“Assim como Cristo tratou as crianças, devemos nós tratá-las também. Não podemos ser obstáculos, mas pontes que as levem a Jesus.”
Aquela parecia ser uma reunião comum de oração. De repente, uma garota de apenas 14 anos se levanta e começa a dar seu testemunho. Começa a contar a história do amor de Jesus para com ela e como estava feliz seu coração por Jesus tê-la libertado do cativeiro do pecado e negro desespero. Diante de uma multidão expectante, lágrimas de gratidão começam a rolar na face daquela juvenil.
Lágrimas também rolam na face de um jovem pastor presente. Ele conhecia a história daquela garota. Vira sua luta e sofrimento por entender o amor e o perdão de Deus. Ficou profundamente emocionado e começou a chorar em voz alta.
“Durante os poucos minutos que passei recebendo instrução do pastor Stockman, obtive mais conhecimento sobre o assunto do amor de Deus e de Sua compassiva ternura, do que todos os sermões e exortações que já ouvira.”
Este pastor de apenas 30 anos era Levi F. Stockman e aquela garota de 14 anos era Ellen G. Harmon.1 Ellen havia tido dois sonhos,2 e por conselho de sua mãe, Eunice Harmon, Ellen fora em busca do pastor Stockman, que era um pregador do advento. O pastor Stockman era um dedicado servo de Cristo e ao se encontrar com Ellen demonstrou interesse e ternura ao ouvir sua história. Colocou sua mão sobre a cabeça de Ellen e disse: “Ellen, você é tão criança! Sua experiência é muitíssimo singular, numa idade tão tenra como a sua. Jesus deve estar preparando você para algum trabalho especial”.3
O pastor estava certo. De fato, Jesus estava preparando esta jovem de 14 anos para ser a profetisa de sua Igreja Remanescente. Quem, por cerca de 70 anos, dedicaria sua vida ao estabelecimento e organização daquela que viria a ser a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Depois de ouvir a história de Ellen, o pastor Stockman falou a ela do amor de Jesus. Esclareceu que a agonia e desespero que ela estava sentindo por causa do pecado, eram prova de que o Espírito de Deus estava atuando em seu coração. Falou do amor de Jesus por seus lhos errantes e do plano da salvação. Aconselhou Ellen a crer que a mão de um Pai amoroso estava sobre ela, mesmo diante dos problemas que enfrentava
por causa de seu acidente. “Vai em paz, Ellen. Volte para sua casa con ante em Jesus, pois Ele não retirará Seu amor de todo àquele que O buscar verdadeiramente”.4 Então orou e ela saiu de sua presença animada e confortada.
Ellen escreveu, anos depois: “Durante os poucos minutos que passei recebendo instrução do pastor Stockman, obtive mais conhecimento sobre o assunto do amor de Deus e de Sua compassiva ternura, do que todos os sermões e exortações que já ouvira”.5
Não podemos ignorar o conselho daquele que disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus”, Marcos 10:14. Ali não estavam apenas crianças pequenas, mas mesmo adolescentes.6 Assim como Cristo os tratou, devemos nós tratar. Não podemos ser obstáculos, mas pontes que os levem a Jesus.
O pastor Stockman faleceu em 25 de junho de 1844,7 a menos de 4 meses do grande desapontamento, mas sua dedicação permanece como um exemplo para os pastores, professores e cristãos de hoje. Ele não imaginava o futuro que aguardava a Ellen, mas tratou aquela garota com amor e ternura, como uma candidata ao reino dos céus.
Todos os dias nós estamos cercados de crianças e jovens. Que influência nós temos exercido sobre eles? O choro do pastor Stockman naquela reunião onde Ellen testemunhou era um choro de empatia e felicidade. Ele estava sendo testemunha ocular do poder de Deus na vida de uma garota tão jovem. Seu choro evidenciava alguém comprometido com a salvação, mesmo de uma frágil garota.
Em sua primeira visão, em dezembro de 1844, Ellen vê ao pastor Stockman debaixo da árvore da vida.8 Esta visão nos indica seu selamento para a manhã da grande ressurreição (2 Tessalonicenses 4:15,16; 1 Coríntios 15:52). Uma preciosa lição cou registrada para todos nós: Devemos ensinar com amor e dedicação a todos, mesmo os mais infantes, pois não sabemos os planos que Deus tem reservado a eles.
Há uma recompensa aguardando a todos os que ensinam com amor e dedicação. Um dia poderemos estar debaixo da árvore da vida com o pastor Stockman, e Deus conceda, com todos aqueles que hoje temos a chance de ensinar e influenciar.
REFERÊNCIAS
1 Nome de solteira de Ellen G. White. Ela se casou com Tiago White em 30 de agosto de 1846, mudando seu nome então para Ellen G. White.
2 O relato destes dois sonhos aparece em: Ellen G. White. Primeiros Escritos. p. 78.
3 Ellen G. White. Testemunhos para a Igreja. vol. 1. p. 29.
4 Idem. p. 30.
5 Idem.
6 Ellen G. White. O Desejado de Todas as Nações. p. 512.
7 Seventh-day Adventist Encyclopedia. Vol. 10. p. 1.263.
8 Ellen G. White. Primeiros Escritos. p. 17.
Pr. Arilton Oliveira