Princípios de liderança e administração na vida de Jesus e Paulo
Pr. Enzo Chávez
Jesus, o paradigma perfeito de liderança
Uma das características impressionantes da liderança de Jesus é seu carisma e habilidades pessoais. A Bíblia menciona que Jesus fez três coisas que atraíam as multidões: Ele as amou (Mt 9:36), satisfez suas necessidades (Mt 15:30; Lc 6:17,18; Jo 6:2) e ensinou-lhes de forma prática e interessante (Mt 13:34; Mc 10:1; 12:37). Esses três elementos da liderança de Jesus são qualidades que todo pastor e líder cristão devem desenvolver na administração eclesiástica.
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Todo pastor deve promover entre seus liderados um clima no qual as relações interpessoais sejam muito saudáveis. Jesus aconselhou Seus discípulos a se amarem: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:35, ACF). O Mestre recomenda viver no amor para conseguir um clima laboral onde todos se respeitem e se aceitem como são. O guarda-chuva do amor é a melhor maneira de conhecer a Deus. É no amor que professam aqueles que seguem a Jesus, e somente através do amor, que as pessoas podem “trocar suas pesadas e agoniantes cargas” (Walvoord e Zuck, 1996, p. 152).
Por outro lado, a liderança de Jesus era baseada na mansidão, na humildade (Mt 11:25-30) e no serviço desinteressado pelo próximo (Mc 10:45, Lc 22:27). Não era somente teórico, mas também prático (Jo 13:14, 15) e, principalmente, baseado em uma estrutura organizada (Jo 20:21, 22). Ele era um capacitador e fonte de toda autoridade.
Modelo paulino para administrar distritos com várias igrejas
Os parágrafos a seguir são dedicados a explorar os escritos do apóstolo Paulo em busca de princípios aplicáveis à administração de distritos com mais de uma congregação.
Desenvolvimento de líderes
No capítulo 16 do livro de Atos, encontramos o chamado de Paulo a Timóteo (At 16:3). Ele o leva consigo para entregar os acordos feitos no concílio de Jerusalém (At 16:4); ou seja, ele o discipula (Cole, 2011, p. 99). Em seguida, ele o envia para a Macedônia (At 19:22), provavelmente qualificado e capaz. Timóteo é colaborador de Paulo (Rm 16:21; 1Ts 3:2). Ele não é apenas alguém que recebe ensino, mas alguém que, junto com Paulo, carrega as cargas da igreja. Timóteo é o filho espiritual de Paulo (1Co 4:17; 1Tm 1:18), que fará a mesma obra do Senhor que Paulo (1Co 16:10). Finalmente, Timóteo está preparado para liderar e ser enviado por Paulo como novo líder para zelar pela igreja, guardando o que lhe foi confiado em sua formação (1 Ti. 6:20).
A liderança de Paulo com Barnabé descrita no livro de Atos teve um crescimento junto com ele (At 12:25). Ambos foram chamados pelo Espírito Santo (13:2) (Veloso, 2017, p. 249-270), e compartilharam um trabalho conjunto em sua formação como líderes (13:46; Gl 2:9), sofrendo as mesmas afrontas (13:50). Aqui, notamos que tanto Paulo como Barnabé se desenvolveram a tal ponto que ambos os líderes tiveram que se separar por causa dos judaizantes (At 15:39-40).
Silas começa seu trabalho ministerial com Paulo por causa do problema suscitado com os judaizantes (15:40). Ele acompanhou Paulo em seus louvores depois de ser preso (16:25). Junto a Timóteo, Silas se torna colaborador de Paulo, que lhes mostra sua paixão pela Palavra (18:5). Por outro lado, Marcos, no início, não é considerado na lista de Paulo por tê-lo abandonado na Panfília (15:37). Entretanto, depois de ser treinado por Barnabé (15:39), ele se torna um valioso obreiro que Paulo reconhece e que não hesita em mencionar às igrejas que devem recebê-lo (Cl 4:10). Além disso, Marcos é útil no ministério de Paulo (2Tm 4:11) e, como Timóteo, é considerado seu colaborador (Fp 1:24).
Visitação planejada
Paulo é chamado pelo Espírito Santo para um propósito especial (At 13:2). É aí que começa seu ministério, passando por Selêucida, Chipre, Salamina, pregando nas sinagogas de Perge, Jerusalém e Antioquia, entre outros lugares que encontramos detalhadamente nos capítulos 13 em diante. Paulo é tomado e guiado pelo Espírito Santo para pregar no mundo romano. Ou seja, até agora, os lugares visitados fazem parte do plano do Espírito Santo.
No entanto, descobrimos que, em Atos 15:36, Paulo sugere visitar os irmãos em todas as cidades onde a Palavra do Senhor foi proclamada, para ver como eles estão (Barrett, 2004, p. 753). Apenas Chipre não é visitada. Aqui você pode notar o cuidado de Paulo com as igrejas que foram fundadas. Embora a primeira viagem missionária tenha sido guiada pelo Espírito Santo, parece que o plano de voltar à Ásia Menor partiu de Paulo.
Concluímos então que somente durante a segunda viagem missionária, Paulo tem em mente atender às igrejas fundadas. Uma das razões, provavelmente, foi realizar os acordos do concílio de Jerusalém, mas como o indicam os textos, isso foi feito para confirmar o bem-estar das igrejas (Rm 1:11; 2Co 2:4; 11:3, 29; Gl 4:29; Col. 2:1) que haviam começado a caminhar sozinhas.
Reuniões de treinamento
A atividade de capacitação dentro da administração de distritos com várias igrejas segue o exemplo de Paulo para administrar um distrito missionário. Atos 14:21-28 descreve a cena de Paulo e Barnabé como pastores capacitadores. O texto menciona que os capacitados foram os discípulos, que foram fortalecidos e exortados a perseverar na fé. Na verdade, no lugar onde estava, Paulo se reunia com os discípulos e ficava muito tempo (v. 28).
O contexto mostra a extensão geográfica, os desafios missionários e as igrejas que Paulo teve que cuidar. O registro bíblico indica que seu campo missionário-administrativo, não somente compreendia uma pequena região, mas quase todo o vasto império romano da época, que hoje seriam países inteiros.
Tendo isso em mente, é muito razoável inferir que a estratégia de Paulo ao ficar muito tempo nas cidades com os discípulos, era exercer um papel capacitador. Seu objetivo era enriquecer integralmente a igreja, para que ela desempenhasse eficientemente suas respectivas responsabilidades. Em sua segunda viagem missionária, a expressão “[…] havendo permanecido ali ainda muitos dias […]” mostra implicitamente o papel capacitador que realizava com cada igreja que visitava (At 18:18), e em sua terceira viagem missionária (At 20:3, 20), enfatiza que depois de ter permanecido três meses, além de fazer evangelismo, ensinava (v. 20).
Na atualidade, o crescimento da igreja propõe como elemento primordial a obra paulina, ou seja, a liderança Capacitadora.
Estruturas funcionais
Dentro do modelo paulino, encontra-se a funcionalidade dos ministérios a serem desenvolvidos, é claro. Paulo usa a imagem do corpo de Cristo no capítulo 12 da primeira carta aos coríntios para ilustrar a cooperação e a funcionalidade desses ministérios. A partir dessa imagem, entende-se que, de forma alguma, algo obsoleto pode manter sua presença, pois no corpo tudo ajuda tudo. Usando essa imagem, a igreja é uma entidade que tem o próprio Jesus como cabeça, e o corpo é a igreja (1Co 12:14-25).
Nesse sentido, as estruturas da igreja devem ser funcionais, assim como as diferentes partes do corpo são funcionais entre si. O apóstolo Paulo apresenta a igreja como o corpo de Cristo, que tem muitas partes e órgãos que interagem entre si: “O olho não pode dizer à mão: ‘Não preciso de você!’ Nem a cabeça pode dizer aos pés: ‘Não preciso de vocês!’” (1Co 12:21). O apóstolo conclui no versículo 27: “Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo”, apontando, assim, a forma como a funcionalidade do corpo deve se refletir na igreja de hoje.
A igreja primitiva era uma igreja funcional em sua organização. Adotou padrões organizacionais de anciãos (1Tm 3:2), de mensageiros que foram escolhidos por congregações responsáveis para serem pregadores itinerantes (2Co 8:23, 18, 19). Da mesma forma, diversas tarefas eram atribuídas a indivíduos específicos: alguns se preocupavam “com todas as igrejas” (2Co 11:28; 1Tm 3:5); outros trabalhavam “confirmando as igrejas” (At 15:41) e “edificando a igreja” (1Co 14:4, 12). Todo esse processo reflete crescimento quantitativo, qualitativo e orgânico, através de uma estrutura funcional cuja missão era pregar o evangelho ao mundo.
O equilíbrio entre as diferentes partes traz saúde ao corpo. Isso mostra que o crescimento da igreja não depende de um só fator chave, pois, como os órgãos são muitos e crescem interagindo entre si, da mesma forma, existe mais de um fator que interage para o crescimento integral da igreja. Pois o Espírito que outorga os diferentes dons “é o mesmo” (1Co 12:6).
Distritos com várias igrejas
Poucos livros falam sobre como se deve administrar distritos com várias igrejas. Por isso, após analisar o modelo paulino e seu enfoque administrativo, propomos três aspectos que todo pastor/líder com mais de uma igreja deveria seguir para atender às necessidades de suas congregações.
Destas nascem tarefas administrativas que todo líder deve desenvolver para ter um ministério bem-sucedido. A eliminação de qualquer uma dessas tarefas debilitará a administração eficaz de um distrito com várias igrejas, causando desordem e confusão.
Na verdade, cada aspecto é uma descrição da experiência prática no ministério. Portanto, esta seção é pastoralmente prática.
O pastor como Delegante
Recordemos que um pastor de igreja deve influenciar as pessoas a atingir um objetivo específico por si mesmas. Presumimos que um pastor com várias igrejas deve ser um líder organizado, que dirige a igreja de acordo com os princípios administrativos da Bíblia e guiado pelo Espírito Santo.
Nesse sentido, acreditamos que a grande maioria dos pastores que saem do seminário planeja suas atividades eclesiásticas e busca alcançar seus objetivos propostos. No entanto, para aqueles que precisam cuidar de mais de uma igreja, como no caso da zona sul do Peru, onde a média é de 14 igrejas por pastor, é impossível cuidar com sucesso e satisfazer as demandas de cada igreja. Por isso, acreditamos que é fundamental que o pastor desenvolva a capacidade administrativa de delegar para cumprir os objetivos ministeriais e para mobilizar a igreja na tarefa do discipulado.
Sánchez (2001) afirma que “um líder que entendeu a natureza e as motivações da liderança fará com que delegar tantas tarefas quanto possível seja uma prioridade. Procurará utilizar todos os talentos existentes e criar oportunidades para que sejam canalizados criativamente para o bem comum” (p. 189). Yoccou (1991) comenta que “delegar significa colocar o fardo sobre o outro” e acrescenta que “colocar o fardo sobre o outro é morrer para esse fardo; é deixar em outras mãos o que costumávamos fazer” (p. 145). Acosta (2011) enfatiza: “se queremos crescer, assumir novos desafios, devemos primeiro nos livrar de parte das tarefas que nos impedem” (p. 200).
Por outro lado, MacArthur (2009) argumenta que “delegar não significa abandono da liderança, mas o exercício do ato mais profundo de liderança” (p. 365). Os grandes líderes são eficazes em delegar. Eles percebem que, pessoalmente, são incapazes de fazer ou atender a tudo o que desejam concluir.
Um dos maiores vínculos em uma igreja é o sentimento de ser colaborador, cada um com uma tarefa e uma parte na obra. Portanto, nenhum membro deve ser deixado como recipiente, não mais, sempre recebendo sem nada para compartilhar. A igreja atinge o pico da eficácia quando cada membro é um obreiro consciente da importância de sua obra.
Ações a realizar
Neste segmento, propomos algumas sugestões práticas apenas para despertar a criatividade de como cada pastor poderia fortalecer o processo de delegar.
- O pastor deve estudar e selecionar cuidadosamente sua congregação para discernir e utilizar seus talentos. Em cada contato, ele deve conhecer melhor sua igreja.
- O objetivo do pastor deve ser que cada membro tenha um lugar e uma responsabilidade. Ele deve convencer os outros da importância desta meta, para que eles também incentivem os outros a encontrar e desenvolver seu dom.
- O pastor deve empoderar os anciãos da igreja, líderes de Escola Sabatina e Pequenos Grupos para que eles se tornem copastores da igreja local, sua unidade ou grupo.
- Motivar os líderes a programar visitas uma vez por trimestre, realizando alguma atividade social, ligações telefônicas de motivação, etc.
O pastor que delega terá uma igreja saudável, próspera e feliz. Ao mesmo tempo, terá tempo para desfrutar e pastorear também sua família. O segredo está em desenvolver e utilizar os dons dos irmãos em sua congregação (Comiskey, 2001). Isso é delegar.
Outro aspecto que deve ser mencionado, na arte de delegar no ministério, é o que diz Brown (2006): “por mais cuidado que se tenha, e por mais necessário que seja delegar as responsabilidades da liderança, todo líder deveria ter alguém com quem pode falar quando os problemas parecem grandes demais para resolver e as pressões intensas demais para suportar” (p. 40).
Delegando responsabilidades administrativas
É importante afirmar que estamos falando de delegar tarefas administrativas, mas não tarefas pastorais, e isso é importante diferenciar. Por exemplo: o neurocirurgião não pode delegar a sua esposa a responsabilidade de operar por ele; o profeta não pode delegar a outro para que profetize por ele; o apóstolo não pode delegar a outro para que apostolize por ele. O evangelista não pode delegar a outro para que evangelize por ele; o professor não pode delegar a outro para que ensine por ele, e o pastor não pode delegar a outro para que pastoreie por ele. Comiskey (2011) afirma que, na verdade, muitos crentes estão entediados de suas vidas cristãs, especialmente se tudo o que parecem fazer é ir à igreja, sentar-se, escutar os sermões e depois voltar para casa. “Os dons espirituais permitem que as pessoas descubram seu lugar dentro do Corpo e sirvam ao lado de outros enquanto seguem a Jesus” (p. 113).
White (2003) enfatiza: “os homens dirigentes devem delegar responsabilidades sobre outros e permitir que eles elaborem planos e planejem meios e os implementem, para que possam adquirir experiência” (p. 52).
Quando se delega uma função, as seguintes recomendações devem ser mantidas em mente:
- Delegar responsabilidade e autoridade a seus líderes.
- Exigir contas dos resultados, periodicamente.
- Explicar a seus líderes de igreja o que se espera deles.
- Se você tem medo de que os líderes não façam as coisas bem feitas, ensine-os a fazê-las; isso vai economizar muito tempo para o líder.
- Valorizar o tempo pessoal e usá-lo para realizar as tarefas que competem unicamente ao líder.
- Meditar em oração sobre as atividades a delegar e sobre quem poderiam ser os líderes adequados para cada tarefa.
- Certificar-se de que as pessoas escolhidas para fazer as tarefas sejam fiéis e consagradas.
Delegar como princípio bíblico
No livro de Gênesis, capítulo 24, temos registrado um acontecimento singular em que Abraão delega a importante responsabilidade de encontrar uma esposa para seu filho Isaque por meio de um juramento de obediência inevitável (Walton, Matthews e Chavalas, 2004, p. 46); exemplos adicionais de delegação no Antigo Testamento incluem a ocasião em que Moisés delegou algumas responsabilidades administrativas a setenta homens (Êx 18:17-27).
Falando nisso, Atkinson e Field (2004) afirmam que “Jetro aconselhou seu genro Moisés a organizar os filhos de Israel em grupos. Ele sugeriu que Moisés escolhesse líderes, os treinasse e delegasse sua autoridade a eles; todos esses fatores são componentes da liderança” (p. 202).
No NT, lemos que Jesus delegou responsabilidades do ministério a setenta discípulos (Lc 10:1-20) e a Seus doze apóstolos (6:7-13).
A Grande Comissão, que encontramos em Mateus 28:19, 20 e se repete em Atos 1:8, é outro exemplo de que Jesus delegou Seu ministério a Seus seguidores. Da mesma forma, o apóstolo Paulo delegou responsabilidades ministeriais aos presbíteros de cada igreja que ele estabeleceu e os comissionou para o trabalho de serviço (At 14:23).
O pastor como Treinador
Todo pastor que lidera várias igrejas deve desenvolver um programa de treinamento que satisfaça as necessidades de seus membros; deve investir tempo e esforços no treinamento de suas congregações, para cumprir bem o trabalho que Deus lhe deu (Tidwell, 1985, p. 93).
Um fator de grande importância é que o pastor não deve considerar o processo de treinamento como um evento único para cumprir o calendário da igreja. A melhor forma de treinamento é a que se obtém de um processo contínuo, sempre buscando desenvolver as habilidades dos membros da igreja, para que eles se comprometam com suas próprias responsabilidades cristãs (Comiskey, 2004).
Comiskey (2008a) comenta: “As igrejas que crescem treinam seus líderes com sucesso, usando o treinamento antes do culto e um treinamento contínuo” (p. 93). Culpepper (2011) afirma que “o treinamento eficaz para a liderança pastoral de hoje e amanhã requer que desenvolvamos várias inteligências necessárias para o cumprimento da Grande Comissão” (p. 20).
Rice (2000) aceita que “a principal tarefa daqueles que foram designados para o ministério pastoral é capacitar o povo de Deus para a obra de serviço” (p. 20). Daman (2004) comenta: “discipular envolve incutir nas pessoas as disciplinas espirituais e o conhecimento bíblico que as capacitará a ser discípulos obedientes e maduros de Cristo” (p. 26). Maxwell (2011) acredita que “os líderes notáveis se distinguem dos bons pela maneira como influenciam aqueles que os seguem” (p. 62).
MacArthur (2011) afirma que Paulo havia plantado muitas igrejas por todo o Mediterrâneo e quando foi para a próxima região, entregou a liderança da igreja a alguém como Tito. “Este era um treinador, um desenvolvedor e um homem que podia preparar outros para serem líderes” (p. 190).
McKinney (1994) atesta que: “A educação do missionário vai além das fronteiras de um simples programa de treinamento. Envolve um compromisso para aprender e crescer durante toda a vida” (p. 198).
Perguntas importantes
Antes de estabelecer programas de treinamento em nível distrital, o pastor de igreja deveria fazer a si mesmo algumas perguntas que lhe darão a direção a seguir em seus desejos de empoderar sua congregação.
Aqui estão algumas perguntas que você deve se fazer: Qual é o propósito de estabelecer um programa de treinamento? Como você deseja que seja a qualidade do programa? Quem serão os participantes?
Taylor (1997) afirma que o treinamento bíblico tem a ver com a educação formal ou não formal. Isso pode ser feito por meio da educação por extensão ou de forma residencial. De qualquer maneira, “o treinamento bíblico preparará o missionário para dar uma sólida apresentação do evangelho àqueles que ainda não ouviram a mensagem da salvação” (p. 49).
Outra pergunta é: Que atividades devo planejar para pôr em prática o que vou ensinar? Para responder a essas perguntas, é necessário ter bem definidas as necessidades da igreja local e a classe de líderes que serão escolhidos para supri-las.
Se o pastor distrital não sabe, deve fazer uma investigação realista que permita diagnosticar os problemas e suas possíveis soluções. Isso é muito importante para a formulação do currículo que responda ao propósito estabelecido.
Por outro lado, você pode solicitar a ajuda de outros pastores vizinhos, da Associação ou professores do Seminário para cumprir os objetivos propostos. Possivelmente há coisas que são vistas de fora e que nem sempre são claras vendo-as de dentro. É importante ter em conta que treinar os líderes das igrejas trará muitos benefícios na liderança, a igreja estará reavivada e cumprindo a vontade de Deus.
O pastor como Supervisor
Supervisionar é uma tarefa administrativa para o pastor de várias igrejas, se ele quiser atender satisfatoriamente às necessidades da igreja local. Significa apoiar e vigiar a coordenação de atividades de forma que sejam realizadas de forma satisfatória (Arrais, 2011, p. 73-84).
Hax e Majluf (2004) comentam que “devemos definir a base para as informações e os sistemas de controle requeridos para supervisionar o andamento do programa estratégico” (p. 331). Muitos autores concordam que essa tarefa requer muita disciplina, visto que não há trabalho mais exigente para um pastor distrital, com várias igrejas, do que a supervisão do trabalho de seus líderes.
Mosley, Megginson e Pietri (2005) comentam que os supervisores heroicos são aqueles que têm uma grande necessidade de controle, de exercer influência e de se encarregar das coisas. “Se são dinâmicos e capazes, podem fazer um trabalho eficaz e produzir bons resultados” (p. 230).
Por outro lado, White (2004) sugere “encabeçar a mudança e administrar a estabilidade, estabelecer uma visão e atingir os objetivos, quebrar as regras e supervisionar seu cumprimento, embora paradoxais, são todos necessários para ter sucesso” (p. 16). Muchinsky (2002) afirma: “uma parte da liderança são as responsabilidades de vigilância ou supervisão” (p. 384).
Estrutura de supervisão
Todo pastor que tem várias igrejas sob seus cuidados deve ter uma estrutura de supervisão ou monitoramento zonal, regional ou por localização geográfica, onde ele possa agrupar as igrejas e contar com a participação de todos os seus líderes, que o ajudarão a fazer o trabalho. Esse tipo de organização permitirá que os líderes que apoiam o pastor compartilhem experiências, animem-se e aprendam uns com os outros, bem como aprendam com os líderes com mais experiência. Em vez de cada líder lutar sozinho com problemas ou perguntas, ele pode compartilhá-las com outros e receber ajuda e conselhos. Mosley e Pietri (2005) menciona “quanto mais alto for nível dos administradores em uma organização, menor o número de pessoas que devem se reportar diretamente a eles” (p. 100).
Por outro lado, o propósito da supervisão pastoral é assegurar que os líderes cumpram fielmente suas funções, fazer ajustes necessários no calendário de atividades eclesiásticas e alcançar uma real cooperação e adesão aos propósitos reais que queremos. Urcola (2010) aponta “com o fim de conhecer os resultados obtidos em uma atividade de acordo com as previsões estabelecidas” (p. 120).
“Deve-se controlar tudo o que é susceptível de ser medido e avaliado. É prioritário e fundamental controlar os resultados projetados, sem deixar de controlar também os processos necessários a serem realizados, pois desses depende em grande parte a obtenção daqueles” (p. 122). Pareda (2007) afirma que “quando o colaborador está aprendendo, o trabalho bem feito será sua maior motivação” (p. 90).
Com relação ao ministério, Ellen G. White aponta que “como obreiros do Senhor, devem apresentar seus planos uns aos outros” (White, Liderança Cristã p. 73), “expô-los perante a igreja de maneira que lhes atraísse o interesse e a cooperação” para que o “povo compreenda os planos e tome parte na obra [pastoral]” (White, Serviço Cristão, p. 134). Além disso, “O Senhor deseja que se unam em ternos laços de companheirismo” (White, Liderança Cristã, p. 73). Porém, isso não deve ser feito isoladamente, ou seja, sem a ajuda de Deus. Ela diz:
Estejam certos de orar e aconselhar-se mutuamente antes de fazer seus planos; e então, no Espírito de Cristo, trabalhem em união. Se um dentre vocês decidir que não pode cooperar com seus irmãos e não sente desejo de trabalhar por causa de divergência de opiniões, o procedimento a ser seguido está fora de questão – humilhem-se diante de Deus e recorram à oração, pois não podem e não devem trabalhar em desarmonia. (White, Liderança Cristã, p. 19)
CONCLUSÃO
Temos observado o conceito de administração sob várias perspectivas de acordo com a concepção cristã atual, partindo de definições ou explicações tanto da teoria como na prática, o que forneceu uma lógica das atividades que este conceito inclui. Com isso em mente, e considerando o conceito de administração em diferentes perspectivas cristãs, observou-se que em algumas igrejas hoje o conceito secular de administração é frequentemente misturado com o conceito bíblico. É por isso que muitas igrejas hoje parecem mais empresas seculares e, por isso, seu crescimento está mais centrado na quantidade de seus membros e não na qualidade espiritual deles. Acredito de forma convincente que as duas devem andar de mãos dadas para realizar o sonho de Deus de fazer discípulos.
Embora seja verdade que administração não é sinônimo de missão, uma boa administração facilita e fortalece a missão. Portanto, as funções do pastor na igreja local são vitais para o bom funcionamento da igreja, uma vez que a administração eclesiástica, do ponto de vista da Bíblia, é mais que um método ou um meio para alcançar um fim. Ao contrário, serve para o serviço e o encorajamento dos outros. Sem essa perspectiva, o resultado costuma ser uma dicotomia caracterizada por uma falta de integração entre a cultura teológica da congregação e a cultura administrativa. Ou seja, é impossível falar de teologia sem falar de administração eclesiástica. As duas caminham juntas como uma abordagem única para dirigir o ministério.
Finalmente, na tarefa de administrar a igreja local e liderá-la no cumprimento da missão, é fundamental desenvolver as habilidades administrativas do pastor como líder delegante, capacitador e supervisor.
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