Ser um evangelista é mais do que simplesmente falar às pessoas a respeito de Jesus; é preciso que nos tornemos mestres do evangelho. O evangelho é proclamado pela pregação das boas novas. Esse é o princípio. Mas nós também precisamos explicar aos novos crentes as implicações e as conseqüências de crer no evangelho. Isso é necessário para fazer verdadeiros discípulos.
A autoridade para ensinar
R.T. France observa que, quando Jesus disse aos seus discípulos que eles deveriam ensinar, ele estava lhes transferindo a autoridade para serem mestres. No verísculo 28.20, Mateus usa pela primeira vez o verbo “ensinar” – didask? –, o que implica que os discípulos então tinham a autoridade recebida de Cristo para ensinar outros.
Crer no evangelho exige que o crente nascido de novo se submeta ao ensino e receba instrução a fim de viver de acordo com a vontade de Jesus. Fazer discípulos começa com a confissão de fé em Cristo (Romanos 10.9); então, segue-se o batismo no nome do Pai, Filho e Espírito Santo, de modo que possamos fazer parte da igreja a fim de aprender a observar tudo o que Jesus nos ordenou no contexto de uma comunidade de crentes.
A necessidade de ensinar
O fato de que a igreja foi estabelecida por Jesus para ser uma comunidade de ensino é evidente. E se essa é a natureza da igreja, então o ministério cristão é, primordialmente, um ministério de ensino.
Em Atos 2.42, nós aprendemos que a igreja primitiva se reunia para perseverar na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Os primeiros cristãos priorizavam o seu tempo juntos a fim de compreender o evangelho e suas implicações em suas vidas. Os apóstolos formulavam o evangelho. Então os pregadores proclamavam o evangelho e os mestres ensinavam as implicações éticas da mensagem.
Deus concedeu dons à igreja a fim de que o evangelho seja mantido no centro da nova comunidade. Paulo afirma, em sua segunda carta à Timóteo: “Deste evangelho fui constituído pregador, apóstolo e mestre.” (1.11, NVI). Todos os dons e posições dados a Paulo eram usados para servir ao evangelho. A igreja, então, deve ser a guardiã do evangelho, e tudo o que a igreja faz e todo ministério na igreja deve ser um instrumento para a promoção do evangelho e o avanço do reino de Cristo. Este é o único modo de cumprir a Grande Comissão.
O que ensinar
Ao avaliarmos quais ensinamentos são essenciais aos novos discípulos, nós podemos considerar o que Derek Tidball sugere serem as metas do ensino de Paulo:
Ele [o apóstolo] deseja que seus discípulos cresçam, tornem-se adultos maduros, não mais infantes nem crianças (1Coríntios 3.1-4; 14.20; Efésios 4.14-15). Ele deseja que a noiva seja uma virgem, esposa de um só marido, que não tenha olhos para nenhum outro (2Coríntios 11.2). Usando imagens do estádio e da pista de corrida, ele deseja que eles desenvolvam força, cresçam em resistência e não fraquejem na fé (1Coríntios 9.24-27; Efésios 4.16; 1Tessalonicenses 3.2; 2Tessalonicenses 2.17, 3.3). Usando imagens da agricultura, ele deseja que as raízes se aprofundem e que os frutos se desenvolvam (1Coríntios 3.5-9; 2Coríntios 9.10; Gálatas 5.22; Filipenses 1.11; Colossenses 1.10, 2.7). Usando imagens da educação, ele deseja que eles “aprendam Cristo” (Efésios 4.20).
Tridball demonstra aqui a rica diversidade dos ensinamentos que os discípulos devem receber, os quais, contudo, focam todos em uma única meta: a criação de crentes fortes e maduros.
Ao saber que estava próximo da morte, Paulo lembrou Timóteo do seu dever para com o evangelho. O coração de seu ministério era pregar e ensinar o evangelho, defendê-lo dos ataques e falsificações, e assegurar a sua fiel transmissão às gerações vindouras. Timóteo estava encarregado de guardar o evangelho (2Timóteo 1.14), de sofrer pelo evangelho (2.3, 8-9), de perseverar no evangelho (3.13-14) e de proclamar o evangelho (4.1-2). Este é o maior privilégio e dever que pode ser confiado a um mestre: ser um guardião do evangelho e ensiná-lo fielmente a discípulos fiéis.