16 de setembro de 2020

O Povo Remanescente

O Povo Remanescente

O Povo Remanescente

Pr. Adolfo Suárez

Introdução

Olá meu irmão e minha irmã. Está começando a série intitulada “Esperança para o Tempo do Fim”. Serão oito sermões para tratar do Povo da Esperança, a Igreja Adventista do Sétimo Dia: Sua origem, identidade, desafios e missão. Eu espero que sua fé seja fortalecida, sua esperança seja aquecida, e em seu coração se manifeste um forte desejo de envolver-se ativamente na pregação do Evangelho. Afinal, o relógio profético está bem adiantado.

Logo após o desapontamento de 22 de outubro de 1844, um grupo de pessoas composto por José Bates, Hiram Edson, Tiago White, John Andrews, John Lougborough e Urias Smith, procuraram estudar melhor a Bíblia e encontrar uma explicação para o que havia acontecido.

Foi Hiram Edson quem acabou por descobrir que tudo estava correto na pregação de Guilherme Miller, exceto sua compreensão de que o santuário era a Terra. Um estudo mais abrangente da Bíblia feito com Owen Russel Crosier, levou-os a concluir que a profecia de Daniel 8:14 apontava para a purificação do Santuário Celestial e não para o retorno de Cristo à terra. Posteriormente, outras verdades bíblicas foram apresentadas, como a verdade sobre o sábado, primeiramente introduzida por Rachel Oakes em 1844 e defendida de forma mais sistemática por José Bates.

Com o passar do tempo, foi necessária a existência de uma organização. Em 1852, já havia dois mil membros, havia publicações editadas regularmente; assim, era fundamental definir regras de organização, era importante credenciar os pastores. No entanto, notava-se alguma resistência em adotar um nome e uma organização. Foi preciso esperar até 1860, numa Assembleia Geral em Battle Creek, Michigan, Estados Unidos da América, para então adotar o nome “Adventistas do Sétimo Dia” que definia este grupo de crentes.

O nome “Adventista” traduz a esperança do retorno de Jesus Cristo; a expressão “Sétimo Dia” mostra que este povo observa o sábado como dia de repouso semanal, em conformidade com o ensinamento da Bíblia. Em 03 de Maio de 1861, registrou-se a Associação Publicadora dos Adventistas do Sétimo Dia. Em outubro do mesmo ano, registrou-se a “Associação dos Adventistas do Sétimo Dia do Michigan”. E, finalmente, em 1863 foi fundada a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, que a essa altura contava com 3500 adventistas, 30 pastores e 152 igrejas.

o remanescente no antigo testamento

Foi assim que tudo começou. Não é impressionante?! Mas essa é apenas a nossa origem recente. Na verdade, a história do povo remanescente começou há muito mais tempo. A história do povo remanescente de Deus remonta ao período do Antigo Testamento bíblico. De fato, o tema do remanescente na Escritura Sagrada vai de Gênesis ao Apocalipse. Sua terminologia é usada mais de 540 vezes, somente no Antigo Testamento.

O uso do conceito de remanescente na Bíblia e em materiais extrabíblicos indica que ele surgiu devido à preocupação existencial do ser humano relativa à preservação da vida. Na Bíblia hebraica, desde o princípio o tema do remanescente foi incorporado à história da salvação e começou, gradualmente, a ser empregado para expressar as expectativas futuras da fé em Deus. O remanescente e a possibilidade de um futuro se encontram tão intrinsecamente conectados que “onde não há mais ‘remanescente’, não existe futuro”.

O tema recebeu ênfase escatológica distinta pela primeira vez no livro do profeta Amós. Leiamos esse texto; Amós 5:15:

“Odeiem o mal e amem o bem. Promovam a justiça nos tribunais. Talvez o Senhor, o Deus dos Exércitos, se compadeça do remanescente de José”.

O profeta Isaías solidificou essa forma de uso; está escrito; Isaías 37:31-32.

“Aqueles da casa de Judá que escaparam e ficaram como remanescente tornarão a lançar raízes e a dar frutos. Porque de Jerusalém sairá o remanescente, e do monte Sião, o que escapou. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”.

O remanescente santo ou escatológico, purificado pelo perdão divino, era alvo de fé e uma realidade futura para o profeta Isaías. Esse aspecto do conceito do remanescente em Isaías adquiriu grande importância em profecias posteriores e no desenvolvimento da escatologia israelita.

O tema do remanescente é proeminente nos livros proféticos. Por exemplo, já se argumentou que todo o livro de Miqueias é estruturado em torno do tema das promessas de Deus ao remanescente. Vejamos alguns versos.

Miqueias 4:6-7:

“Naquele dia”, diz o Senhor, “congregarei os que coxeiam e recolherei os que foram expulsos e os que eu tinha afligido. Dos que coxeiam farei um remanescente e dos que foram lançados para longe, uma nação poderosa; e o Senhor reinará sobre eles no monte Sião”.

Miqueias 5:7-8:

“O remanescente de Jacó estará no meio de muitos povos como orvalho do Senhor, como chuvisco sobre a relva, que não espera pelo homem, nem depende dos filhos de homens. O remanescente de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais da floresta, como um leãozinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual, se passar, ataca e despedaça a presa, sem que ninguém a possa livrar”.

O Antigo Testamento usa a palavra “remanescente” para descrever três tipos de pessoas:

(1) um remanescente histórico, sobrevivente de uma catástrofe;

(2) um remanescente fiel, que conserva uma ativa relação pactual com Deus e é depositário das promessas da eleição divina; e

(3) um remanescente escatológico, composto pelos futuros crentes fiéis no Messias, que perseveram até o fim da era da igreja e despontam finalmente vitoriosos.

Falemos um pouco do Remanescente Histórico

O termo “remanescente” se refere muitas vezes aos sobreviventes históricos de Israel (ou Judá), que continuam vivos após uma catástrofe nacional.

Confiramos 2 Reis 19:31. “Porque de Jerusalém sairá o remanescente, e do monte Sião, o que escapou. O zelo do Senhor fará isto”.

Podemos também ler Ezequiel 11:13:

“Enquanto eu profetizava, Pelatias, filho de Benaías, morreu. Então caí com o rosto em terra, clamei em alta voz e disse: Ah! Senhor Deus! Darás fim ao remanescente de Israel?”

Quando o remanescente de Jerusalém foi deportado para Babilônia, em 586 a.C., somente uns poucos foram deixados na terra de Judá. Quando esse último remanescente fugiu para o Egito, Jeremias predisse que nenhum escaparia do mal que viria sobre eles (Jeremias 42:17; 44:7). Os judeus, ou os israelitas, que depois voltaram de Babilônia para a Palestina, sob o governo de Zorobabel, foram descritos pelos profetas pós-exílicos como o povo remanescente de Deus. Vamos conferir isso em Ageu 1:12:

“Então Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e todo o remanescente do povo atenderam à voz do Senhor, seu Deus, e às palavras do profeta Ageu, as quais o Senhor, seu Deus, havia ordenado que ele dissesse. E o povo temeu diante do Senhor”.

Há outras passagens, como Ageu 2:2 e Zacarias 8:6, 11 e 12. Nessas passagens, “remanescente” designa sobretudo os sobreviventes das catástrofes nacionais de Israel.

Falemos um pouco sobre o Remanescente Fiel

A ideia de remanescente assume uma característica explicitamente teológica nos escritos proféticos. Um exemplo do emprego teológico do tema do remanescente pelos profetas é a afirmação de Deus a Elias, que pensava que ninguém permanecera leal a Deus a não ser ele. Em 1 Reis 19:18, Deus disse a Elias:

“Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou”.

Nesse sentido, Israel como nação política ou povo étnico não podia ser o remanescente fiel. Só os que adoravam a Deus de acordo com Sua aliança constituíam o remanescente fiel dentro de Israel.

E agora falemos um pouco sobre o Remanescente escatológico

Mais do qualquer outro profeta, Isaías relaciona as profecias messiânicas com a teologia do remanescente específico. Ao agir assim, transcende todos os cumprimentos históricos de um remanescente dentro dos tempos do Antigo Testamento. Isaías prediz que o Messias, na condição de “o Renovo do Senhor” (Is 4:2), preservará um remanescente “santo” ou “santa semente” (Is 6:13) em Sião em meio ao fogo do juízo.

Para o profeta Isaías, as características do fiel remanescente são fé e obediência voluntária a Deus e ao Messias. Leiamos sobre isso em Isaías 1:18-19:

“O Senhor diz: “Venham, pois, e vamos discutir a questão. Ainda que os pecados de vocês sejam como o escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, eles se tornarão como a lã. Se estiverem dispostos e me ouvirem, vocês comerão o melhor desta terra”.

eu quero fazer um resumo do que foi dito até aqui

O Antigo Testamento sempre descreve o futuro remanescente de Israel como uma comuni­dade religiosa fiel que adora a Deus com um novo coração, criado pelo Espírito de Deus, com base na nova aliança. Os profetas Isaías, Miqueias, Jeremias e Ezequiel centralizam o remanescente escatológico de Israel e das na­ções em torno do Messias, o Servo do Senhor por excelência. Aliás, leiamos sobre isso em Isaías 49:5-6:

“Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser o seu servo, para trazer Jacó de volta e reunir Israel a ele, porque sou glorificado diante do Senhor, e o meu Deus é a minha força. Sim, ele diz: “Para você, é muito pouco ser o meu servo para restaurar as tribos de Jacó e trazer de volta o remanescente de Israel. Farei também com que você seja uma luz para os gentios, para que você seja a minha salvação até os confins da terra.”

Agora estudemos o remanescente no novo testamento. Qual o pensamento de Cristo sobre esse assunto?

Para Jesus Cristo, os verdadeiros descendentes de Abraão se definiam não pelo sangue de Abraão, mas pela fé de Abraão. A filiação e a paternidade com Deus são determinadas não por um exame médico, mas por um relacionamento espiritual. Leiamos sobre isso em Mateus 12:46-50:

“Enquanto Jesus ainda falava ao povo, eis que a mãe e os irmãos dele estavam do lado de fora, procurando falar com ele. E alguém lhe disse: A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor. Porém Jesus respondeu ao que lhe trouxe o aviso: — Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? E, estendendo a mão para os discípulos, disse: — Eis minha mãe e meus irmãos. Portanto, aquele que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Também notamos claramente nas palavras de Cristo a ideia de um remanescente de todo o mundo. Referindo-se à profecia de Isaías sobre um futuro ajuntamento de gentios no templo de Deus, Cristo declarou: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” (João 10:16; ver Isaías 56:8).

Essa reivindicação exigia uma decisão de fé nEle como o Messias de Israel. Para cumprir Sua missão universal, Jesus chamou dentre Israel 12 apóstolos, número claramente representativo das 12 tribos de Israel. Começando com 12 discípulos, a quem chamou e comissionou como apóstolos, Ele formou o novo Israel, o povo remanescente e messiânico de Israel, e o chamou de “Minha igreja” [ekklêsia]. Vamos ler sobre isso em Mateus 16:18: “Também eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

A esse novo organismo, com estrutura e autoridade próprias, Jesus entregou “as chaves do Reino dos Céus” (Mateus 18:19).

Atenção: Cristo não prometeu o reino de Deus — a teocracia — a outra “geração” de judeus num futuro distante, como defendem os escritores dispensacionalistas; Cristo prometeu o reino de Deus a pessoas de todas as raças e nações, “do Oriente e do Ocidente”, que acreditassem em Cristo. Isso está claro em Mateus 8:11 e 12. Em suma, Sua igreja, ou como Ele diz “Minha igreja”, em Mateus 16:18, substituiria a nação que O rejeitou.

Outro aspecto fundamental nas palavras de Cristo é que Ele foi enviado por Deus primeiramente às “ovelhas perdidas da casa de Israel”, a fim de reuni-las a Si como o prometido Messias, conforme fora predito pelos profetas (Mt 10:5, 6; 15:24; ver Jr 23:3-5; Ez 34:15, 16, 23, 24). Contudo, Ele também proclamou que Sua missão — padecer morte sob a vontade e juízo de Deus – tinha ainda o objetivo de beneficiar todas as pessoas da Terra. Isso está claro em João 12:32: “E Eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos a Mim”.

qual o pensamento do apóstolo pedro sobre o “remanescente”? qual A eclesiologia do apóstolo Pedro, o mais importante líder da primeira igreja?

No Novo Testamento, observamos que a igreja não é uma reflexão tardia ou a interrupção do plano do Deus de Israel para o mundo, mas sim o divino desenvolvimento e a realização do novo e messiânico Israel.

A interpretação de Pedro do derramamento do Espírito como o direto cumprimento da profecia de Joel para os últimos dias confirma que a igreja não era uma entidade inesperada ou não prevista no Antigo Testamento. A igreja consistia mais propriamente no surpreendente cumprimento da profecia de Joel sobre o remanescente. Citando o profeta Joel, o apóstolo Pedro afirmou em Atos 2:17:

“E acontecerá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus jovens terão visões, e os seus velhos sonharão”.

Pouco depois do derramamento do Espírito de Deus sobre a igreja, Pedro afirmou categoricamente: “E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos os que falaram depois dele, também anunciaram estes dias” (At 3:24). Em outras palavras, as profecias do Antigo Testamento sobre o remanescente de Israel tiveram seu cumprimento a partir do Pentecostes na formação da igreja apostólica, a primeira igreja. Mais do que isso, a fiel igreja de Cristo através dos séculos, especialmente em sua fé apostólica totalmente restaurada no tempo do fim, cumpre as promessas veterotestamentárias do remanescente.

Embora não use o nome “Israel”, tudo quanto Israel significava como o povo da aliança de Deus, o apóstolo aplica agora à igreja. Essa é a interpretação eclesiológica feita por Pedro da aliança divina com Israel (Êx 19:5, 6). Essa aplicação é resultado da interpretação cristológica das profecias messiânicas. A aplicação eclesiológica é só a extensão orgânica do cumprimento cristológico.

Sabe o que significa tudo isso? Que somos o Israel espiritual! O povo da nova aliança não se caracteriza mais pelas obrigações raciais e nacionais, mas exclusivamente pela fé em Cristo. Foi a esse povo que Pedro chamou de Israel espiritual, “nação santa”. Leiamos 1 Pedro 2:9:

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.

qual o pensamento do grande teólogo paulo sobre o “remanescente”? qual A eclesiologia de paulo?

Sabe como o apóstolo Paulo chama as igrejas da Galácia, no território gentio?  Leiamos Gálatas 6:16: “E, a todos os que andarem em conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus”.

Embora para alguns comentaristas essa expressão se aplique apenas aos membros judeus das igrejas, o contexto histórico da epístola revela que o apóstolo rejeitava veementemente qualquer atitude no sentido de que, perante Deus, os cristãos judeus tinham status diferente ou superior aos cristãos gentios. Em Gálatas 3:26-29 Paulo escreveu:

“Pois todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos vocês que foram batizados em Cristo de Cristo se revestiram. Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são também descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa”.

Em Romanos 9-11, Paulo atinge o clímax de sua epístola ao mostrar como os crentes gentios estão relacionados ao Israel de Deus. No capítulo 11 de Romanos, versículos 17 a 24, Paulo retrata a conversão dos gentios a Cristo como o enxerto dos ramos de oliveira brava na oliveira do Israel de Deus.

Desse modo, Paulo visua­liza a unidade e a continuidade espiritual da ali­ança divina com Israel e Sua nova aliança com a igreja de Cristo. Pela fé em Cristo, os gentios são legitimamente incorporados na oliveira, o povo de Deus da aliança, e passam a fazer parte da raiz de Abraão. Na teologia paulina, a igreja cumpre agora a missão do Israel étnico – que ele chama de “ramos quebrados” em Romanos 11:17 –  e recebe, portanto, a aliança, as bên­çãos e as responsabilidades de Israel, bem como as maldições, no caso de apostasia.

Embora como nação e agente de Deus, o antigo Israel tenha perdido seu status especial, a porta da salvação ainda permanece aberta a indivíduos do povo judeu, se, na condição de indivíduos, se arrependerem e corresponderem ao chamado.

Já tratamos da origem do Remanescente tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. Agora vamos estudar brevemente a noção do Remanescente no tempo do fim.

O Remanescente no tempo do fim

Vejamos a perspectiva do profeta Joel

Joel 2:28-32 prediz que a era vindoura se caracterizará pelo derramamento do Espírito de Deus sobre todas as pessoas. Leiamos esse texto:

“E acontecerá, depois disso, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus velhos sonharão, e os seus jovens terão visões. Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se transformará em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o Senhor prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”.

O verdadeiro povo remanescente é descrito como os que invocam o nome do Senhor, “por que, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos” (v. 32). Tanto Pedro quanto Paulo citam Joel 2:32 e aplicam seu cumprimento inicial à igreja de Cristo espalhada em toda a face da terra (At 2:21; Rm 10:13). Esse cumprimento evangélico de Joel 2 não exclui o cumprimento escatológico específico no encerramento da era da igreja. O livro do Apocalipse se centraliza especificamente na consumação final da promessa de Joel sobre o remanescente. A parte central do Apocalipse de João, capítulos 12-14, tem que ver com a finalização mundial da missão evangélica da igreja de Jesus Cristo.

Vejamos agora a perspectiva do profeta Daniel a respeito do remanescente do tempo do fim. Em Daniel 12:4 lemos:

“Quanto a você, Daniel, encerre as palavras e sele o livro, até o tempo do fim. Muitos correrão de um lado para outro, e o saber se multiplicará”.

As visões simbólicas do profeta Daniel não foram plenamente compreendidas pelo próprio profeta (podemos verificar isso em Daniel 8:27; e 12:8). Na verdade, não se podia compreendê-las enquanto não chegasse o “tempo do fim”.

Se as visões proféticas de Daniel apontam para o período que precede imediatamente o segundo advento de Cristo, então o desselamento divino das profecias de Daniel deve produzir resultados práticos no tempo do fim. O aumento do conhecimento sobre o livro de Daniel trouxe como resultado um reavivamento interdenominacional nos estudos apocalípticos e uma renovada esperança na proximidade do segundo advento de Cristo.

Isso levou o teólgo e historiador LeRoy E. Froom à seguinte conclusão: “Daniel 12:4 obviamente é uma predição do grande reavivamento na exposição profética ocorrido sob o despertamento simultâneo no século dezenove, tanto no Velho Mundo quanto no Novo.” Tiago White advertiu corretamente de que a prometida “multiplicação do saber” em Daniel 12:4 e 10 “não se refere ao progresso em descobertas científicas, mas ao tema do fim do mundo”. Ele explicou que os verdadeiramente sábios, os filhos de Deus, entendem o assunto sobre o qual o saber se multiplica no tempo do fim, enquanto os ímpios, apesar de cientistas, não entendem. Os fatos são decididamente contrários à posição de que a declaração profética sobre a multiplicação do saber no tempo do fim diz respeito às descobertas dos cientistas”.

A promessa de Daniel 12:4 chama a atenção para o providencial surgimento de um despertamento mundial relacionado com a profecia apocalíptica da Santa Escritura. Somente em meados do século dezenove, a importância de Daniel e Apocalipse se torna plenamente evidente para a consciência cristã. Somente nessa época a investigação se dedica ao significado de Daniel 8 e da mensagem de reforma de Apocalipse 14. E justamente nessa época surge o movimento adventista!

A perspectiva do profeta João, no Apocalipse, é também muito importante.

No livro de Apocalipse, o verdadeiro povo remanescente são os que “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17).

O Apocalipse revela dois partidos opostos no conflito final perante Deus: (1) Babilônia e (2) o Israel pertencente a Deus e a Cristo. Ambos são representados como comunidades cúlticas, sendo, portanto, identificados pelo critério da adoração a Deus (Ap 14:9-11).

O remanescente é apresentado como tendo uma dupla característica: (1) obedecem aos mandamentos de Deus e (2) se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Por que? A ameça e a obra do anticristo é forte; e por isso Deus requer de nós um duplo compromisso. A combinação da “palavra de Deus” e do “testemunho de Jesus” no Apocalipse aparece várias vezes: 1:2, 9; 6:9; 12:17; 20:4. Essa combinação é o tema teológico central do livro, bem como a linha divisória entre Babilônia e o Israel messiânico. O teólogo Kenneth A. Strand afirma: “No livro do Apocalipse, a fidelidade à palavra de Deus e ao testemunho de Jesus Cristo separa os fiéis dos infiéis e provoca a perseguição, que inclui o exílio do próprio João e o martírio de outros crentes.

Além disso, em contraste direto com os que aceitaram a marca da besta, o verdadeiro Israel receberá na fronte o selo da aprovação divina (Ap 14:1). Eles têm coragem de confessar a Cristo como o Senhor do que eles pensam e fazem. A vitória deles sobre o anticristo só ocorre porque estão unidos a Cristo em Sua morte e ressurreição. Como vencedores do anticristo, serão recompensados com honras eternas ao redor do trono de Deus e entoarão o Cântico de Moisés e do Cordeiro (v. 3; 15:2, 3).

e vamos concluir O nosso estudo de hoje com o pensamento dos pioneiros sobre o “remanescente”.

O foco do despertamento quanto ao advento, tanto antes como depois de 1844, estava nas profecias escatológicas de Daniel e Apocalipse. Foi à luz dessas profecias que os pioneiros adventistas do sétimo dia começaram a desenvolver sua crença teológica acerca de si mesmos como um novo movimento dentro da história cristã. Por acreditarem que eram um povo especialmente escolhido, os adventistas atribuíram a si mesmos designações tais como “a igreja remanescente”, “o povo remanescente de Deus”, ou, simplesmente, “o remanescente”. Por meio dessas designações, deram testemunho de que acreditavam ser, de fato, o último segmento da igreja predita em Apocalipse 12.

Conclusão

Deus tem um povo aqui na terra. Esse povo originou-se nos longínquos tempos do Antigo Testamento, e tem sua identidade confirmada nas páginas do Novo Testamento. Essa identidade foi ratificada pelos pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e permanece hoje, não em forma de uma nação étnica, mas em forma de uma nação espiritual. Você Adventista do Sétimo Dia pertence a esse povo, ao Remanescente de Deus. E por isso deve viver como um Remanescente.

Quero lhe fazer um pedido: converse sobre este assunto com sua família; orem sobre isso. Agradeçam a Deus pelo privilégio de pertencer ao povo remanescente, e peçam-lhe fé, coragem e determinação para ter um estilo de vida que glorifique a Deus.

Amém!

 

bibliografia

“A Nossa História”. Disponível em https://www.adventistas.org.pt/quem-somos/a-nossa-historia.

Tarsee Li. “O remanescente no Antigo Testamento”. Em Ángel Manuel Rodríguez, organizador. Teologia do Remanescente: Uma Perspectiva Eclesiológica Adventista. Tatuí SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014. Locais do Kindle 293-309. Edição do Kindle.

Hans K. LaRondelle. “O Remanescente e as Três Mensagens Angélicas”. Em Tratado de Teologia Adventista. George Reid, editor. Tatuí SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, páginas 953 a 963.

 

 

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