Além de Daniel e João, os salmistas fizeram importantes descrições do santuário celestial
O livro dos Salmos pinta alguns quadros fascinantes a respeito do templo celestial, embora nem sempre essas figuras sejam plenamente compreendidas. Antes de mais nada, é importante enfatizar que a palavra hebraica para templo – hékál – também significa “palácio”, de modo que o templo de Deus é Seu palácio.1 Portanto, Deus, como Rei, é também Deus, como Juiz. Sublinhados em cada um desses temas estão os subtemas da criação e da adoração.[2]
Primeiramente, este artigo examinará passagens que falam de Deus como o Rei eterno, entronizado no Céu. Isso incluirá Sua vitória sobre o mal, a afirmação de que Seu trono está no Céu, não na Terra, Sua santidade e a adoração que Ele recebe. A segunda parte do artigo tratará o aspecto de Deus como Juiz, primeiro como Aquele que preside o concílio celestial; então, o exame dos eventos sobre a Terra, a batalha para resgatar Seus súditos e, finalmente, Sua decisão de julgar o mundo.
Neste trabalho, serão usados apenas versos dos Salmos que estejam no contexto do palácio ou templo celestial.[3]
O Senhor reina
Os salmos de adoração foram compostos ao longo da história de Israel e descrevem o Monarca Divino sobre Seu trono. Esses salmos podem ser orações em favor de ajuda diante de ataques iminentes, orações em busca de segurança diante do escárnio, ou simplesmente podem ser reflexões sobre as maravilhas da criação. Portanto, será feita uma seleção de salmos descrevendo Deus sobre Seu trono, a fim de ilustrá-Lo como vitorioso, de onde Ele reina e o louvor que recebe.
Vitorioso entronizado
O Senhor reina!
Exulte a Terra e alegrem-se as regiões costeiras distantes” (Sl 97:1).
O Salmo 97 exalta Aquele cujo trono é fundamentado em justiça (v. 2), diante de quem vai o fogo, os relâmpagos iluminam e as montanhas se derretem (v. 3-5). Embora Sua forma física permaneça velada, a descrição de Deus aqui é fundamentada sobre o que alicerça Seu trono – retidão e justiça. Enquanto “a impenetrável escuridão das nuvens afirma reverentemente o mistério de Sua natureza”, esse hino de louvor declara que “Deus é o Regente do mundo e o Juiz do mundo.”[4]
O Senhor é rei para todo o sempre; da sua terra desapareceram os outros povos” (Sl 10:16).
O Salmo 10 fala de malfeitores zombeteiros da lei, e Deus aparentemente escondido (v. 1-4). Os perpetradores, a emboscada do mal, roubo, assassinato, e opressão sobre o desamparado, pensam que Deus nada vê e tem-Se esquecido (v. 7-11). O salmo fecha com uma lembrança de que “YHWH” é sempre Rei (v. 16), e que Ele fará justiça ao órfão e oprimido – o mais fraco e mais vulnerável na sociedade.
Senhor reina! Vestiu-Se de majestade; de majestade vestiu-Se o Senhor e armou-Se de poder!…
O Teu trono está firme desde a antiguidade; Tu existes desde a eternidade (Sl 93:1, 2).
O contexto da entronização de Deus é a criação, muito diferente da entronização de monarcas terrestres, fundamentada na derrota de rivais e inimigos. O Salmo 93 liga o estabelecimento do trono de Deus (v. 2) ao estabelecimento da Terra na criação (v. 3). Isso está “em marcante contraste” com “o motivo da batalha cosmogênica encontrado em outros relatos da criação”, como por exemplo, Enuma Elish as narrativas ugaríticas sobre Baal.[5] Na antiga cosmologia babilônica, a entronização do deus Marduque era celebrada subsequente à sua “vitória sobre os poderes do caos e a criação do mundo”.[6] O Salmo 93 celebra a entronização de Deus, alicerçado no poder e natureza intrínsecos do Criador.
Escuta-nos, Pastor de Israel, Tu, que conduzes José como um rebanho; Tu, que tens o Teu trono sobre os querubins, manifesta o Teu esplendor” (Sl 80:1).
Nesse salmo, Davi descreve Deus como “Pastor de Israel”[7] e habitando “sobre os querubins”; algo facilmente reconhecido como imagem do templo. O contexto do salmo é o julgamento de Deus sobre a cidade, que teve seus muros derrubados (v. 12). A cidade foi queimada (v. 16), e seus inimigos riam zombeteiramente (v. 6). Nesse contexto, vemos o Monarca querubim-entronizado no Céu (v. 14). G. K. Beale traça o paralelo entre o templo terrestre, cujo querubim estava esculpido na arca e elaborado na cortina, e o santuário celestial, no qual querubins angélicos viventes guardam o trono.[8] Aqui, Deus está sentado com todo o Seu majestoso poder, pronto para receber a súplica do Seu povo, em favor de restauração (v. 19).
O Senhor estabeleceu o Seu trono nos Céus, e como Rei domina sobre tudo o que existe” (Sl 103:19)
Esse magnífico salmo focaliza o objeto de adoração – Deus. Inspira-se fortemente a partir da proclamação do nome de Deus no Sinai (Êx 33:12-34:7) e enumera as formas pelas quais Deus mostra Sua soberania: Ele perdoa a iniquidade e cura a enfermidade (v. 3), redime o povo da destruição e o “coroa” com Seu concerto de fidelidade (v. 4), satisfaz e renova (v. 5), assegura-nos de Sua justiça (v. 6), é tardio em irar-Se (v. 8), embora não contenda conosco para sempre (v. 9). Não nos trata segundo nosso merecimento (v. 10), remove para o mais longe possível nosso pecado (v. 11, 12), e Sua compaixão para conosco é mais forte que a de um pai (v. 13).
O Senhor está no Seu santo templo; o Senhor tem o Seu trono no Céu. Seus olhos observam; Seus olhos examinam os filhos dos homens (Sl 11:4).
Esse texto claramente resume tudo o que pode ser dito sobre Deus como Rei e Juiz. No contexto da fuga de Davi dos seus inimigos e luta pela intervenção divina, Weiser sugere que a aclamação de Deus como Rei no Salmo 11 liga dois temas: a cerimônia de entronização e a conquista da terra.[9] Note a síntese do templo santo e seu lugar no Céu. Note igualmente que o trono celestial é descrito como estando naquele santo templo celestial, afirmando que – em face de toda ameaça enfrentada pelos filhos de Deus – em última instância, Deus detém o poder e a justiça.[10]
Pai para os órfãos e defensor das viúvas é Deus em Sua santa habitação” (Sl 68:5).
O Salmo 68 descreve Deus como Pai, com jurisdição sobre três montes: Sinai, Basã e Sião (v. 8, 15, 29). Aqui, é observada uma progressão de uma sessão para outra do salmo. Na primeira, Davi pinta Deus cavalgando sobre as nuvens na planície do deserto[11] para encontrar Seu povo no Sinai. Na segunda sessão, Ele cavalga entre incontáveis milhares de carros no Monte Basã (v. 18) e, na terceira, Ele cavalga pelo Céu, entrando no santuário (v. 24). Cada descrição de Deus encontrando Seu povo a cada montanha é sempre mais magnificente que a anterior. Em meio à grandeza do poder militar e da realeza, a primeira preocupação do Deus Pai são os órfãos e viúvas (v. 5), os desprivilegiados (v. 6), o pobre (v. 10) e os cativos (v. 18). A esses, Ele concede “poder e força” que se tornam a base para o louvor por eles tributado (v. 35).
Aleluias
Sê exaltado, ó Deus, acima dos Céus; estenda-se a Tua glória sobre toda a Terra! (Sl 108:5).
O Senhor está exaltado acima de todas as nações; e acima dos Céus está a Sua glória (Sl 113:4).
Aqui Davi descreve Deus sentado no alto, uma referência a Seu trono celestial. Sua glória é vista acima dos céus (Sl 113:4) e Ele habita “acima” (v. 5), de onde nota o que acontece no Céu e na Terra (v. 6). Assim, quando Ele ergue do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, dando a eles assento com príncipes (v. 7, 8), e quando Ele dá filhos à mulher estéril enchendo de alegria o seu lar, ressoam aleluias (v. 9).
Aleluia! Louvem o Senhor desde os Céus, louvem-nO nas alturas!” (Sl 148:1)
Aleluia! Louvem a Deus no Seu santuário, louvem-nO em Seu magnífico firmamento (Sl 150:1).
O Salmo 148 é um hino de louvor que enumera as maravilhas da criação e encoraja todos os povos a louvar a Deus “nas alturas” (v. 1) e também “na Terra” (v. 7). O Salmo 150 é o grande clímax dos salmos que louvam a Deus em Seu santuário. Esse salmo culminante de louvor sugere que todas as vozes no Céu e na Terra cantam louvores a Deus, acompanhadas da orquestra e dos músicos do templo.[12]
Deus julga
Até agora, nosso estudo afirma que o tema do julgamento está intimamente ligado a Deus como Rei. Portanto, desde que ele reina a partir de um palácio ou templo, a implicação é que Ele é Rei e Deus colocando Seus esforços em favor de um povo esperançoso. Essa parte explora tais possibilidades, primeiramente, atentando para as descrições de Deus presidindo o concílio celestial; então, notando como Ele observa a injustiça e os clamores por liberdade; e, finalmente, descrevendo-O como veio à Terra em resposta.
Deus preside
É Deus quem preside à assembleia divina; no meio dos deuses, Ele é o Juiz” (Sl 82:1).
Os Céus louvam as Tuas maravilhas, Senhor, e a Tua fidelidade na assembleia dos santos […].
Na assembleia dos santos, Deus é temível, mais do que todos os que O rodeiam (Sl 89:5, 7).
No antigo Oriente Próximo havia a ideia de uma grande assembleia de deuses, presidida por um deus superior. Nesse contexto, os grandes imperadores da época chamavam a si mesmos de Rei dos reis e Senhor dos senhores. Isso significava que os reis inferiores tinham assento na assembleia sob o comando do grande rei, esperando que ele administrasse “justiça para todos os reinos e nações da Terra”.[13] Em resposta a isso, as Escrituras também descrevem Deus como presidente (Sl 82:1). Mas, de acordo com o salmista, em vez de presidir divindades, é a congregação dos santos que Deus preside (89:5, 7).
Esse tema também é visto no livro de Apocalipse na descrição do trono de Deus rodeado por 24 anciãos (Ap 4:4). Eles são aqueles que notam Seus poderes criativos (Sl 89:9), reverenciam-nO com santo temor (v. 7), regozijam-se em Seu nome (v. 16) e Ele é Sua glória e força (v. 17).
Deus vê os eventos da Terra
O Senhor olha dos Céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus (Sl 14:2; 53:2).
Nada do que acontece na Terra permanece escondido aos olhos penetrantes de Deus, mas o que é escondido é a pessoa que “age sabiamente e O considera”.[14] Enquanto os néscios pensam que não há Deus (Sl 14:1), esse Deus olha dos Céus e nota que a corrupção é disseminada desenfreadamente. Nesse contexto, Davi suplica por julgamento ou salvação vinda “de Sião” (v. 7).
Do Seu santuário nas alturas o Senhor olhou; dos Céus observou a Terra” (Sl 102:19).
O Salmo 102 contém algo similar. Esse salmo vem de uma pessoa aflita que pede ajuda a Deus, O entronizado para sempre (v. 12); porque Deus, dos Céus, olha e vê a Terra (v. 19). Portanto, embora a criação envelheça e necessite de mudança (v. 26), a vontade de Deus continua eterna (v. 27) assegurando a Seu povo um futuro em segurança (v. 28).
Dos Céus olha o Senhor e vê toda a humanidade (Sl 33:13).
Do lugar onde está entronizado, Deus olha e vê os seres humanos como aqueles aos quais Ele formou (v. 15). Nenhum rei nem oficial militar pode livrar o povo das calamidades enfrentadas (v. 16, 17), mas Deus pode livrar (v. 18, 19), e somente Ele pode responder a seus mais profundos anseios (v. 20-22). Note que a ação de Deus observando Seu povo não significa tornar a vida mais insuportável para Seus filhos, mas libertá-los das piores opressões que eles enfrentam.
Deus ouve o clamor por liberdade
Volta-te para nós, ó Deus dos Exércitos! Dos altos Céus olha e vê! Toma conta desta videira (Sl 80:14).
O contexto do Salmo 80 é uma batalha e, sem dúvida, os confrontos travados entre exércitos bem armados poderiam ter dizimado totalmente qualquer vinha ou seara no campo de batalha. Em meio a esse caos, Deus é apresentado como tirando o salmista de águas profundas. O mesmo verbo é usado para descrever o episódio em que Moisés foi tirado do rio Nilo (Êx 2:10).
Estende, Senhor, os Teus Céus e desce; toca os montes para que fumeguem […]
Das alturas, estende a Tua mão e liberta-me; salva-me da imensidão das águas, das mãos desses estrangeiros (Sl 144:5, 7).
Esse salmo retrata um hino de Davi, no qual Deus é exaltado por lhe haver possibilitado êxito em guerras no passado, e pede que Deus faça isso novamente, a fim de que ele tenha segurança e prosperidade (v. 12-14). Ele pede que o Senhor estenda os Céus, desça (v. 5) e também estenda Sua mão para resgatá-lo “da imensidão das águas”. Embora esses versos descrevam um cenário de liberdade em meio a uma batalha, desta vez o verbo ecoa a libertação do povo israelita com um todo.
Deus desce
E os Céus proclamam a Sua justiça, pois o próprio Deus é o Juiz (Sl 50:6).
O fogo devorador e a estrondosa tempestade nesse salmo são reminiscências da teofania do Sinai,[15] onde a lei originalmente foi dada. Esse salmo parece ter também um sentido escatológico. De acordo com Weiser, “a configuração cósmica dá uma ênfase universal e escatológica”.[16] Em toda sua extensão, Céus e Terra são convocados (v. 4). Todas as bestas do campo (v. 10), todo pássaro nas montanhas (v. 11), o povo de Deus (v. 7) e os ímpios (v. 16) chamados. Isso não descreve algo acontecendo em lugar isolado, mas o dia universal do Senhor, mencionado no verso 15 como “dia de angústia”. A natureza pública dessas descrições é óbvia. Os Céus são encorajados a proclamar a “Sua justiça, pois o próprio Deus é o juiz” (v. 6.) Então acontece o julgamento, inicialmente dirigido ao povo de Deus (v. 6-15); depois, aos malfeitores (v. 16-22). O último verso assegura que aqueles que oferecem ações de graças verão a salvação (v. 23).
Resumo
Há muito mais sobre o santuário nos salmos do que nos rituais da tenda no deserto. Conforme observamos, os salmos focalizam o grande tema do reino e juízo de Deus. Deus não somente habita em um palácio ou templo, mas também Seu trono parece semelhante ao propiciatório na arca do concerto e, em vez de ser ladeado por querubins de ouro, Ele está rodeado por seres vivos, reais.
Notamos que Deus reina – no Céu e desde a eternidade. Isso imediatamente exclui qualquer estrutura terrestre, porque todos os santuários humanos são transitórios. Todavia, o lugar efetivo de Seu santuário parece ambíguo, porque o templo terrestre era sombra da realidade e ambos eram inextricavelmente ligados. O que Deus decidia no Céu era visto como vindo da Terra e vice-versa. Há muitas referências para sugerir que a estrutura terrestre funcionava como um minúsculo microcosmo da estrutura eterna, mas em escala limitada.
À medida que os vários salmistas contemplavam esses temas, seu senso de louvor produzia algumas peças majestosas. Esse louvor cobria todo o reino criado, compatível com o escopo da monarquia de Deus. Esse louvor também saía dos lábios de todos os tipos de pessoas, e elas não apenas recontavam os atos da criação de Deus e suas várias vitórias redentoras no passado, mas expressavam permanente confiança na libertação futura, provida por Deus.
A justiça realizada por Ele é correta e imparcial, estando em marcado contraste com os corruptos e incompetentes julgamentos do reino humano. Para a mente moderna, isso parece maravilhoso porque os escritores dos salmos realmente pleiteavam por julgamento. Os antigos viam o juízo como a maneira pela qual Deus os afirmava, especialmente quando estavam sob opressão. Deus ouve o clamor de Seu povo angustiado, quando este clama por ajuda. Para os filhos de Deus, o juízo é salvação, não punição.
Esses temas nos dão um vislumbre mais profundo sobre o santuário – além dos móveis e simbolismos. O fato de que Deus governa de Seu palácio, para assegurar justiça, e preside a partir de Seu templo para garantir santidade e restauração, sugere-nos que iniciamos essa jornada. Essa breve investigação dos salmos nos lembra de que há maiores profundidades que necessitamos sondar. O tema sobre Deus entronizado no palácio ou templo celestial merece mais amplo estudo, e somos chamados a esse desafio.
Referências:
1 Ver Salmo 45:15; Daniel 14; 1 Reis 21:1, por exemplo.
2 Salmos que descrevem Deus como Rei e Juiz: 47, 50, 82, 93, 96, 97, 98, 99; George A. E. Knight, Psalms, (Louisville, KY: Westminster John Knox, 1983), v. 2, p. 368.
3 Esses incluem os Salmos 2, 3, 7, 8, 9, 10, 11, 14, 15, 18, 33, 43, 47, 48, 50, 53, 57, 58, 60, 68, 75, 76, 80, 82, 85, 89, 92, 93, 96, 97, 98, 99, 102, 103, 108, 113, 115, 119, 123, 135, 144, 148, 150,
4 Arthur Weiser, Old Testament Library (Philadelphia, PA: Westminster, 1962), p. 632.
5 Mark K. George, Israel’s Tabernacle as Social Space (Atlanta: Society of Biblical Literature, 2009), p. 92.
6 Arhtur Weiser, Op. Cit., p. 617.
7 Samuel Noah Kramer, History Begins at Sumer: Thirty-Nine Firsts in Recorded History (Philadelphia, PA: University of Pennsylvania Press, 1998), p. 92.
8 G. K. Beale, The Temple and the Church’s Mission: A Biblical Theology of the Dwelling Place of God (Downers Gvore, IL: IVP Academic, 2004), p. 35. 9 Arthur Weiser, Op. Cit., p. 154.
10 Ibid., p. 156.
11 A emenda comumente sugerida: “andar nas nuvens” é criativa, mas não se justifica. A forma quiástica paralela é: “Quando você marchou pelo deserto” (v. 7).
12 Arthur Weiser, Op. Cit., p. 841.
13 George A. E. Knight, Op. Cit., p. 54.
14 Arthur Weiser, Op. Cit., p. 165.
15 Ibid., p. 395.
16 Ibid.