O que Deus espera de nós

Qualidades indispensáveis aos líderes da igreja, frente aos atuais desafios missionários

No ano 457 a.C., Deus encontrou um excelente líder que trabalhou arduamente para reconstruir a cidade de Jerusalém. Trata-se de Esdras, extraordinário obreiro. Porém, como todos os seres humanos, ele tinha limitações. Transcorrida uma década, a tarefa estava inacabada. Por isso, em 444 a.C., o Senhor, que não deixa as coisas pela metade, buscou e encontrou outro líder, Neemias. No livro que leva seu nome encontramos alguns atributos que o credenciaram a ser usado por Deus.

Interesse. O primeiro desses atributos é o interesse. Ao saber que Hanani havia chegado de Jerusalém, Neemias lhe perguntou “acerca dos judeus que restaram, os sobreviventes do cativeiro, e também sobre Jerusalém” (Ne 1:2). Diante do triste relatório (v. 3), o profeta reagiu demonstrando seu interesse pelo povo de Deus: “Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus” (v. 4).

Evidentemente, Neemias estava interessado no bem-estar de seu povo. Ele poderia ter dito: “Sou copeiro do rei, não fui chamado ao ministério pastoral ou profético, não sou sacerdote, não tenho sangue real…” Mas não foi assim. Sua atitude foi exemplar para nós que, no século 21, parecemos estar rodeados de pessoas infectadas pelo vírus da indiferença. Não podemos nos deixar contagiar.

Intercessão. Nos versos seguintes encontramos outra característica de Neemias: atitude de intercessor. “Então eu disse: Senhor, Deus dos Céus, Deus grande e temível, fiel à aliança e misericordioso com os que Te amam e obedecem aos Teus mandamentos, que os Teus ouvidos estejam atentos e os Teus olhos estejam abertos para a oração que o Teu servo está fazendo diante de Ti, dia e noite, em favor de Teus servos, o povo de Israel. Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra Ti. Sim, eu e o meu povo temos pecado” (v. 5, 6).

Planejamento e motivação. Outra virtude desse grande líder foi a capacidade de planejar ações. “Respondi ao rei: Se for do agrado do rei e se o seu servo puder contar com a sua benevolência, que ele me deixe ir à cidade onde meus pais estão enterrados, em Judá, para que eu possa reconstruí-la” (Ne 2:5) Os versos 7 a 16 expõem os detalhes de seu plano de ação. Porém, Neemias não apenas tinha um bom plano de ação, mas possuía a motivação correta. O profeta adicionou a seu relato a expressão: “o que o meu Deus havia posto em meu coração” (v. 12).

Habilidade para convencer. Nos versos 17 e 18 do segundo capítulo do livro, o profeta disse: “Vejam a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos reconstruir os muros de Jerusalém, para que não fiquemos mais nesta situação humilhante.

Também lhes contei como Deus tinha sido bondoso comigo e o que o rei me tinha dito. Eles responderam: ‘Sim, vamos começar a reconstrução’. E se encheram de coragem para a realização desse bom projeto.”

Jaume Soler escreveu: “Alguém pode oferecer suas ideias a outra pessoa como balas ou como sementes. Pode dispará-las ou semeá-las; atingir com elas a cabeça das pessoas ou plantá-las em seu coração. As ideias usadas como balas matarão a inspiração e neutralizarão a motivação. Usadas como sementes, lançarão raízes, crescerão e se tornarão realidade nas vidas em que foram plantadas. O único risco de serem usadas como sementes é que, uma vez crescidas e se tornado parte daqueles nos quais foram plantadas, é provável que nunca reconheçam o mérito de quem as plantou. Porém, quem está disposto a dar tudo terá uma rica colheita.”

Espírito de equipe. O relato sagrado informa: “Nesse meio tempo fomos reconstruindo o muro, até que em toda a sua extensão chegamos à metade da sua altura, pois o povo estava totalmente dedicado ao trabalho” (Ne 4:6). Neemias trabalhava unido ao povo. Todo bom líder pergunta a si mesmo se seu estilo de trabalho une ou divide as pessoas.

Nesse ambiente, observamos que Neemias era dirigido pelo mesmo princípio que deve nortear o evangelismo integrado: “Aqueles que transportavam material faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma arma, e cada um dos construtores trazia na cintura uma espada enquanto trabalhava; e comigo ficava um homem pronto para tocar a trombeta” (v. 17, 18). Ou seja, enquanto trabalhavam, protegiam ou conservavam o que havia sido alcançado.

Sabedoria para resolver problemas. Esse obreiro escolhido por Deus tinha habilidade para solucionar tanto conflitos internos como externos. O capítulo 5 relata um grande conflito interno, gerado por lutas sociais. Imediatamente, Neemias o resolveu. Porém, também demonstrou ser valoroso para solucionar problemas externos que não foram pequenos. Nada o intimidava, como podemos ver no sexto capítulo.

Determinação. Certamente, uma das maiores virtudes de um líder é sua determinação para completar a tarefa proposta. “O muro ficou pronto no vigésimo quinto dia de elul, em cinquenta e dois dias” (Ne 6:15).

Espiritualidade. Neemias entendeu que, mesmo tendo acabado de construir os muros, ainda havia algo supremamente importante a ser feito, isto é, trabalhar pelo reavivamento e reforma. Os capítulos 8 e 9 falam a respeito disso. Chama-nos a atenção, especialmente, o fato de como foram reavivados pela Palavra: “Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido” (Ne 8:8).

Espírito de gratidão. Estando reconstruídos os muros, e o povo reavivado pela Palavra, tinha chegado a hora de celebrar. No capítulo 12, a partir do verso 27, encontramos a grande celebração. Os louvores eram tão intensos que “podiam ser ouvidos de longe” (v. 43). Acaso não recebemos mais bênçãos pelo fato de, às vezes, louvarmos tão pouco? Verdadeiros líderes não somente trabalham arduamente, mas, ao concluir a tarefa, celebram.

É-nos dito que durante a celebração, “ofereceram grandes sacrifícios” (v. 43). Assim, cada ato de adoração deve estar banhado no sangue do Cordeiro.

Finalmente, chegamos a 2013. Diante de nós está o desafio de “reconstruir” as grandes cidades. Esse desafio não é menor que o de Neemias. Por isso, o Senhor continua buscando líderes com as mesmas qualidades daquele Seu servo. Ele deve encontrá-los em mim e em você.