A dupla inseparável: o Espírito Santo e a pregação

A dupla inseparável: o Espírito Santo e a pregação

O poder do Espírito Santo é indispensável ao elaborar e entregar sermões eficazes. Minimizar Seu papel na pregação cria uma falsa dicotomia entre a disciplina da homilética e a doutrina da pneumatologia. O Espírito Santo desempenha sete papéis importantes na vida do pregador, na preparação de um sermão, no momento da pregação e na vida dos ouvintes.

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SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO HAVERIA… BÍBLIA

Ao discutir o papel do Espírito na pregação, a primeira coisa a ressaltar é que, sem o Espírito Santo, não teríamos nenhuma Bíblia para pregar. A Bíblia declara que toda a Escritura se originou “inspirada por Deus” (2Tm 3:16, NKJV) e que os profetas bíblicos foram “movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21, NKJV).

As palavras da Escritura não são “ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito” (1 Co 2:13, ARA) Isso indica que, por meio da influência do Espírito Santo, Deus revelou Seu pensamento aos autores bíblicos, que, por sua vez, utilizaram as melhores palavras de seu próprio vocabulário para transmitir as mensagens divinas.

Portanto, “não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens que foram inspirados. A inspiração atua não nas palavras do homemou em suas expressões, mas no próprio homem, que, sob a influência do Espírito Santo, está imbuído de pensamentos. Mas as palavras recebem a impressão da mente individual. A mente divina está difusa. A mente e a vontade divinas combinam-se com a mente e a vontade humanas; assim, as declarações do homem são a palavra de Deus”.

Além de inspirar as Escrituras, é também o Espírito Santo, como diz James Forbes, “quem tem pastoreado a palavra por meio da compilação, tradução, canonização e transmissão até o tempo presente”.

SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO HAVERIA… PREGAÇÃO

Mesmo além da Bíblia, o Espírito Santo também concede o dom espiritual de pregar com base nas Escrituras. Embora as epístolas paulinas não se refiram diretamente à pregação como um dom espiritual, podemos inferir que sim, com base na descrição de Paulo do dom de profecia. Sam Chan postula que “Paulo usa principalmente o termo ‘profetas’ e ‘profetizar’ para descrever pessoas que proclamam – anunciam – a palavra de Deus. […] É sobre tal proclamação revelada pelo Espírito (Ef 3: 5) que a igreja é edificada (Ef 2:20). […]

“Nesse caso, é difícil ver como a pregação pode ser essencialmente diferente do entendimento primário de Paulo sobre a profecia. Embora ‘profecia’ não se restrinja a ‘pregação’, ela denota principalmente ‘pregação’”.

A pregação, então, é um dom espiritual que o Espírito Santo concede com o propósito de proclamar e celebrar as boas-novas de Jesus Cristo.

SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO HAVERIA… PREGADOR

Ao conceder o dom espiritual da pregação, o Espírito Santo determina quem recebe o chamado para ser um pregador.Greg Heisler afirma essa noção quando declara: “A pregação guiada pelo Espírito só pode ser realizada por um pregador chamado pelo Espírito. Primeiro, deve haver um chamado divino para pregar que esteja firmemente baseado na iniciativa soberana de Deus, e que venha por meio da inspiração interior do Espírito”.

Foi realmente a inspiração do Espírito Santo na vida de Jeremias e Paulo que resultou em sua declaração: “[…] é como se um fogo ardesse em meu coração, um fogo dentro de mim. Estou exausto tentando contê-lo; já não posso mais”(Jr 20:9, NVI) e “[…] pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9:16,NVI).

Além de serem “chamados a pregar”, aqueles que o Espírito seleciona também são “enviados” para representar Deus publicamente (ver Romanos 10:14 , 15 , NRSV). Para Paulo, o pregador é um porta-vozde outro – e não como alguém com sua própria mensagem autorizada por ele mesmo.

Portanto, é “impossível pregar verdadeiramente o evangelho e não ser chamado, comissionado, capacitado, dotado e enviado” pelo Espírito Santo. 7 Como Jesus, todo pregador deve declarar com confiança que “’o Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar […]’” (Lc 4:18, NVI).

SEM O ESPÍRITO SANTO,NÃO HAVERIA… ENTENDIMENTO

Visto que a Bíblia é o produto da mente de Deus revelada por meio do Espírito (1 Co 2:12, 13), podemos compreender tanto o significado original quanto sua aplicação presente somente por meio da assistência do Espírito de Deus (v. 13, 14; 2Co 3:14-18; cf. Jo 6:45; 16:13).

Reconhecendo a necessidade do Espírito Santo para obter uma compreensão adequada das Escrituras, Lutero declara: “Ninguém que não tem o Espírito de Deus vê um jota do que está nas Escrituras. Todos os homens têm seus corações escurecidos, de forma que, mesmo quando podem discutir e citar tudo o que está nas Escrituras, eles não entendem ou realmente sabem de nada. […] O espírito é necessário para a compreensão de todas as Escrituras e de cada parte das Escrituras”.

É por meio da oração que os pregadores convidam o Espírito Santo a tocar seus corações e “impressionar a mente com ideias calculadas para atender aos casos daqueles que precisam de ajuda”.

O Espírito Santo também revela ao pregador o que a congregação precisa ouvir. É por meio da oração que os pregadores convidam o Espírito Santo a tocar seus corações e “impressionar a mente com ideias calculadas para atender aos casos daqueles que precisam de ajuda”.

Tomé também sugere que, se o Espírito Santo vai transformar a vida das pessoas, “o Espírito deve estar envolvido no ponto em que começamos a preparação do sermão”.

Por outro lado, o pregador nunca deve usar o Espírito Santo como desculpa para não gastar tempo de qualidade na elaboração de um sermão. Tal negligência claramente ignora o conselho de Paulo de “ser diligente em apresentar-se a Deus aprovado, um obreiro que não precisa se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15, NKJV). Ressaltando o ponto de que a preguiça aborrece o Espírito Santo, Spurgeon declara: “Não consigo imaginar o Espírito esperando à porta de um preguiçoso e suprindo as deficiências criadas pela indolência”.

Os pregadores devem confiar no Espírito Santo ao empregar os princípios da hermenêutica e homilética. Eles devem buscar a direção do Espírito Santo ao selecionar e estudar apassagem, descobrindo o conceito exegético, formulando a ideia homilética, determinando o propósito do   sermão, escolhendo uma ilustração e delineando e escrevendo o próprio sermão.

SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO HAVERIA… PODER

Tendo recebido uma interpretação adequada da passagem e da mensagem a proclamar, o pregador, durante o sermão, também deve demonstrar uma “forte confiança na presença e poder do Espírito Santo”. Spurgeon declara que “era melhor falar seis palavras no poder do Espírito Santo… do que pregar setenta anos de sermões sem o Espírito”.

Em última análise, o Espírito Santo capacita a pregação trabalhando dentro e ao lado das palavras do indivíduo para dar testemunho de Jesus Cristo – e não pela pessoa ou habilidade retórica do pregador. Pregar sem o poder do Espírito Santo nunca resultará em vidas transformadas.

Precisamos especialmente do poder doEspírito Santo em um mundo pós-moderno no qual muitas vezes é intimidante pregar a verdade aos cínicos, céticos e julgadores de qualquer coisa queenfrente o pecado, clame ao arrependimento e desafie o status quo. Pregar com poder exige abertura para o mover do Espírito Santo. Durante a apresentação do sermão, o Espírito Santo pode trazer novos insights à mente do pregador. Em outras ocasiões, o Espírito pode orientar o orador a substituir ou mesmoomitir uma ilustração planejada de um sermão, a citar uma referência bíblica não incluída originalmente ou a mudar uma palavra ou frase para expressar um pensamento mais claramente. Spurgeon sugere que os pregadores não devem ficar tão presos a seus manuscritos a ponto de extinguirem a liderança do Espírito durante seus sermões:

“Não vejo onde é dada a oportunidade ao Espírito de Deus paranos ajudar na pregação, se cada jotae til for decidido de antemão. Deixe sua confiança em Deus ser livre para mover mãos e pés. Enquanto você estiver pregando, creia que Deus, o Espírito Santo, pode lhe dar, na mesma hora, o que você deve falar;e pode fazer você dizer o que não havia pensado anteriormente; sim, e faça com que esta declaração recém-dada seja a própria ponta deflecha do discurso, que atingirá mais profundamente o coração do que qualquer coisa que você tenha preparado”.

SEM O ESPÍRITO SANTO,NÃO HAVERIA… PROCLAMAÇÃO DE CRISTO

O Espírito Santo também revela a Palavra pessoal de Deus, Jesus (João 1: 1 , 14 ; 15:26 ; 16:14). Para o Vessel Kerr, “é o Espírito, o Grande Comunicador, que tira o Cristo ressuscitado do reino das meras ideias e da história e O torna uma realidade presente para a consciência do crente”.

Totalmente convencido de que o Espírito Santo cumpriu e continua a cumprira predição de Jesus, HMS Richards escreve: “O Espírito Santo disse mais sobre Jesus do que sobre si mesmo. O Espírito Santo não fala muito sobre si mesmo. […] Ele fala sobre Jesus”.

SEM O ESPÍRITO SANTO,NÃO HAVERIA… CONVICÇÃO E CONVERSÃO

Independentemente de quão bem pesquisado seja um sermão ou quão eloquente seja o orador, ninguém será convertido a menos que o Espírito Santo opere no coração dos ouvintes. Como Ellen White tão apropriadamente declara: “Embora devamos pregar a Palavra, não podemos comunicar o poder que vivificará a alma e fará brotar justiça e louvor.

Na pregação da Palavra precisa haver a operação de um agente que supera as forças humanas. Somente pelo Espírito divino será a Palavra viva e poderosa para renovar o caráter para a vida eterna. Isso é o que Cristo buscava incutir em Seus discípulos. Ensinava que nada que possuíam em si mesmos podia dar êxito a seus esforços, mas o miraculoso poder de Deus é que torna eficaz Sua Palavra”.

Muitos pregadores usam a culpa e o medo para coagir as pessoas a entregar suas vidas a Jesus. Mas isso coloca a manipulação humana acima da operação do Espírito Santo, reduzindo a pregação a pouco mais do que uma apresentação teatral. Podemos superar essa impotência homilética quando reconhecemos que “somente o Espírito pode fazer com que nossos ouvintes nasçam novamente para ver o reino (Jo 3:3), e somente pelo Espírito nossos ouvintes podem amadurecer (Gl 3:3)”.

INDISPENSÁVEL

O Espírito Santo é indispensável para uma pregação eficaz. Os pregadores devem recuperar e manter a convicção de que “se a qualidade da pregação grandemente melhorada for experimentada em nosso tempo, ela resultará do poder renovador e da presença do Espírito Santo”.

Reconhecendo a necessidade de confiança constante no Espírito Santo durante o processo de preparação e entregado sermão, e para a resposta dos ouvintes à mensagem, a oração de todo pregador deve ser: “Espírito do Deus vivo, desça novamente sobre mim. Derreta-me, molde-me, preencha-me, use-me”.

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