Jesus, o Divórcio e o Novo Casamento em Mateus 19 Parte I

Jesus, o Divórcio e o Novo Casamento em Mateus 19 Parte I

Jesus, o Divórcio e o Novo Casamento em Mateus 19 Parte I

Ekkehardt Mueller

 

Recentemente, enquanto viajava para a Europa, minha esposa encontrou um interessante artigo numa revista, descrevendo o comportameto das mulheres modernas. Felizmente, uma dama escreveu o artigo. Ela ilustrou seu argumento descrevendo a quebra em fragmentos de um casamento. Uma ex- medalhista de ouro e mantenedora de recorde mundial, que ainda está ativa seguindo sua carreira nos esportes, abandonou seu marido, um finalista mundial por duas vezes e agora alguém que dirige o lar, incluindo o cuidado dos dois filhos dela, por causa de um amante, que também é um bem conhecido esportista. A escritora do artigo afirma que esse comportamento que era considerado masculino, deixar a esposa e filhos de maneira inominável para viver com uma nova parceira, se tornou comum entre as mulheres. Eva Kohlrusch observa sarcasticamente: “As mulheres podem se congratular uma com a outra. A igualdade progride. As mulheres fazem mais e mais frequentemente aquilo que no passado era considerado um comportamento tipicamente masculino. Elas abandonam seus casamentos e seus filhos com o pai deles… Ela se comporta como ele tinha feito no passado… Precisamos inventar um conceito totalmente novo para proteger as crianças dos sentimentos de abandono.”1 

O divórcio e novo casamento têm se tornado um desafio para as sociedades e igrejas. Ideias da era pós-moderna também estão influenciando os Cristãos. Alguns abandonaram o conceito da verdade absoluta. O pluralismo é parcialmente aceito. O ser humano se tornou o alvo supremo. Vida abundante é definida apenas como sentir-se bem e estar bem. A dor e o sofrimento se tornaram inaceitáveis. Embora existam circunstâncias muito difíceis em alguns casamentos, devemos compreender que algumas vezes as pessoas podem abandonar seus casamentos muito facilmente. 

Jesus tratou do assunto do divórcio, e suas declarações são encontradas em Mateus 5 e 19, Marcos 10, e Lucas 16. Neste artigo, enfocaremos Mateus 19, quando os Fariseus perguntaram a Jesus as razões para o divórcio (19:1-12). 

Jesus frequentemente enfatizou a indissolubilidade do casamento. Ele confirmou o ideal de Deus como instituído no Jardim do Éden. E creio que Ele deseja que vejamos a beleza do casamento e esqueçamos o discorrer longamente sobre problemas. Isto pode ser indicado pelo contexto no qual o relato de Mateus 19:1-12 é encontrado. 

  1. Declarações de Jesus Sobre Casamento e Divórcio e Sua Interpretação 

Os Cristãos aceitaram Jesus como seu Salvador e Senhor. Eles decidiram seguir Seus passos (1 Pe 2:21). Sua vida, morte, e ressurreição os salvou. Seu ministério sacerdotal no Céu os apoia. Seus ensinos são normativos para eles. Portanto, quando chegam a decisões menores bem como importantes na vida, os Cristãos perguntam o que Jesus tem a dizer a respeito das questões envolvidas. Isto é especialmente verdadeiro no caso do divórcio e novo casamento. Em quatro lugares dos Evangelhos Sinóticos Jesus tratou esta questão: Mateus 5:31, 32; 19:1-12; Marcos 10:1-12; e Lucas 16:18. 

Cronologicamente, Mateus 5:31, 32 vem primeiro. Este texto pertence ao Sermão do Monte. No início de Seu ministério, Jesus tratou desta difícil e complicada questão. O lugar é a Galileia. Mateus 19 e seus paralelos em Marcos e Lucas pertencem ao ministério Pereano de Jesus. De acordo com Mateus 19 e Marcos 10 os Fariseus forçaram Jesus a discutir o tópico, porém Ele não o evitou e Se deparou com ele muito claramente. 

No tempo de Jesus, o divórcio era aceito despreocupadamente. Basicamente, a escola de Hillel permitia como uma razão para o divórcio tudo quanto um marido não gostasse a respeito de sua esposa. Queimar uma refeição podia ser uma tal razão. 

Por outro lado, a escola de Shammai permitia que um marido se divorciasse de sua esposa apenas se ela tivesse cometido alguma espécie de ofensa sexual. Contudo, o que era considerada uma ofensa sexual? Ela incluía uma esposa ter sido vista em público com o cabelo descoberto ou com os braços expostos. De acordo com o Rabi Meir, ela também incluía uma atitude saliente para com escravos e vizinhos, fiar tecido na rua, beber impulsivamente na rua e nadar com homens. Era mais ou menos uma ofensa dos costumes em voga por sua esposa que permitia um marido obter o divórcio.2 Em adição, o divórcio era visto como um privilégio que Deus havia dado a Israel. “De acordo com a tradição rabínica Yahweh tinha dito: ‘Em Israel Eu dei o divórcio, não dei o divórcio entre os Gentios.’ Apenas em Israel ‘Deus ligou Seu nome com o divórcio.’”3 Em vez de seguir o plano de Deus e aceitar a indissolubilidade do casamento, o divórcio era considerado um privilégio. “Consequentemente, mesmo a dissolução de um casamento sem qualquer razão era considerado válido…”4 

As palavras de Jesus sobre o divórcio e novo casamento têm sido entendidas de maneiras totalmente diferentes. Aqui estão alguns pontos de vista que são mantidos: 

  1. O divórcio é impossível mesmo no caso de adultério; de outra maneira Jesus não diferiria de Moisés e teria tomado uma posição mais liberal do que a Lei Mosaica que – no caso de adultério – requeria a pena de morte. Novo casamento era impensável.5 
  1. O divórcio não é possível exceto no caso de adultério. Entretanto, mesmo se um parceiro comete adultério e o casal se divorcia, o novo casamento é excluído. Esta é a posição dos pais da igreja e é encontrada mesmo em nossos dias.6 
  1. O divórcio não é possível exceto por infidelidade sexual durante o período de noivado. Se for descoberto que um dos parceiros foi infiel durante o tempo do noivado, o divórcio é permissível, bem como o novo casamento.7 
  1. O divórcio não é possível exceto no caso de adultério. Se um parceiro cometer adultério e o casal se divorciar, o parceiro que não cometeu adultério pode se casar novamente. 

Entretanto, a reconciliação é preferível. Esta é a posição de Erasmo de Rotterdam, dos principais Reformadores, muitos evangélicos e da Igreja Adventista.8 

    1. Mateus ao citar Jesus desafia os leitores e ouvintes a se arrependerem da dureza de seus corações e olho mau, para se desviarem de qualquer brincadeira com a ideia de divórcio, e a entesourarem o dom fantástico do casamento. 
      1. O Contexto de Mateus 19a A Escritura se opõe ao divórcio. Contudo é possível se divorciar. As razões não são apenas o adultério mas também o abandono por um dos cônjuges, abuso, violência, etc. O novo casamento é possível.9 Alguns sugerem que a questão de quem é culpado não deveria ser discutida. Outros sugerem que o novo casamento sempre é possível, pelo menos sob a condição que o cônjuge anterior manifesta um espírito de perdão.10 
        1. É argumentado que as palavras originais de Jesus não contêm a cláusula de exceção. Estas palavras originais são encontradas em Marcos e Lucas. A cláusula de exceção ocorre em Mateus e é uma adição da igreja primitiva, que sob a influência do Espírito Santo e de Cristo subsequente à 

        Páscoa atualizou o texto Bíblico. Outra aplicação e atualização é encontrada em Paulo (1 Co 7:12-15). Portanto, a igreja Cristã tem o direito de não apenas interpretar mas também de reinterpretar a Escritura. Existe uma abertura para tratar de outros casos não mencionados na Escritura. Por que o Espírito Santo não deveria conduzir a igreja moderna a encontrar outras razões para um divórcio legitimado como Ele conduziu a igreja do passado?11 

        1. É argumentado que quando Jesus no Sermão do Monte tratou o assunto do divórcio e novo casamento isto não foi um mandamento. Porque o verso 30 de Mateus 5 deve ser entendido figurativamente, o verso 32 e toda a passagem também deve ser entendida figurativamente. Embora a intenção de Jesus que os casamentos devem ser permanentes seja clara, o divórcio e o novo casamento são possíveis. 
        1. A cláusula de exceção se refere apenas ao incesto. O divórcio é possível somente se existe um “casamento”, que de acordo com Levítico 18 jamais deveria ter sido instituído, e se um crente e um descrente estão casados e o descrente desejar um divórcio. Entretanto, cônjuges que abusam de seus parceiros verbal ou fisicamente, que são alcoólatras ou viciados em drogas, que são blasfemadores, que amam os prazeres mais do que a Deus, etc., dificilmente são crentes, mesmo que sejam Cristãos batizados. Eles devem ser evitados.12 

        Agora voltemos a Mateus 19 e façamos um estudo mais detalhado. 

      1. A Posição de Jesus no Contexto de Mateus 19 e 20a 

      Mateus 19:1-20:16 é uma passagem que descreve o ministério de Jesus. Seus seguimentos13 são ligados a cada outro por um vocabulário comum.14 Também podemos detectar que Jesus fala primeiro aos Fariseus (19:3-9). Então Ele se volta para os discípulos (19:10-15). Depois do diálogo com o jovem príncipe rico (19:16-22), como este homem é chamado, Jesus novamente ensina Seus discípulos (19:27- 20:16). 

      1. Pai e Mãe 

      “Pai e mãe” é uma dessas conexões literárias. Em 19:5 Jesus fala sobre o deixar pai e mãe tão logo um homem se case. Em 19:19 Ele menciona o quinto mandamento, isto é honrar pai e mãe, e em 19:29 Ele declara que Seus discípulos podem algumas vezes ser forçados a deixar pai e mãe por causa de Jesus. Deixar pai e mãe para se casar não viola o quinto mandamento, nem deixar pai e mãe por causa de Jesus. 

      Desse modo, o casamento indiretamente pode ser comparado com o relacionamento entre Jesus e Seus discípulos. A famosa passagem em Efésios 5 pode estar pressagiada aqui. Se o casamento é semelhante à nossa conexão com Jesus, quão importante e exaltado ele deve ser, quão belo e abençoado, e quão duradouro! Quem quer que tenha provado da bondade de nosso Senhor e o prazer de tais pessoas em desfrutar de Sua comunhão, pode desfrutar este fantástico dom do casamento. 

      1. Quem Deixa e Quem não Deixa 

      Mateus 19:29 é muito interessante: “E todo aquele que tenha deixado casas ou irmãos ou irmãs ou pai ou mãe ou filhos ou fazendas por causa do Meu nome, receberá muitas vezes mais, e herdará a vida eterna.” Quase nos choca que Jesus nos fala sobre deixar crianças da família, pais, e até mesmo filhos, mas Ele não fala sobre alguém deixar a esposa.15 Omitindo uma referência à esposa aqui, a mensagem para nós parece ser: Mesmo por causa de Jesus não nos é pedido para deixarmos nosso esposo ou esposa, estar separado de ele ou de ela, ou se divorciar de nosso cônjuge. O casamento é indissolúvel. O casamento é bom. Jesus não dividiu casamentos quando Ele pediu que as pessoas O seguissem. 

      1. O Sétimo Mandamento 

      Em Mateus 19:9 Jesus discute o divórcio, novo casamento, e adultério. Em Mateus 19:18 Ele cita o sétimo mandamento, “Vocês não cometerão adultério.” Os dois textos usam um verbo com uma raiz comum. Novamente o casamento é importante para Jesus. Obviamente, Suas declarações em Mateus 19:9 e 5:27-32 estão relacionadas ao sétimo mandamento e portanto ao Decálogo. Jesus argumenta contra os Fariseus e volta ao relato da Criação e Se refere aos Dez Mandamentos indiretamente. 

      A posição de Jesus é que a Lei tem que ver com tudo. Esta Lei ainda é a mesma. No tempo de Jesus ela ainda era tão obrigatória quando ela foi pronunciada por Deus no Monte Sinai. Ela também é válida hoje. Ela é independente da mudança de culturas e sistemas de valores. Esta Lei é boa. O dom de Deus do casamento e Sua proteção deste dom são bons. 

      1. O Coração Duro 

      A conexão mais importante entre as partes diferentes de Mateus 19 e 20a, e portanto o tópico mais importante no ministério Pereano de Jesus é, parece, o tema do coração duro e o motivo relacionado do olho mau.16 O próprio Jesus introduziu a frase “dureza de coração” em 19:8. Os Fariseus mostraram clara evidência de corações duros, porque buscavam razões que lhes permitiriam abandonar o casamento. Eles não entendiam o maravilhoso dom de Deus do casamento, e eles o arruinaram por causa de sua atitude e comportamento (19:3, 7). Quando eles pensavam a respeito do casamento, apenas o divórcio vinha à sua mente. 

      Porém, até mesmos os discípulos de Jesus tiveram uma experiência dura em aceitar Seus ensinos sobre o casamento. Eles sugeriram permanecer solteiro e não se casar, se o casamento é indissolúvel (19:10). Eles entenderam claramente o argumento de Jesus, e contudo deciram permanecer do lado dos Fariseus. Eles 

      também não podiam pensar no casamento em outros termos além do divórcio. Eles tinham corações duros. Esta dureza de coração é manifestada um pouco mais tarde quando eles encontraram as pequenas crianças trazidas a Jesus a fim de serem abençoadas, eles ralharam com elas (19:13). 

      O jovem príncipe rico não estava desejoso de vender suas posses e dar o produto ao pobre. Por causa da dureza de coração é difícil para o rico entrar no Reino de Deus (19:21-23). Novamente os discípulos parecem a favor daqueles que não se esforçam para entrar no Reino de Deus. (19:25), e a pergunta de Pedro sobre a recompensa de seguir a Jesus pode indicar a dureza de coração (19:27). 

      Finalmente, na parábola dos trabalhadores da vinha, aqueles que tinham trabalhado o dia inteiro não ficaram contentes com o seu salário. Eles se queixaram sobre a generosidade do proprietário da terra. O problema não é que o senhor não os pagou salários satisfatórios. O problema é que aqueles que não tiveram a oportunidade de estar empregados o dia inteiro receberam a mesma quantia de dinheiro. Eles se compararam com seus cobreiros, e em vez de serem movidos pela gratidão por aquilo que tinha acontecido a estes, eles se concentraram em si mesmos e alegaram a injustiça feita a eles. O proprietário da terra responde: “Ou é seu olho mal porque eu sou generoso?” Em vez de se regozijarem com seus cobreiros e louvar a generosidade do senhor, eles murmuraram e se queixaram. Eles tinham um olho mau. Sua dureza de coração não lhes permitiu ver a bondade de Deus. 

      Desse modo, a seção inteira sobre o ministério Pereano de Jesus desafia os leitores a apreciarem os dons extraordinários de Deus, especialmente o dom do casamento, e a se desviarem de qualquer consideração sobre o divórcio. 

      1. Sumário 

      Sumariando podemos dizer: 

      1. Até um certo grau o relacionamento de Jesus com Seus discípulos pode ser comparado ao relacionamento entre esposo e esposa. Por causa deste relacionamento, alguém pode precisar deixar outras pessoas e posses. Os benefícios são imensuráveis. 
      1. Seguir a Jesus não significa se separar ou se divorciar de um cônjuge. O casamento é indissolúvel. 
      1. A declaração de Jesus sobre o divórcio está ligada ao sétimo mandamento. Este mandamento é obrigatório e é independente da mudança dos tempos e culturas. 
    1. A Posição de Jesus Sobre o Divórcio no Contexto de Mateus 18 

    Mateus 19 é precedido por uma conversa entre Jesus e Seus discípulos em Cafarnaum. Apesar dos diferentes locais geográficos, existem fortes conexões entre Mateus 18 e 19. Isto inclui os termos “discípulos;” “reinos;” “crianças;” e “coração.”17 No início do capítulo 18, os discípulos fazem a pergunta: “Quem então é o maior no Reino do Céu?” (18:1), a resposta menciona uma criança, os pequeninos, e o pecado de um irmão (18:2-20). Depois de Sua resposta, Pedro faz outra pergunta, tratando do assunto de perdão dos pecados (18:21). Jesus responde com uma declaração curta e a parábola do servo rancoroso (18:22-35). 

    1. O Coração Duro 

    Apesar de os discípulos terem sido admoestados a não desprezarem os pequeninos e nem escandaliza-los (18:6, 10), eles não tinham aprendido sua lição, como seu comportamento descrito em 19:13 demonstra. Em vez de dar as boas-vindas às crianças em nome de Jesus, eles as tinham rejeitado. Embora advertidos contra a dureza de coração em Mateus 18, os discípulos tinham exibido precisamente 

    esse comportamento. O capítulo 18 termina com a admoestação que o Pai Celestial entregará à tortura aqueles que não perdoarem de coração seus irmãos (18:34, 35). O tema de um coração duro já está presente no capítulo 18, embora a frase exata aparecerá somente em 19:8. O servo rancoroso é um exemplo por excelência de uma pessoa de coração endurecido, e é interessante que este tema é desenvolvido na perícope seguinte que trata do divórcio e o novo casamento. 

    Em vez de perdoar seus cônjuges, existem pessoas tais como os Fariseus, que olham apenas para as brechas e possibilidades para abandonarem seus casamentos e se desfazerem de seus parceiros. Elas não se preocupam com suas esposas ou seus maridos. Elas não estão interessadas neles. Eles se esquecem do débito incalculável que têm com Deus por Ele tê-las perdoado, e levam em conta todos os enganos de seus cônjuges contra elas. O perdão não é praticado, nem mesmo considerado. Reivindicando o cumprimento da Lei, elas são julgadas pela Lei. Sua dureza pode alcançar até mesmo o porquê desejam abandonar o casamento, mesmo embora seus cônjuges afinal não tenham pecado contra elas. 

    1. Cortando Uma Mão e Arrancando Um Olho 

    Mateus 18:8, 9 falam simbolicamente sobre a automutilação. Cortar uma mão e arrancar um olho a fim de impedir de ser desviado é encontrado quase que identicamente em Mateus 5:29, 30, a passagem que é aludida em Mateus 19:1-12. Mateus 18:8 adiciona o cortar de um pé. Visto que estes versos em Mateus 5 são encontrados no contexto do adultério e fornicação, os versos paralelos respectivos em Mateus 18 também podem se referir a pecados sexuais. 

    Somos chamados a lutar contra o pecado, incluindo pecados sexuais. Somos chamados a lutar por nossos casamentos e fazê-los funcionar. Os membros da igreja são chamados para ajudarem àqueles que estão em perigo de serem seduzidos e desviados. Algumas vezes a disciplina da igreja é necessária a fim de traze-los de volta. Em qualquer caso, depois do arrependimento o perdão deve ser concedido. Nossa vida conjugal vive de perdão. Vivemos para perdoar. Portanto, estendamos nosso perdão a nossos cônjuges. A questão não é o divórcio. A questão é perdoar um ao outro e abandonar o coração duro. 

    1. Sumário 

    Novamente sumariamos: 

    1. Mateus 18, com seus paralelos em Mateus 5:29, 30 preparam o caminho para a discussão sobre o divórcio e o adultério no capítulo 19. Embora as declarações de Jesus em Mateus 19:4-6, 8, 9 e 11, 12 sejam baseadas no relato da Criação, elas também contêm uma exposição do sétimo mandamento. Jesus afirma que ao se casar de novo, a pessoa pode cometer adultério. O casamento por sua própria natureza é indissolúvel. Os mandamentos de Deus ainda são válidos. 
    1. Novamente os leitores são desafiados a abandonarem sua dureza de coração e a perdoarem livre e graciosamente um ao outro (18:35; 19:8). 
    1. Em vez de procurar o divórcio e nutrir o pensamento de estar “livre” novamente, somos desafiados a conceder perdão e parar de levar em conta os enganos de nossos cônjuges. O perdão é ilimitado. 
    1. Em alguns casos de colapso marital, a disciplina da igreja é necessária. Seu alvo é impedir que os envolvidos se tornem “ovelhas perdidas” (Mt 18:12-14). Seguindo Mateus 18:15-20 e a parábola subsequente, os membros da igreja são chamados a perdoarem seus irmãos desviados. 

     

    Eva Kohlrusch, “Seitensprung in ein neues Leben” em Bunte, nº 28/2000, pp. 88, 89 (traduzida). Para o pano de fundo histórico veja Hermann L. Strack e Paul Billerbeck, Das Evangelium nach Matthäus erläutert aus Talmud und Midrasch, Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud und Misrasch, Band 1 (München: C.H. Beck’sche Verlagsbuchhandlung, 1986), pp. 304, 315-320. Walter Grundmann, Das Evangelium nach Markus (Berlin: Evangelische Verlagsanstalt, 1984), p. 270 (traduzido). Hermann L. Strack and Billerbeck, pp. 304, 315-320. Cf. Samuele Bacchiocchi, The Marriage Covenant: A Biblical Study on Marriage, Divorce, and Remarriage (Berrien Springs, Mich.: Biblical Perspectives, 1991), p. 183. Cf. Gordon J. Wenham and William E. Heth, Jesus and Divorce (Carlisle, UK: Paternoster Press, 1984), pp. 19-44. Esta também parece ser a posição de A. Schlatter. Cf. Adolf Schlatter, Das Evangelium nach Matthäus (Stuttgart: Calwer Verlag, 1947), pp. 73, 74. Veja também Walter Grundmann, Das Evangelium nach Lukas (Berlin: Evangelische Verlagsanstalt, 1984), p. 324; Walter Grundmann, Das Evangelium nach Matthäus (Berlin: Evangelische Verlagsanstalt, 1990), pp. 163, 428. Cf. Bacchiocchi, p. 182. Veja Wenham und Heth, que discuste esta interpretação nas pp. 73-99. Cf. Craig S. Keener, . . . and Marries Another: Divorce and Remarriage in the Teachings of the New Testament (Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1991) e o Manual da Igreja Adventista (Washington, D.C.: General Conference of Seventh-day Adventists, 2000). Ellen G. White, O Lar Adventista (Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 1987), pp. 341, 342: “Nada se não a violação do leito matrimonial pode quebrar ou anular o voto matrimonial. . . Deus reconhece apenas uma causa pela qual a esposa pode deixar seu marido ou o marido a sua esposa: o adultério.” Francis D. Nichol, ed., The Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 5 (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1956), p. 454: “Aqui e na discussão paralela de Jesus em Mateus 5:32 parece estar implícito, mesmo embora não especificamente declarado, que a parte inocente de um divórcio está em liberdade para se casar novamente. Este tem sido o entendimento da grande maioria dos comentaristas através dos anos.” Veja “Divorce and Remarriage Study Commission Report, 22.6.99,” pp. 5, 10. 10 Lothar Wilhelm, “ ‘. . . das soll der Mensch nicht scheiden’? Fragen zu den Aussagen der Evangelien über Ehescheidung und Wiederverheiratung”, em Glauben heute, Jahrespräsent 1999, editado por Eli Diez (Lüneburg: Advent- Verlag, 1999), pp. 16-33. 11 Cf. Robert M. Johnston, “Divorce and Remarriage: What the Bible Teaches” (documento preparado para o Concílio Mundial de Ministros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 1990). 12 Bacchiocchi, pp. 183-189, 215, 216. Na p. 216 ele escreve: “Como um Cristão se relacionará com um cônjuge que persiste em seu estilo perverso de vida? A admoestação de Paulo é direta: ‘Evite tais pessoas’ (2 Tm 3:5). Viver com e amar uma pessoa que ruidosa e obstinadamente viola os princípios morais do Cristianismo, significa desculpar tal estilo de vida imoral.” 13 (1) Casamento, divórcio, e permanecer solteiro (19:1-12), (2) a bênção dos filhos (19:13-15), (3) “o jovem príncipe rico” (19:16-26), (4) recompensas do discipulado (19:27-30), e (5) parábola dos trabalhadores na vinha (20:1-16). 14 E.g., “discípulo” (19:10, 13, 25), “o Reino do Céu” (19:12, 14, 23; 20:1), “pai e mãe” (19:5, 19, 29), “palavra” (19:1, 11, 22) e “adultério” (19:9, 18). 15 Alguns manuscritos contêm o termo “esposa,” outros não. Novos Testamentos Gregos modernos tais como o Novum Testamentum Graece de Nestle-Aland, e The Greek New Testament das United Bible Societies, omitem a palavra. A passagem paralela em Mc 10:28-30 não menciona a esposa, (num bom númbero de manuscritos importantes), entretanto, Lc 18:29 o faz. Contudo Lc 18:29 e o texto sobre o divórcio em Lc 16:18 não são encontrados no mesmo contexto imediato. É verdade que os discípulos deixaram temporariamente suas esposas e seguiram Jesus. Mas mais tarde é relatado que Pedro estava viajando com sua esposa (1 Co 9:5). Os contextos específicos de Mateus e Marcos que contêm a passagem sobre o divórcio e novo casamento podem ter causado a omissão do termo “esposa” da lista daqueles que um discípulo podia ter que deixar por causa do Reino do Céu. As pessoas poderiam ter tirado conclusões erradas que eram opostas à intenção de Jesus. No contexto de Mateus 19 e Marcos 10, era necessário enfatizar que o discipulado não leva a um divórcio e não é permissão para um divórcio. Mesmo em Lucas o termo “deixar” tem significado apenas uma separação temporária. Em 1 Co 7:12, 13 Paulo parece tratar do mesmo assunto ou um semelhante, declarando que o crente não deve se divorciar do descrente. 16 Veja Daniel Patte, The Gospel According to Matthew: A Structural Commentary on Matthew’s Faith (Philadelphia: Fortress Press, 1987), pp. 261-280. 17 (1) 18:1-35 – O diálogo de Jesus com os discípulos (crianças, Reino do Céu); (2) 19:1-9 – O diálogo de Jesus com os Fariseus; (3) 19: 10-15 – O diálogo de Jesus com os discípulos (crianças, Reino do Céu).

 

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