Cada cristão tem a responsabilidade, dada por Deus, de pregar o evangelho. Há, no entanto, diversas formas de transmitir a mensagem. Podemos usar imagens, textos, músicas, dentre muitas outras formas.
A fala está direta ou indiretamente ligada com todos estes meios de anúncio de Palavra da Verdade e Deus se preocupa muito com a forma como Suas verdades são apresentadas.
“O dom da palavra é um talento que deve ser cultivado cuidadosamente. De todos os dons que recebemos de Deus, nenhum é capaz de se tornar maior bênção que este. Com a voz convencemos e persuadimos, com ela elevamos orações e louvores a Deus, e também falamos a outros do amor do Redentor. Que importância tem, pois, que seja bem educada a fim de tornar-se mais eficaz para o bem!” (Parábolas de Jesus, 335).
A Bíblia e a linguagem
Na Bíblia encontramos diversas referências ao dom da palavra e como ele é importante para a missão da igreja. Os levitas eram um exemplo de boa dicção e explanação das escrituras. Sobre eles, lemos: “Leram no Livro, na lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Ne. 8:8).
Deus nos recomenda que tenhamos cuidado com nossas palavras. Ele nos exorta a seguir o exemplo dEle e sempre “dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado” (Isa. 50:4). O apóstolo Paulo nos dá mais recados de Deus sobre este assunto. Ele aconselha que “a vossa palavra seja sempre agradável” (Col. 4:6) “para que transmita graça aos que a ouvem”. (Ef. 4:29).
A consagração do pregador é, sem dúvida, o elemento mais importante para que ele apresente poderosas mensagens, mas esse não é o único elemento necessário. A forma de apresentarmos a mensagem também deve ser cuidada, treinada e desenvolvida para que não atrapalhemos as intenções de Deus.
Conselhos Inspirados
É importante a boa pronúncia quando formos falar sobre as coisas do alto: “Muitos há que leem ou falam de maneira tão baixa ou tão rápida, que não podem ser compreendidos perfeitamente. Alguns possuem pronúncia pesada e indistinta, outros falam em tonalidade alta, em tons agudos e estridentes, desagradáveis aos ouvintes. Textos, hinos, relatórios e outras partes, apresentados em reuniões públicas, são às vezes lidos de maneira tal que não são entendidos, de modo que muitas vezes perdem toda a força e nada impressionam” (Parábolas de Jesus, 335).
Esse assunto é muito mais importante do que muitos imaginam, pois, boa apresentação da palavra é uma qualidade indispensável aos pastores: “Os estudantes que desejam tornarem-se obreiros na causa de Deus, devem ser exercitados em falar clara e incisivamente, do contrário serão prejudicados em metade da influência que poderiam exercer para o bem. A habilidade de falar com simplicidade e clareza, em acentos sonoros, é imprescindível em qualquer ramo da obra. Essa qualidade é indispensável nos que desejam tornar-se pastores, evangelistas, obreiros bíblicos ou colportores” (Obreiros Evangélicos, 86).
Deus não trata de maneira desatenciosa este assunto, pelo contrário, Ele estabelece um alto padrão: “Cada cristão é chamado para anunciar a outros as inescrutáveis riquezas de Cristo; por isso deve procurar perfeição no falar. Deve apresentar a Palavra de Deus de maneira tal que a recomende ao auditório. Deus não pretende que Seus porta-vozes sejam incultos. Não é Sua vontade que o homem restrinja ou rebaixe a fonte celeste que por ela flui para o mundo” (Parábolas de Jesus, 336).
Infelizmente, muitos não se aplicam a uma melhor apresentação da palavra confiando que o Espírito Santo fará o trabalho de “tradução” de sua mensagem. É verdade que Deus tem esse poder, mas ele espera de nós colaboração. O Espírito Santo pode traduzir, mas há uma responsabilidade sobre aquele que fala: “Todo pregador e todo instrutor deve lembrar que está dando ao povo uma mensagem que encerra interesses eternos. A verdade anunciada julgá-lo-á no dia do grande ajuste final. E para alguns a maneira de alguém apresentar a mensagem determinará sua aceitação ou rejeição. Seja, pois falada a verdade de modo que apele ao entendimento e impressione o coração. Seja ela pronunciada compassada, distinta e solenemente, mas com toda a sinceridade que sua importância requer” (Parábolas de Jesus, 336).
Há outro elemento que precisa estar unido à boa pronúncia do pregador, é o conhecimento. Aqueles que têm a responsabilidades de expor a mensagem para as multidões (e também individualmente) devem saber que o conhecimento precisa estar associado à boa apresentação, apenas o conhecimento, ou apenas a boa apresentação, não são suficientes: “Em todo o nosso trabalho ministerial, dever-se-ia dar mais atenção ao cultivo da voz. Podemos ter conhecimentos, mas a menos que saibamos servir-nos corretamente da voz, nossa obra será um fracasso. Se não soubermos revestir nossas ideias com a linguagem apropriada, de que nos aproveitará a educação? O saber de pouco proveito nos será, a menos que cultivemos o talento da palavra; ele será, entretanto, maravilhoso poder, quando unido à capacidade de proferir palavras sábias e edificantes, e proferi-las de maneira a cativar a atenção” (Obreiros Evangélicos, 86).
Duras Advertências
O Senhor faz duras advertências aos pregadores através de Ellen White. O pregador pode, por exemplo, prejudicar a eficácia da mensagem: “Que ninguém prejudique a verdade devido a uma locução imperfeita. Não pensem os que têm negligenciado o cultivo do talento da palavra, que se acham qualificados para pastores; pois falta-lhes obter a faculdade de comunicar as ideias” (Obreiros evangélicos, 88). Dura esta mensagem, não?
Uma locução imperfeita só é tolerada por Deus quando o defeito não pode ser corrigido: “Deus pede um ministério mais elevado e perfeito. Ele é desonrado pela imperfeita enunciação da pessoa que, mediante algum esforço, poderia se tornar um aceitável porta-voz Seu. A verdade é muitas vezes prejudicada pelo veículo que a transmite” (Obreiros evangélicos, 88).
Deixar de Corrigir os defeitos, portanto, não é uma opção válida: “Homem algum deverá julgar-se habilitado a entrar para o ministério, enquanto não houver, mediante perseverantes esforços, corrigido todos os defeitos de sua enunciação. Se ele tentar falar ao povo sem conhecer a maneira de usar o talento da palavra, metade de sua influência ficará perdida, pois pequena será sua capacidade de prender a atenção de um auditório” (Obreiros evangélicos, 87).
A profetisa cava um pouco mais fundo e diz que falar de forma pouco clara é roubar a Deus: “Os ministros do evangelho devem saber falar com vigor e expressão, tornando as palavras da vida eterna tão expressivas e impressivas, que os ouvintes não possam deixar de lhes sentir a força. Sinto-me penalizada ao ouvir a imperfeita enunciação de muitos de nossos pastores. Tais pastores roubam a Deus a glória que poderia receber se eles se houvessem exercitado em falar a palavra com poder (Obreiros Evangélicos, 87). Sem dúvida, Deus estabelece um alto padrão para todos os seus porta-vozes.
Dicas inspiradas
Deus sempre providencia os meios pelos quais podemos alcançar os padrões que Ele estabelece. Com respeito à fala não foi diferente. Há muitas dicas inspiradas de como podemos melhorar nossa apresentação pública da Palavra.
“Quando falardes, fazei com que cada palavra seja pronunciada em cheio, com clareza, cada sentença distinta, de princípio a fim (…) Muitos há que, ao se aproximarem do fim da sentença, abaixam o tom da voz, falando tão indistintamente, que a força do pensamento fica anulada. As palavras que valem de algum modo a pena ser proferidas, merecem ser ditas em voz clara e distinta, com acento e expressão” (Obreiros evangélicos, 88).
Outra dica vinda direto da “fonoaudiologia celestial” é falar simples: “Nunca, no entanto, procureis palavras que deem a impressão de serdes eruditos. Quanto maior for vossa simplicidade, mais bem compreendidas serão vossas palavras” (Obreiros evangélicos, 89).
Aos pastores são dados conselhos específicos sobre a pronúncia: “Eu desejaria dizer aos que pretendem entrar no serviço de Deus como pastores: Esforçai-vos resolutamente por adquirir locução perfeita. Pedi a Deus que vos ajude a conseguir esse elevado objetivo. Quando fizerdes oração na igreja, lembrai-vos de que vos estais dirigindo a Deus, e Ele deseja faleis de maneira que todos quantos se acharem presentes possam ouvir e juntar às vossas as suas súplicas. Uma prece proferida tão apressadamente que as palavras são confundidas, não honra a Deus, nem beneficia os ouvintes. Que os pastores e todos os que fazem oração pública aprendam a fazê-lo de maneira que Deus seja glorificado, e os ouvintes abençoados. Falem devagar e com clareza, e em tom alto bastante para serem ouvidos por todos, de modo que o povo se possa unir ao dizer o Amém (Testimonies, vol. 6, págs. 380-383).
Uma boa postura do pregador também á algo importante e que faz diferença para uma melhor pregação: “Os pastores devem manter-se eretos, falar devagar, com firmeza e distintamente, inspirando profundamente o ar a cada sentença, e emitindo as palavras com o auxílio dos músculos abdominais. Se observarem esta regra simples, atendendo às leis da saúde em outros sentidos, poderão conservar a vida e a utilidade por muito mais tempo que o podem fazer os homens em qualquer outra profissão. O peito tornar-se-á mais amplo, e… o orador raramente fica rouco, mesmo falando continuamente. Em vez de ficarem enfraquecidos, os pastores podem, mediante cuidado, vencer qualquer tendência para o definhamento” (Obreiros Evangélicos, 90).
Devemos ter cuidado também com a velocidade com a qual proferimos as palavras: “Os que falam rapidamente da garganta, misturando as palavras entre si, e elevando a voz a um diapasão fora do natural, dentro em pouco enrouquecem, e as palavras proferidas perdem metade da força que teriam se proferidas devagar, com clareza, e não tão alto” (Obreiros Evangélicos, 91).
Apelo aos pregadores
O Senhor que chama homens para o ministério pastoral espera que cada um faça todo esforço possível para ser um bom orador: “Alguns raciocinam que o Senhor há de habilitar a pessoa, mediante Seu Santo Espírito, para falar segundo a Sua vontade; Ele, porém, não Se propõe fazer a obra que deu aos homens. Deu-nos capacidade de raciocínio, e oportunidades para educar o espírito e as maneiras. E depois de havermos feito tudo que nos seja possível em nosso próprio benefício, empregando da melhor maneira as vantagens que se acham ao nosso alcance, então podemos volver-nos para Deus em fervorosa oração, para que faça por meio de Seu Espírito aquilo que nós mesmos não podemos conseguir” (Testimonies, vol. 4, págs. 404 e 405). Deus não fará por nós aquilo que cabe a nós fazermos.
O apelo de Deus para cada servo dEle é: “Que o povo de Deus aprenda a falar e a orar de maneira a representar devidamente as grandes verdades que possuem” (Obreiros evangélicos, 88).