Ganhando amigos por meio de riquezas injustas
Lucas 16:1-12
Pr. Jesús Hanco Torres
INTRODUÇÃO
- Saudação.
- Frase alusiva: O título da mensagem de hoje é: Ganhando amigos por meio de riquezas injustas. Qual foi o propósito de Jesus ao ordenar a seus discípulos fazer amigos utilizando riquezas injustas (Lc 16:9)? Qual é a mensagem dessa ordem enigmática de nosso Mestre para os nossos dias?
- Texto:Lucas 16:1-12. Depois de convidar os fariseus e escribas a se alegrar por e tratar melhor as pessoas que haviam estado perdidas e distantes de Deus e que decidiram voltar ao caminho certo, Jesus procurou ensinar aos seus discípulos um assunto muito importante. Assim, Ele se dirige aqueles que seriam os futuros líderes da igreja, falando de um tema transcendental na nova responsabilidade que os esperava: “o tratamento com os seus semelhantes”.
- Proposta:Jesus apresenta a seus discípulos o lugar queocupam os bens obtidos neste mundo em relação ao tratamento com os semelhantes.
- OS FILHOS DESTE SÉCULO SÃO MAIS PRUDENTES DO QUE OS FILHOS DA LUZ (Lc 16:1-8)
- Lição: Os não cristãos são mais prudentes em seus relacionamentos com seus semelhantes que os filhos da luz.
- Texto bíblico: Jesus conta uma parábola aos seus discípulos, onde apresenta um homem rico que tinha um mordomo. Uma situação muito comum na Judeia, onde os homens ricos tinham servos ou escravos pessoais de muita confiança, para que atuassem como seus “mordomos”. Os mordomos atuavam como administradores, cuidando sempre dos interesses de seu senhor. Assim, eram os administradores que tinham a responsabilidade de cuidar de “todos” os bens do dono: casas, escravos, animais, terras, negócios, entre outros.
- No entanto, na parábola de Jesus, o dono recebeu acusações sobre a má gestão do seu mordomo, que estava “desperdiçando” os bens de seu amo (16:1). Por isso, o dono decidiu conversar com seu mordomo e perguntou: “Que é isto que ouço a teu respeito?” Mas mesmo que o dono esperasse por uma explicação para as acusações que havia recebido, a decisão já estava tomada, qualquer que fosse a declaração do acusado. O mordomo não seria mais o administrador. Assim, o dono esperava somente o balanço de toda a sua gestão, para depois despedi-lo da posição (16:2).
- O mordomo está consciente de sua triste situação: “ser demitido”. Então, refletiu dizendo: “O que farei? E mesmo que duas ideias tenham vindo à sua mente, nenhuma delas lhe satisfez: (a) trabalhar na terra… percebe que não tem as mesmas forças de um jovem; (b) mendigar… considera muito vergonhoso para um mordomo de um homem rico, ser visto como um mendigo agora (16:4).
- Depois de refletir, esse futuro desempregado idealizou um plano brilhante que tinha como objetivo obter hospedagem e alimentação grátis.
- Esse plano consistia em: (1) convocar todos os devedores de seu amo; (2) verificar a dívida que cada um tinha com o seu senhor; e (3) realizar mudanças no contrato ou nota de dívida realizado entre o seu senhor e o arrendatário, de maneira que a dívida pudesse serreduzida em até 50% (16:5-7).
- O objetivo seria alcançado, já que os arrendatários, que estavam muito satisfeitos com semelhante dádiva, estariam moralmente comprometidos em receber em suas casas o “magnânimo” mordomo, que havia perdoado até 50% de sua dívida.
- No entanto, os arrendatários esqueceram que: (a) o dinheiro que lhe havia sido perdoado não era seu, pois ele era somente o mordomo; (b) a condição do mordomo era de iminente demissão por haver desperdiçado os bens de seu amo; e (c) ainda que aparentemente ele estivesse lhes fazendo um bem, a sua verdadeira intenção era lhes comprometer para que quando fosse despedido, essas pessoas lhe dessem hospedagem e alimentação.
- A história termina com a admiração do amo pelomordomo “infiel” por sua atuação sagaz. Vale a pena lembrar que o termo sagaz, em grego fronimos, pode ser traduzido como: prudentemente, inteligentemente, com perspicácia. Da mesma forma, essa raiz verbal é usada em Mateus 7:24 para se referir a um homem prudente e em Mateus 25:2 para se referir às virgens prudentes. O que mostra a prudência, habilidade, inteligência desse servo que mesmo sendo mal, agia prudentemente em seu relacionamento com os demais.
- Ou seja, o mordomo continuava defraudando e continuava enganando, mas dessa vez estava favorecendo os seus semelhantes (devedores).
- Jesus finaliza declarando uma verdade: Os filhos deste século são mais prudentes em relação a sua própria espécieque os filhos da luz.
- Ilustração: É comum ver com que amabilidade um cliente interessado em fazer um empréstimo ou um cartão de crédito é atendido em um banco. A cordialidade transborda em cada um dos funcionários da entidade bancária. Porque sem dúvida, fechar esse negócio permitirá que essa entidade possa obter mais dividendos graças a esse cliente. E quando você vai a algum restaurante famoso da capital (com preços caros), há uma atenção cordial desde o momento que o seu carro chega ao estabelecimento; a amabilidade e o excelente tratamento são elementos comuns em cada um dos funcionários, que desejam fazer o cliente se sentir bem e assim poder conquistá-lo como um cliente fiel do estabelecimento.
- Aplicação: “Os homens do mundo procuram ser corteses e tornar-se tão agradáveis quanto for possível. Eles procuram tornar seu modo de falar e suas maneiras de tal índole que tenham a maior influência sobre aqueles com os quais se comunicam. Usam seu conhecimento e capacidades tão habilmente quanto for possível para alcançar esse objetivo” (Mensagens Escolhidas, v.2, p. 239).
- A primeira lição que a Bíblia nos dá é que os filhos deste século, ou seja, os filhos das trevas, aqueles que não tem a Cristo em seu coração, são mais atenciosos,cordiais e amáveis com os seus semelhantes, é claro, quando esperam obter algo deles.
- Essa é uma realidade que pode ser notada em todos os relacionamentos interpessoais: (a) relacionamentos sentimentais: é comum ouvir de muitos dos jovens (moças e moços) que os não cristãossão mais cortesese mais atenciosos que os jovens que conhecem a Deus; (b) relações laborais: também se ouve que aqueles que não são cristãos desenvolvem um melhor serviço do que os colegas que são cristãos; e (c) relacionamentos de amizade: os amigos que não são cristãos parecem se interessar mais em sair e se divertir ou realizar atividades junto com os amigos cristãos.
- Sendo assim, podemos confirmar o que Jesus disse: “porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”.
- GANHEMOS AMIGOS POR MEIO DAS RIQUEZAS INJUSTAS (Lc 16:9-12)
- Lição: Vamos começar a ganhar amigos por meio das riquezas injustas.
- Texto bíblico: Jesus termina a parábola dirigindo-se aos seus discípulos e ordenando que começassem a “fazer amigos” (imperativo aoristo), verbo que mostra uma ordem para começar uma ação que até o momento não havia sido realizada.
- Essa ordem é uma reação diante da realidade de que os filhos das trevas são mais “prudentes”, “sagazes” no seu relacionamento com os seus semelhantes que os filhos de Deus. É uma ordem para reverter essa situação real. “Comecem a fazer amigos”.
- O texto grego declara literalmente: “Fazei amigos com as riquezas da injustiça”. Uma frase que realmente parece ser muito contraditória, considerando que é uma ordem de Cristo.
- A declaração continua e Jesus acrescenta: “[…] para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos”;ou seja, quando as riquezas injustas deixarem de existir ou faltarem, o que é uma possibilidade (verbo subjuntivo). Se isso acontecesse e as riquezas injustas faltassem, então a opção de ser recebido nas moradas eternas poderia acontecer (outro verbo subjuntivo), fazendo uma clara referência ao Céu.
- Jesus declara a seus discípulos que eles devem fazer amigos com as riquezas da injustiça. Fazendo um claro paralelo entre a ação do mordomo infiel e o que Jesus espera de seus discípulos.
- O mordomo mau ganhou amigos (os arrendatários) fazendo uso das riquezas injustas (o dinheiro do amo), as quais não lhe pertenciam. E quando lhe faltou a riqueza injusta (foi despedido) foi recebido nas casas dos amigos (os arrendatários).
- O discípulo de Cristo deve ganhar amigos fazendo uso das riquezas injustas (tudo aquilo que não lhe pertence),para que quando essas faltarem, seja recebido nas moradas eternas (Céu).
- Jesus usa essa sagacidade do mordomo mau para apresentar aos seus discípulos uma nova visão das riquezas e dos bens materiais. Para isso, Jesus começa mostrando a importância da “fidelidade” nas pequenas coisas com um termômetro que projeta a fidelidade nas responsabilidades maiores (Lc 16:10).
- Se nas riquezas injustas — você não foi fiel — quem lhe confiaria as verdadeiras? Se no alheio — você não foi fiel — quem lhe dará o que pertence a nós? (Lc 16:11, 12).
- Nesses dois versículos Jesus mostra o que Ele chama de riquezas injustas. São as riquezas alheias, as que não são verdadeiras (ou seja, são falsas).
- Ilustração: João, um jovem pastor recebeu a notícia de que havia sido nomeado como administrador de uma das instituições da igreja, uma posição para a qual ele obteve diversos privilégios. Nesse cargo, ele via como as pessoas o tratavam com muita consideração e respeito. Sem dúvida, uma posição que lhe outorgava o poder para decidir sobre a vida de muitas pessoas. No entanto, João não permitiu que ao estar temporariamente neste cargo, ele perdesse de vista a realidade: essa posição era alheia, era somente uma responsabilidade temporal, uma ilusão, algo irreal e passageiro. Por isso ele decidiu: Fazer amigos, procurar oferecer mais bem-estar a todos os que estavam sob sua liderança. Deus o abençoou em sua gestão; mas quantos que estão em uma função onde existem pessoas subordinadas se esquecem dessa realidade?
- Aplicação: A segunda lição da parábola é uma ordem: “Comecem a fazer amigos” com as riquezas da injustiça. Lembrando que as riquezas da injustiça são os bens terrenos, dinheiro, posições, responsabilidades, funções que recebemos enquanto estamos nesta terra. E são elas que Jesus tenta mostrar em sua verdadeira dimensão: (a) alheias; e (b) irreais (não verdadeiras).
- Além disso, Jesus enfatizou a importância da fidelidade nas pequenas coisas. Pense por um instante nas pequenas responsabilidades que Deus lhe deu, talvez para com os seus pais, ou com sua esposa, ou com os seus filhos. Deus tem um termômetro de fidelidade e a teoria é: “Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito”. Deus está disposto a outorgar responsabilidades maiores; entretanto, Ele espera que antes os seus filhos sejam fiéis no pouco para serem fiéis no muito.
- Jesusespera que nas riquezas injustas, irreais, como os bens terrenos, dinheiro, cargos, responsabilidades, possamos ser fiéis (Lc 16:11); para que Deus então possa nos dar as verdadeiras riquezas, as que serão nossas, aquelas que estão nas moradas celestiais.
- E para isso precisamos entender que TUDO o que temos aqui é passageiro, fugaz e irreal. E o desejo de nosso Senhor Jesus é que possamos usar tudo isso para ganhar amigos, para fazer o bem, sendo o maior bem o de apresentar a Cristo e a salvação a quantos pudermos.
CONCLUSÃO E CHAMADO
- Recapitulação: Jesus oferece aos seus discípulos uma grande lição de administração, considerando que eles seriam os futuros líderes da igreja. Assim, o Senhor nos convida para refletir: como tratar o meu semelhante, especialmente os que estão subordinados a mim? (1) Começar a ganhar amigos, uma ordem para “amar o nosso próximo”, dar atenção, ser amável ao fazer uso de tudo aquilo que Deus me confiou, sejam riquezas, cargos ou, funções; (2) Lembrar que tudo o que temos nessa terra é alheio, passageiro e irreal. Não esquecer que nossa verdadeira riqueza está nas moradas celestiais, as quais o Senhor nos dará quando voltar pela segunda vez.
- Chamado: Quantos neste momento gostariam de pedir ao Senhor Jesus que os ajude a lembrar que todos os “meus bens”, os “meus cargos”, as “minhas posses”, realmente não são minhas, são passageiras e irreais. Fomos confiados por Deus para fazer amigos, procurando fazer-lhes o bem, compartilhando o evangelho. Hoje podemos dizer a Deus: ajuda-me a sempre lembrar que minha verdadeira riqueza não está aqui, mas lá no Céu. AMÉM.
Oração