. Em 1980, o presidente da Associação Geral, N. Wilson, convocou um jejum para o dia 12 de abril para pedir a orientação de Deus na reunião da Associação Geral a ser realizada em Dallas naquele ano. Ele ressaltou que o jejum e a oração foram muito importantes não só para os pioneiros da Igreja Adventista, mas também para a Igreja Cristã, que não deviam apresentar os planos preparados ao Senhor, mas orar para que Ele mostrasse Sua vontade em relação aos planos para a pregação do evangelho.

42 Um artigo sobre o jejum em The Ministry foi publicado em janeiro de 1995. Nele, M. Johnston explora a prática do jejum no Novo Testamento, na história eclesiástica e na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, produzindo um estudo muito completo sobre o assunto. Ela propõe que devemos praticar mais, porém com equilíbrio, descrevendo como alcançá-lo. Sugere uma prática não absoluta, mas parcial, cuidando para que os motivos estejam de acordo com os ensinados nas Escrituras.

43 Wilson, “A call to fasting and prayer”, Adventist Review and Sabbath Herald 57, n. 11, março (1980): 7, 8. 

44 Carlos G. Martin, Witnessing Turning the world Upside Down: Adult Sabbath Bible Study Guide (Silver Spring: Pacific Press Publishing, 2000), 21, 22, 24.

45 Ann Staff, “Adventist President Calls for December 1 Day of Prayer: Fasting to Support Falsely Accused Members”, Adventist Review, outubro (2013) archives/issue-2012-1533/33cn-wilson-calls-for-dec-1-day-of-fasting-and-prayer.

46 Ángel Manuel Rodríguez, “Go Fast”, Adventist Review, setembro (2001). http://archives.adventistreview.org/2001-1537/story3.html (21 julho 2016). 

47 Laurita Ludwing, “A Different Kind of Fast”, Adventist Review, fevereiro (2004) http://archives. adventistreview.org/2004-1509/ (26 julho 2016).

48 Ellen G. White, Conselhos sobre o Regime Alimentar (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 90.

49 Ibid., 188.

50 Elena G. de White, Cristo nuestro Salvador (Mountain View: Pacific Press Publishing Company, 1897), 38.

51 White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 273.

52 Ibid., 167.

53 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 418; ver também Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 76. 

54 White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, 400.

55 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 650; White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 187; Ellen G. White, Testemunhos sobre Conduta Sexual, Adultério e Divórcio (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 234.

56 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, 3:216.

57 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 364.

58 White, Testemunhos sobre Conduta Sexual, p. 233.

59 Ellen G. White, Profetas e Reis (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 346.

60 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1999), p. 609. 

61 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 9 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 278. 

62 Ellen G. White, Para Conhecê-Lo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1964), p. 268.

63 Ellen G. White, Obreiros Evangélicos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 299.

64 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 3 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1949), p. 221. 

65 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 286.

66 Ellen G. White, Evangelismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 165.

67 White, Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 29.

68 White, Cristo nuestro Salvador, p. 37.

69 White, Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 259.

70 Ellen G. White, Este Dia com Deus (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 153.

71 White, Cristro nuestro Salvador, p. 37. 

72 Ibid., 37.

73 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 129.

74 White, O Desejado de Todas as Nações, p. 338.

75 White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, 188.

76 Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 87.

77 Ibid. 

78 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 3 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 518. 

79 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 38.

80 Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), p. 235. 

81 White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 190.

82 Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 52.

83 Ibid., p. 524.

84 White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 284.

85 Ibid., p. 257.

86 White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 264.

87 White, Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 189.

88 White, O Grande Conflito, p. 375.

89 White, O Desejado de Todas as Nações, 191.

90 White, Testemunhos para a Igreja, vol. 3, p. 172.

91 Olsen, “Manner of Observing”, 10; Waggoner, “Fasting”, 10; Daniells, “A Day of Fasting and Prayer”, 34; W. P. Bradley, “Sanctify a Fast”, The Advent Review and Sabbath Herald, março-abril (1980); Hill, “Fasting: a discipline ministers need”, 6-8; Johnston, “Fasting with Balance”, 20, 21.