Assistir a telejornais, ler jornais e revistas são hábitos de todos nós que desejamos estar bem informados. Mas, qual é a pauta de notícias que nos é oferecida diariamente? Como se também assistisse a tudo o que vemos hoje, Ellen G. White responde: “Vivemos em meio de uma epidemia de crime, diante da qual ficam estupefatos os homens pensantes e tementes a Deus em toda parte. A corrupção que predomina está além da descrição humana. Cada dia traz novas revela- ções de conflitos políticos, de subornos e fraudes. Cada dia traz seu doloroso registro de violência e ilegalidade, de indiferença aos sofrimentos do próximo, de brutal e diabólica destruição de vidas humanas. Cada dia testifica do aumento da loucura, do assassínio, do suicídio (A Ciência do Bom Viver, p. 142, 143).
Em busca de explicação para o que veem, algumas pessoas têm sugerido a falta de educação, desigualdade social, péssima gestão governamental e outros fatores como responsáveis pelo cenário tão desolador. Porém, essas realidades são apenas o resultado das ações de um agente maior: Satanás, o arqui-inimigo destruidor. Afinal, “quem pode duvidar que agentes satânicos se achem em operação entre os homens, numa atividade crescente, para perturbar e corromper a mente, contaminar e destruir o corpo?” (Ibid.).
Infelizmente, há quem duvide e chegue até mesmo a questionar o caráter, o poder e o amor de Deus. Não poucos parecem seguir na esteira do pensamento alimentado por Epicuro, filósofo grego do período helenístico: “Deus ou quer impedir os males e não pode; ou pode e não quer; ou nem quer nem pode, ou quer e pode. […] Se pode e quer, que é o único conveniente a Deus, de onde provém, então, a existência dos males? Por que Ele não os impede?” (Reinholdo A. Ullmann, Epicuro: o Filósofo da Alegria, p. 112).
De fato, o ser humano não pode entender plenamente todas as nuanças do sofrimento, a menos que o analise à luz do milenar conflito entre Deus e Satanás. Rebelandose contra a ordem e a autoridade divinas, o inimigo foi expulso do Céu e estabeleceu sua base na Terra. Desde então, tem-se empenhado em levar os seres humanos à destruição, atacando “como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8), ou valendo-se da sutileza de adulações e enganos quase imperceptíveis.
O teólogo Ricardo Norton, em artigo nesta edição, enumera alguns desses enganos, diretamente relacionados também à vida pastoral. Entre eles está, por exemplo, a excessiva atividade que tende a nos roubar o tempo que deve ser dedicado à comunhão com Deus. Nunca é exaustivo insistir nesse ponto, pois há sempre o perigo de que o pastor tenha as mãos tão cheias do que fazer, que o coração seja esvaziado de Deus e Sua Palavra. Então, será também esvaziado de poder e sabedoria, a cidadela da alma será avariada e o inimigo encontrará brecha para agir.
Outro ardil empregado pelo inimigo, na tentativa de destruir o pastor, é a ilusão do êxito. Conforme escreveu o erudito francês Theodore Monod, o sucesso pode nos levar a duas veredas perigosas: (1) atribuição da glória a nós mesmos e (2) arrefecimento do ânimo, acomodação, justamente quando deveríamos continuar investido nosso melhor esforço no trabalho. Isso é tudo o que Satanás deseja. Por isso, lembra Monod, Deus não nos impôs a obrigação de ter sucesso, mas a necessidade de ser fiéis e diligentes em todas as coisas. Também devemos ser vigilantes sobre nós mesmos, nossas debilidades, tendências e propensões humanas, a fim de que, em Jesus Cristo, sejamos vencedores sobre o mal e seu autor.
Os dias atuais exigem que, como pastores, preguemos e vivamos de maneira a desmascarar o grande adversário diante do mundo e da igreja. As pessoas precisam ouvir e entender claramente o fato de que Deus permite o sofrimento para que, ao observarmos os feitos dEle e os do inimigo, entendamos quem é o verdadeiro facínora do Universo, e quem é a fonte do amor. Porém, um dia, muito brevemente, o inimigo será destruído para sempre. Aleluia! Deus é sempre o vencedor!