A palavra desigrejado está se tornando cada vez mais comum no contexto evangélico. O termo designa cristãos que escolheram viver sua fé fora da igreja institucional. Os Estados Unidos, maior país protestante do mundo, têm acompanhado o aumento gradativo do número de desigrejados. No Brasil, de acordo com o último censo, já é possível constatar essa tendência também. Josh Packard, professor de sociologia da University of Northern Colorado, recentemente publicou um estudo a respeito dos desigrejados norte-americanos. Além dos indicadores numéricos, esse relatório mostra os principais motivos pelos quais as pessoas estão abandonando as igrejas, não a fé, nos Estados Unidos.
Em primeiro lugar, 71% dos entrevistados disseram que uma postura recriminatória contribuiu para que eles saíssem da igreja. Na sequência, 60% indicaram que o excesso de burocracia foi determinante para que abandonassem o contexto eclesiástico institucional. Em terceiro lugar, foi mencionada a desconexão entre os ensinos da igreja e as lutas da vida cotidiana.
É importante destacar que, ao mesmo tempo que os desagregados rejeitam a vivência eclesiástica institucional, eles valorizam a ideia de viver em verdadeira comunhão com outros cristãos, em um contexto de simplicidade e proximidade. As estatísticas comparativas entre Estados Unidos e Brasil ajudam a entender melhor as dimensões desse grupo em crescimento.
Estados Unidos
- 30,5 milhões de norte-americanos se declaram cristãos, mas não frequentam nenhuma igreja
- 40% dos desigrejados eram ativos em suas congregações
- 9% dos desigrejados se vinculariam a alguma religião novamente
- 63% não pretendem se vincular novamente à igreja
Brasil
- 4 milhões de brasileiros se declaram evangélicos, mas não frequentam nenhuma igreja
- 62% dos desigrejados saíram de denominações neopentecostais
- 63% declararam que voltariam a frequentar uma igreja que não apresentasse os problemas que os afastaram da comunhão
- 29% não pretendem se vincular a outra igreja novamente
A comparação entre os percentuais dos Estados Unidos e do Brasil pode apresentar números diferentes; contudo, a realidade é igualmente incômoda. A fim de conter esse fenômeno, os líderes cristãos precisam ouvir de forma acolhedora a voz dos desagregados, voltar-se ao ensino bíblico sadio e apresentar os princípios espirituais contextualizados aos desafios de nosso tempo.