30 de setembro de 2020

A Mensageira do Povo da Esperança

A Mensageira do Povo da Esperança

A mensageira do Povo da Esperança

Pr. Adolfo Suárez

Introdução

Era dezembro de 2007.Típica tarde de inverno na Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos da América. Eu estava no prédio do Seminário, finalizando a leitura de um livro que causou um profundo impacto em minha vida: Life Sketches of Ellen White. Após a última página, levantei meu rosto e, com lágrimas nos olhos, observei a neve que cobria o campus. Minha mente viajou no tempo, revisitando cada lugar percorrido por essa mulher extraordinária. Pensei como ela fora capaz de enfrentar toda essa neve e outros desafios a fim de cumprir a missão, com muito menos recursos dos que hoje nós temos. Pensei no seu infortúnio da infância, nas suas doenças da vida adulta. Pensei nas suas lutas de esposa, mãe, líder. Pensei sobre seu sonho de ver o impacto de seus livros na vida das pessoas.

Enquanto secava minhas lágrimas, fui levado a refletir naquilo que Deus é capaz de realizar mediante alguém que ousa fazer a Sua vontade. Naquela fria tarde de inverno, meu coração foi aquecido com episódios da vida desta mulher corajosa, sensível e visionária, que se deixou usar por Deus para causar impacto duradouro na vida de muita gente.

Quem foi Ellen G. White?

Ellen White é a escritora mais traduzida em toda a história da literatura. Durante toda a sua vida, Ellen White escreveu mais de 5.000 artigos e 49 livros; mas hoje, incluindo compilações de seus manuscritos, mais de 150 livros estão disponíveis em inglês, e cerca de 90 em português. Seus escritos abrangem uma ampla variedade de tópicos, incluindo teologia, religião, educação, saúde, relações sociais, evangelismo, profecias, trabalho de publicações, nutrição e administração. Sua obra-prima sobre o viver cristão feliz, Caminho a Cristo, já foi publicada em cerca de 150 idiomas.[1]

Nós Adventistas do Sétimo Dia cremos que Ellen White foi muito mais que apenas uma escritora talentosa – cremos que ela foi apontada por Deus para ser uma mensageira especial, a fim de atrair a atenção de todos para as Sagradas Escrituras, ajudando as pessoas a se prepararem para a segunda vinda de Cristo. Desde os 17 anos de idade até a ocasião de seu falecimento aos 87 anos, em 1915, Deus lhe concedeu cerca de 2000 sonhos e visões. As visões variavam em duração, podendo ser de menos de um minuto até cerca de quatro horas. O conhecimento e conselhos recebidos através dessas revelações foram por ela escritos, com o objetivo de serem compartilhados com outros. Assim, seus escritos são aceitos por nós Adventistas do Sétimo Dia como inspirados, e a qualidade excepcional dessas obras é reconhecida mesmo por leitores ocasionais.[2]

Nós adventistas acreditamos que Ellen White possuía o dom profético. Sim, nela se manifestou o espírito de profecia.

como era O dom profético nos tempos bíblicos?

O dom profético não é uma invenção dos adventistas do sétimo dia. O dom profético é um tema bíblico. Embora o pecado tenha interrompido a comunicação face a face de Deus com os seres humanos, Deus não perdeu a intimidade com Seus filhos e filhas; em vez disso, desenvolveu novas formas de comunicação. Por meio dos profetas, passou a enviar as Suas mensagens de encorajamento, advertência e reprovação.[3]

Nas Escrituras, o profeta é alguém que recebe comunicações de Deus e as transmite ao povo. Os profetas não profetizavam por sua própria iniciativa. Em 2 Pedro 1:21 está escrito: “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.[4]

No Antigo Testamento, a palavra profeta é geralmente tradução do hebraico nabi. Seu significado é exposto em Êxodo 7:1 e 2:

“Então o Senhor disse a Moisés: Veja, eu o constituí como Deus sobre Faraó, e o seu irmão Arão será o seu profeta. Você falará tudo o que eu lhe ordenar e Arão, seu irmão, falará a Faraó, para que deixe sair da sua terra os filhos de Israel.”

O relacionamento de Moisés para com Faraó seria semelhante àquele que Deus mantém com Seu povo. Assim como Arão comunicava as palavras de Moisés a Faraó, igualmente o profeta apresenta as palavras de Deus perante o povo. O termo profeta, portanto, se refere a um porta-voz apontado por Deus. O termo grego equivalente ao hebraico nabi é prophetes, de onde deriva o nosso termo em português, profeta.[5]

Através dos anos, Deus concedeu revelações de Sua vontade a Seu povo, utilizando as pessoas que haviam recebido o dom de profecia. O profeta Amós registra isso de uma maneira marcante. Vamos ler esse texto em Amós 3:7: “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas”.[6]

falemos um pouco dAs funções do dom profético no Novo Testamento[7]

O Novo Testamento concede ao dom de profecia um lugar proeminente entre os dons do Espírito Santo, colocando-o uma vez em primeiro lugar e duas vezes em segundo, entre os ministérios de maior utilidade para a igreja; você pode conferir isso em Romanos 12:6; 1Coríntios 12:28; e Efésios 4:11. O apóstolo Paulo estimulou os crentes a desejar de modo especial o dom de profecia; essas palavras estão em1Coríntios 14:1, 39.

O Novo Testamento sugere que os profetas desempenharam as seguintes funções:

  1. Prestaram assistência na fundação da igreja. Efésios 2:20, 21.
  2. Iniciaram a extensão missionária da igreja. Atos 13:2, 3 Atos 16:6-10.
  3. Edificaram a igreja. 1Coríntios 14:4, 3 e Efésios 4:12.
  4. Uniram e protegeram a igreja. Efésios 4:13, 14.
  5. Advertiram quanto a dificuldades futuras. Atos 11:27-30; Atos 20:23; 21:4, 10-14).
  6. Confirmaram a fé em tempos de controvérsia. Atos 15:32.

como podemos entender O dom profético nos últimos dias?[8]

Muitos cristãos acreditam que o dom profético cessou no encerramento da era apostólica. Mas a Bíblia revela a necessidade especial de orientação divina durante as crises do tempo do fim; isso testifica da contínua necessidade do dom profético depois dos tempos do Novo Testamento.

Não existe qualquer evidência bíblica de que Deus haveria de retirar os dons espirituais por Ele concedidos à igreja, antes que completasse Seu propósito. E qual o propósito de Deus para Sua igreja? De acordo com o apóstolo Paulo, é este: “Que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Efésios 4:13.

A igreja ainda não alcançou tal experiência, e por isso necessita ainda da presença dos dons do Espírito. Esses dons, incluindo o dom de profecia, continuarão a operar em benefício do povo de Deus até o retorno de Cristo. Consequentemente, Paulo fez uma dupla advertência aos crentes:

“Não apaguem o Espírito. Não desprezem as profecias”. 1Ts 5:19, 20.

Eu quero falar sobre o dom profético imediatamente antes do segundo advento

Deus concedeu o dom profético a João Batista para que anunciasse o primeiro advento de Cristo. De modo similar, podemos esperar que Ele envie o mesmo dom para proclamar o segundo advento, de tal forma que todas as pessoas tenham oportunidade de se preparar para o encontro com o Salvador.

Cristo mencionou o surgimento de falsos profetas como um dos sinais da proximidade de sua segunda vinda. Leiamos Mateus 24:11, 24:

“Muitos falsos profetas se levantarão e enganarão a muitos […] Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos”.

Se não devessem existir profetas verdadeiros durante o tempo do fim, Cristo não teria advertido contra qualquer indivíduo que pretendesse possuir o dom. Sua advertência no tocante a falsos profetas implica que existiriam igualmente profetas verdadeiros.

O profeta Joel anunciou um derramamento especial do Santo Espírito e do dom profético justamente antes do retorno de Cristo. Ele disse em Joel 2:28-31:

“E acontecerá, depois disso, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus velhos sonharão, e os seus jovens terão visões. Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se transformará em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor.”

O primeiro Pentecostes testemunhou memorável manifestação do Espírito. Pedro, citando a profecia de Joel, destacou que Deus havia cumprido a Sua promessa (At 2:2-21). Entretanto, devemos indagar se a profecia de Joel encontrou seu pleno e total cumprimento no dia de Pentecostes ou se ainda devemos esperar outro cumprimento, mais amplo e mais completo. Não possuímos evidências de que os fenômenos no Sol e na Lua, mencionados por Joel, ocorreriam antes ou depois do derramamento do Espírito. Na verdade, eles não ocorreram senão muitos séculos mais tarde.

E quanto ao dom profético na igreja remanescente?

Como o livro de Apocalipse caracteriza os crentes leais que constituirão o remanescente? A resposta está em Apocalipse 12:17:

“O dragão ficou irado com a mulher e foi travar guerra com o restante da descendência dela, ou seja, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”.

A frase “testemunho de Jesus” se refere ao dom profético. E como sabemos disso? Pela conversa posterior do anjo com João. Eu vou explicar.

Próximo ao final do livro do Apocalipse, o anjo identifica a si mesmo como “um servo de Deus, assim como são você e os seus irmãos que guardam o testemunho de Jesus” (Ap 19:10) e como “um servo de Deus, assim como são você e os seus irmãos, os profetas” (Ap 22:9). Essas expressões paralelas deixam claro que são os profetas que possuem o “testemunho de Jesus”. Isso explica a declaração do anjo, de que “o testemunho de Jesus é o Espírito da Profecia” (Ap 19:10).

De tal maneira que o “Espírito de Profecia” não é invenção dos Adventistas do Sétimo Dia. Esse é um assunto que está na Palavra de Deus. Vou reforçar a comparação de dois textos importantes sobre este assunto.

Apocalipse 19:10:

“Prostrei-me diante dos seus pés para adorá-lo. O anjo, porém, me disse: Não faça isso! Sou um servo de Deus, assim como são você e os seus irmãos que guardam o testemunho de Jesus. Adore a Deus! Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”.

Agora vejamos Apocalipse 22:8, 9:

“Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, depois de ter ouvido e visto, prostrei-me diante dos pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Mas ele me disse: Não faça isso! Sou um servo de Deus, assim como são você e os seus irmãos, os profetas, e como são os que guardam as palavras deste livro. Adore a Deus!”

Observe que a situação nas duas passagens é a mesma. João se prostra aos pés do anjo para adorá-lo. As palavras do anjo são quase idênticas; mesmo assim, a diferença é significativa. Em 19:10, os irmãos são identificados com a expressão “que guardam o testemunho de Jesus”. Em 22:9, são chamados simplesmente de “profetas”. A Bíblia está realizando uma autointerpretação; a comparação nos leva à conclusão que o “espírito de profecia” de 19:10 não pertence a todos os membros, de forma geral, mas somente àqueles a quem Deus chamou para serem profetas.[9]

Você sabia que haverá um auxílio especial na crise final?

As Escrituras declaram que o povo de Deus experimentará nos últimos dias da história terrestre a plenitude da ira do satânico poder do dragão, quando este se envolver em uma tentativa final para destruí-lo (Ap 12:17). Será um “tempo de angústia, como nunca houve, desde que existem nações até aquele tempo”, diz Daniel 12:1. A fim de ajudá-los na sobrevivência em meio ao mais intenso conflito de todas as eras, Deus, em sua amorável bondade, assegura a Seu povo que não o deixará sozinho. O testemunho de Jesus, o Espírito de Profecia, os guiará em segurança rumo ao objetivo final – a união com o Salvador por ocasião do segundo advento.

voltemos a ellen white; alguém pode perguntar: Preenche ellen white as condições como mensageira de Deus para os tempos atuais? ela preenche os requisitos para ser uma profeta?

A resposta é um claro e sonoro: SIM!

As normas pelas quais avaliamos os profetas bíblicos podem ser facilmente aplicadas a Ellen White.[10]

1. Os ensinos de Ellen White estão totalmente em harmonia com a Bíblia

Desde o começo até o fim de seu ministério, seu conselho era claríssimo; ela escreveu:

“O Senhor deseja que estudem a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de Sua Palavra. Esta luz [o próprio ministério dela] deve conduzir as mentes confusas à Sua Palavra, a qual, se for comida e assimilada, é como sangue que dá vida à alma”.[11]

Também escreveu: “A Bíblia e somente a Bíblia, é nossa única regra de fé”.[12] Em outra ocasião, ela disse: “As palavras da Bíblia, e a Bíblia somente, deviam ser ouvidas do púlpito.”[13]

De maneira enfática, ela também disse:

“Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos ‘últimos dias’; não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica”.[14]

Em sua última aparição na Associação Geral de 1909, ela concluiu seu sermão levantando uma Bíblia diante de todos os presentes, dizendo: “Irmãos e irmãs, eu lhes recomendo este Livro”.[15]

2. Exatidão das predições[16]

Os escritos de Ellen White contêm um número relativamente pequeno de predições. Algumas delas estão hoje em processo de cumprimento, enquanto outras ainda aguardam ser cumpridas. Entretanto, aquelas que podem já ser testadas, cumpriram-se com extraordinária precisão. Apresentarei, a seguir, dois exemplos que demonstram sua visão profética.

a. O surgimento do moderno espiritualismo

Em 1850, quando o ainda se encontrava nos primeiros passos, Ellen White identificou-o como um dos grandes enganos dos últimos dias e predisse seu crescimento. Embora naqueles dias o movimento fosse decididamente anticristão, ela previu que a hostilidade se modificaria, e que ele viria a tornar-se respeitável entre os cristãos. Desde aqueles dias, o espiritualismo tem-se estendido a todo o mundo, adquirindo milhões de adeptos. Sua face anticristã modificou-se; efetivamente, muitos deles se identificam como cristãos espiritualistas, reivindicando possuir a verdadeira fé cristã, afirmando ainda que os espiritualistas são os únicos religiosos que usam os dons prometidos por Cristo, por meio dos quais curam os enfermos e demonstram uma consciência futura e existência progressiva. Eles até mesmo afirmam que o espiritualismo concede o conhecimento de todos os grandes sistemas de religião, e ainda concede mais conhecimento da Bíblia cristã do que todos os comentários combinados. A Bíblia é um livro de espiritualismo.

b. Cooperação íntima entre protestantes e católicos romanos

Durante o período de vida de Ellen White, existia um abismo entre o protestantismo e o catolicismo romano, o qual parecia impedir qualquer cooperação entre ambos. O anticatolicismo caracterizava os protestantes. Ela profetizou que grandes mudanças no seio do protestantismo conduziriam a um afastamento da fé proclamada pela Reforma. Consequentemente, as diferenças entre protestantes e católicos se reduziriam, conduzindo ao estabelecimento de uma ponte para cobrir o abismo que antes separava a ambos.

Os anos posteriores à sua morte têm testemunhado o surgimento do movimento ecumênico, o estabelecimento do Conselho Mundial de Igrejas, o Concílio Vaticano II, e a ignorância ou mesmo decidida rejeição que o protestantismo faz dos pontos de vista da Reforma no tocante à interpretação profética. Essas grandes mudanças têm derribado muitas barreiras até então existentes entre católicos e protestantes, conduzindo a um processo de crescente cooperação.

3. Os frutos do ministério de Ellen White

Os frutos do ministério profético de Ellen White ficam evidentes à medida que o tempo passa. Contando com apenas cem crentes em 1850, o movimento adventista tornou-se um movimento internacional, que cresceu para além de vinte milhões de batizados. Observadores não adventistas, bem como adventistas, declaram enfaticamente que Ellen White é a principal razão para esta influência mundial. A igreja adventista não se destaca apenas no ministério da pregação; ela patrocina o maior sistema de escolas protestantes do mundo. Seu programa médico também é internacionalmente conhecido, produto em grande parte do estímulo de Ellen White.[17]

Esses programas mundiais, que incluem a ADRA, jamais teriam atingido suas atuais realizações sem a previsão e os princípios expostos por Ellen White. A Universidade de Loma Linda, por exemplo, com sua internacionalmente reconhecida escola de Medicina, nem mesmo existiria não fosse pela visão e tenacidade de Ellen White.[18]

O caráter peculiar desses programas reside não em sua influência mundial, mas em seus objetivos singulares. As escolas adventistas e as instituições médicas são distintivas por causa dos princípios cuidadosamente burilados e esboçados por Ellen White, não por causa de pessoas religiosas que imitam programas seculares.[19]

Graças aos princípios expostos pela mensageira de Deus, os atuais adventistas do sétimo dia também são conhecidos como um povo que contribui, um povo de vida longa e saudável e um povo missionário.[20]

4. O enfoque sobre Jesus

O enfoque coerente de Ellen White sobre Jesus como o centro tanto de sua vida espiritual quanto de seus princípios teológicos ressalta quão convincentemente ela cooperou com o “Espírito” de Profecia. Ela disse: “O objetivo de todo o ministério é conservar o eu fora da vista, e deixar que Cristo apareça. A exaltação de Cristo é a grande verdade que todos os que trabalham por palavra e doutrina devem revelar”.[21]

Além disso, Ellen White escreveu extensamente sobre a vida de Cristo. Seu papel como Senhor e Salvador, Seu sacrifício expiatório na cruz, e Seu atual ministério intercessório, representam temas dominantes em sua obra literária. O livro O Desejado de Todas as Nações tem sido aclamado como um dos mais espirituais tratados sobre a vida de Cristo, enquanto Caminho a Cristo – sua obra mais amplamente difundida – tem conduzido milhões de pessoas a um relacionamento mais íntimo com Ele. Seus livros retratam claramente a Jesus como plenamente Deus e plenamente homem. Sua exposição equilibrada coincide com os pontos de vista bíblicos, evitando de forma cuidadosa a ênfase exagerada quanto a uma ou outra natureza – um problema que causou tanta controvérsia ao longo da história do cristianismo.[22]

Todo o tratamento que ela dá ao ministério de Cristo é de cunho prático. Não importa quais os aspectos de que ela trate, sua preocupação fundamental é conduzir o leitor a um relacionamento mais profundo com o Salvador.

O impacto dos escritos de Ellen White

A revista Ministry, de outubro de 1982, mostrou que os adventistas do sétimo dia “que estudam regularmente os escritos de Ellen White apresentam maior probabilidade de também serem cristãos mais sólidos na vida espiritual e no testemunho perante a comunidade do que os membros da igreja que não o fazem”.[23]

Essa mesma pesquisa afirma que “talvez mais importante do que todas as outras características daqueles que leem os escritos de Ellen White foi a descoberta de que 82 por cento geralmente ou sempre fazem o estudo pessoal e diário da Bíblia, enquanto apenas 47 por cento dos não leitores o fazem”.[24] “Os adventistas que leem Ellen White valorizam mais o estudo da Bíblia do que aqueles que não a leem. Além disso, os que seguem o conselho da escritora são os membros da igreja que ocupam a vanguarda na proclamação das boas novas que constantemente recebem ao estudar a Bíblia e os escritos dela”.[25] “Em outras palavras, os que leem Ellen White são os que entendem melhor a missão e a mensagem da Igreja Adventista do Sétimo Dia”.[26]

conclusão: Um enorme legado[27]

Em 1915, Arthur G. Daniells, na época, Presidente da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo dia, resumindo as contribuições da vida de Ellen White, disse no funeral dela:

“Nenhum mestre cristão desta geração, nenhum reformador religioso de qualquer era anterior valorizou tanto a Bíblia. Em todos os seus escritos, as Escrituras são representadas como o livro de todos os livros, o guia supremo e suficiente para a família humana […] Aqueles que ainda creem que a Bíblia é a Palavra inspirada infalível do Deus vivo valorizarão ao extremo o apoio categórico e firme dado a esse ponto de vista nos escritos da Sra. White”.[28]

O pastor Daniells prosseguiu listando uma série de destaques de seus escritos: “Cristo é reconhecido e glorificado como o único Salvador dos pecadores”; o evangelho é considerado o único meio de salvação; o Espírito Santo é exaltado como Mestre e Guia celestial enviado a este mundo por Cristo, “para tornar real no coração e na vida dos seres humanos tudo o que Ele tornou possível mediante sua morte na Cruz” […] Por intermédio de seus escritos, os adventistas receberam luz e conselhos “acerca de questões vitais que afetam o bem-estar e [o enlevo] da família humana. Além disso, “seus escritos apresentam o ponto de vista mais abrangente sobre a reforma da temperança as leis da vida e da saúde”.[29]

Em conclusão, o pastor Daniells declarou:

“Talvez não sejamos sábios o suficiente para dizer de forma definitiva qual parte da obra da Sra. White foi de maior valor para o mundo, mas nos parece que o grande volume de literatura bíblica que ela deixou demonstra ser esse seu maior serviço à humanidade […] Os muitos volumes que nos legou, abordando cada etapa da vida humana […] continuarão a moldar o sentimento público e o caráter individual. A mensagem deles será apreciada mais do que foi no passado”.[30]

Como Pedro, podemos dizer com fé e com segurança:

“Porque não lhes demos a conhecer o poder e a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade […] Assim, temos ainda mais segura a palavra profética, e vocês fazem bem em dar atenção a ela, como a uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês”. 2 Pedro 1:16, 19.

Irmãos e irmãs, “os adventistas do sétimo são um povo profético, vivem em um tempo profético e transmitem uma mensagem profética a um mundo desprovido de esperança e salvação. Para cumprir nosso papel singular em tempos difíceis, precisamos depender como nuca da orientação do Espírito Santo. O dom de profecia, que é uma das muitas dádivas concedidas ao povo de Deus pelo Espírito Santo, representa o esforço do Senhor para Se comunicar com e por meio de seres humanos, enquanto prepara pessoas para encontra-lo”.[1]

Você irmão e irmã que costuma ler os livros de Ellen White, continue com esse bom hábito espiritual. Você que ainda não faz isso, comece agora. Quanto mais você ler Ellen White, mais você amará a Palavra de Deus.

Amém!

 

 

 

 

[1] Alberto R. Timm e Dwain N. Esmond. Quando Deus fala: O Dom de Profecia na Bíblia e na História. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017, p. 5.

[1] “Quem foi Ellen Gould White?”. Disponível aqui: https://www.adventistas.org/pt/espiritodeprofecia/sobre-nos/biografia-de-ellen-g-white/ . Acesso em 09/06/2020.

[2] “Quem foi Ellen Gould White?”. Disponível aqui: https://www.adventistas.org/pt/espiritodeprofecia/sobre-nos/biografia-de-ellen-g-white/ . Acesso em 09/06/2020.

[3] Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Nisto Cremos: as 28 crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia 10ª edição. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2018, p. 279.

[4] Nisto Cremos, p. 279.

[5] Nisto Cremos, p. 279, 280.

[6] Nisto Cremos, p. 280.

[7] Nisto Cremos, p. 280, 281.

[8] Nisto Cremos, p. 281-285.

[9] Manuel Rodríguez, Ángel. Teologia do Remanescente: Uma Perspectiva Eclesiológica Adventista (Portuguese Edition) (Locais do Kindle 3493-3498). Casa Publicadora Brasileira. Edição do Kindle.

[10] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 514.

[11] Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, volume 3, p. 29.

[12] Ellen G. White. Conselhos Sobre a Escola Sabatina, p. 93

[13] White, E. G. (2007). Profetas e Reis. Casa Publicadora Brasileira, p. 320.

[14] Elle G. White. Primeiros Escritos, p. 78.

[15] Citado em W. A. Spicer, The Spirit of Prophecy in the Advent Movement (Washington D.C.:

Review and Herald, 1937), 30. Tradução Livre

[16] Nisto Cremos, p. 288-289.

[17] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 514, 515.

[18] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 515.

[19] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 515.

[20] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 515.

[21] Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, volume 1, p. 156.

[22] Nisto Cremos, p. 288.

[23] Ministry, outubro de 1982, p. 10.

[24] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 515.

[25] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 515.

[26] Herbert Douglas. Mensageira do Senhor – O Ministério profético de Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa publicadora Brasileira, 2001, p. 515.

[27] Dennis Fortin. “A Teologia de Ellen G. White”. Em Dennis Fortin e Jerry Moon, editores. Enciclopédia Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2018, p. 267.

[28] Life Sketches of Ellen G. White, p. 471, 472.

[29] Life Sketches of Ellen G. White, p. 472, 473.

[30] Life Sketches of Ellen G. White, p. 475.

 

 

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