A Guarda Dos Mandamentos de Deus

Pr. Adolfo Suárez

Introdução

Olá meu irmão e minha irmã. Este é o segundo sermão da série “Esperança para o Tempo do Fim”. São oito sermões para tratar de temas diretamente relacionados ao Povo da Esperança, a Igreja Adventista do Sétimo Dia: Sua origem, identidade, desafios e missão. Queremos que sua fé seja fortalecida, sua esperança seja aquecida, e em seu coração se manifeste um forte desejo de envolver-se ativamente na pregação do Evangelho. Afinal, o relógio profético está bem adiantado.

Hoje eu quero falar da identidade do povo da esperança. Vamos ler Apocalipse 12:17:

“O dragão ficou irado com a mulher e foi travar guerra com o restante da descendência dela, ou seja, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”. Apocalipse 12:17.

O texto deixa claro que o povo Remanescente tem duas características marcantes: (1) Guardam os mandamentos de Deus e (2) têm o testemunho de Jesus. No sermão de hoje vamos estudar a primeira característica. E a segunda será estudada no próximo sermão.

Esclarecimento da palavra “Mandamento”

O versículo que lemos diz que o remanescente guarda “os mandamentos”. No grego é usado o substantivo entolē, que pode ser traduzido de maneiras diferentes, como “comando, ordem, mandamento, lei”. No Novo Testamento, se refere às instruções ou mandamentos dados pelo povo, por Jesus ou por Deus. Além disso, poderia se referir a um único mandamento ou à lei de Deus como um todo.[1]

No Apocalipse, o termo entolē (“mandamentos”) é encontrado em apenas duas passagens, cujo conteúdo é similar. Já lemos a primeira passagem, Apocalipse 12:17. A segunda passagem é Apocalipse 14:12, que diz:

“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”.

A expressão “guardar os mandamentos de Deus” é mencionada em ambos textos, sugerindo que essa ideia é particularmente significativa para João, além de ficar claro que os mandamentos são provenientes de Deus.[2] Nós adventistas do sétimo dia sempre consideramos a expressão “os mandamentos de Deus” de Apocalipse 12:17 e 14:12 como os dez mandamentos de Êxodo 20. E temos razões claras para isso.

Menção aos dez mandamentos em Apocalipse

É muito interessante observar que existem referências aos Dez Mandamentos e uso de linguagem referente aos Dez Mandamentos em vários textos do Apocalipse. Eu quero mencionar alguns exemplos: [3]

Vamos ler Apocalipse 9:20, 21

“O resto da humanidade, isto é, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeu das obras das suas mãos: eles não deixaram de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem andar. Também não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua imoralidade sexual, nem dos seus furtos”.

Observe com atenção o seguinte:

A expressão “eles não deixaram de adorar os demônios e os ídolos”, nos lembra o segundo mandamento: “Não faça para você imagem de escultura”; “não adore essas coisas, nem preste culto a elas” (Êxodo 20:4 e 5).
A expressão “também não se arrependeram dos seus homicídios”, nos lembra o quinto mandamento, “não mate” (Êxodo 20:13).
A expressão “sua imoralidade sexual” nos lembra o sétimo mandamento, “não cometa adultério” (Êxodo 20:14).
A expressão “nem dos seus furtos” nos lembra o oitavo mandamento, “não furte” (Êxodo 20:15).

Agora vamos ler Apocalipse 10:5-6:

“Então o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive para todo o sempre, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há, dizendo: Já não haverá demora”.

A expressão “o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há” nos lembra o quarto mandamento, “lembre-se do dia de sábado para o santificar… porque em seis dias o Senhor fez os céus e a terra” (Êxodo 20: 8 e 11).

Mais um texto: Apocalipse 13:6:

“A besta abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu”.

É claro que esse verso nos lembra o terceiro mandamento, “não tome o nome do Senhor, seu Deus, em vão” (Êxodo 20:7).

Mais um texto: Apocalipse 14:4 e 5:

“Estes são os que não se macularam com mulheres, porque são virgens. Eles seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá. São os que foram comprados dentre todos os seres humanos, primícias para Deus e para o Cordeiro; e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula”.

A expressão “e não se achou mentira na sua boca” nos lembra o nono mandamento, “não dê falso testemunho” (Êxodo 20:16).

Esses são apenas alguns exemplos de como os Dez Mandamentos de Deus estão presentes no Apocalipse, e por isso não deveria nos surpreender que o remanescente seja identificado como aqueles que guardam os mandamentos de Deus, os mandamentos de Êxodo 20.

Dito tudo isso, agora quero estudar com vocês os Dez Mandamentos, de uma maneira resumida.

1º mandamento

Certamente a lealdade é uma das mais importantes características humanas, e está em falta hoje em dia… Você conhece alguém leal? Você é leal?

Em Êxodo 20:3 lemos: “Não tenhas outros deuses diante de mim”.

O que você entende ao ler este versículo? O que Deus está pedindo de Seus filhos e filhas? Claro que o que está em jogo aqui é a idolatria. Mas qual é o princípio que rege alguém que não é idólatra? É a lealdade!

Em Êxodo 20:3 é como se Deus estivesse dizendo: “Seja leal a Mim”. O que é lealdade? Lealdade é compromisso, responsabilidade. Lealdade é prometer e cumprir o que foi prometido. Lealdade é oferecer confiança e confiabilidade.

O que significa ser leal a Deus? Ser leal a Deus significa honrar o compromisso de vivermos como filhos e filhas Dele; é viver com responsabilidade diante Dele. Ser leal a Deus é prometer e cumprir o que foi prometido. Ser leal a Deus é viver de tal forma que Ele confie em nós como Seus representantes aqui na Terra.

2º mandamento

Em Êxodo 20:4 6 lemos: “Não faça para você imagem de escultura”.

O segundo mandamento proíbe o culto ao verdadeiro Deus por meio de imagens ou semelhanças. Muitas nações gentílicas pretendiam que suas imagens eram meras figuras ou símbolos pelos quais adoravam a Divindade; mas Deus declarou que tal culto é pecado. A tentativa de representar o Eterno por meio de objetos materiais, rebaixaria a concepção do homem acerca de Deus. A mente, desviada da perfeição infinita de Jeová, seria atraída para a criatura em vez de o ser para o Criador. E, rebaixando-se suas concepções acerca de Deus, semelhantemente degradar-se-ia o homem.[4]

Aqueles que são casados e aqueles que têm namorado ou namorada sabem que lealdade no relacionamento é algo fundamental. Nenhum namorado, em sã consciência, admite que sua namorada partilhe suas afeições com outros admiradores. Nenhuma namorada, em sã consciência, admite que seu namorado carregue em sua carteira uma foto dela, e de outras. No dia dos namorados, você quer receber, única e exclusivamente você, aquele buquê de rosas de seu namorado. Já pensou se ele sai distribuindo por aí buquês a uma meia dúzia de concorrentes?

Deus insiste em ser o único amor de nossa vida, o único Deus a quem devotamos lealdade e culto completos. Por isso, Deus diz a você: “Seja leal a Mim, adore-me da maneira correta. Que nada seja superior a Mim em sua vida. Não tente substituir-me em sua vida por coisas fúteis que não garantem a vida eterna. Que nem as redes sociais, nem o namoro, nem a moda, nem o celular, nem o trabalho ou qualquer coisa desta vida, por mais agradável que pareça, seja colocada no Meu lugar como objeto de devoção. Eu quero sua lealdade 100% só pra Mim! E Eu lhe prometo que muito em breve poderemos desfrutar de amizade eterna. Sim, Eu vou recompensar sua lealdade e culto exclusivos a Mim. Sabe como? Vou dar a você a vida eterna, vou dar a você uma bela casa na Nova Jerusalém. E, acima de tudo, vou cuidar de você por toda a eternidade, para que você seja eternamente feliz. Mas tudo isso tem um preço: Seja leal a Mim!”.

3º mandamento

Em Êxodo 20:7 está escrito: “Não tome o nome do Senhor, seu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”.

Ellen White diz que “Este mandamento não somente proíbe os falsos juramentos e juras comuns, mas proíbe o uso do nome de Deus de maneira leviana ou descuidada. Pela precipitada menção de Deus na conversação comum, pelos apelos a Ele feitos em assuntos triviais, e pela frequente e impensada repetição de Seu nome, nós O desonramos. “Santo e tremendo é o Seu nome”, diz o Salmo 111:9. Todos devem meditar em Sua majestade, pureza e santidade, para que o coração possa impressionar-se com uma intuição de Seu exaltado caráter; e Seu santo nome deve ser pronunciado com reverência e solenidade”.[5]

Enquanto que o primeiro mandamento se refere a aspectos internos da adoração, e o segundo mandamento se refere a aspectos externos da adoração, o terceiro mandamento se refere aos aspectos verbais da adoração, especificamente envolvendo o nome de Deus. Como eu já disse, o terceiro mandamento nos previne contra a banalização do nome de Deus. Nós chamamos a isso de reverência.

Mas, o que significa exatamente não tomar o nome de Deus em vão? Na Bíblia, o nome de Deus inclui pelo menos três coisas específicas:[6]

Sua natureza, Seu ser, Sua própria pessoa (Salmos 20:1; Lucas 24:47; João 1:12; Apocalipse 3:4).
Seus ensinos ou doutrinas (Salmo 22:22; João 17:6, 26).
Seus ensinos éticos e morais (Miqueias 4:5).

De modo que tomar o nome de Deus em vão significa desrespeitar Sua própria pessoa; desobedecer, desrespeitar Suas doutrinas; desobedecer, desrespeitar Seus ensinos éticos e morais.

Vai chegar o dia em que Deus poderá lhe dizer: “Querida filha, querido filho, você me respeitou, respeitou meu nome, minhas coisas, meus espaços. Você se dirigiu a mim com fineza, com educação. Você me tratou com honra, e suas ações honraram o meu caráter. Obrigado por isso. Eu quero viver com você pela eternidade; afinal, já somos amigos e nos entendemos e respeitamos há muito tempo”.

Você quer ouvir isso dos lábios de Deus? Certamente que sim. Então, trate Deus com reverência. Trate Deus com respeito. Seja reverente!

4º mandamento

Êxodo 20:8 diz: “Lembre-se do dia do sábado, para o santificar”.

O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como havendo sido estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como a memória da obra do Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os céus e a Terra, o sábado distingue o verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos os que guardam o sétimo dia, dão a entender por este ato que são adoradores de Jeová. Assim, o sábado é sinal de submissão a Deus por parte do ser humano. O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o nome como o título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Contém o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma.[7]

Deus deu aos seres humanos seis dias nos quais trabalhar, e exige que seus trabalhos sejam feitos nos seis dias destinados a isso. Atos necessários e misericordiosos são permitidos no sábado; os doentes e sofredores em todo o tempo devem ser tratados; mas o trabalho desnecessário deve ser estritamente evitado.

O profeta Isaías nos chama a atenção para algo muito importante em Isaías 58:14; ele diz que no sábado não devemos falar palavras vãs. Sobre isto, Ellen White nos adverte: “Aqueles que no sábado discutem assuntos de negócios ou fazem planos, são considerados por Deus como se estivessem empenhados na própria realização de negócio. Para santificar o sábado não devemos mesmo permitir que nosso espírito se ocupe com coisas de caráter mundano. E o mandamento inclui todos dentro de nossas portas. Os que convivem na casa devem durante as horas sagradas pôr de parte suas ocupações mundanas. Todos devem unir-se a honrar a Deus por meio de um culto voluntário em Seu santo dia”.[8]

5º mandamento

Êxodo 20:12 diz: “Honre o seu pai e a sua mãe, para que você tenha uma longa vida na Terra que o Senhor, seu Deus, lhe dá”.

O relacionamento entre pais e filhos é universal, talvez o único relacionamento verdadeiramente universal, porque não são todos que se casam, não são todos que namoram, não são todos que chegam a ser pais. Mas todos somos filhos e filhas. Todos. Por isso o mandamento é para os filhos, e não para os pais. O propósito específico deste mandamento é o respeito devido aos pais. E o propósito amplo deste mandamento é a preservação da ordem civil, a qual Deus fixou em obrigações mútuas entre inferiores e superiores.

Note que o mandamento não diz “obedeça ao seu pai e a sua mãe”. Diz “honre o seu pai e a sua mãe”. Qual é a diferença entre obedecer e honrar nossos pais? Honrar significa valorizar, considerar altamente, ter em grande estima, respeitar. Por outro lado, obedecer significa concordar em fazer algo, concordar em ser conduzido, sem necessariamente respeitar a pessoa a quem estamos obedecendo, sem necessariamente ter estima por ela. Um filho pode obedecer aos pais sem tê-los em alta consideração. Obedece por medo, por pressão. Podemos obedecer sem honrar, mas não podemos honrar sem obedecer.

Honrar nossos pais significa querer o bem deles, querer que eles se sintam bem, e agir para que se sintam bem. Honrar nossos pais significa ouvir os conselhos deles. Honrar nossos pais significa falar bem deles. Significa procurar maneiras de mostrar-lhes nosso apreço, nosso respeito, nossa admiração, nosso amor: seja mediante uma mensagem de celular, um cartão, um presentinho, um telefonema, um abraço, um beijo, uma declaração de amor, etc.

Vou dizer sem medo de errar: Ninguém é plenamente feliz enquanto não acerta as contas com os pais. Ninguém! Você pode dizer: “Meus pais me prejudicaram, meu pai foi um monstro, meu pai foi ausente, minha mãe nunca me deu atenção, minha mãe nunca me acolheu”.

Você pode ter razão. Mas a questão não é se seus pais fizeram algo de errado com você. A questão é que você precisa perdoar seus pais. Precisa acertar as contas com o passado e com Deus. Você precisa curar a sua memória. Se não fizer isso, quem perde é você.

6º mandamento

Êxodo 20:13 diz: “Não mate”.

Os instintos de conspiração contra a vida, a semente do desrespeito pela vida, está incrustada em nossa natureza pecaminosa. Afinal, por que Deus proibiria a humanidade de cometer assassinato se soubesse que algumas pessoas estariam livres de cometer assassinato?

O sexto mandamento nos diz: “Não importa o seu tamanho, não importa se você é um tigre feroz ou um indefeso gatinho. Lá no fundo você é um assassino em potencial. Por isso: Não mate”. Êxodo 20: 13.

O sexto mandamento proíbe o assassinato. E a palavra aqui usada aponta para uma ação premeditada e intencional. Por isso, o sentido do mandamento no original hebraico é “não assassinarás”. “Este mandamento ecoa o valor universal da integridade física do ser humano. A mais valiosa possessão do ser humano é sua própria vida; o crime mais aterrador é roubar a vida”.[9]

Ao proibir o assassinato, Deus nos ensina que Ele detesta a raiz do assassinato, que é a inveja, o ódio, a raiva, o desejo de vingança, etc. Porque se esses sentimentos não existissem, certamente ninguém mataria alguém. Esses sentimentos nos levam à desvalorização da vida do outro, e à consequente supervalorização da nossa vida, e assim nos tornamos assassinos em potencial.

O recado de Deus para nós pode ser entendido assim: “Meu filho, minha filha: Minhas exigências são altíssimas, porque na minha futura pátria eu quero pessoas leais, obedientes e respeitosas. Eu quero pessoas maduras. Eu sei que respeitar a vida do jeito que Eu quero é quase impossível, humanamente impossível. Mas você pode contar com a Minha ajuda. Eu lhe dou o Espírito Santo, que vai transformar suas atitudes, permitindo ações cada vez mais responsáveis. Você verá que, no final das contas, quem ganha é você. E veja, você não precisa ter a paciência de Gandhi, o autocontrole de Paulo, a fé de Billy Graham, a consciência limpa de Lutero, a consagração de Madre Teresa, ou a disposição de Ellen White. Você apenas precisa dar um passo em minha direção. O resto é comigo. Eu posso ajudar você a respeitar a vida”.

7º mandamento

Êxodo 20:14 diz: “Não cometa adultério”.

Este mandamento proíbe não somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a tendência de excitar os sentidos. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito.[10]

Lembremos:

Deus separou o sexo para o casamento. Gn 1:22; 2:24.
Deus ordena que sejamos puros. 1 Tes. 4:3; 1 Cor. 6:13
O sexo pré-conjugal é um pecado contra o corpo. 1 Cor. 6:18.
O sexo pré-conjugal nos torna sujeitos ao juízo de Deus. Hebreus 13:4.

Queridos solteiros e solteiras: Há razões de sobra para que você tenha um namoro puro. O apóstolo Paulo nos adverte em 1 Coríntios 6:16 que o ato sexual torna as pessoas envolvidas uma só carne. Isso significa dizer que toda vez que você dorme com uma pessoa, você também dorme com o passado dela. Sabe por que? Porque o ser humano não consegue se desfazer de seu passado. Por isso cuide de seu presente, assim seu passado estará garantido. Se você fizer isso, Deus lhe dará a benção de encontrar uma pessoa com um passado limpo igual ao seu. Com essa pessoa você poderá desfrutar da benção do sexo.

Certamente este mandamento não é mais importante que os outros, mas certamente a desobediência a este mandamento tem causado a ruína de muitos rapazes e muitas moças. Por isso Deus lhe faz um convite: “Meu querido filho e minha querida filha, meu ideal para sua vida sexual é o ideal da pureza. Porque somente os que tiverem uma vida pura herdarão meu Reino. Ande comigo sempre, e Eu lhe garanto que você não entrará em tentação. E quando a tentação vier, Eu lhe darei a vitória”.

8º mandamento

Êxodo 20:15 diz: “Não furte”.

Tanto pecados públicos como particulares são incluídos nesta proibição. O oitavo mandamento condena o furto de homens e tráfico de escravos, e proíbe a guerra de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Proíbe o engano no comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara que toda a tentativa de obter vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do Céu.[11]

Hoje Deus diz a você e a mim: “Minha filha, meu filho, seja honesto. Seja honesto nas pequenas atividades e nos grandes negócios. Seja honesto não apenas em cumprimento da lei, mas acima de tudo porque você me ama. Pode ser que a sua honestidade aqui na Terra não lhe garanta uma estátua e seu nome numa placa comemorativa. Mas certamente sua honestidade fará com que você seja minha amiga, e fará com você e Eu passemos a eternidade desfrutando das bênçãos da Nova Terra”.

9º mandamento

Êxodo 20:16 diz: “Não dê falso testemunho contra o seu próximo”.

Aqui se inclui todo o falar que seja falso a respeito de qualquer assunto, toda a tentativa ou intuito de enganar nosso próximo. A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras. Todo o exagero intencional, toda a sugestão ou insinuação calculada a transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade. Este preceito proíbe todo esforço no sentido de prejudicar a reputação de nosso próximo, pela difamação ou suspeitas ruins, pela calúnia ou intrigas. Mesmo a supressão intencional da verdade, pela qual pode resultar o agravo a outra pessoa, é uma violação do nono mandamento.[12]

Sabe quais são os problemas da mentira?

A mentira destrói a liberdade e a dignidade das vítimas.
A mentira danifica a liberdade das pessoas que mentem.
A mentira destrói a confiança.
A mentira destrói o senso de valor próprio do mentiroso.
A mentira destrói nossa relação com Deus.

10º mandamento

Êxodo 20:17 diz: “Não cobice”.

O desejo desmedido, o querer ter as coisas, não tem limites, porque é algo que está na imaginação da pessoa. Mas as coisas são limitadas, as coisas são finitas; nós temos limites. Aí repousa a loucura de querer mais do que se pode.

A cobiça é o amor fora de proporção, fora de equilíbrio e fora de lugar. Cobiçar significa colocar nossa devoção em coisas – dinheiro, sucesso, fama – e transformá-las no centro de nossa existência, crendo que são o fundamento sobre o qual construímos a felicidade. Para o cobiçoso, as coisas se tornam mais importantes do que as pessoas e suas necessidades.[13]

O décimo mandamento fere a própria raiz de todos os pecados, proibindo o desejo egoísta, do qual nasce o ato pecaminoso. Aquele que em obediência à lei de Deus se abstém de condescender mesmo com um desejo pecaminoso daquilo que pertence ao outro, não será culpado de um ato mau para com seus semelhantes.[14]

Mas atenção, não nos enganemos: a cobiça não é, essencialmente, uma questão de pobreza e riqueza. Cobiçar é um vício e pecado tanto do rico quanto do pobre. Sabe por que? Porque cobiçar é a insatisfação constante com o que se tem, seja muito ou seja pouco; cobiça é o desejo desmedido de avançar mais, querer mais, procurar mais, almejar mais, planejar mais, a ponto de sacrificar tudo e todos para ter o que se quer. A pessoa tem uma bicicleta, mas obcecadamente quer um carro. A pessoa tem um carro, mas obcecadamente quer uma mansão. A pessoa tem uma mansão, mas obcecadamente quer um jatinho e um helicóptero. Na cobiça o problema não é ter muito ou ter pouco; o problema é a constante insatisfação com o que se tem, o que provoca um senso de constante infelicidade.

O apóstolo Paulo nos aconselha: “Que a vida de vocês seja isenta de avareza. Contentem-se com as coisas que vocês têm, porque Deus disse: “De maneira alguma deixarei você, nunca jamais o abandonarei”. Hebreus 13:5. Esse verso de Hebreus nos leva a afirmar, sem medo de errar, que a cobiça e o descontentamento é um problema teológico: cobiçar é duvidar da capacidade de Deus nos sustentar; cobiçar é duvidar de que Deus, ao Seu tempo e ao Seu modo, nos dará o que precisamos, mas nem sempre nos dará o que desejamos.

Conclusão

De modo resumido, o que Deus requer de nós nos Dez Mandamentos é: 1. Lealdade, 2. culto correto, 3. reverência, 4. santificação de Seu dia, 5. respeito à autoridade, 6. respeito à vida, 7. pureza, 8. honestidade, 9. veracidade e 10. contentamento.

Algumas pessoas dizem: “O que importa diante de Deus é minha sinceridade; o que importa é minha boa intenção”. Não irmão, não irmã. O que importa diante de Deus não é a nossa sinceridade e nem nossas boas intenções, porque se assim for, Deus fica refém de nossas boas intenções e sinceridade; e poderemos até cometer atos ilícitos, mas com boas intenções e com sinceridade. Por isso, o que importa diante de Deus é que vivamos em obediência à Sua vontade.

Se você é parte do povo remanescente, então você deve viver como uma pessoa remanescente. O povo remanescente de Deus precisa crescer em santidade; precisa demonstrar em seu estilo de vida que nasceu de novo; precisa viver em honra ao nosso Deus. Precisa obedecer aos Dez Mandamentos. Apocalipse 12:17 diz: “O dragão ficou irado com a mulher e foi travar guerra com o restante da descendência dela, ou seja, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”.

A obediência a Deus não é fruto de nossa disciplina; a obediência a Deus é fruto de Sua graça atuando em nós. Quando obedecemos, mostramos que a graça salvadora do Senhor está agindo em nós, está operando a transformação necessária para que, um dia, possamos habitar com Ele na Nova Terra. Deixe Deus transformar você a cada dia. Amém!

[1] Manuel Rodríguez, Ángel. Teologia do Remanescente: Uma Perspectiva Eclesiológica Adventista (Portuguese Edition) (Locais do Kindle 2666-2671). Casa Publicadora Brasileira. Edição do Kindle.

[2] Manuel Rodríguez, Ángel. Teologia do Remanescente, Locais do Kindle 2743-2753.

[3] Manuel Rodríguez, Ángel. Teologia do Remanescente, Locais do Kindle 2777-2779.

[4] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 312.

[5] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 312.

[6] The Expositor´s Bible Commentary, volume 2, p 423.

[7] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 313.

[8] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 313, 315.

[9] Paulo Wailler da Silva. Ética Cristã, 2ª Ed. São Paulo: Juerp, 1989, p. 35.

[10] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 316.

[11] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 316.

[12] EGW, Patriarcas e Profetas, p. 316, 317.

[13] Loron Wade. Os Dez Mandamentos, p. 93.