Uma das questões mais controversas atualmente na Igreja Adventista do Sétimo Dia é se as mulheres deveriam ser ordenadas para o ministério do evangelho ou como anciãs de congregações locais, possuindo função de liderança idêntica à dos homens.
O que a Bíblia diz sobre essa questão?
As Escrituras nos dizem que Eva foi criada de uma costela tirada do lado de Adão (Gênesis 2:21-22). Ellen White diz que isso era uma demonstração de que Adão e Eva deveriam estar lado a lado, respeitando e honrando plenamente os dons e as contribuições de um e do outro (PP, 46).
Mas tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos são claros de que as funções de Adão e Eva, antes e depois da queda, não eram as mesmas. Embora iguais em valor e importância para o plano divino, Adão era ainda a cabeça no relacionamento original. É a Adão que as instruções são dadas por Deus no que se refere ao cuidado do Jardim e no que diz respeito às duas árvores no meio dele (Gênesis 2:15-17). É Adão quem dá nome aos animais (versos 19-20) e é Adão quem dá nome a Eva, tanto antes, quanto depois da queda (Gênesis 2:23; 3:20). É baseado nessa hierarquia de autoridade de gênero que o homem é autorizado, nessa passagem, a tomar a iniciativa de deixar pai e mãe e de apegar-se à sua mulher em casamento (Gênesis 2:24).
Esse princípio de domínio ajuda a explicar por que Adão e Eva não ficaram nus até que Adão pecou (Gênesis 3:7) e por que, quando eles buscaram se esconder da presença divina logo depois, Deus chamou a Adão (verso 9), não a Eva, mesmo que Eva tenha sido a primeira a pecar. É por essa razão que, no Novo Testamento, aquele por quem o pecado e a morte entraram no mundo é identificado como sendo Adão (Romanos 5:12-19; I Coríntios 15:22).
Ser igual em importância e valor, embora diferente na função, é ilustrado no relacionamento ideal entre marido e mulher. Ninguém pode dizer que o pai é mais importante que a mãe no lar. Ambos são igualmente importantes. Mas as suas funções obviamente não são as mesmas. E essa era a intenção de Deus.
Paulo escreve sobre esse relacionamento no livro de Efésios e o compara ao relacionamento que Jesus tem com a Sua igreja:
“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos” (Efésios 5:22-24).
Mas o apóstolo vai além, definindo como esse relacionamento deveria funcionar:
“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela” (Efésios 5:25).
Em outras palavras, o marido deve agir como Cristo, demonstrando a Sua mulher o mesmo compromisso de serviço e sacrifício próprio visto no ministério e condescendência de Jesus Cristo. Não há espaço em tal relacionamento para abuso, desrespeito ou exigências ditatoriais como é visto tão frequentemente no mundo atual. Tal comportamento é totalmente alheio ao caráter do relacionamento entre homem e mulher projetado por Deus.
É por isso que Paulo escreve em outro lugar, quando instruindo esposas a se sujeitarem aos maridos: “Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor” (Colossenses 3:18). Isso nos lembra de outra passagem nos escritos de Paulo sobre filhos obedecendo aos pais: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo” (Efésios 6:1). Portanto, em ambos os casos, o conselho é obedecer “no Senhor” – isto é, em harmonia com a vontade revelada de Deus. Toda autoridade humana, quer no lar, quer em outro lugar, deve estar sujeita à Palavra escrita. Esse é o princípio que os discípulos tinham em mente quando estavam perante o Sinédrio e declararam: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).
As Funções dos Gêneros na Comunidade da Fé
O lar é o bloco de construção da sociedade da fé. Igrejas fortes são feitas de famílias fortes. Isso foi verdade no antigo Israel e na igreja do Novo Testamento também. Isso explica por que a ordem da autoridade de gênero na igreja é a mesma que encontramos no lar. O apóstolo Paulo escreve:
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (I Coríntios 11:3).
Vemos aqui como o relacionamento entre homem e mulher na igreja é comparável ao relacionamento entre Deus o Pai e Deus o Filho. Embora o Pai e o Filho sejam iguais na eternidade, no poder e na sabedoria, Suas funções são claramente descritas na Bíblia como sendo diferentes. É pelo Filho que o Pai criou todas as coisas (João 1:1-3, 14; Hebreus 1:1-2) e é o Pai quem enviou o Filho para ser nosso Salvador (João 3:16). Nunca lemos na Bíblia que o Filho é quem envia o Pai ou que faz coisas através do Pai. De fato, o Novo Testamento deixa claro que o Filho será sujeito ao Pai por toda a eternidade. Quando a mãe de Tiago e João pediu a Jesus para colocar seus dois filhos a Sua direita e a Sua esquerda no reino de glória, Jesus respondeu da seguinte forma:
“O assentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda não Me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem Meu Pai o tem preparado” (Mateus 20:23).
O apóstolo Paulo concorda:
“E, quando todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (I Coríntios 15:28).
É baseado nessa ordem, voltando-se à divindade e à criação original desta Terra, que o apóstolo Paulo escreve o seguinte, referindo-se às funções de liderança na igreja:
“Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (I Timóteo 2:12-13).
Deve ser notado que o silêncio aqui descrito não é uma questão de nunca falar, mas sim, de ter um espírito de submissão. Vemos isso no começo desse mesmo capítulo, no que se refere aos deveres do cristão para com a autoridade civil, “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (I Timóteo 2:2). O apóstolo Pedro assinala esse princípio quando fala de mulheres se adornando com “um espírito manso e quieto” (I Pedro 3:4). Não quer dizer que as mulheres não possam falar. Apenas se refere a um espírito submisso e dócil.
Conclusão
Deve ser esclarecido, ao concluirmos, que a dominância espiritual masculina se aplica somente à liderança espiritual – no lar e na igreja. Não se refere à liderança nos negócios ou na política secular. Os cristãos não são chamados a estabelecer uma teocracia nesta Terra que controle forçosamente as escolhas dos descrentes, mas, em vez disso, refletir em seus lares e comunidades religiosas as funções dos gêneros que ilustram o caráter e a ordem exibidos por Deus o Pai e Seu Filho, Jesus Cristo.
Tendo em vista as evidências citadas acima, qualquer tentativa de arranjar as funções na comunidade da fé para fazê-las idênticas e intercambiáveis é contrária aos ensinamentos da Palavra de Deus.