Entre o dever e o prazer

“O trabalho bem-sucedido para Cristo não depende tanto de números nem de talentos, como da pureza de desígnios, da genuína simplicidade, da fervorosa e confiante fé”

Existe uma linha muitíssimo tênue entre um indivíduo que é excelente profissional da carreira que escolheu para a vida e aquele que se revela altamente vocacionado para uma tarefa. Na realidade, são muito parecidos e estão presentes em todos os ramos de atividade. Mas, o tempo se encarrega de expor os indícios que os distinguem. Enquanto o primeiro executa suas atividades impulsionado por mera obrigação, o segundo as cumpre também pelo senso do dever, mas, sobretudo com prazer.

No ambiente ministerial, também podemos encontrar aqueles a quem podemos identificar como pastores profissionais e pastores vocacionados. Os primeiros trabalham por mera obrigação. Os últimos são caracterizados pela prazerosa diligência no desempenho de suas tarefas. E a cada um de nós compete escolher imitar um desses dois modelos. No primeiro caso, a prioridade parece ser o cuidado de si mesmo em detrimento das responsabilidades de alimentar, instruir e defender dos lobos devoradores o rebanho que lhe foi confiado por Jesus. Geralmente, o representante desse modelo alimenta exacerbada aspiração pelo poder, mostra-se exibicionista, nutre ciúmes em relação aos companheiros, cumpre o programa estabelecido e fica demasiadamente frustrado quando não recebe aplausos pelos seus feitos.

Em contrapartida, o segundo modelo pastoral anteriormente citado, independentemente da função que ocupa, cumpre seu papel com alegria, singeleza de coração, sinceridade, incondicional e altruisticamente, impulsionado pela contínua conscientização da soberana vocação recebida do Senhor e priorizando a aprovação dEle, pois “todos serão chamados a prestar contas estritas de seu ministério… Aquele que for encontrado fiel receberá um rico galardão” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 192).

Caso tenhamos sido tentados a ser apenas parcialmente íntegros no exercício da suprema vocação graciosamente outorgada por Deus, podemos dar meia-volta e, sob a guia do Espírito Santo, construir uma nova realidade. Nesse sentido, são válidos todo esforço e disposição. Nosso chamado foi, primariamente, originado no trono de Deus. A liderança terrestre da igreja apenas o ratificou.

Manter-nos fiéis à unção divina se constitui o caminho certo para genuíno crescimento pastoral, o que não significa necessariamente galgar elevadas funções institucionais, desfrutar popularidade e receber aplausos humanos. A posição não faz o homem. “Não são as grandes coisas que todos os olhos vêem e toda língua louva, que Deus considera mais preciosas” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 615). “O trabalho bem-sucedido para Cristo, não depende tanto de números ou de talentos, como da pureza de desígnio, da genuína simplicidade, da fervorosa e confiante fé” (Ibid., p. 370).

Portanto, sejamos diligentes, trabalhando com alegria, pois “não é o resultado que atingimos, mas os motivos por que procedemos, que têm valor para com Deus. Ele preza a bondade e a fidelidade acima de tudo mais” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 267).