Passos que tornaram efetiva a mensagem do profeta Elias
Escritura apresenta Elias como importante modelo para os pregadores da geração atual. A mensagem desse profeta a Israel teve como objetivo desviar o povo da falsa adoração a Baal e levá-lo de volta a Deus. Israel se havia esquecido de que Jeová é o único Deus, e atribuía àquela divindade a prosperidade nacional.
A missão recebida de Deus por Elias revela princípios essenciais da pregação eficaz. Neste artigo, examinaremos cada um desses princípios bem como a aplicação deles no ministério dos pregadores que devem anunciar ao mundo a tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14.
Preparo
De acordo com Tiago, “Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio” (Tg 5:17).
Esse texto é esclarecedor sobre a ênfase dada por Elias à oração, a fim de que pudesse anunciar com poder sua mensagem a Israel. O profeta sabia quão longe o povo estava de Deus e que, por isso, não podia falar descuidadamente a esse povo. Algo extraordinário precisava acontecer a fim de que a atenção dos ouvintes fosse captada e direcionada para Deus. Por isso, ele orou fervorosamente pedindo a intervenção do Senhor na natureza, fazendo cessar as chuvas, fenômeno que levaria o povo ao reconhecimento de quem era o verdadeiro Deus.
Oração é fator essencial para que a pregação cumpra seu propósito real. O pregador deve ter em mente que está lidando com questões eternas, a salvação de pessoas, que, em sua maioria, se acham profundamente submersas no pecado. Por essa razão, o pregador deve gastar tempo junto a Deus, buscando o poderoso Espírito do Senhor para inflamar seu coração e preparar a mente dos ouvintes.
O desejo de Deus é de que sejamos reavivados, preparando-nos assim para o cumprimento da missão. Esse preparo essencialmente passa pela busca do Espírito Santo, que nos é concedido em resposta à fervorosa oração. Assim, a insistente oração de Elias o habilitou a proclamar a urgente e solene mensagem que lhe havia sido confiada.
Conteúdo
Elias sabia o que devia pregar para o Israel de seus dias, e não se desviou do foco. Na verdade, ele era um pregador ousado e destemido, que não pretendia ser considerado politicamente correto, relativizando a verdade. Ao rei Acabe, ele foi direto: “Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra” (1Rs 17:1). Aqui está presente o tema “adoração”. O anúncio desse juízo a Israel era fundamentado na advertência de Moisés, dada no passado, segundo a qual o povo não devia abandonar a adoração ao verdadeiro Deus, passando a seguir deuses falsos. A desobediência a essa orientação implicaria severo juízo, ou seja, cessariam as chuvas para os israelitas: “Por isso, tenham cuidado para não serem enganados e levados a desviar-se para adorar outros deuses e a prostrar-se perante eles. Caso contrário, a ira do Senhor se acenderá contra vocês e Ele fechará o céu para que não chova e para que a terra nada produza, e assim vocês logo desaparecerão da boa terra que o Senhor lhes está dando” (Dt 11:16, 17).
É interessante observar o paralelo entre a mensagem de Elias e o tom imprecatório que aparece no conteúdo da terceira mensagem angélica: “Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: ‘Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro’” (Ap 14:9, 10).
O tema da mensagem do terceiro anjo é adoração. Deus espera que previnamos o mundo sobre as consequências da adoração à besta e sua imagem. É nosso dever preparar homens e mulheres para tomar posição ao lado de Deus, não contrária a Ele.
Foi o tema genuinamente bíblico que garantiu a relevância da mensagem de Elias. Tendo como base o “assim diz o Senhor”, Elias deixou claro quais seriam as consequências da idolatria. Embora houvesse muitas coisas “agradáveis” sobre as quais podia falar, Elias estava ciente do que recebera de Deus para proclamar ao povo. Não se tratava de uma mensagem fácil de ser apresentada; porém, a fim de permanecer fiel à sua vocação profética, ele, ao contrário de outros pregadores de seu tempo (1Rs 22:11,12), não podia fugir ao dever.
Deus espera que nós, como pregadores, sejamos absolutamente fiéis à mensagem que pregamos. Do púlpito de nossas congregações deve ser ouvida a Palavra Deus, de acordo com o que Ele espera que as pessoas ouçam. O sermão não é apenas um recurso terapêutico emocional para as pessoas; muito menos é ocasião para que pecadores se sintam confortáveis com sua terrível condição. Precisamos confrontar as pessoas com a esperança de salvação contida na Bíblia, sem aplacar a consciência com temas que as impeçam de encarar a própria necessidade.
Proclamando a mensagem recebida de Deus, Elias estava preparado para levar o povo a tomar uma decisão.
Apelo
O clímax da mensagem do profeta aconteceu no monte Carmelo. Ali, ele teve oportunidade de levar o povo a se render ao verdadeiro Deus. Os altares de Jeová e de Baal foram preparados, como se mostrassem dois caminhos diante do povo. Aquele foi o momento da decisão. “Elias dirigiu-se ao povo e disse: ‘Até quando vocês vão oscilar para um lado e para o outro? Se o Senhor é Deus, sigam-nO; mas, se Baal é Deus, sigam-nO’. O povo, porém, nada respondeu” (1Rs 18:21).
O profeta apresentou dois caminhos: Jeová ou Baal; colocou o povo diante de uma encruzilhada, incentivando-o a tomar uma decisão. Elias não apresentou um variado leque de opções, mas apenas duas: Jeová ou Baal. Isso nos ensina a ser específicos quanto ao fim para o qual pretendemos levar os ouvintes. O tema da mensagem precisa estar delimitado de modo que as pessoas apreciem claramente seu conteúdo e sejam levadas a perceber os benefícios de aceitar e os malefícios de rejeitar a proposta divina.
Como clímax da mensagem, o apelo é a retomada da tese do pregador, apresentada no início do sermão. O pregador que é claro a respeito de seu tema e que apresenta bons argumentos para a comprovação da mensagem está preparando a mente dos ouvintes para a decisão. Elias fez exatamente isso, “o povo, porém, nada respondeu”. Isso mostra que, embora até ali a abordagem do profeta estivesse perfeita, havia algo que precisava ocorrer: a manifestação do poder de Deus.
Então, Elias disse a todo o povo: “Aproximem-se de mim”. O povo aproximou-se, e Elias reparou o altar do Senhor, que estava em ruínas… À hora do sacrifício, o profeta Elias colocou-se à frente do altar e orou: ‘Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que TuésDeusemIsraelequesouoTeu servo e que fiz todas estas coisas por ordem Tua. Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que Tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para Ti’. Então o fogo do Senhor caiu e queimou completamente o holocausto, a lenha, as pedras e o chão, e também secou totalmente a água na valeta. Quando o povo viu isso, todos caíram prostrados e gritaram: ‘O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!’” (1Rs 18:30, 36-39).
A manifestação do poder de Deus veio somente em resposta à fervorosa oração do profeta, que solicitava a intervenção de Deus com o propósito de exaltá-Lo e fazer voltar para Ele o coração do povo. Assim sendo, a eficácia do apelo depende da manifestação do poder de Deus. O pregador que apela deve falar ao povo e, ao mesmo tempo, ter a mente dirigida a Deus, em fervorosa súplica pela manifestação desse poder na vida de cada pessoa.
No Carmelo, o resultado foi uma conversão em massa. O povo reconheceu Jeová como verdadeiro Deus, rejeitando a Baal.
Necessidade atual
Pregadores que têm a missão de dar a mais solene advertência ao mundo de hoje precisam investir tempo em preparo espiritual para o cumprimento dessa missão. Cada pregador deve se sentir dependente do Espírito Santo que trabalhará tanto em seu coração como no dos ouvintes da mensagem. Pregadores da verdade necessitam preparar e apresentar mensagens com o conteúdo que Deus espera transmitir às pessoas, o que significa dizer que nossas mensagens devem ser genuinamente bíblicas, mostrando a verdadeira condição do mundo e dos ouvintes, individualmente, bem como a solução oferecida por Cristo Jesus.
Finalmente, as pessoas devem tomar uma decisão, e não devemos temer apelar a elas. Ao cumprirmos fielmente nosso dever, no poder e na virtude de Elias, podemos estar certos de que Deus derramará Seu Espírito sobre nós, ratificando a mensagem para que o mundo seja iluminado com a verdade (Ap 18:1). Dessa forma, os sinceros que hoje estão longe da salvação serão levados a exclamar: “O Senhor é Deus!”